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ADRIANO MARCENA

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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Artes e Comunicação
Departamento de Rádio, Tv e Internet
Português 4 – Suzana Cortez
Aluna: Ingrid de Moura Costa
Análise do debate com Adriano Marcena
O encontro com Adriano Marcena foi bastante prazeroso e informativo. O pesquisador foi bastante atencioso e respondeu com carinho a todas as perguntas. Nas primeiras perguntas sobre seu Dicionário Cultural da Diversidade Pernambucana, Marcena diz que gostaria que o indivíduo pernambucano se sentisse representado nos verbetes e que sua maior alegria foi essa. Respondendo sobre sua motivação, o autor diz que trabalhava em escolas e que a maioria dos professores e alunos não conheciam nada sobre cultura pernambucana. Ele fala de uma metáfora divertida, que o google é uma bibliotecária velha, ele só lhe entrega o que você pediu e pronto, não comenta, não debate com você. Ele fala que estudou bastante Stuart Hall sobre o que é cultura, o que é diversidade e que inicialmente a obra era voltada para crianças, mas ao se aprofundar em Hall ele viu que a linguagem precisava ser mais complexa e que o dicionário estava ficando mais adulto, por isso voltou seus estudos para esse fim. Sobre a metodologia usada no dicionário, ele disse que começou como dramaturgo, depois virou diretor, professor, etc e para escrever o livro ele precisava rever os seus métodos de pesquisa, por isso ele voltou à faculdade para fazer História. A partir daí ele foi listando e lendo vários livros de História e Dicionários pernambucanos e os separando em verbetes. Depois ele visitou as principais feiras do interior de Pernambuco e mandou verbetes para especialistas. Como critério para entrar no dicionário era preciso que uma certa quantidade de pessoas falem a mesma expressão, é preciso haver coletividade. 
Ele contou uma história divertida sobre o “Bolo de Caco” e nos chamou a atenção sobre a humildade das pessoas que achava que sua expressões não tinham a devida importância para estar em um livro. Finalizando sobre a metodologia, ele disse que chegou ao ponto de estar viciado ao carregar vários papéis para anotação para onde ia, contando a História divertida sobre a faxineira que contratou e que jogou todas as suas anotações fora pensando que era lixo. Sobre seu encontro com Ariano Suassuna, ele divaga que foi um dos dramaturgos da geração após a de Ariano e Luiz Marinho e que tem muita admiração pelo mesmo. Ariano ficou muito entusiasmado com a obra de Marcena e a referência dele era necessária para que o dicionário fosse reconhecido.
Sobre o verbete que mais deu trabalho para colocar no dicionário, o autor responde que foi o Peru! Pois no interior de Pernambuco do séc. XIX o peru estava relacionado a chegada de pessoas importantes, depois ele passou para a mesa de natal por causa da influência norte-americana do Dia de Graças. 
Sobre as personalidades que estão descritas no dicionário, caso incomum em livros deste tipo, Marcena diz que como é um dicionário cultural, é preciso incluir também as pessoas que fizeram a cultura da terra. Assim, ele escolheu dois critérios: Primeiro, a pessoa deveria ter tido um trabalho expressivo e importante para a cultura pernambucana e segundo, já ter falecido. Neste ponto, Adriano nos faz refletir sobre o conceito de diversidade e chama o exemplo de que a senhora que vende tapioca na "esquina de sua casa" é tão importante para a cultura brasileira quanto Oscar Niemeyer. Perguntado sobre a "farinha" um componente que aparece bastante em suas obras, não só no dicionário mas, também em "Mexendo o pirão: importância sociocultural da farinha de mandioca no Brasil holandês (1637-1646)", o pesquisador remete ao fato de que a farinha nunca saiu de moda em Pernambuco porque o português a consumia e as pessoas ao consumi-la também, se sentiam igualadas aos estrangeiros. 
Sobre a cachaça, ela era consumida pelas classes baixas e índios, porém, ela surgiu junto à colonização portuguesa. Mesmo sendo profundamente machista, ela é importante porque consegue criar e fortalecer um discurso de identidade nacional a partir da bebida alcóolica. Ela é tão importante desse jeito também porque mesmo que você esteja bebendo qualquer tipo de bebida alcoólica, você é chamado de "cachaceiro" e isso é algo que está arraigado na nossa cultura. Sobre a diferenciação entre as expressões, para saber de onde elas são, onde são faladas, etc, Marcena fala que expressões como "Oxente" e "Visse" são expressões somente nordestinas e que essa foi uma parte bastante difícil de diferenciar qual a origem dessas palavras. 
Para finalizar, Alberto, seu publisher, diz que o dicionário na versão escolar deve sair em breve na versão em E-pub / E-book e que o dicionário maior, mais completo também deve sair nessas versões, porém vai demorar um pouco mais. 
A conclusão que tirei dessa conversa é que é sempre bom conhecer mais da nossa cultura e muito mais ainda conhecer nossos autores e pesquisadores, porque muitos deles estão apresentando coisas novas e interessantes que no final, acaba ninguém conhecendo. Tentei comprar o dicionário e não o achei em lugar algum. Isso prova que infelizmente, nem nossos melhores autores são realmente reconhecidos, até o próprio Adriano fala que o dicionário é mais vendido em São Paulo do que aqui no Nordeste. Quanto ao autor, o achei um pouco prolixo, sempre enrolando histórias de suas pesquisas junto com respostas que deveriam soar um pouco mais práticas e sucintas, mas ao se falar de Adriano Marcena isso não é uma questão negativa, pelo contrário, bem humorado como o é sempre, uma conversa com Marcena, sempre, sempre será bastante divertida.

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