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TEORIA GERAL PROCESSO

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EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 1 
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rsidade do Tocan ti ns
Universidade do Tocantins - UNITINS
Teoria Geral 
do Processo
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ºPERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMAS-TO/ 2005 
 
 
 
 
TEORIA GERAL DO PROCESSO 
Angela Issa Haonat 
Rosa Maria Leite 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 4 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
Art. - Artigo 
CC - Código Civil 
CDC - Código de Defesa do Consumidor 
CF - Constituição Federal 
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho 
CP - Código Penal 
CPC - Código de Processo Civil 
CPP - Código de Processo Penal 
Des. - Desembargador 
JEC - Juizado Especial Cível 
LICC - Lei de Introdução do Código Civil 
MP - Ministério Público 
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil 
STJ - superior Tribunal de Justiça 
STF - Supremo Tribunal Federal 
TRF - Tribunal Federal de Recursos 
TJ - Tribunal de Justiça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 5 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Pode se dizer que a Teoria Geral do Processo funciona como o 
instrumento responsável pelo vínculo entre os valores vigentes na sociedade 
e os valores dispostos na norma jurídica. 
 
Então é desnecessário reafirmar sua importância para o estudo de 
direito, seja em seu aspecto formal ou material. Por assim dizer, não basta 
conhecer o direito material, mas é preciso conhecer e saber como usá-lo. 
Assim, a Teoria Geral do Processo, da forma que será apresentada, 
abrangerá o estudo das disciplinas de direito processual, no âmbito civil e 
penal, que serão estudadas à luz da Constituição Federal. 
 
Desse modo, a disciplina visa garantir um sustentáculo teórico a você, 
que no caso específico do Curso, lida diariamente com os aspectos práticos 
do processo, ampliando seu conhecimento e aparelhando-o para o melhor 
desempenho de suas funções no seu dia a dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 6 
PLANO DE ENSINO 
 
CURSO: Fundamentos e Práticas Judiciárias 
DISCIPLINA: Teoria Geral do Processo 
PROFESSORES: Ângela Issa Haonat /Rosa Maria Leite 
ANO/SEMESTRE: 2005/2 
 
 
TEORIA GERAL DO PROCESSO -TGP 
 
 
I – JUSTIFICATIVA 
 
A disciplina Teoria Geral do Processo possibilita um vasto conhecimento em 
torno de temas diversos e atuais e, no estudo da evolução do direito, visto 
como forma de controle social, é possível delinear, de forma clara, 
tendências jurídico-político-ideológicas refletidas na legislação, na doutrina e 
na jurisprudência, propiciando assim um conhecimento profundo e real sobre 
a disciplina estudada, conhecendo um pouco mais de perto as teorias que 
deram origens a institutos como a ação e o processo dentre outros. 
 
 
II - EMENTA 
 
O Estado-Juiz. Categorias jurisdicionais. Da norma processual. Da jurisdição 
e da competência. Do Poder Judiciário. Da organização judiciária do Estado 
do Tocantins. Do Ministério Público. Do Advogado. Da ação. Do processo. 
Do juiz. Das partes. Dos atos processuais. Do processo civil, do processo, 
dos procedimentos e das fases processuais. Do processo penal, do 
processo e dos procedimentos. 
 
III - OBJETIVO 
 
Desenvolver um estudo sistematizado em relação aos institutos e 
instrumentos de direito processual, que envolvem o objeto da Teoria Geral 
do Processo e ao mesmo tempo fomentar nos alunos a necessidade de 
despertar para uma consciência crítica acerca dos pontos controvertidos na 
disciplina. 
 
 
IV – CONTEÚDO 
 
- O homem e a solução dos conflitos em sociedade; 
- Formas de resolução de conflitos. Direito processual ou adjetivo e direito 
substancial ou material; 
- Fundamentos constitucionais e os princípios norteadores do Direito 
processual; 
- Da norma processual; 
-Da jurisdição; 
-Espécies de jurisdição; 
- Do Poder Judiciário; 
- Do Ministério Público. Do Advogado. Dos Auxiliares da Justiça; 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 7 
-Da Organização Judiciária; 
- Da competência. 
 
V - METODOLOGIA 
 
Na primeira aula será feita a apresentação da equipe de professores e da 
disciplina. As aulas serão expositivas. Na medida do possível serão 
utilizados recursos como entrevistas, vídeo - tapes etc. 
 
VI - AVALIAÇÃO 
 
Provas objetivas que serão sempre antecedidas de revisão. 
 
VII - BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo. DINAMARCO, Cândido Rangel. 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 8 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
TEMA 01 - O homem e a solução dos conflitos em sociedade ...................07 
 
TEMA 02 - Formas de resolução de conflitos. Direito 
 processual ou adjetivo e direito substancial ou material............13 
TEMA 03 - Fundamentos constitucionais e os princípios 
 norteadores do Direito processual..............................................19 
 
TEMA 04 - Da norma processual..................................................................25 
 
TEMA 05 - Da jurisdição................................................................................32 
 
TEMA 06 - Espécies de jurisdição ................................................................37 
 
TEMA 07 - Do Poder Judiciário......... ...........................................................44 
 
TEMA 08 - O Ministério Público e o Advogado. dos Auxiliares da 
 Justiça..........................................................................................50 
 
TEMA 09 - Da Organização Judiciária..........................................................62 
 
TEMA 10 - Da Competência..........................................................................75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 9 
ubi societas 
ibi jus 
(onde está a 
sociedade, 
está o 
direito) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O HOMEM E A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
EM SOCIEDADE 
 
 
Objetivo: Apresentar um panorama sobre a evolução do homem e do 
direito, analisando conceitos básicos ao Direito Processual, como 
necessidade, bem, utilidade, interesse, conflito de interesse, pretensão, 
resistência e lide. 
 
 A solução dos conflitos entre os homens nem sempre se deu da 
forma que conhecemos hoje, seja na via judicial ou extrajudicial. Antes de o 
Estado chamar para si a tarefa de dizer o Direito, o que assistíamos era a 
solução dos conflitos via vingança privada, ou seja, sempre os mais fortes 
vencendo os mais fracos. 
 
Com o passar dos tempos, o Direito aparece como uma dasformas de controle social, com o fim de solucionar os conflitos de maneira 
mais justa. Surge então a importância de se definir os valores protegidos 
pelo Direito e também o que importa de forma específica para a nossa 
disciplina que são os procedimentos que devem ser observados na 
aplicação do Direito ao caso concreto. 
 
1. O Homem e o Direito 
Desde a antiguidade, o homem vê no Direito uma forma de 
instrumento de controle social. Embora, naquele tempo, o homem já 
sofresse igualmente a influência de outros instrumentos de controle social, 
como a moral e a religião. Daí a razão do brocardo jurídico: ubi societas ibi 
ius. 
 
A relação entre a sociedade e o direito encontra-se fundada na 
função de controle que o direito exerce na sociedade em função da sua força 
coativa. Assim, o direito representa a via de compatibilização entre as 
necessidades e os interesses que surgem em decorrência da vida em 
sociedade. 
 
Desta forma, para compreender necessidades e interesses na 
forma que interessam ao direito, são envolvidos na análise alguns conceitos 
básicos, a começar por necessidade, bem, utilidade, interesse, conflito de 
interesses, pretensão, resistência e lide. 
 
TEMA 01
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 10 
CARNELUTTI
Considerado
um dos
maiores
juristas
italiano do
século XX,
nascido em
1879 e
falecido em
1965.
Professor da
Universidade
de Milão.
A palavra necessidade, segundo o dicionário Houaiss, pode ser 
entendida como: 
 
As exigências mínimas para satisfazer condições materiais e 
morais de vida. Ex.: as necessidades básicas de uma família de classe 
média. Ou ainda, carências naturais do organismo humano, como beber, 
comer, dormir etc. 
 
José Eduardo Carreira Alvim (2005, p.2) explica que: 
 
O homem experimenta necessidades as mais 
diversas, sob variados aspectos, e tende a 
proceder de forma a que sejam satisfeitas; que 
desapareça a carência ou se restabeleça o 
equilíbrio perdido. A necessidade decorre do fato 
de que o homem depende de certos elementos, 
não só para sobreviver, como para aperfeiçoar-se 
social, política e culturalmente, pelo que não seria 
errôneo dizer que o homem é um ser dependente. 
 
O que nos remete a dedução, segundo Alvim (2005, p. 3) que as 
necessidades são satisfeitas mediante determinados elementos. Carnelutti 
apud Alvim (2005, p. 3) lecionava que bem é o ente capaz de satisfazer uma 
necessidade. Assim, para o direito, bem deve ser entendido de forma ampla, 
abrangendo tanto os bens materiais como os imateriais. 
 
 
BENS 
MATERIAIS IMATERIAIS 
Água Paz 
Alimento Liberdade 
Vestuário Honra 
Transporte Amor 
 
Visto o que são necessidades e bens, passa-se ao estudo do que 
é utilidade. Para Carnelutti, apud Alvim (2005, p. 3), utilidade é a 
capacidade ou a aptidão de uma coisa (bem) para satisfazer uma 
necessidade. 
 
O autor, porém, faz uma ressalva no sentido de que nem sempre 
que haja utilidade num bem, haverá também um interesse a ele 
compreendido. 
 
Para ilustrar usamos o exemplo de Carnelutti apud Alvim (2005, 
p. 3) para quem o pão sempre será um bem e sempre terá uma utilidade, 
mas não haverá interesse (no pão) para quem não tem fome ou não prevê 
que possa vir a tê-la. 
 
Do significado de necessidade, bens e utilidade chega-se à 
interesse que interessa propriamente ao Direito, quer pela importância, 
como pela discussão doutrinária sobre o tema. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 11 
Desta forma, a divergência doutrinária existente sobre o melhor 
significado para interesse, pode ser apontada segundo o entendimento de 
Carnelutti e de Ugo Rocco apud Alvim (2005, p. 4). Vamos conferir: 
 
INTERESSE 
CARNELUTTI UGO ROCCO 
O interesse é a posição favorável do 
homem em relação à satisfação de uma 
necessidade. 
Juízo formulado por um sujeito acerca de 
uma necessidade, sobre a utilidade ou 
sobre o valor de um bem, enquanto meio 
para a satisfação dessa necessidade. 
É a relação entre o ente (homem) que 
experimenta a necessidade e o ente 
(bem) apto a satisfazê-la. 
Ato da inteligência, que é dado pela 
representação de um objeto (bem), pela 
representação de uma necessidade e 
pela representação da aptidão do objeto 
(bem) para satisfazer a própria 
necessidade. 
 
Alvim (2005, p. 4) tece suas considerações no sentido de que o 
interesse consiste numa relação, o que pode ser deduzido da própria 
palavra. Esclarece que interesse deriva de quod inter est (que está entre): 
aquele que está entre uma necessidade e um bem apto a satisfazê-la, está 
numa posição que se chama interesse. 
 
Por outro lado, temos que considerar que nem sempre o homem 
estará numa posição de interesse. Pode-se citar como exemplo o fato de 
que se o homem está com fome e possui o alimento à sua disposição, estará 
em uma posição de interesse, o que não ocorrerá na hipótese do homem 
que tem fome e não possui o alimento à sua disposição. 
 
O interesse, no que toca à sua relação com o Direito, pode ser 
classificado num primeiro momento como: 
 
a) Interesse imediato; 
b) Interesse mediato. 
 
INTERESSE 
IMEDIATO MEDIATO 
Quando a situação se presta diretamente 
a satisfação de uma necessidade. 
Quando a situação apenas indiretamente 
presta-se à satisfação de uma 
necessidade, enquanto dela possa 
derivar uma outra situação 
(intermediária), que consegue a 
satisfação da necessidade 
Ex. quem possui o alimento presta-se 
diretamente à satisfação da necessidade 
de alimentar-se. 
Ex.: quem possui dinheiro para adquirir 
alimento, apenas indiretamente 
(mediatamente) se presta à satisfação da 
necessidade de alimentar-se. 
 
 
Outra classificação importa ainda quando se fala em interesses. 
Alvim (2005, p. 5) menciona que o interesse se classifica em: 
 
a) Interesse individual; e 
b) Interesse coletivo. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 12 
Art. 81 - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único - A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
Passemos, portanto, a análise desses interesses de acordo com o 
que leciona esse autor. 
 
 
INTERESSE 
INDIVIDUAL COLETIVO 
Caracteriza-se quando existe uma 
situação favorável à satisfação de uma 
necessidade pode determinar-se em 
relação a um só indivíduo, de forma 
isolada. 
Caracteriza-se por uma situação 
favorável à satisfação de uma 
necessidade não pode determinar-se 
senão em relação a vários indivíduos. 
 
Moacir Amaral dos Santos apud Alvim (2005, p. 5) afirma que “no 
interesse individual, a razão está entre o bem e o homem, conforme suas 
necessidades; no interesse coletivo, a razão ainda está entre o bem e o 
homem, mas apreciadas as suas necessidades em relação a necessidades 
idênticas do grupo social.” 
 
 
Por outro lado, não se pode deixar de considerar os interesses 
difusos, assim definidos no art. 81 do Código de Defesa do Consumidor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, os interesses ou direitos difusos podem ser compreendidos 
como os pertencentes a várias pessoas, que não podem ser 
individualizadas, ou seja, seus titulares são indeterminados, ligados apenas 
por circunstâncias de fato. Como exemplo de interesses difusos temos os 
danos ambientais, a publicidade abusiva etc. 
 
Conflito de Interesses, Pretensão, Resistência e Lide. 
 
Vistoo significado de necessidade, bem, utilidade e interesse são 
necessários tratar dos conceitos de conflito de interesses, pretensão, 
resistência e lide. Trataremos de cada um separadamente. 
 
Alvim (2005, p. 6) ensina que existe conflito de interesses quando 
”a situação favorável à satisfação de uma necessidade exclui, ou limita, a 
situação favorável à satisfação de outra necessidade.” 
 
Sabe-se, porém, que as necessidades do homem aumentam de 
forma ilimitada, enquanto que os bens tornam-se escassos frente a tantas 
necessidades a serem atendidas. Assim, é natural que surjam os conflitos de 
interesses quando o homem não pode satisfazer suas necessidades. 
 
O conflito de necessidade que envolve dois interesses e uma só 
pessoa pode ser chamado de conflito subjetivo. Ocorre quando o indivíduo 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 13 
tem mais de uma necessidade e tem que se decidir por uma delas em 
específico. 
 
Há também o que se pode chamar de conflito intersubjetivo, como 
chamou Carnelutti apud Alvim (2005, p. 6) que é o conflito de interesse que 
envolve duas ou mais pessoas. 
 
CONFLITOS 
CONFLITO SUBJETIVO CONFLITO INTERSUBJETIVO 
• Conflito entre dois interesses de 
um mesmo homem; 
• Em geral não ultrapassa da 
pessoa do próprio sujeito nele 
envolvido. 
 
• Conflito entre interesses de duas 
ou mais pessoas; 
• Tem importância para o Estado 
pelo fato do perigo que representa 
de uma solução violenta, quando 
ambos interessados recorrem à 
força para valer o seu direito. 
 
 
Os conflitos de interesses ocorrem, por assim dizer, quando 
estiver caracterizada a disputa pelos bens considerados limitados, ou ainda, 
sobre o exercício de direitos sobre esses bens, exigindo-se assim, o controle 
e a regulação por parte do Estado, através do Poder Judiciário. 
 
Devemos lembrar que os conflitos ocorrem em sede de interesses: 
 
• Individuais; 
• Coletivos; e 
• Difusos. 
 
Instalado o conflito de interesses entre as partes, chega-se ao que 
a doutrina tradicional denominou de lide. Passamos então, ao conceito de 
lide. Carnelutti apud Alvim (2005, p. 10), ao tratar de lide, leciona que lide é 
o conflito de interesses, qualificado pela pretensão de um dos interessados e 
pela resistência do outro. 
 
LIDE 
conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida 
(discutida) ou insatisfeita. 
 
Ainda sob o que ensina Alvim (2005, 10/11), a lide compõe-se de 
um elemento material e um elemento formal. Como elemento material da lide 
temos o próprio conflito de interesses e como elemento formal temos a 
pretensão e a resistência, também chamada de oposição. 
 
ELEMENTOS DA LIDE 
ELEMENTO MATERIAL ELEMENTOS FORMAIS 
 
• Conflito de Interesse 
 
• Pretensão 
• Resistência 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 14 
Assim, a lide é o próprio conflito de interesses, que pode ser 
representada, de um lado, por uma pessoa que formula uma pretensão 
contra outra pessoa, que irá a esta opor uma resistência. 
 
Contudo, não se pode deixar de ressaltar o conceito de lide, em 
que Carnelutti construiu o seu sistema, como nos ensina Alvim (2005, p. 11) 
é bastante controvertido. Desse modo, dentre as críticas que se faz ao 
conceito de Carnelutti encontra-se a de que “todo processo pressupõe uma 
lide, mas nem toda lide desemboca, necessariamente, num processo; o 
conceito seria, assim, mais sociológico que jurídico.” 
 
 
 
Atividades 
 
Exercícios de fixação do conteúdo 
 
1. Responda em breves linhas em que consiste os interesses mediatos e 
imediatos. 
 
2. No seu ponto de vista o que caracteriza os interesses individuais, 
coletivos e difusos? 
 
3. Quais os elementos formadores da lide? Como eles podem ser 
classificados? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
 
Leitura Complementar 
 
CARNELUTTI, Fancesco. A arte do Direito. 4 ed. São Paulo: Bookseller. 
2005. 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORMAS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS. DIREITO 
PROCESSUAL OU ADJETIVO E DIREITO SUBSTANCIAL OU 
MATERIAL 
 
OBJETIVOS: 
Analisar as formas de resolução dos conflitos como a autotutela, a 
autocomposição e o processo. 
Traçar um paralelo entre o Direito Processual e o Direito Material. 
 
Na primeira aula estudamos o significado de necessidade, bem, 
utilidade, interesse, conflito de interesses, pretensão e lide. A compreensão 
destes conceitos é essencial para a analise das formas de resolução de 
conflitos que será nosso objeto de estudo desta aula. 
 
Das formas de solução dos conflitos 
 
É importante ressaltar que num primeiro momento não existia a 
figura do Estado a regular os conflitos existentes em sociedade. Pode-se 
considerar que nesse tempo imperava a vingança privada. 
 
A vingança privada era caracterizada principalmente pelo uso da 
força, em que o grupo dos mais fracos acabava dizimado pelo grupo dos 
mais fortes. Com o passar do tempo, o Estado chama para si a tarefa de 
dizer o Direito, ou seja, o Estado passou a controlar os conflitos que 
aconteciam em sociedade. 
 
Assim, num primeiro momento, nós estivemos regulando os 
conflitos do homem, o que se chamou de autotutela, também chamada de 
autodefesa e caracterizada, conforme nos ensina Ada Pellegrini Grinover et 
al (2005, p. 21), por dois aspectos: (i) a ausência de juiz distinto das partes; 
e (ii) imposição da decisão por uma das partes à outra. 
 
Alvim (2005, p.13) ao falar sobre a autodefesa leciona que 
 
Esta forma de resolução dos conflitos é apontada como a 
mais primitiva, quando ainda não existia, acima dos 
indivíduos, uma autoridade capaz de decidir e impor sua 
decisão aos contendores, pelo que o único meio de defesa 
do indivíduo (ou do grupo) era o emprego da força material 
ou força bruta contra o adversário para vencer sua 
resistência. 
TEMA 02 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 16 
AUTOTUTELA 
• Ausência de juiz distinto das partes; 
• Imposição da decisão por uma das partes à outra. 
 
 
 
 
 
Em resumo, como narra Alvim (2005, p. 13), não existia na 
época uma noção clara de individualidade da culpa. Assim, a ofensa a um 
integrante de determinado grupo era o mesmo que agredir todos os 
integrantes deste grupo. 
 
 Ressalta ainda o referido autor (2005, p. 14) que os Estados 
modernos reconhecem que em determinados casos não há como evitar 
lesões de Direito. Por isso, o próprio Estado criou mecanismos que permitem 
que o próprio indivíduo defenda o seu interesse, mesmo que seja necessário 
usar de força, desde que respeitados os limites impostos pelo próprio direito. 
 
Como exemplo de autodefesa no Estado moderno, Alvim (2005, 
p. 14) menciona: (a) Legítima defesa; (b) Desforço incontinenti;(c) 
Penhor legal; e (d) Direito de greve. Ilustra-se cada um deles a título de 
exemplo: 
 
 
Legítima 
defesa 
Prevista no Código Penal Brasileiro. 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem 
 
 
Desforço 
incontinenti 
Previsto no Código Civil BrasileiroArt. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em 
caso de turbação, restituído no caso de esbulho, e segurado de 
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou 
restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os 
atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
 
 
 
Penhor 
legal 
Código Civil Brasileiro 
Art.1.467. São credores pignoratícios, independentemente de 
convenção: 
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, 
sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus 
consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas 
casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí 
tiverem feito; 
 II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis 
que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, 
pelos aluguéis ou rendas. 
 
 
 Direito de 
 greve 
 
Previsto na Constituição Federal, art. 9º e na Lei nº 7.783/89; 
Direito assegurado ao trabalhador, a fim de exercitá-lo sobre os 
interesses que devam por meio dele defender. 
 
Com a evolução do homem, mas ainda em tempos remotos, 
surgem outras formas de solução de conflitos, como a autocomposição, 
que pode ser considerada como um passo adiante na solução dos conflitos 
que se estabeleciam em sociedade. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 17 
O termo autocomposição, de acordo com Alvim (2005, p. 15), 
deve ser creditado a Carnelutti , que ao tratar dos equivalentes jurisdicionais, 
ali a incluiu. Assim, auto (próprio) e o substantivo composição, na 
linguagem do renomado mestre equivalem a solução, resolução ou 
decisão do litígio por obra dos próprios litigantes. 
 
Portanto, diversamente da autodefesa, a autocomposição 
demonstra vocação para a solução dos conflitos existentes, mesmo que o 
indivíduo tenha que mitigar, ou seja, abrandar a sua pretensão em relação a 
determinado direito que tenha sido lesado. Assim, pode se dizer com Alvim 
(2005, p. 15) que a autocomposição se traduz em atitudes de renúncia ou 
reconhecimento a favor do adversário. 
 
A autocomposição continua a existir no ordenamento jurídico, nas 
seguintes formas: a desistência, a submissão e a transação. Grinover et 
al (2005, p, 21) traz a definição de cada uma delas. 
 
 
Desistência Submissão Transação 
Renúncia à pretensão Renuncia à resistência 
oferecida à pretensão 
Concessões recíprocas 
 
 
Importante, porém, ressaltar que essas formas de 
autocomposição só podem se dar em razão dos direitos disponíveis. 
 
Direitos 
Disponíveis Indisponíveis 
Pode ser transacionado Não pode ser transacionado 
Pode haver renúncia Não pode haver renúncia 
Transigíveis Intransigíveis 
 
Desta forma, com o passar dos tempos, com a evolução do 
homem e do próprio Direito, passou-se a preferir, conforme leciona Grinover 
et al (2005 p, 21/22), a figura do árbitro, que atribuía ao caso concreto uma 
solução imparcial. 
 
Surge assim, conforme Alvim (2005, p. 16), a arbitragem 
facultativa, como forma bem mais evoluída de solução dos conflitos. 
 
Normalmente, a figura do árbitro na antiguidade era representada 
por um sacerdote, pois, acreditava-se que por estar intimamente ligado às 
divindades, o que por si só garantiria uma solução mais acertada. Outra 
figura que normalmente se utilizava como árbitro eram os anciões pois eram 
estes, dotados de sabedoria e conheciam os costumes do grupo social da 
época. 
 
Árbitros 
Sacerdote Ancião 
Ligação com as divindades; 
decisões acertadas. 
Sabedoria e conhecimento dos costumes 
locais 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 18 
A arbitragem facultativa, por seu turno, deu azo ao aparecimento 
do Processo, que pode ser considerado como a última etapa na evolução 
dos métodos compositivos do litígio conforme (ALVIM 2005, p. 17). 
 
De acordo com o que ensina Alvim (2005, p. 18), o processo se 
apresenta como um instrumento pronto a viabilização de maior número de 
soluções justas e pacíficas dos conflitos porque, quando se fala em 
processo, a contenda é solucionada por um terceiro sujeito, alheio as 
questões que estão sendo debatidas. 
 
Esclarece ainda o mesmo Autor (2005, p. 18) que para que o 
processo tenha efetividade é necessário que: 
 
Para que o processo produza resultados é preciso que esse 
terceiro imparcial que decide o conflito seja mais forte do 
que as partes litigantes, para que possa impor sua vontade, 
coativamente, frente a qualquer intuito de desobediência ou 
descumprimento por parte dos contendores. Compreende-
se, pois, que este terceiro seja o Estado. 
 
 
Vários doutrinadores preocuparam-se em definir o processo. Alvim 
(2005, p. 18/19) nos traz alguns conceitos cunhados na doutrina. Vamos a 
eles: 
 
• Definição de Niceto Alcalá - Zamora y Castillo 
 
Processo é o instrumento de que se serve o Estado para,no 
exercício da função jurisdicional, resolver os conflitos de interesses, 
solucionando-os. O instrumento previsto como normal pelo Estado para a 
solução de toda classe de conflitos jurídicos 
 
• Definição de Carnelutti 
 
O conjunto de atos destinados à formação ou à atuação de 
comandos jurídicos, cujo caráter consiste na colaboração, para tal fim, de 
pessoas interessadas (partes), com uma ou mais pessoas desinteressadas 
(juízes). O processo não se compõe de um único ato, mas de um conjunto 
de atos coordenados e ligados pelo fim perseguido, que é o de obter a justa 
composição da lide. Operação mediante a qual se obtém a composição da 
lide. 
 
• Definição de Couture 
Meio idôneo para dirimir imparcialmente, por ato de juízo da 
autoridade, um conflito de interesses com relevância jurídica. 
 
 
O Direito Processual 
 
Depois de estudar as formas de solução dos conflitos de 
interesses em sociedade, a par de toda a evolução do homem e as 
mudanças que ocorreram ao longo do tempo, passamos ao estudo do direito 
Processo -
Latim
Processus.
Proceder:
Avançar,
seguir
caminhando.
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 19 
processual propriamente dito, traçando um paralelo entre este e o direito 
material. 
 
Acompanhando o raciocínio de José de Albuquerque Rocha 
(2005, p. 31) segundo o qual: 
 Com o advento do Estado, principalmente do Estado 
burguês, as normas de conduta passaram a ser criadas, em 
sua quase totalidade, por órgãos específicos do Estado, 
através das leis e outros atos semelhantes, e também 
garantidas, em ultima instância, pelo próprio Estado, e não 
mais criadas e garantidas diretamente pela sociedade, como 
acontecia antes. 
 
Como estudado no módulo anterior, no início o homem resolvia os 
seus conflitos de interesses através da autotutela, que era marcada pela 
falta de intervenção do Estado. Este, apenas passou a intervir nos conflitos 
de interesses já bem mais adiante. 
 
Na clássica subdivisão do Direito em Direito Público e Direito 
Privado, o Direito Processual está colocado como ramo do Direito Público. 
 
Visto esta classificação do Direito em público e privado, deve-se a 
ela ater, de forma apenas doutrinária, passando a partir daqui, para a nossa 
disciplina em especial, a fazer um análise do ponto de vista macro, ou seja, 
nos ater a classificação do direito em direito substancial e processual. 
 
Aqui, importa ressaltar a diferença entre direito substancial e 
direito processual, ou ainda, direito material e direito formal, também 
denominados de direito substantivo e direito adjetivo. 
 
 Passemos então a uma breve revisão sobre o direito substancial 
e o direito processual,de acordo com o que leciona Rocha (2005, p. 32-34) 
que assim ilustra a diferença entre ambos: 
 
 
DIREITO 
SUBSTANCIAL PROCESSUAL 
Conjunto de normas de 
valoração das condutas sociais, 
visando à proteção dos 
interesses considerados 
essenciais à manutenção de 
uma dada formação social cuja 
aplicação é garantida, pelo 
aparelho coativo do Estado. 
Conjunto de normas jurídicas 
que dispõem sobre a 
constituição dos órgãos 
jurisdicionais e sua 
competência, disciplinando essa 
realidade que chamamos 
processo. 
O direito substantivo disciplina 
as condutas materiais, isto é, 
condutas cuja realização não 
cria novas normas jurídicas, 
mas situações materiais. 
O direito processual é um 
conjunto de normas que tem por 
objetivo disciplinar os atos de 
vontade dos órgãos 
jurisdicionais e partes, para a 
criação da norma do caso 
concreto (decisão do conflito) e 
sua eventual execução. 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 20 
Assim, podemos concluir que o direito material consiste no 
conjunto de princípios e normas que regulam os fatos e relações sociais, ou 
seja, são as normas que disciplinam as condutas humanas e pode ser 
subdividido em: direito civil, administrativo, comercial, tributário, trabalhista, 
constitucional, penal etc. 
 
Por outro lado, o direito processual pode ser compreendido como 
o complexo de normas e princípios que regem o exercício da jurisdição. 
Podendo-se concluir que o direito processual é, assim, um instrumento 
para a concretização do direito material. 
 
 
Atividades 
 
1. A partir dos estudos sobre a classificação do direito, procure traçar 
um paralelo entre o direito substancial e o direito processual. 
 
2. Dentre as várias definições de processo destaque a que você mais se 
identifica. 
 
3. Disserte em poucas linhas sobre as formas de resolução de conflitos 
de interesses na fase anterior ao processo. 
 
4. A autotutela é admitida no direito moderno? Se for admitida quais 
exemplos você poderia citar? 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003. 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São 
Paulo: Atlas, 2005. 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 12 
ed. São Paulo: Melhoramentos, 2005. 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS E OS PRINCÍPIOS 
NORTEADORES DO DIREITO PROCESSUAL. 
 
 
Objetivo: Apresentar os princípios que dão forma ao Direito 
Processual, a partir da Constituição Federal, a fim de delinear a 
trajetória da disciplina estudada. 
 
 
O estudo dos princípios no âmbito da ciência jurídica é fator de 
grande relevância. Isto porque os princípios são como leitores de uma 
realidade. Dado serem considerados como sobre-normas que informam os 
fundamentos do Direito, sinalizam também uma varredura dos caminhos a 
serem percorridos pelo intérprete do Direito, que faz uso dos mesmos ao 
interpretar as normas em harmonia com os valores consagrados na 
Constituição Federal. 
 
1. Princípios gerais do Direito Processual 
 
 Ao tomar como ponto de partida o fato que nós vivemos em um 
Estado Democrático de Direito, não poderíamos deixar de iniciar o estudo 
sobre princípios relacionando estes à nossa ordem constitucional. 
 
Cândido Rangel Dinamarco (2001, p. 191) leciona que: 
 
A tutela constitucional do processo é feita mediante os 
princípios e garantias que, vindos da Constituição, ditam 
padrões políticos para a vida daquele. Trata-se de 
imperativos cuja observância é penhor da fidelidade do 
sistema processual à ordem político-constitucional do país. 
 
Vale ressaltar que no presente capítulo será dado ênfase aos 
princípios que se aplicam de forma geral à Teoria Geral do Processo e à 
medida que aprofundarmos no estudo do Direito Processual Penal e do 
Direito Processual Civil, realçaremos os princípios inerentes a cada uma 
dessas disciplinas. 
 
 
 
 
 
Tema 03
A esta altura você já estudou quais são as 
fontes do Direito. Vamos recordar quais são 
essas fontes? 
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 22 
 
FONTES DO DIREITO 
MATERIAIS FORMAIS 
ESTATAIS NÃO ESTATAIS • Valores sociais; 
• Elementos culturais 
• Vontade do povo etc 
• Lei 
• Jurisprudência 
• Convenção 
Internacional 
• Costumes 
• Doutrina 
• Princípios 
Gerais do Direito 
 
Visto quais são as fontes do Direito, vimos que os princípios 
encontram-se entre elas. Ademais, a própria Lei de Introdução ao Código 
Civil - LICC, se reporta aos princípios como fonte de direito no seu art. 4º 
que dispõe o seguinte: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” 
 
Para ilustrar a importância do estudo dos princípios, é necessário 
mencionar inicialmente as funções dos mesmos. Rocha (2005, p. 42 - 43) 
enumera três funções dos princípios no direito processual. São elas: 
 
Função 
Fundamentadora 
Função 
Orientadora da Interpretação
Função de 
Fonte Subsidiária 
Os princípios constituem a 
raiz de onde deriva a 
validez intrínseca do 
conteúdo das normas 
jurídicas. 
Quando o legislador se 
dispõe a normatizar a 
realidade social, o faz 
sempre, a partir de algum 
princípio. 
Os princípios são idéias 
básicas que servem de 
fundamento ao Direito 
Positivo. 
A função orientadora 
decorre da função 
fundamentadora do direito. 
Se as leis são informadas 
ou fundamentadas nos 
princípios, então devem ser 
interpretadas de acordo 
com os mesmos, porque 
são eles que dão sentido às 
normas. 
Os princípios servem, pois, 
de guia e orientação na 
busca do sentido e alcance 
das normas. 
Nos casos de lacunas da lei 
os princípios atuam como 
elemento integrador do 
direito. 
Como a lei funda-se nos 
princípios, estes servem 
seja como guia para a 
compreensão do seu 
sentido (interpretação), 
seja como guia para o juiz 
suprir a lacuna da lei, isto 
é, como critério para o juiz 
formular a norma do caso 
concreto. 
 
 
Uma discussão que se coloca presente quando falamos de 
princípios, já nos remetendo a matéria processual, é ao que a doutrina 
tende a nomear de princípios formativos do processo. Esta discussão se faz 
presente como leciona Dinamarco (2001, p. 195-196), porque 
 
A técnica processual inclui também um número extenso de 
regras de grande importância, desenvolvidas ao longo dos 
séculos e da experiência acumulada, sendo responsáveis 
pela boa ordem do processo e correto encaminhamento de 
suas soluções. Rigorosamente, contudo, não se qualificam 
como princípios porque tem lugar no interior do sistema e 
não atuam como pilares sobre os quais este se apóia. 
 
Dentre esses princípios técnicos destaca-se quase que de forma 
unânime pela doutrina: 
 
a) Princípio Econômico - voltado às questões de economia 
processual; 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 23 
Art. 2º . São Poderes da União,
independentes e harmônicos
entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário. 
 
Art. 95. Os juízes gozam das
seguintes garantias: 
I-Vitaliciedade (...); 
II - Inamovibilidade (...); 
III- Irredutibilidadede subsídio
(...) 
Art. 5º, CF, incisos XXXVII e LIII 
XXXVII- Não haverá juízo ou
tribunal de exceção. 
LIII- ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade
competente. 
b) Princípio Lógico - seleção de meios eficazes à descoberta da 
verdade e das soluções corretas, evitando erros; 
c) Princípio Jurídico - postula a igualdade no processo e a 
fidelidade dos julgamentos ao direito substancial; 
d) Princípio Político - direcionado ao binômio representado pelo 
máximo possível de garantia social com o mínimo de sacrifício pessoal. 
 
Estudado os princípios informativos do processo, passamos ao 
estudo dos princípios de índole político - constitucional, ou ainda, dos 
princípios sustentáculos da Teoria Geral do Processo. Embora exista uma 
certa discussão doutrinária sobre quais são os princípios que integram a 
Teoria Geral do Processo, elegemos para nosso estudo os elencados por 
Rocha (2005, p. 45-49) que passamos a expor de forma sintetizada. 
 
 
a) Princípio da independência. 
O Princípio da independência pode ser 
visto sob duas óticas. Pode ser entendido 
sob a ótica da instituição judiciária (art. 2º 
da CF) ou do juiz, pessoa física (art. 95 da 
CF). Desta forma, por independência pode-
se entender tanto a ausência de sujeição a 
ordens de outros poderes, bem como as 
garantias de imparcialidade que garantem 
ao juiz certa estabilidade, especialmente 
nas causas em que o Estado é parte. 
 
b) Princípio da Imparcialidade. Significa em resumo, a 
eqüidistância do juiz das partes e seus interesses nos processos em que 
atua. A imparcialidade pode ser subjetiva (quando disser respeito das 
partes) e objetiva (quando disser respeito aos interesses). Vale lembrar 
porém que as idéias políticas do juiz não comprometem a sua 
imparcialidade, que só pode ser exigida sob a égide do caso concreto. 
 
 
c) Princípio do juiz natural. 
Estabelece um tríplice entendimento. 
Num primeiro momento, significa que a 
instituição dos juízos e tribunais devem 
ser anteriores ao fato ensejador de sua 
atuação. Num segundo momento, que a competência dos órgãos deve ser 
estabelecida por regra geral. E por último, requer que a designação dos 
juízes seja feita com base em critérios gerais estabelecidos por lei ou 
procedimentos fixados em lei. 
 
d) Princípio da exclusividade da jurisdição pelo Judiciário. 
Em síntese o princípio quer dizer que nenhum conflito pode ser excluído da 
apreciação do judiciário. Art. 5º, XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” O princípio porém, comporta 
temperamentos, uma vez que a própria Constituição estabelece a exceção 
do art. 52, incisos I e II, que dita regra de competência privativa ao Senado 
Federal para processar e julgar o Presidente e o Vice - Presidente da 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 24 
Art. 5º, XXXV. A lei não excluirá 
da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a 
direito. 
República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de 
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos 
crimes da mesma natureza conexos com aqueles e, ainda, os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da República e o Advogado 
Geral da União, nos crimes de responsabilidade. No âmbito 
infraconstitucional, ressalta-se também, a título de exceção do princípio da 
exclusividade da jurisdição pelo judiciário os conflitos dirimidos por árbitros à 
luz da Lei n. 9.307/1996. 
 
e) Princípio da inércia. O processo não pode principiar por 
iniciativa do juiz. Pode-se dizer que deriva do princípio da independência 
(visa resguardar a imparcialidade do juiz) e do acesso à justiça. 
. 
f) Princípio do acesso à 
justiça. É a possibilidade garantida pela 
Constituição Federal, no seu art. 5º, 
XXXV, para que todos possam pleitear a 
proteção jurisdicional do Estado. 
 
g) Princípio do devido processo legal. Princípio expresso 
insculpido no art. 5º, LIV, da Constituição Federal que estabelece “ninguém 
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal”. Assim, cabe ao Judiciário observar o processo estabelecido em lei a 
fim de que este assegure o respeito às garantias e direitos fundamentais 
aos que a ele se submetem. 
 
h) Princípio da igualdade. Derivado do princípio do devido 
processo legal. Expresso na Constituição Federal no art. 5º caput : 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
Atualmente, temos que enxergar o princípio da igualdade não só 
sob a ótica da igualdade formal, mas também do aspecto da igualdade 
substancial. O nosso ordenamento jurídico prevê em muitos casos, a 
observância da aplicação do princípio da igualdade material, conforme 
aponta Fábio Alexandre Coelho (2004, p. 66): 
 
DIPLOMA ART DISPOSIÇÃO 
CLT 844 Solução distinta a falta de comparecimento do Reclamante 
(arquivamento) e do Reclamado (Revelia) 
CPP 386, VI O Réu deverá ser absolvido quando não existirem provas 
suficientes para a condenação. 
CPC 188 Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em 
dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou 
o Ministério Público 
10.471/03 71 e ss Prioridade na tramitação de todos atos e diligencias em 
qualquer instância que beneficia as partes com idade igual ou 
superior a 60 anos 
 
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 25 
Art. 5º, LV . Aos litigantes, em
processo judicial ou
administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela
inerentes; 
Art. 93, IX. Todos os julgamentos dos órgãos do
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo
a lei, se o interesse público o exigir, limitar a 
presença em determinados atos, às próprias
partes e as seus advogados, ou somente a estes; 
i) Princípio do contraditório. 
Decorre da própria estrutura dialética do 
processo. Pressupõe que a verdade só pode 
ser evidenciada pelas teses contrapostas das 
partes. Por este princípio o órgão judicante 
não pode decidir uma demanda sem ouvir a 
parte contra qual ela foi proposta. 
 
j) Princípio da ampla defesa. Previsto no art. 5º, inciso LV da 
Constituição Federal. Por este princípio entende-se que as partes podem 
produzir provas de maneira ampla, quando observados os meios lícitos 
conhecidos e permitidos pelo direito. A ampla defesa, em sentido amplo 
significa a observância de dois ângulos, ou seja, de dois elementos: a defesa 
técnica, que é a defesa através de advogado, e a defesa não técnica, que 
consiste no direito de presença. 
k) Princípio da liberdade da prova. Expresso na Constituição 
Federal, no seu art. 5º, LVI “são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meio ilícito”. Assim, serão admitidos todos os meios de prova em 
direito admitidas desde que não sejam obtidas por meio ilícito. 
l) Princípio da publicidade. O princípio da publicidade destina-
se: (a) às partes; e (b) ao público em geral. Possui grande relevância e 
também está expresso na 
Constituição Federal no seu 
art. 93, IX. 
 
 
m) Princípio dos recursos. No Brasil, o recurso constitui-se 
garantia fundamental inerente à ampla defesa. A própria estrutura dos 
órgãos judicantes induz a aceitação do princípio dos recursos, facultando a 
parte sucumbente a possibilidade de outro órgão jurisdicional reexaminar a 
decisão que lhe foi desfavorável. 
n) Princípio da motivação. A motivação das decisões encontra-
se expressa no art. 93, IX, portanto,o juiz como intérprete e aplicador da lei, 
deverá motivar suas decisões, sob pena de cometer ato contrário ao direito. 
o) Princípio da coisa julgada. Visa assegurar a efetividade das 
decisões judiciais. Expresso na Constituição Federal no art. 5º, XXXVI “a lei 
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
p) Princípio da justiça gratuita. Pode ser considerado como a 
manifestação do princípio da igualdade material no processo. É princípio 
expresso na Constituição Federal no art, 5º LXXIV “o Estado prestará 
assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos.” , bem como no art. 134 também da Constituição Federal: “A 
Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos 
necessitados na forma do art. 5º, LXXIV” 
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 26 
ATIVIDADES 
 
1. Em que consiste o princípio do acesso à justiça? 
 
2. Em que consiste o princípio do juiz natural? 
 
3. Em que consiste o princípio do devido processo legal? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5 ed. 
São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
NERY JR, Nelson. Princípios do processo civil na Constituição Federal. 
8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA NORMA PROCESSUAL 
Objetivo:Conhecer a distinção entre as normas materiais e as normas 
instrumentais, ressaltando a importância destas que podem ser 
consideradas como instrumentos de proteção do direito material. 
 
A norma jurídica em sentido amplo tem por objeto a regulação da 
conduta humana criando direitos e estabelecendo obrigações. As normas 
processuais ao contrário disciplinam os meios de defesa dos direitos 
estabelecidos pela norma material. Desta forma, torna-se importante 
destacarmos um capítulo no presente estudo para tratarmos da norma 
processual e suas particularidades. 
Normas materiais e normas processuais 
Para realizar o estudo das normas processuais e sua finalidade 
vamos construir um paralelo entre estas e as normas materiais, 
estabelecendo assim suas diferenças e aplicações. Para tanto faremos uso 
da classificação fornecida por Coelho (2004, p. 151-152) 
Normas Materiais Normas Instrumentais 
Disciplinam os relacionamentos entre as 
pessoas, buscando dar uma prévia 
solução a possíveis conflitos de interesse 
que venham a surgir, estabelecendo qual 
dos interesses pode prevalecer. 
Visam assegurar o cumprimento das 
normas materiais, estabelecendo a forma 
de possíveis conflitos através da 
aplicação das normas substanciais. 
 
Objeto da norma processual. 
 Conforme leciona Coelho (2004, p, 151-152) o objeto maior das 
normas processuais é “disciplinar a atividade do Estado e dos litigantes, bem 
como o desenvolvimento do processo.” Pode assim concluir que a finalidade 
da norma processual é estabelecer a forma de solução dos conflitos através 
do processo. 
 
 
Aqui nos reportamos à clássica tripartição de poderes de 
Montesquieu, pela qual a atividade jurisdicional é reconhecida como uma 
Tema 04 
E como pode a lei processual ser aplicada na 
solução dos conflitos através do processo? 
Quem a aplica? 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 28 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho; 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre: 
XI - procedimentos em matéria processual; 
das funções do poder estatal, ao lado das funções administrativas e 
legislativas. 
 
Assim, para exercer a atividade jurisdicional no âmbito do 
sistema jurídico, faz-se necessário a verificação do disposto no princípio da 
investidura, pelo qual o juiz necessita estar investido do Poder delegado pelo 
Estado para exercer a atividade judicante e aplicar a norma material e a 
norma processual ao caso concreto. 
 
Divisão da norma processual na doutrina 
A doutrina classifica a norma processual em três grandes grupos: (a) 
normas processuais em sentido estrito; (b) normas de organização judiciária; 
e (c) normas procedimentais. Vejamos cada uma delas. 
Normas processuais 
em sentido estrito 
Normas de 
organização judiciária
Normas 
procedimentais 
Cuidam do processo como 
tal, atribuindo poderes e 
deveres processuais. 
Tratam primordialmente da 
criação e da estrutura dos 
órgãos judiciários e seus 
auxiliares. 
Dizem respeito apenas ao 
modus procedendi, 
inclusive a estrutura e 
coordenação dos atos 
processuais que compõem 
o processo. 
 
Grinover et al (2001, p. 89-90) explica, porém, que existe uma certa 
crítica em razão desta divisão, uma vez que a mesma esbarra no conceito 
moderno de processo, o que levaria as normas procedimentais serem 
consideradas também normas processuais. Lembram ainda que de acordo 
com a doutrina mais 
moderna existe a 
tendência de se envolver 
a organização judiciária 
na teoria geral do 
processo, o que também 
acarretaria serem as 
mesmas integrantes do 
direito processual. 
Advertem, porém, que esta divisão é a que é acatada pela própria 
Constituição Federal. Vide arts. 22, I e 24 XI da CF. 
 
Natureza da norma processual 
A norma processual é parte integrante do direito público, uma vez 
que é através da mesma que se desenvolve a atividade jurisdicional. Assim, 
quando falamos em norma processual não propriamente uma relação de 
coordenação, mas como nos ensinam Grinover et al. (2001, p.90) uma 
relação de “poder e sujeição, predominando sobre o interesse público na 
resolução (processual e, pois, pacífica) dos conflitos e controvérsias.” 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 29 
Lex fori - lei do 
foro onde se 
resolve o litígio, 
proferindo 
decisão, sendo 
competente, 
portanto, para 
reger a forma do 
processo. (Maria 
Helena Diniz, 
Dicionário 
Jurídico. São 
Paulo: Saraiva, 
1998. V.03, p. 
113) 
Apesar da norma processual possuir natureza de direito público, 
ela nem sempre é uma norma cogente. Mesmo sem a ocorrência de 
processo, em algumas situações a norma processual fica na dependência da 
vontade de uma das partes, o que se denomina normas dispositivas. Como 
exemplo de normas dispositivas temos a eleição de foro. 
Para melhor ilustrar a classificação das normas jurídicas 
processuais quanto à sua natureza, traçamos o quadro abaixo, distinguindo 
as normas processuais cogentes das normas processuais dispositivas. 
 
NORMAS PROCESSUAIS 
COGENTES DISPOSITIVAS 
• Devem ser cumpridas 
independentemente da vontade de quem é 
obrigado a cumpri-la. 
• Regras inderrogáveis pela vontade das 
partes. 
 
• Também devemser 
obedecidas, mas podem ser 
afastadas, nos limites fixados pela 
própria lei e pela vontade das partes. 
• Ex: regime de casamento do 
Código Civil. 
 
A título de conclusão pode-se dizer que as normas processuais 
possuem caráter eminentemente técnico. Como forma de fixação trazemos 
um quadro sinótico com as principais características das normas 
processuais. 
 
Características das normas processuais 
 
NORMAS DE DIREITO PROCESSUAL as regras processuais 
diferem das materiais, pois se referem à atividade jurisdicional. 
NORMAS DE DIREITO PÚBLICO decorrem da soberania estatal 
e estabelecem critérios para a atividade jurisdicional. 
NORMAS OBRIGATÓRIAS como regra são de ordem pública, 
cogentes e obrigatórias. (embora comportem temperamento) 
Eficácia da lei processual no tempo e no espaço 
Eficácia da lei processual no espaço 
A norma jurídica seja ela material ou processual, tem eficácia no 
tempo e no espaço, ou seja, aplica-se dentro de determinado período e 
território. 
Grinover et al. (2001, p. 96) explicam que o princípio que regula a 
eficácia espacial da norma processual é o da territorialidade. Assim, a estas 
se impõe sempre à aplicação da lex fori. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 30 
A territorialidade da aplicação da lei processual encontra-se 
expressa no art. 1º do Código de Processo Civil: 
Art. 1º A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida 
pelos juízes em todo território nacional, conforme as disposições que este 
código estabelece. 
Contudo, devemos observar que o princípio da territorialidade 
não significa como lecionam Grinover et al (2001, p. 97) que o juiz deva 
ignorar a regra processual estrangeira, pois, no caso do art. 231 do CPC 
esta constitui pressuposto para a aplicação da lei nacional. Os autores, 
contudo, alertam para o fato que não se pode confundir a aplicação da 
norma processual estrangeira com a aplicação da norma material 
estrangeira, referida pelo direito processual nacional, especialmente no art. 
7º do CPC. 
Aplicação da lei processual no tempo 
Como as demais normas jurídicas, a norma processual também é 
limitada no tempo, considerado o disposto no direito intertemporal. Dois 
aspectos devem ser levados em consideração. Vamos a eles: 
1. As leis processuais brasileiras submetem-se ao disposto na Lei 
de Introdução do Código Civil - LICC, no tocante a observância da a eficácia 
temporal das leis. Em regra, quando não se dispuser de forma contrária, ou 
no silencio da lei, a mesma entra em vigor, em todo o país, quarenta e cinco 
dias após sua publicação. 
2. Problema maior ocorre quando a lei incidir sobre situações 
idênticas, para se estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - 
deve ser aplicada ao caso concreto. Como nos ensina Grinover et. al. 
(2001, p. 98) o processo se constitui por uma série de atos que se 
desenvolvem e se praticam sucessivamente no tempo (atos processuais, 
integrantes de uma cadeia unitária, que é o procedimento), torna-se 
particularmente difícil e delicada a solução do conflito temporal de leis 
processuais. 
Ocorrendo o conflito de normas processuais no tempo devemos 
analisar os sistemas propostos por Grinover et. al. (2001, p.98) que 
poderiam ser em tese levados em consideração, realçando o sistema do 
isolamento dos atos processuais que é o sistema consagrado na doutrina 
brasileira, além de estar expresso no CPP e no CPC. São eles: 
a) Sistema da unidade processual: apesar de se desdobrar em 
vários atos, o processo apresenta uma unidade que somente poderia ser 
regulado por uma única norma, seja nova ou velha, devendo a velha se 
impor para não ocorrer a retroação da nova, com prejuízo dos atos 
praticados até a sua vigência. 
b) Sistema das fases processuais: sistema no qual distinguir-
se-iam fases processuais autônomas (postulatória, ordinatória, instrutória, 
decisória e recursal), cada uma delas, capaz de ser disciplinada por uma lei 
diferente. 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 31 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais
de direito. 
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais
a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 
 c) Sistema do isolamento dos atos processuais: pelo qual a 
lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas 
se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às 
chamadas fases processuais. 
Convém mais uma vez lembrar que o sistema do isolamento dos 
atos processuais é o que mais está representado na doutrina brasileira, 
encontrando-se ainda expresso no art. 2º do Código de Processo Penal - 
CPP nos seguintes termos: “a lei processual penal aplicar-se-á, desde logo, 
sem prejuízo da validade dos atos já realizados sob a vigência da lei 
anterior”. O sistema encontra, também, abrigo a luz do art. 1.211 do Código 
de Processo Civil - CPC, que dispõe: “ao entrar em vigor, suas disposições 
aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.” 
Interpretação da lei processual 
Não podemos deixar de levar em consideração que a interpretação 
e a aplicação das normas processuais estão subordinadas às mesmas 
regras das normas materiais. Grinover et. al. (2001, p. 102) lecionam que as 
normas processuais seguem as disposições contidas nos arts. 4º e 5º da Lei 
de Introdução do Código Civil Brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
Esclarecem ainda os autores acima mencionados que para não 
deixar dúvidas quanto a aplicação daquelas regras, o Código de Processo 
Penal dispõe de forma expressa no seu art. 3º “a lei processual penal admitirá 
interpretação extensiva e a aplicação analógica, bem como o suplemento dos 
princípios gerais de direito”. 
Assim, a título apenas de fixação lembramos en passant as formas 
de interpretação que vocês estudaram na disciplina de Introdução ao Estudo 
do Direito. 
 
• Interpretação gramatical: análise literal do texto; 
• Interpretação lógica - sistemática: interpretação à luz das 
demais normas que compõem o ordenamento jurídico, juntamente com os 
princípios gerais que as norteiam; 
• Interpretação histórica: analisa a lei em sua perspectiva 
histórica; 
Vamos ver o que dizem estes 
artigos? 
Vamos lembrar: 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 32 
• Interpretação teleológica: por esse método leva-se em conta 
a identificação da causa da edição da norma e o resultado que ela pretendia 
alcançar. 
Importante ainda mencionar que as normas processuais, tais como 
as normas materiais necessitam por vezes que se preencha as lacunas da lei. 
Isto porque, por mais criativo que seja o legislador, este jamais poderia prever 
todas as situações evidenciadas pelo homem, dada a sua própria evolução 
social. Desta forma, para se preencher as lacunas verificadas na lei, poderão 
se fazer uso da integração, conforme Grinover et. al. (2001, p. 101). E 
também é o que se extrai da leitura do art. 126 do CPC “O juiz não se exime 
de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.” 
O preenchimento das lacunas da lei de acordo com Grinover 
(2001, p. 102) será feito através da analogia e dos princípios gerais do 
direito. 
 
 
 
• Analogia: resolução de casos não previstos na lei, 
mediante a utilização de regra jurídica relativa a hipótese semelhante; 
• Princípios gerais do direito: que compreendem não 
apenas os princípios decorrentes do próprio ordenamento jurídico, como 
ainda os que o informam e lhe são anteriores e transcendentes. 
 
ATIVIDADES 
 
1. Trace um paralelo entre normas cogentes e normas dispositivas. 
2. De quem é a competência paralegislar sobre o direito processual? 
3. Disserte sobre a eficácia da lei processual no tempo e no espaço. 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
Vamos lembrar, ainda que 
superficialmente, cada um deles:
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 33 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA JURISDIÇÃO 
 
Objetivos: 
Conhecer o que é jurisdição. 
Demonstrar que a jurisdição possui como fim maior assegurar a 
aplicação do direito positivo ao caso concreto. 
 
Sabemos que o Estado para desempenhar sua função jurídica 
necessita de se ater a duas ordens de atividades, que num primeiro 
momento podem parecer distintas, mas ao se fazer uma análise 
aprofundada verificamos estarem estas ordens de atividades intimamente 
ligadas, são elas, respectivamente, a legislação e a jurisdição. 
 
Sob este prisma, a primeira ordem que é a legislação, estabelece 
as normas que regulam a vida em sociedade, ditando o que é licito e o que é 
ilícito, atribuindo direitos e obrigações. Porém, são normas de caráter 
genérico sem destinação a uma situação em concreto. Já a segunda ordem, 
que é a jurisdição, que se caracteriza pela atuação do Estado com o intuito 
de solucionar os conflitos de interesses, declara qual é o preceito que se 
aplica ao caso concreto. 
Vamos então à definição de jurisdição. 
 
 
Definição de jurisdição 
 
Juris + dictio = dizer o direito. 
 
Muitos autores, para definir o que é jurisdição, levam em conta 
apenas o significado literal da palavra, assim, para tentar defini-la, 
apoiamos-nos em Coelho (2004, p. 180). 
 
Pode-se considerar, num primeiro momento, que é a função do 
Estado, concretizada pelo Poder Judiciário, de dizer o direito. A preocupação 
do autor acima mencionado se dá por conta de ser tomado apenas o sentido 
literal e nesse sentido a jurisdição abrangeria em tese apenas o processo de 
conhecimento, o que não lhe daria total efetividade. Explica assim o Autor: 
Isto ocorre em razão do processo de conhecimento estar 
organizado para que o Poder Judiciário diga quem possui o 
direito, enquanto que o processo de execução serve para a 
satisfação do direito e o cautelar para assegurar, 
resguardar os processos de execução e de conhecimento. 
De qualquer modo a palavra jurisdição é utilizada para 
Tema 05 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 35 
Nemo judex sine actore = não há juiz sem autor 
Ne procedat judex ex officio = o juiz não deve proceder de ofício 
representar a atividade do Poder Judiciário como um todo – 
conhecimento, execução e cautelar. (2004, p. 180) 
 
Boa parte da doutrina prefere conceituar a jurisdição da seguinte 
forma: função do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos 
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito 
que os envolve com justiça. (GRINOVER et al. 2001, p. 131). 
 
Jurisdição enquanto poder 
 
A jurisdição, enquanto manifestação do poder estatal pode ser 
conceituada como “a capacidade de decidir imperativamente e impor 
decisões” (GRINOVER et. al. 2001, p. 131). Assim, a jurisdição gera um 
poder de império, no qual as decisões, quando não acolhidas 
espontaneamente, são impostas a fim de gerar eficácia atingindo sua 
finalidade. 
 
Jurisdição enquanto função 
 
A jurisdição, como função do Estado representa de acordo com 
Coelho (2004, p. 181): 
 
a) poder – manifestação do imperium (autoridade, domínio) do 
Estado, por qual do qual impõe e determina o cumprimento coativo (através 
da força se necessário) de suas decisões; 
b) função – atribuição própria dos órgãos jurisdicionais de 
prestarem a tutela jurisdicional para que ocorra a pacificação social; 
c) atividade – complexo de atos praticados no processo pelos 
juízes e auxiliares como representantes do Estado. 
 
Características da jurisdição. 
 
Várias são as características da jurisdição. Dentre essas Coelho 
(2004, p 181 e182) destaca as seguintes: 
 
a) imparcialidade do juiz: o juiz como agente ou representante 
do Estado age de forma imparcial no processo; 
 
b) inércia: como decorrência da adoção do principio da ação ou 
da demanda é preciso acionar, movimentar o Poder Judiciário, pois seus 
órgãos são inertes de acordo com os brocardos jurídicos que ilustramos 
abaixo: 
c) observância do contraditório: no exercício da atividade 
jurisdicional do Estado está presente a possibilidade de contrariar, 
contradizer, contestar o que foi alegado pela parte contrária. O contraditório 
aqui se perfaz por dois elementos: (i) informação e (ii) reação. 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 36 
d) coisa julgada e irrevogabilidade dos atos jurisdicionais 
pelos outros poderes: a coisa julgada é definida em nosso direito como 
sendo a eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais 
sujeita a recurso; 
 
e) atividade substitutiva: conforme Chiovenda apud (Coelho, 
2004, p. 182), a jurisdição é: 
a função do Estado que tem por escopo a atuação da 
vontade concreta da lei por meio da substituição, pela 
atividade dos órgãos públicos, da atividade de particulares 
ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da 
vontade da lei [processo de conhecimento], já no torná-la, 
praticamente efetiva, [processo de execução] 
 
f) atividade voltada para a solução de uma lide: a existência de 
uma lide ou litígio corresponde ao conflito de interesses caracterizado por 
uma pretensão resistida, é o fator que para Carnelutti identifica a jurisdição e 
serve para diferenciá-la das demais funções estatais; 
 
g) caráter público: essa característica decorre do fato da 
jurisdição estar relacionada ao Estado e ser voltada para a satisfação dos 
interesses públicos; 
 
h) instrumental: a jurisdição é o instrumento para a realização do 
direito material. Sua existência liga-se à suposta existência de uma relação 
jurídica material, servindo para tornar efetivo os comandos normativos que 
regulam os relacionamentos disciplinados pelo direito. 
 
i) inafastabilidade ou indeclinabilidade: (art. 5º, XXXV da CF) a 
lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de 
direito. Assim, não há como afastar o controle jurisdicional e os juízes, por 
outro lado, não podem declinar de suas atribuições, já que atuam em nome 
do Estado e não para a satisfação de interesses pessoais. 
 
j) presença do juiz natural: o juiz natural é aquele que se liga ao 
litígio antes mesmo de sua ocorrência. Sua competência para solucionar 
determinados tipos de conflitos é previamente estabelecida em lei. 
 
l) territorialidade: a atividade de dizer o direito adere a 
determinado território, consoante a idéias de soberania. 
 
Estas são, portanto, as características da jurisdição apontadas por 
Coelho (2004, p. 182),sem prejuízo de outras que podem ser apontadas por 
outros doutrinadores. Visto suas características passamos ao estudo dos 
seus fins. 
 
 
Fins da Jurisdição 
 
Fredie Didier Junior (2003, p. 39) nos apresenta os fins da 
jurisdição. Segundo o autor a jurisdição encontra-se arrimada em três fins: 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 37 
a) O escopo jurídico – atuação da vontade concreta da lei. A 
jurisdição tem por fim primeiro, portanto, fazer com que se atinjam, em cada 
caso concreto, os objetivos das normas de direito objetivo substancial. A 
aplicação ou a realização do Direito objetivo não é uma atividade privativa ou 
específica da jurisdição. Os particulares, quando cumprem a lei, realizam o 
direito objetivo. 
b) O escopo social – Promover o bem comum, com a pacificação 
com justiça, pela eliminação dos conflitos além da consciência dos direitos 
próprios e respeito aos alheios. Como forma de expressão de poder do 
estado, deve canalizar fins do estado. Perceba que, aqui, o fim, é jurisdição 
em si mesma, não das partes, pois ninguém seria ingênuo de afirmar que 
alguém entra com uma ação condenatória contra outrem por interesses 
altruístas. 
c) O escopo político – Pelo qual o estado busca a afirmação de 
seu poder, além da participação democrática (ação popular, ações coletivas, 
presença de leigos nos juizados etc.) e a preservação do valor liberdade, 
com a tutela das liberdades políticas por meio dos remédios constitucionais 
(tutela constitucional da liberdade). 
 
Princípios da Jurisdição 
 
a) Princípio da Investidura: o Estado atua através de seus 
órgãos. E assim sendo, somente os agentes políticos investidos do poder 
estatal de aplicar o direito ao caso concreto é que podem exercer a 
jurisdição. 
A investidura se dá, em regra, por aprovação em concursos 
públicos de títulos e conhecimento jurídico e, além desta via, a investidura 
poderá ocorrer também, pela nomeação direta, por ato do chefe do Poder 
Executivo, nos casos previstos em lei, de pessoas com prévia experiência e 
notável saber jurídico. 
Ex.: ingresso na magistratura pelo quinto constitucional ou 
nomeação dos ministros dos tribunais superiores. 
 
b) Princípio da aderência ao território: o exercício da jurisdição, 
por força do princípio da territorialidade da Lei processual, esta atrelado a 
uma prévia delimitação territorial. Grinover (2001, p. 138) leciona que por 
existirem muitos juízes no mesmo país, distribuídos em comarcas, pode-se 
daí inferir que “cada juiz só exerce a sua autoridade nos limites do território 
sujeito por lei à sua jurisdição.” 
 
c) Princípio da Indelegabilidade: Como a jurisdição é investida 
após preenchimento de rigorosos critérios técnicos, como nos concursos 
públicos, por exemplo, não podem os investidos na função delegar o ônus 
que a própria Constituição lhe atribuiu com exclusividade. 
 
d) Princípio da Inevitabilidade: a situação das partes (autor e 
réu) será a de sujeição quanto ao decidido pelo órgão jurisdicional, 
independentemente da vontade das partes ser contrária à decisão proferida 
pelo Estado-juiz. 
 
e) Princípio do juiz natural: apregoa que todos têm direito de 
serem julgados por um juizo independente e imparcial, previsto como órgão 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 38 
legalmente criado e instalado anteriormente ao surgimento da lide. Ë 
diametralmente oposto aos Tribunais de Exceção. Ex. Tribunal de 
Nuremberg, criado após a Segunda Guerra para julgamento dos delitos 
praticados pelos nazistas. 
 
 
ATIVIDADES 
 
1. Como podemos definir o que é jurisdição? 
 
2. Quais são as características da jurisdição? 
 
3. O que representa o princípio da investidura para a jurisdição? 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA 
 
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2005. 
 
CINTRA, Antonio Carlos Araújo; DINAMARCO, Cândido Rangel; 
GRINOVER, Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 21 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2005. 
 
SILVA, José Milton da. Teoria Geral do Processo. 2 ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2003 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
DIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3 ed. São Paulo: 
Salvador, 2003. 
 
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Juarez 
de Oliveira. 2004. 
 
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 
São Paulo: Malheiros, 2001. v.1 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
Objetivo: Demonstrar que a jurisdição é una, mas sem prejuízo de sua 
unidade, necessita ser classificada pelo critério de competência, 
delimitando-se, assim, o que compete a cada órgão do judiciário no 
tocante a aplicação do direito ao caso concreto. 
 
Visto o que é jurisdição e após o estudo de suas características, 
dos seus fins e dos seus princípios, passamos a estudar as espécies de 
jurisdição. Não se pretende aqui discutir a unidade da jurisdição, mas 
apenas classificá-la didaticamente para se compreender como um 
determinado juiz torna-se competente para julgar um caso concreto. 
 
Unidade da jurisdição 
 
Frisando mais uma vez que a jurisdição é una Rocha (2005, p. 92) 
nos lembra que 
 
(...) quando falamos em espécies de jurisdição, temos em 
vista não uma pluralidade de funções jurisdicionais, mas a 
diversidade das matérias sobre as quais se exerce a 
jurisdição, ou outras particularidades, que impõem a 
repartição das atribuições jurisdicionais entre diferentes 
órgãos, o que, contudo, não informa a tese de sua unidade, 
vez que em todas essas situações a jurisdição é, sempre, a 
mesma função soberana do Estado de dizer ou executar 
coativamente o direito no caso concreto, em ultima 
instância, e de modo definitivo e irrevogável. 
 
Reforçando a unidade da jurisdição, que é resultado do fato de ser 
esta uma atribuição fundamental do Estado exercida por ele em regime de 
exclusividade significa, segundo Rocha (2005, p. 91), “que só o Estado a 
exerce, através dos órgãos por ele instituídos, e que só esses órgãos podem 
prestar o serviço público da justiça, com aquelas características de 
criatividade, definitividade e irrevogabilidade. 
 
No nosso sistema jurídico, o princípio da unidade da jurisdição 
encontra-se expresso nos arts. 5º, incisos XXXV e XXXVII, art. 93 todos da 
Constituição Federal. No ordenamento infraconstitucional este princípio está 
insculpido no art. 345 do Código Penal. Vamos contextualizar o conteúdo 
dos artigos mencionados: 
Tema 06
EAD UNITINS - TEORIA GERAL DO PROCESSO - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS JUDICIÁRIAS 
 40 
ART. 5º XXXV e XXXVII CF
XXXV - a lei não excluirá 
da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
XXXVII - não haverá juízo 
ou tribunal de exceção; 
ART. 345 C P. Fazer 
justiça pelas próprias 
mãos, para satisfazer 
pretensão, embora 
legítima, salvo quando a 
lei o permite: 
Pena - detenção, de 
quinze dias a um mês, ou 
multa, além da pena 
correspondente à 
violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desta forma, conforme nos explica Rocha (2005, p. 92) a 
jurisdição embora seja unitária é realizada por meios dos diversos órgãos 
jurisdicionais e de diversas formas. Por esta razão, ela pode ser classificada 
por diferentes critérios. Vamos a cada um deles. 
 
Jurisdição comum e jurisdição especial 
 
A jurisdição comum, como leciona

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