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TGPp10_Da eficacia da lei processual

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
 Tema 10:	Da eficácia da lei processual no tempo e no espaço. Limites da soberania do Estado.
EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL 
NO TEMPO E NO ESPAÇO
A eficácia da norma jurídica condiciona-se, necessariamente, ao tempo e ao espaço, porque a estes está limitada. A lei processual, disciplinando o processo, por natureza dinâmico, marcando um curso que se desenvolve com obediência a prazo, no tempo e, muito mais do que as leis materiais, submete-se ao tempo e ao espaço, porque atua como instrumento de um dos Poderes do Estado (Judiciário) exercendo a função jurisdicional envolvendo exercício de soberania, portanto.
EFICÁCIA NO TEMPO - compreende-se que a norma jurídica processual tem um momento certo em que começa a atuar e um termo final de atuação. Inicia o momento de atuação de uma norma processual ao tempo em que a anterior se finda, mas o processo terá de prosseguir no seu curso. É o direito processual intertemporal. 
No campo jurídico, no sentido genérico, a dimensionalidade do tempo pode ser configurada sob três posições, quanto à eficácia da lei:
RETROATIVIDADE DA LEI NOVA;
EFICÁCIA IMEDIATA DA LEI NOVA;
	c) SOBREVIVÊNCIA DA LEI VELHA. 
Como se sabe, a lei processual não tem efeito retroativo nem admite a sobrevivência da lei velha, em regra. Excluídas, contudo, as exceções que a própria lei aponta. Atuando no processo, resta saber qual o termo inicial e o final de sua vigência . A Lei de Introdução ao Cód. Civil prescreve no art. 1º que a lei entrará em vigor, em todo território nacional, 45 dias depois de sua publicação. É a regra geral. Dispõe ainda, esse Diploma, que a atuação da lei é imediata, com a revogação da lei velha, excluindo-se apenas o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido (Lei de Introdução ao C.Civil, art. 6º e C.F., art. 5º, inc. XXXVI). Os arts. 1.211 e 1.220 do CPC, adiante citados, representam esta regra do C.C. e da C. F., rigidamente. Isto em termos, porque também no processo não há como afastar-se de certas exceções. 
No particular ao CPC brasileiro, este entrou em vigor quase um ano após a sua edição, eis que ele é datado de 11 - janeiro - 1973 e o seu artigo 1.220 assim dispõe : “Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1974, revogadas as disposições em contrário.”
O tempo, por sua vez, se dimensiona sob triplo aspecto: passado, presente e futuro. Assim, o que se busca saber é até quando se estende a eficácia da lei em face das dimensões apontadas. A norma processual atua, por princípio, no presente, sem atingir o passado nem submeter o futuro. Não tem efeito retroativo, nem impede que a lei nova a revogue. Por isso, a sua eficácia é imediata, alcançando as situações em curso, como expressamente dispõe o art. 1.211 do Cód. Proc. Civil, de forma categórica: “Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes”.
No que diz respeito à sobrevivência da lei velha, o nosso CPC de 1973, pelos arts. 1.217 e 1.218, fez várias ressalvas a parte final dos arts. 1.211 e 1.220, ao excepcionar que alguns recursos e procedimentos regulados pelo CPC anterior (Decreto Lei nº 1.608/39), permanecessem em vigor, até que tais procedimentos fossem, como foram, incorporados nas leis especiais subsequentes. Como exemplos desses procedimentos que foram atingidos por essa exceção, apontamos alguns referentes a : loteamento, despejo, renovatória locatícia, dissolução e liquidação de sociedades, habilitação para casamento, etc...
ATOS QUE SE INTEGRAM - existem atos que se ajustam e se coordenam de tal modo que o ato seguinte estará sempre subordinado ao anterior, mas existem outros que não se ajustam. Por tudo isso, muitas vezes a regra da incidência imediata, alcançando os processos em curso, não se ajusta à realidade processual, continuando a lei velha a regular o processo, como já se tem definido em julgados dos tribunais. Nem sempre se faz adequado ajustarem-se aos atos a serem praticados, subsequentemente, pelo procedimento da lei nova.
O processo visto em seus aspectos substancial e formal é uma unidade, um avanço sucessivo de atos, envolvendo direitos e obrigações dos atores, interligando a relação processual, tendo como finalidade jurisdicional a composição de lide. Todavia, nem sempre é possível conciliar-se a lei velha, pelos atos já praticados, com a lei nova regulando os atos seguintes, sem perigo de tumultuar-se o processo, que deixaria de ser uma unidade para ser cindido em partes, sem coordenação, fora dos princípios sistematizados na lei, sacrificando, até, algumas vezes, direitos das partes. É certo que é a lei do tempo que rege o ato - TEMPUS REGIT ACTUM - , mas o processo é uma coordenação de atos que se ajustam formando um só e único instrumento.
Derredor do tema, convém examinarmos a preleção de Ada Pellegrini e seus Pares:
“A questão coloca-se, pois, apenas no tocante aos processos em curso por ocasião do início de vigência da lei nova. Diante do problema, três diferentes sistemas poderiam hipoteticamente ter aplicação: a) o da unidade processual, segundo o qual, apesar de se desdobrar em uma série de atos diversos, o processo apresenta tal unidade que somente poderia ser regulado por uma única lei, a nova ou a velha, de modo que a velha teria de se impor para não ocorrer a retroação da nova, com prejuízo dos atos já praticados até a sua vigência; b) o das fases processuais, para o qual distinguir-se-iam fases processuais autônomas (postulatória, ordinatória, instrutória, decisória e recursal), cada uma suscetível, de per si, de ser disciplinada por uma lei diferente; c) o do isolamento dos atos processuais, no qual a lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplica aos atos processuais a praticar, sem limitações relativas às chamadas fases processuais.
	
Esse último sistema tem contado com a adesão da maioria dos autores e foi expressamente consagrado pelo art. 2º do Código do Processo Penal: ‘a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior’. E, conforme entendimento de geral aceitação pela doutrina brasileira, o dispositivo transcrito contém um princípio geral de direito processual intertemporal que também se aplica, como preceito de superdireito, às normas de direito processual civil.
	Aliás, o Código de Processo Civil confirma a regra, estabelecendo que, ‘ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes’ (art. 1.211).
Para o processo das infrações penais de menor potencial ofensivo, a lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, adotou o sistema das fases do procedimento, determinando que as disposições da lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já estiver iniciada (art. 90). Mas as normas de caráter processual penal da lei, que beneficiam a defesa, têm incidência imediata e retroativa, por força do princípio da aplicação retroativa da lei penal benéfica (art. 5º, inc. XL, Const. e art. 2º, par.ún. CP).
Tem surgido dúvidas quanto à aplicação, aos casos pendentes, da impenhorabilidade da casa residencial do devedor (‘bem de família’, lei n. 8.009, de 30 de março de 1990, art. 6º). Pondera a jurisprudência que atribui eficácia retroativa à lei n. 8.009, inclusive para o fim de desconstituir penhoras já realizadas quando ela entrou em vigor.”
 (obr. cit. pags. 99/100)
A Súmula nº. 205 do STJ, assim dispõe : 
“A Lei n. 8.009, de 29 de março de 1990, aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência.”
EFICÁCIA NO ESPAÇO - As normas jurídicas processuais são limitadas no espaço, isto é, atuam dentro de limites territoriais.Vigem, como instrumento, para a eficácia das leis materiais nacionais, tanto sejam federais, estaduais ou municipais, dentro do território nacional. Submetem-se, as leis do processo, aos limites da soberania. Regulando o exercício da função jurisdicional do Estado não poderia ter eficácia além dos limites da sua soberania.
Também o art. 92, pelos seus §§, da C.F, dizem que os Tribunais Superiores têm sede no Distrito Federal e Jurisdição em todo o Território nacional.
No artigo 1º do Código Processo Civil, há expresso: “a jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juizes, em todo território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece”. Essa dimensão de espaço para o exercício da jurisdição está compatibilizada com a expressão do art. 1.211: “Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro...” 
 
 (assunto objeto de desenvolvimento em sala de aula)
LIMITES DA SOBERANIA DO ESTADO
O limite da soberania do Estado Brasileiro está circunscrito ao seu território.
Por seu turno, o território nacional pode ser real ou ficto. O real atinge todas as terras em que se estende a nossa soberania, isto é, o espaço físico no qual está plantada a Nação, ai incluídos o espaço aéreo e o mar territorial. O ficto emana de tratados e convenções entre as nações, exercendo-se a soberania em razão dessas convenções. Assim, considera-se território também brasileiro o navio de guerra, o navio empregado unicamente para missão diplomática, e o navio mercante brasileiro em alto mar, como também, por exemplo, os prédios das Embaixadas localizados nos Países estrangeiros.Rege portanto, o processo, o princípio da territorialidade. 
O artigo 88 do CPC, não distinguindo o nacional do estrangeiro, prescreve competir a autoridade judiciária brasileira julgar as lides quando:
 
“	I. o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II. no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III. a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo Único - Para o fim do disposto no nº I , reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.”
E o artigo 89, do mesmo Código, assim disciplina:
“Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
I.	conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II.	proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional”.
Entretanto, se determinados atos do processo tiverem de ser realizados fora do País, até onde não chega a nossa soberania, obviamente, esses atos devem ser pedidos por meio de Carta Rogatória, dirigida ao país em que se deve efetuar o ato processual, segundo as suas regras processuais. Isto é, aí cumpre-se a lei local, “lex loci”. Assim preceder-se-á nos casos de CITAÇÃO DO RÉU residente no estrangeiro ou quanto A PRODUÇÃO DAS PROVAS pedida por meio de Carta Rogatória. O artigo 13 da Lei de Introdução ao Código Civil, exclui desse princípio apenas “provas que a lei brasileira desconheça”.
Não esquecer que o art. 12 da Lei de Introdução ao Código Civil afirma: 
“É competente a autoridade judiciária brasileira, quando o réu for domiciliado no Brasil ou quando aqui tiver de ser cumprida a obrigação”.
Igualmente, vejamos o que dizem Antonio C. de Araújo Cintra, Cândido R. Dinamarco e Ada Pellegrini Grinover :
“Isso não significa que o juiz nacional deva, em qualquer circunstância, ignorar a regra processual estrangeira: em determinadas situações ele tem até por dever referir-se à lei processual alienígena, como quando esta constitui pressuposto para aplicação da lei nacional. (cfr. CPC, art. 231, § 1º).
Nem se confunda com aplicação da lei processual estrangeira a aplicação da norma material estrangeira referida pelo direito processual nacional: p. ex.: quando o art. 7º do Código de Processo Civil alude á capacidade das partes para o exercício dos seus direitos, pode ensejar que a capacidade seja aferida conforme critérios estabelecidos pela lei civil estrangeira (v. tb. CPC, art. 337). A intrincada disciplina da aplicação da lei estrangeira, que integra o direito internacional privado, era regulada, no Brasil, pelos arts. 7-11 da Lei de Introdução ao Código Civil anterior.
obr. cit. pags. 98 –
 
________________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
- Antonio Carlos Araújo Cintra Teoria Geral do Processo 
 Ada Pellegrini Grinover Volume único - 14ª Edição
 Cândido R. Dinamarco 
 
- Moacyr Amaral Santos Direito Processual Civil Brasileiro
 1º Volume - 15ª Edição
- José Frederico Marques Manual de Direito Processual Civil
 1º Volume - 13ª Edição
 Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
		Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
		Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores.
		
Atualizada em junho/2012
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