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Aula de Direito Internacional aula 05

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Direito Internacional 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
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Sumário 
1. Nacionalidade ......................................................................................................... 2 
1.1 Nacionalidade originária ................................................................................... 2 
1.1.1 Critério ius solis ............................................................................................ 3 
1.1.2 Critério ius sanguinis + componente funcional ........................................... 3 
1.1.3 Critério ius sanguinis + registro & ius sanguinis + potestati ........................ 4 
1.2 Nacionalidade derivada .................................................................................... 5 
1.3 Perda da nacionalidade .................................................................................... 7 
1.3.1 Por atividade nociva ao interesse nacional ................................................. 7 
1.3.2 Por aquisição de outra nacionalidade ......................................................... 7 
2. Condição Jurídica do Estrangeiro ........................................................................... 9 
2.1 Regime de admissão de estrangeiro ................................................................. 9 
2.1.1 Do regime comum de admissão – o visto ................................................... 9 
2.1.2 Do impedimento de entrada ..................................................................... 10 
2.2 Regime especial de imigração ........................................................................ 10 
2.2.1 Asilo ........................................................................................................... 10 
2.2.2 Refúgio ....................................................................................................... 12 
2.3 Da saída do estrangeiro: deportação e expulsão ........................................... 13 
2.3.1 Deportação vs. Extradição ......................................................................... 13 
2.3.2 Expulsão ..................................................................................................... 14 
3. Processo civil internacional .................................................................................. 15 
3.1 Exemplo de relação jurídica multiconectada.................................................. 16 
3.2 Competência territorial .................................................................................. 16 
3.2.1 Competência internacional exclusiva ........................................................ 18 
3.2.2 Competência Concorrente ........................................................................ 19 
3.2.3 Regras de conexão e forum shopping ....................................................... 20 
 
Direito Internacional 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Nacionalidade 
A nacionalidade e condição jurídica do estrangeiro têm um corte epistemológico 
nebuloso, há quem as estude em é Direito Internacional Privado, há quem diga que é Direito 
Internacional Público e tem quem diga que é matéria de direito interno com repercussão 
externa. A posição mais certa é a terceira. 
A nacionalidade brasileira é disciplinada basicamente pelo art. 12 da CRFB. A 
natureza jurídica da nacionalidade é “vínculo jurídico-político que une o indivíduo a um 
Estado”. São duas grandes classificações iniciais de nacionalidade: o nato e o naturalizado. 
 
1.1 Nacionalidade originária 
É importante não confundir a nacionalidade derivada (naturalizado) com a 
nacionalidade originária por ius sanguinis. O Brasil adota dois grandes critérios de atribuição 
da nacionalidade originária: ius solis, ius sanguinis. 
Ius solis: é o critério que atribui nacionalidade originária pelo local do nascimento, é 
nato quem nasce no território do Estado. 
Ius sanguinis: é o critério que atribui nacionalidade originária pela filiação, é nato o 
filho do nacional, independe de onde venha nascer. 
Exemplo: o indivíduo é filho de um brasileiro e de uma alemã. Aos 25 anos se dirige a 
um consulado da Alemanha, comprova a filiação da mãe e também sua nacionalidade e 
obtém um passaporte alemão. O que ele fez? É muito errado dizer que se naturalizou 
alemão, na verdade, ele fez reconhecer sua nacionalidade originária por ius sanguinis. Ele 
nasceu alemão. A decisão administrativa alemã que reconhece a nacionalidade e lhe 
concede passaporte é meramente declaratória de nacionalidade. 
Pensando em nacionalidade originária: qual desses dois critérios o Brasil adota? O 
Brasil adota os dois. Os dois igualmente? Não. Aqui é possível diversos erros. O Brasil usa 
como critério geral de aplicação amplíssima o ius solis e temos também uma janela bem 
larga de aplicação do ius sanguinis, não amplíssima, mas razoavelmente ampla. 
Dito de outra forma, o Brasil adota um critério justaposto, ou seja, adota ambos os 
critérios, porém, com predominância do ius solis. Seria tecnicamente errado dizer que o 
Brasil adota um critério misto, porque misto seria misturar critérios ius solis e ius sanguinis. 
Porém, atentar com enunciado em prova, porque o examinador pode usar o termo “critério 
misto” querendo dizer “justaposto”. 
Então temos ius solis predominante e ius sanguinis como um musculoso soldado de 
reserva. Como estrutura isto? O art. 12, CRFB possui dois grandes incisos, o inciso primeiro é 
Direito Internacional 
 
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dedicado à nacionalidade originária. Este inciso primeiro tem três alíneas: alínea "a" é a do 
ius solis. 
 
1.1.1 Critério ius solis 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde 
que estes não estejam a serviço de seu país; 
 O que se tinha em vista aqui eram funcionários públicos estrangeiros a serviço no 
Brasil, essencialmente diplomatas. Exemplo: filho do diplomata francês com mãe brasileira, 
mora no Brasil. O menino é brasileiro nato. A alínea "a" diz “pais” estrangeiros, é preciso que 
sejam os dois pais. 
É preciso que os dois pais sejam funcionários públicos a serviço de país estrangeiro? 
A rigor não. É claro que se você tem um casal de franceses, ele diplomata e ela não e o filho 
nasce aqui, é razoável entender que a mulher estava no Brasil em razão do serviço do 
marido. 
Observação. O princípio da aversão a apatrídia deve ser o princípio reitor das normas 
sobre nacionalidade. Apatrídia, que é a condição de não ter nacionalidade, é um mal jurídico 
muito grave, pois o apátrida fica privado em uma serie de situações. O apátrida é desprovido 
de vida pública (não vota, não faz concurso, etc.). Ser apátrida é ser limitado à vida privada. 
Neste sentido, interpretações extensivas não é um mau negócio. 
 
1.1.2 Critério ius sanguinis + componente funcional 
A alínea "b" traz um critério ius sanguinis. O ius sanguinis nunca tem incidência 
amplíssima no Brasil, é sempre ius sanguinis e mais algum componente. A CRFB opta por não 
deixar o ius sanguinis sozinho,sempre acrescenta um componente, e o componente na 
alínea “b” é o componente funcional, vejamos: 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer 
deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
Portanto, se um pai (ou mãe) está à serviço da república, estes país estão no 
estrangeiro e a criança nasce, é um brasileiro por ius sanguinis associado a este dado da vida 
funcional do pai/mãe (critério funcional). A pegadinha aqui é a seguinte: não é a serviço da 
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União, é a serviço da República, portanto todos os órgãos e entidades integrantes do Estado 
Brasileiro atraem a incidência da alínea "b", isto perpassa no sistema federativo. 
 
1.1.3 Critério ius sanguinis + registro & ius sanguinis + potestati 
 A alínea "c" tem dois preceitos na sua vigência atual, ela está na terceira redação 
desta a edição da CRFB/88: 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam 
registrados em repartição brasileira competente / ou venham a residir na República 
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) 
São dois preceitos, poderia ser alínea "c" e alínea "d": 1. Ius sanguinis + registro e 2. 
Ius sanguinis + residência e opção, que alguns atores resumem em potestati porque 
residência é volitiva. 
São duas hipóteses completamente diferentes para atender dinâmicas de emigração 
completamente diferentes. 
O mais antigo é o residência e opção. A que tipo de pessoa ele serve? Ele tem em 
vista a pessoa que nasce no estrangeiro, filho de pai/mãe brasileiro, mas assume uma 
vida/identidade estrangeira, em tese (esta é a presunção do constituinte) esta pessoa está 
vivendo uma vida estrangeira, mas o constituinte abre a via do reconhecimento da 
nacionalidade brasileira. Pode ser que esta pessoa tenha sito criada no estrangeiro, estudou 
em escola estrangeira, se aculturou por lá, mas alguma coisa aconteceu na vida e ela veio 
para o Brasil. Não seria justo nem razoável que esta pessoa, filho de brasileiro, seja obrigada 
a aqui ficar como se estrangeiro fosse. 
Esta opção é judicial, é uma hipótese daquelas relativamente raras de jurisdição 
federal voluntária: ação de opção pela nacionalidade brasileira. É uma ação personalíssima. 
E o outro componente é o registro. Esta possibilidade de atribuição do ius sanguinis 
com atribuição do registro de nascimento surge com a CRFB/67 e por quê? O Brasil 
historicamente é um país de imigração, as pessoas vêm para cá. Mas depois da segunda 
metade do século XX o fluxo de emigração se adensa, e aí começam várias comunidades 
brasileiras no exterior, algumas bem grandes e coesas. 
E começa a acontecer o seguinte problema: filhos de brasileiros nascido em um país 
que adota o critério ius sanguinis ficariam sem nacionalidade. Obviamente ninguém sai de 
seu país por esporte e o Estado Brasileiro precisa dar um apoio a estes brasileiros no 
Direito Internacional 
 
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exterior. Por isto, o constituinte de 1967 criou a possibilidade de registro, em que os pais 
registram o nascimento em consulado brasileiro, com isto a criança passa a ter um 
passaporte e um Estado com o qual poderá se relacionar. 
Incrivelmente a propósito de corrigir uma imperfeição da redação na alínea "c" na 
redação originária da Constituição, uma emenda constitucional da Revisão de 1994 suprimiu 
hipótese do registro, não houve nenhuma intenção de supressão, houve um inacreditável 
fortuito, que durante anos causou vários problemas, que obrigou administração pública e 
judiciário se arquearem para não deixar estas famílias brasileiras no exterior desguarnecidas. 
Porém, há limites para a interpretação, a linguagem da norma é o começo e o fim da 
interpretação, então realmente ficava uma coisa meio forçada. E o Supremo passou a 
entender que entre 1994 e 2007 quando a família viesse morar no Brasil, desde que o 
registro de nascimento fosse transcrito, a criança gozava da nacionalidade brasileira até 
completar 18 anos. Todos os documentos eram provisórios e aos 18 anos a pessoa tinha 
uma batalha burocrática pela frente para poder se relacionar com o Estado Brasileiro. 
Quando a família não vinha para o Brasil era pior ainda, e para corrigir dava um 
passaporte provisório para a pessoa. Finalmente, em 1997 nova emenda constitucional 
colocou as coisas nos seus devidos lugares e a alínea "c" ganhou uma redação razoável e os 
efeitos da EC 54 retroagem, há um artigo que não foi incorporado no texto da constituição 
dizendo que retroage. 
Observação. A criança adotada por pais brasileiros vem como brasileira o Brasil? Ela 
vem como estrangeira para o Brasil, a opção de naturalização terá que seguir as normas da 
Lei n. 6815/80 e não há regra especial para naturalização acelerada por razão de adoção. 
 
1.2 Nacionalidade derivada 
Na Constituição há duas alíneas no art. 12, II, uma sobre naturalização ordinária e 
outra sobre naturalização extraordinária. 
A naturalização extraordinária é um raro direito à naturalização, e aqui o constituinte 
adotou um critério bem incomum, no direito comparado de modo geral, há um caminho 
bastante tortuoso até se ter o direito de residência permanente e dali para a naturalização é 
mais fácil. Normalmente quando se cria um direito – raramente de índole constitucional no 
direito comparado – o direito criado é o direito a residência permanente no país e não 
propriamente a naturalização. O constituinte brasileiro adotou critério próprio que é o 
direito a naturalização: 
Art. 12. São brasileiros: 
II - naturalizados: 
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b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do 
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 3, de 1994) 
Então 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira 
nacionalidade brasileira. Pergunta: tem que ter trânsito em julgado? Enquanto a condenação 
não passa em julgado o requerimento será sobrestado até que passe em julgado. Exemplo: o 
sujeito tem 16 anos e responde a processo, aguarda-se o trânsito em julgado para liberar. 
Fora isto, a Constituição essencialmente delega a naturalização ao legislador, 
vejamos a alínea "a": 
Art. 12. São brasileiros: 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários 
de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade 
moral; 
Esta regra é para os originários dos países de língua portuguesa, não é como a alínea 
"b", é apenas uma flexibilização dos pressupostos. E aí a lei em questão é a Lei n. 6815/80que estabelece vários caminhos de naturalização, prazos mais ou menos longos conforme o 
vínculo que a pessoa tenha com o Brasil. Existe procedimento acelerado de naturalização, 
mas é para estrangeiros que tenham servido ao Brasil por mais de 10 anos, v.g. pessoas 
contratadas por embaixadas brasileiras, essas pessoas podem se naturalizar brasileiras com 
mera estada de 30 dias no Brasil. 
Ser discricionária é a regra de ouro da naturalização. O Poder Executivo pode 
indeferir naturalização mesmo para quem atenda aos pressupostos legais. É claro que se o 
fizer deverá indicar os motivos. Existem situações que podem ser do interesse do Poder 
Executivo indeferir naturalização, v.g. um estrangeiro veio para cá e cometeu um crime 
muito grave, porém, tem aqui um filho brasileiro que dele dependa economicamente. Este 
estrangeiro não poderá ser expulso. 
Suponha que o Brasil não tenha entrado em acordo com o país estrangeiro para o 
envio do processo penal, ou então a extradição não tenha saído. Suponha que não tenha 
havido a transferência de processo penal, pronto, uma lacuna de impunidade. Aí o tempo 
passa e este camarada pede a naturalização. Quando ele tirar certidões no Brasil elas virão 
negativas, não vai aparecer a condenação penal no estrangeiro. Ainda sim o Poder Executivo 
teria justo motivo (que teria que declarar) para indeferir a naturalização. 
 
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1.3 Perda da nacionalidade 
Como se perde a nacionalidade brasileira? A nacionalidade brasileira é muito 
aderente, significa dizer que é muito difícil perdê-la, o que é bom. 
 
1.3.1 Por atividade nociva ao interesse nacional 
O brasileiro naturalizado pode perdê-la em situação própria que não alcança os 
natos: o cancelamento de naturalização por atividade nociva ao interesse nacional, art. 12, § 
4º, CRFB: 
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade 
nociva ao interesse nacional; 
Essa é uma ação das mais obscuras do nosso ordenamento, é um tema de 
monografia a espera de autor. Sabe-se que é de competência de da Justiça Federal, sabe-se 
que a legitimação ativa é do Ministério Público Federal, porque há previsão expressa na LC 
75. Mas não há qualquer disciplina do procedimento e não há nada no ordenamento que 
diga o que é uma “atividade nociva ao interesse nacional”. 
Inclusive, é defensável esta seja uma norma constitucional de eficácia limitada ou 
contida (não há jurisprudência sobre o tema). Não é completamente disparatado deixar à 
discricionariedade do Poder Judiciário, mas o conceito jurídico é de tal forma indeterminado 
que o Poder Judiciário estaria na fronteira de fazer política, se lhe coubesse dizer sem 
nenhum parâmetro do que é atividade nociva ao interesse nacional. 
 
1.3.2 Por aquisição de outra nacionalidade 
Além disto, a Constituição diz que perde a nacionalidade brasileira quem adquirir 
outra nacionalidade (esta hipótese vale também para o nato). Porém, ela traz duas exceções 
(uma própria e outra imprópria) que mitigam o rigor da regra. 
A 1ª exceção remete a um exemplo dado no início: o camarada vai ao consulado 
alemão tirar o passaporte alemão porque é filho de mãe alemã. 
Art. 12. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela 
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 
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Este dispositivo é exceção imprópria porque aqui não está ocorrendo aquisição de 
outra nacionalidade, fala-se em reconhecimento de nacionalidade pela lei estrangeira. No 
fundo o constituinte achou uma forma tortuosa de escrever que aceita a dupla 
nacionalidade originária, há constituições no mundo que não aceitam, v.g. para ser 
norueguês é preciso renunciar a qualquer outra nacionalidade. 
A 2ª exceção é uma exceção racional. Haverá brasileiros morando no exterior que 
vão adquirir outra nacionalidade por motivos estritamente existenciais, mas haverá outros 
tantos que irão se naturalizar porque isto foi necessário para o seu progresso material, v.g. 
poder gozar de algum benefício previdenciário ou assistencial local, poder assumir 
determinado posto de trabalho. Nestas situações a aquisição de outra nacionalidade não 
acarreta a perda de nacionalidade brasileira: 
Art. 12. § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em 
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o 
exercício de direitos civis; 
A utilização da expressão “direitos civis” não foi muito feliz. O constituinte quando 
tinha em vista direitos civis, quis falar em direito estabelecidos no ordenamento na ordem 
civil: casamento, trabalho, não era especificamente referente aos direitos de cidadania, que 
é a ideia mais corrente a propósito da expressão “direitos civis”, caso contrário ficaria muito 
limitado: “tirei a nacionalidade de canadense porque queria votar” – e para tanto perde a 
nacionalidade brasileira. 
O que na verdade o constituinte quer atingir são aquelas pessoas que foram 
obrigadas a se naturalizar para conseguir trabalho: “tirei a nacionalidade canadense porque 
quero jogar futebol na seleção canadense, mas sou brasileiro e não quero perder a minha 
nacionalidade”. Neste caso não era intenção do constituinte que fosse decretada a perda da 
nacionalidade brasileira. 
A perda se faz por decreto presidencial. 
 
2º Horário 
 
 
 
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2. Condição Jurídica do Estrangeiro 
 
O “Princípio da Admissão Discricionária de Estrangeiros” decorre da soberania, é um 
princípio de Direito Internacional Público e é aplicável à entrada de estrangeiros em 
qualquer país. Em princípio, nenhum estado é obrigado a admitir qualquer estrangeiro em 
seu território, salvo se o próprio estado se limitar. A rigor, um estado não precisa admitir 
ninguém em seu território, por isto, este princípio explica porque o Estado pode recusar a 
entrada de um estrangeiro e porque o Estado tem discricionariedade para impedir a entrada 
de estrangeiro. 
 
2.1 Regime de admissão de estrangeiro 
Como funciona o regime de admissão de estrangeiros? O princípio básico é: não 
precisa admitir ninguém, a admissão é discricionária. Normalmente os Estados utilizam nas 
suas relações migratórias com outros estados, o instrumento do visto e o consectário lógico 
a isenção do visto para filtrar os fluxos migratórios. 
 
2.1.1 Do regime comum de admissão – o visto 
Qual é a natureza jurídica do visto? Do ângulo do estrangeiro o visto é mera 
expectativa de direito de entrada.Do ângulo do Estado o visto é um mecanismo pelo qual a 
autoridade consular auxilia a política de imigrações, fazendo um exame prévio das condições 
de admissibilidade do estrangeiro. Mas o visto não vincula o exercício do poder de polícia de 
migrações. Não se trata de atividade de polícia judiciária. Inclusive a Lei n. 6815/80 outorga 
competência ao Ministério da Justiça para efetivar toda a atividade de polícia de imigrações, 
que não se confunde a polícia de fronteiras (que é outorga constitucionalmente à polícia 
federal). 
A polícia de imigrações também é outorgada à Polícia Federal, não 
constitucionalmente, mas sim por mera disciplina do Ministério da Justiça. O Ministério da 
Justiça poderia por lei alterar a competência de polícia de imigrações para a secretaria de 
estrangeiro ou qualquer outro órgão. Diferentemente da polícia de fronteiras, que é 
outorgada constitucionalmente à Polícia Federal. 
Então o visto não vincula o Ministério da Justiça. O estrangeiro pode aparecer aqui 
com o visto, chegar sem dinheiro, sem passagem de volta, chegar com atitude insolente, ou 
então se verificar depois que o sujeito era um grande escroque. O visto não vincula. 
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Este regime baseado no visto ou na sua isenção e na decisão discricionária do 
Ministério da Justiça é o que se pode chamar de regime comum de imigração. 
 
2.1.2 Do impedimento de entrada 
No regime comum de imigração há uma figura jurídica impedimento a entrada e tem 
previsão expressa na Lei n. 6815/80. 
A situação em que a autoridade imigratória impede o estrangeiro de entrar no país, 
determinado o seu retorno imediato, não constitui deportação, constitui impedimento a 
entrada, esta distinção é importantíssima. A Lei n. 6815/80 outorga ao Estado 
discricionariedade no impedimento a entrada, enquanto que a deportação é procedimento 
vinculado. 
A autoridade imigratória conta com a discricionariedade para impedir a entrada. É 
importante notar o seguinte: poucos países conferem tanta discricionariedade quanto o 
Brasil no impedimento a entrada e poucos países tratam com tão pouca densidade 
normativa o procedimento de impedimento à entrada. O estrangeiro impedido de entrar 
não tem recurso para lugar nenhum, a decisão não precisa ser motivada. Sem dúvida 
nenhuma, há aí uma lacuna normativa no Brasil sobretudo diante do incremento de fluxo 
imigratório. 
Impedimento a entrada não se confunde com deportação e expulsão. 
 
2.2 Regime especial de imigração 
O regime especial consistente nos institutos do asilo político e refúgio humanitário. 
Refugio não é político é humanitário. Não confundir os dois institutos. 
O que há em comum entre estes dois institutos: são regimes especiais de admissão 
de estrangeiros que se encontram em dificuldade nos seu país de origem, mas as 
semelhanças ficam por aí. 
 
2.2.1 Asilo 
O asilo se distingue em asilo territorial e asilo diplomático. 
O asilo diplomático é claramente cautelar em face do asilo territorial, cautelar e por 
vezes até antecipatório. Tradicionalmente o estado asilante deve esperar que o estrangeiro 
chegue ao seu território para só então deliberar sobre o pedido de asilo, no entanto, no 
século XIX surge uma prática determinada pela necessidade que é a de um estrangeiro em 
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dificuldade não se dirigir ao território do país asilante, e sim, se dirigir à embaixada do país 
asilante em seu próprio país por motivos óbvios: é mais fácil de chegar. 
Ora, a embaixada não é território estrangeiro, mas é espaço imune. O estado titular 
da embaixada tem condições de proteger o estrangeiro ali. O problema consiste em 
transportá-lo para o seu território. Ditaduras são muito criativas em produzir mandados de 
prisão. Então a passagem do estrangeiro para o território do estado asilante é um dos mais 
graves problemas do asilo diplomático. 
Este problema se resolve através de um instituto chamado salvo conduto. O salvo 
conduto consiste em autorização que o estado territorial concede em direção ao Estado 
asilante. Se supuser que o Estado territorial é um estado sério, o salvo conduto se reveste de 
vários problemas jurídicos, porque a natureza jurídica do salvo conduto é “uma espécie de 
imunidade pessoal transitória de jurisdição”. 
No entanto a Corte Internacional de Justiça (CIJ), num caso clássico sobre direito de 
asilo (Caso Haya de la Torre) entendeu que a concessão de salvo conduto é obrigatória se o 
estado territorial também reconhece caráter político ao crime que imputa ao asilado. 
A CIJ quis dizer: se um estado titular de embaixada concede asilo está 
desclassificando o processo penal que existe contra o asilado, o mais provável é que o país 
asilante diga que a acusação é de crime político, no mínimo. O Estado territorial terá que se 
manifestar por isto (v.g. dizer que na verdade foi um homicídio e não um crime político). 
Agora, pode ser que o Estado territorial, calibre mal o discurso e diga alguma coisa do 
tipo: há um caráter político. Se ele disser isto de alguma forma, a CIJ diz que terá que 
conceder o salvo conduto, porque está reconhecendo o caráter político à infração. 
O asilo político, quer o territorial, quer o diplomático (que é uma antecipação para o 
asilo territorial), é sempre de concessão discricionária. A atribuição quase sempre é do chefe 
de estado. o asilo político é sempre concedido intuitu personae (uma das principais 
diferenças para o refúgio). E como nome diz, o asilo político é instrumento de política 
externa, não é instrumento de direito internacional humanitário. Significa que o estrangeiro 
pode ser até protegido, mas o estado o concede como forma de proteção de política 
externa, o que nem sempre será pouco nobre. O asilo político não é para qualquer um, o 
Brasil vai manejar a política externa (asilo) quando a pessoa a ser asilada tem algum peso 
político. 
 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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2.2.2 Refúgio 
O refúgio é diferente, surge exatamente depois da 2ª Guerra Mundial inspirado no 
asilo político, como resposta para grandes perseguições a minorias. O asilo político serve à 
perseguição de pessoas específicas, personalidades públicas, já o refúgio protege minorias. 
O refúgio surge por uma convenção, enquanto que o asilo político é um costume 
regional sul-americano. Hoje na América Latina já existem duas convenções que disciplinam 
os asilos diplomáticos e territoriais, são as convenções de Caracas de 1954 e de 1955. Fora 
do âmbito latino-americano o asilo político, em especial o asilo diplomático, tem espaço 
bem menor. Com a Guerra Fria, até houve uma espécie de surto de utilização do asilo, 
sobretudo dos países ocidentais que visavam proteger pessoas advindas do regime socialista 
que vinham ao ocidente. 
Porém, não há nenhuma regra de direito internacional público que protege o asilo 
político, sobretudo o asilo diplomático, para fora do continente americano. 
Já o refúgio é verdadeiramenteuniversal. Há uma convenção das Nações Unidas 
sobre o Estatuto dos Refugiados e mais 120 países são parte desta convenção e até o Brasil, 
que entrou mais tarde – internalizou a convenção através da Lei n. 9434/97. Esta lei cria para 
o estrangeiro, em duas hipóteses, um verdadeiro direito público subjetivo. Quando houver 
fundado temor de perseguição em razão de pertencer à minoria étnica, racial, religiosa, 
política ou social ou então quando houver grave e generalizada violação a direito humanos 
no país dele. 
Esta redação é muito perigosa: “grave e generalizada violação de direitos humanos”, 
provavelmente o legislador não conhecia a diferença entre as dimensões de direitos 
humanos. Da forma como esta abre espaço para refugiar qualquer tipo de violação de 
direito humanos (educação, meio ambiente, etc.). 
A norma proíbe a concessão de refúgio a determinados estrangeiros. Exemplo: 
estrangeiro que tenha praticado crimes hediondos, terrorismo, tortura, tráfico, ou 
estrangeiro que tenha agido em contrariedade com os propósitos das Nações Unidas. 
A Lei n. 9434/97 positiva o princípio do non-refoulement com alta densidade. 
Significa que não só o estrangeiro não pode ser retornado para local onde sua 
vida/integridade física esteja em perigo, como a mera apresentação do pedido de refúgio 
suspende o curso de procedimento para a saída compulsória do estrangeiro, mesmo que ele 
tenha se apresentado com documentos falsos. 
Ora, se ele é um refugiado a probabilidade de chegar sem documentos ou com 
documentos falsos é muito grande, porque o documento verdadeiro o sujeitaria a um 
enorme risco de prisão. 
Direito Internacional 
 
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Então esta é a razão, se de fato se confirmar a presença dos elementos justificadores 
do refúgio, há uma evidente hipótese de inexigibilidade de outra conduta na prática do 
crime de uso de documento ideologicamente falso. 
No Caso Cesare Battisti o Supremo afirmou textualmente a sua possibilidade de rever 
a legalidade de atos de concessão ou de negativa de refúgio. 
 
2.3 Da saída do estrangeiro: deportação e expulsão 
A saída do estrangeiro é livre, o Brasil não se existe visto de saída. Até porque o visto 
de saída é expediente utilizado apenas por regimes autoritários. Além do regime comum de 
saída do estrangeiro, que consiste na sua mera apresentação à polícia de imigrações, há 
regimes especiais. Destes dois regimes especiais temos que entender para que serve um e 
para que serve outro. 
Por força da nossa lei de estrangeiros (Lei n. 6815/80) muitas vezes se estuda 
deportação juntamente com expulsão e extradição. A extradição, apesar de ter disciplina na 
Lei n. 6815/80 é tipicamente um mecanismos de cooperação jurídica internacional em 
matéria penal. Isto é, a extradição é bilateral, um estado tem que pedir para um outro e o 
outro vê se concede ou não. 
A deportação e expulsão são unilaterais e não são mecanismos de cooperação 
jurídica em matéria internacional. A deportação e expulsão são típicos mecanismos de 
administração de direito imigratório, ou simplesmente de direito imigratório. São 
mecanismos de autodefesa do Estado Brasileiro. 
 
2.3.1 Deportação vs. Extradição 
Qual é a diferença entre deportação e a expulsão? Primeiramente, saiba-se que a 
deportação é menos grave que expulsão. A deportação é formal administrativa e a expulsão 
é material política. 
O pressuposto da deportação é a existência de um vício formal na entrada ou na 
estada do estrangeiro, apenas formal. Exemplo: estrangeiro vem com visto de turista e 
acaba trabalhando, trabalho obviamente não é ilícito em si, mas o visto de admissão era 
para turismo, e podemos fazer isto, porque se quer precisávamos admitir o estrangeiro, o 
Brasil pode dizer: “estou deixando você entrar para uma atividade específica e vinculada, 
então divirta-se, isto é uma ordem”. 
A mesma coisa para estudo, normalmente o visto de estudante, o Brasil tem o 
chamado visto temporário que tem diversas modalidades (são 9), a regulamentação dos 
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vistos temporários compete ao Conselho Nacional de Imigração e a regulamentação do visto 
temporário para estudante comporta algum tipo de exercício de atividade remunerada. 
A palavra deportação é muito mais pesada que o seu significado jurídico. A 
deportação é um procedimento vinculado, neste procedimento a autoridade imigratória 
concede ao estrangeiro se ele for apenas irregular prazo para retirada do território nacional, 
a deportação só se faz de plano quando o estrangeiro é clandestino, que é a modalidade 
imigratória mais grave, quer dizer, entrou sem visto, ou sem passaporte. 
A Lei n. 6815/80 admite a prisão administrativa para fins de deportação, é claro que 
esta prisão não pode mais ser administrativa no tocante a quem a decreta. O entendimento 
que prevalece nos TRF’s é o de que houve filtragem destes dispositivos de modo que estas 
prisões estão jurisdicionalizadas e são cautelares ao exercício da atividade administrativa, 
portanto é preciso demonstrar a necessidade. 
O caso de um estrangeiro clandestino, que concretamente esteja se evadindo da 
fiscalização imigratória, seria um caso bem delineado de cabimento de prisão para fins de 
deportação, inclusive, estas prisões são civis, não são prisões penais. E isto é totalmente 
constitucional: porque a Constituição não proíbe prisão civil, proíbe apenas a prisão civil por 
dívida. 
A deportação não impede o retorno do estrangeiro, ela é uma sanção meramente 
administrativa à irregularidade da entrada ou estada. 
 
3º Horário 
 
2.3.2 Expulsão 
A expulsão é mais séria, é mais grave e é bem diferente da deportação. A expulsão 
tem como pressuposto não uma irregularidade, mas uma conduta do estrangeiro sobre a 
qual recai um juízo normativo discricionário de desvalor jurídico político. A Lei n. 6815/80 
prevê múltiplas dessas condutas, ora em termos mais amplos, ora em termos menos 
amplos, fala em estrangeiro que “de qualquer modo atentar à ordem política ou social aos 
interesses nacionais” e prevê também proibição expressamente prevista em lei para 
estrangeiro como hipótese em que cabe expulsão. 
No Brasil, de modo geral, a expulsão mais frequente é a que se faz na sequência de 
uma condenação penal transitada em julgado. A prática de crime é considerada um 
pressuposto de expulsão. Agora, é importante ter presente que a expulsão é discricionária 
negativa, isto é, o presidente da república (cabe a ele) não pode olhar para um estrangeiro e 
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dizer: “te achei antipático e por isto vou te expulsar”, o que o presidente da república pode 
fazer é não obstante demonstrada a conduta pressuposto da expulsão, decidir não expulsar. 
Corre no Ministério da Justiça o inquérito da expulsão, preciso o inquérito porque é 
necessário provar a conduta. Este inquérito uma vez concluído é levado ao presidente da 
república, que delibera. A expulsão faz-se pordecreto e a revogação da expulsão também 
faz-se por decreto. 
Qual é a relevância jurídica da revogação da expulsão? A relevância jurídica da 
revogação da expulsão consiste em permitir o reingresso do estrangeiro expulso, isto porque 
a expulsão veda permanentemente o ingresso, inclusive o reingresso de estrangeiro expulso 
é crime (art. 338, CP). 
Questão boa para prova: imagine que o estrangeiro foi expulso, no 1º momento 
temporal o estrangeiro foi expulso, num 2º momento ele reingressou, e num 3º momento o 
presidente da república revogou a expulsão. Pergunta-se: a revogação da expulsão no 3º 
momento produz algum efeito jurídico sobre o reingresso (no 2º momento)? Veja que ele 
cometeu um crime, está respondendo, aí sobrevém a revogação. É correto dizer que não, 
embora o direito penal que pulse em nossas veias diga que sim. 
Qual é a natureza jurídica do ato de revogação? Revogação de expulsão é um ato 
administrativo (ainda que de natureza política). Como se trata de revogação por 
conveniência e oportunidade produz efeitos ex nunc, então, em princípio não há nenhuma 
repercussão sobre o crime. A expulsão enquanto esteve em vigor, terá sido ato condição do 
crime e ela não era uma medida excepcional nem temporária. 
Cabe prisão “administrativa” para fins de expulsão nas mesmas condições que cabe 
para deportação com um prazo um pouco até mais longo, a prisão de deportação vai até 60 
dias, a para expulsão vai para até 90 dias. 
 
3. Processo civil internacional 
O que é isto que se chama direito internacional privado? É um conjunto de normas, 
melhor, um sistema de normas, em princípio, incrustrado dentro de um ordenamento 
jurídico nacional que rege as relações deste ordenamento, as imbricações e 
interpenetrações deste ordenamento com outra, quando a ele e a outro se soto-põe uma 
relação jurídica conectada a ambos. 
Veja, não é uma definição, é uma explicação. Certas relações jurídicas de direito 
privado, vão se soto-pôr a mais de um ordenamento jurídico nacional. Toda relação jurídica 
nasce conectada a um ordenamento jurídico, caso contrário, não seria um relação jurídica. 
porém, muitas relações jurídicas de direito privado atravessam a divisa de um país, quando 
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isto acontece, esta relação jurídica terá a peculiaridade de se conectar a dois ordenamentos. 
Portanto algumas controvérsia dela resultantes vão evocar dúvidas. Essas dúvidas serão 
essencialmente de duas ordens sucessivas: 
1. Quem aprecia a controvérsia? 
2. Aplica o direito de qual país para resolver a controvérsia? 
Estas duas questões correspondem aos dois núcleos do Direito Internacional Privado, 
o primeiro: processo civil internacional se articula em torno da ideia de conflito de jurisdição, 
não o do CPP, mas conflito na ideia de dois ordenamentos jurídicos que possivelmente 
teriam jurisdição para conhecer determinadas causas. E o outro núcleo: qual o conjunto de 
leis no espaço, isto é, agora que para “foro” está definido, é preciso saber qual norma 
jurídica este foro vai aplicar. O foro aplicará as normas de seu país? Não necessariamente. 
 
3.1 Exemplo de relação jurídica multiconectada 
Imagine um contrato celebrado entre a Gol e a Boeing, a Gol com sede em São Paulo 
e a Boeing com sede em Seattle nos EUA, ambas as empresas fazem um contrato de compra 
e venda de aviões, este contrato foi celebrado em Seattle, e isto é normal, geralmente o 
contrato é celebrado na sede do fabricante. E o contrato deve ser executado em São Paulo, 
isto é, naves entregues e preço pago. 
Imagine que deste contrato resultou uma controvérsia, a Gol diz que a Boeing está 
em mora para a entrega das aeronaves e a Boeing replica dizendo que quem deu causa ao 
atraso foi a Gol porque ela tardou em enviar especificações cruciais, que na verdade esta 
demora da Gol atrasou a produção, e causou prejuízo a ela, Boeing. Então, está delineada a 
controvérsia. 
A Gol examinado o contrato verificou que não houve convenção de arbitragem, como 
seria a praxe, não houve nem cláusula arbitral, nem de eleição de foro. Onde a Gol deve 
ajuizar a demanda? E qual lei será aplicada, americana ou brasileira? 
Estas são as questões chaves do Direito Internacional Privado, uma no plano da 
jurisdição e outra no plano do conflito de leis no espaço. É preciso separar as questões, 
porque elas são bem estanques. 
 
3.2 Competência territorial 
Qual é o foro competente para julgar a lide entre Gol e Boeing? A pergunta já nasce 
mal feita (de propósito). Embora o nosso código fale em competência internacional, isto não 
existe, porque a competência é a medida da jurisdição, ora, não existe jurisdição mundial, 
Direito Internacional 
 
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portanto quando o Código de Processo Civil nos art. 88, 89 e 90 fala em competência 
internacional, na verdade ele está falando do “alcance e dos limites da jurisdição brasileira”, 
ele está dizendo até onde o juiz brasileiro deve e pode ir. 
O art. 88 fala traz as hipóteses de competência internacional concorrente, o art. 89 
fala em competência internacional exclusiva e o art. 90 diz sem muita técnica que não há 
litispendência, nem tão pouco simultâneos processos internacionais, o sentido do dispositivo 
é este. 
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. 
 
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
 
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem 
obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são 
conexas. 
O que significa o art. 90, CPC? Ele é a chave para entender o art. 88 e 89. O Brasil é 
um estado soberano e a jurisdição brasileira é um poder soberano. Os EUA são um estado 
soberano e sua jurisdição é um poder soberano. A litispendência é um pressuposto de 
constituição válido e regular da relação jurídica processual, ora, imagine que a Gol tenha 
protocolado uma ação em Seattle e um dia depois protocola uma ação em São Paulo, com 
mesmo objeto e tal. 
Primeiro, os elementos da ação não seriam exatamente iguais, porque é óbvio que o 
fundamento jurídico de uma e de outra ação, não serão os mesmo. A lei não é a mesma. 
Mas, além disto, é obvio que para a jurisdição brasileira (poder soberano) o fato de outra 
jurisdição conhecer da mesma ação é irrelevante, a litispendência só ocorre no âmbito de 
uma mesma jurisdição. A litispendência organiza o exercício desta jurisdição que é una, para 
evitar replicação de esforços, porém entre Estados não. 
Fica pior ainda se cogitar-se em simultâneos processos, reunião de feitos.Imagine 
que a Gol ingressa com uma ação em São Paulo e a Boeing ingressa com ação de perdas e 
danos em face da Gol em Seattle. E aí a ação ajuizada primeiro foi em São Paulo. Ora, o juiz 
Direito Internacional 
 
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brasileiro não tem como avocar a ação ajuizada nos EUA, não há como alegar conexão entre 
os processos. 
Então não há litispendência, não há simultâneos de processos, não há nada disto, 
pois são jurisdições diferentes. 
O art. 88, CPC fala em competência internacional concorrente e o art. 89, CPC fala em 
competência internacional exclusiva, não está escrito assim exatamente. Como é possível 
falar em competência concorrente, quando a acabou-se de falar que são jurisdições 
diferentes? 
Os arts. 88 e 89, CPC na verdade é um sistema integrado. Quando fala em 
competência internacional concorrente quer dizer: se ajuizar no Brasil, o Brasil conhece e 
processa, se ajuizar no exterior lá conhece processo, sentencia e depois vê se a sentença 
pode ser homologada no Brasil. A sentença só pode ser homologada no Brasil e aqui 
produzir efeitos jurídicos, se for matéria que o Brasil não reivindique exclusividade de 
jurisdição (hipóteses do art. 89, CPC). 
 
3.2.1 Competência internacional exclusiva 
As hipóteses do art. 89, CPC: competência internacional exclusiva. Se a jurisdição é 
soberana, não tem reunião de feitos, como o juiz vai dizer que ele é exclusivo? Ele não faz 
nada, a verdadeira natureza jurídica do art. 89 é ser uma regra proibitiva de homologação de 
sentença estrangeira. 
O art. 89, I, CPC preceitua que compete à autoridade brasileira, com exceção de 
qualquer outra, conhecer de ações relativas de imóveis situados no Brasil. Nada ao alcance 
do juiz brasileiro poderia impedir um juiz americano de conhecer uma relação jurídica 
envolvendo um imóvel situado no Brasil, nada. 
Exemplo: brasileiros que moram em Miami estão discutindo a posse de um imóvel 
situado na Barra da Tijuca. O juiz brasileiro não pode fazer nada, se o juiz americano achar 
que tem competência vai julgar. E aí o que o vitorioso vai fazer? Vai colocar a sentença numa 
moldura e pendurar na parede, porque homologar não vai poder. Esta sentença é 
inomologável no Brasil, porque proferida por autoridade estrangeira em uma das hipóteses 
do art. 89 (inciso I). 
Ao passo que se fosse uma das hipóteses do art. 88, se as duas autoridades 
judiciárias se entenderem competentes a parte pode escolher. 
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Então é errado perguntar “qual é o foro competente”. Primeiro porque competência 
não é a palavra adequada, e segundo, perguntar “qual”, o Direito Internacional Privado não 
comporta este raciocínio excludente. 
Então, há casos em que a parte poderá ajuizar a demanda em mais de um foro. E que 
vai determinar a escolha de um foro ou de outro? A análise recai sobre a qualidade do 
exercício da jurisdição (qual Estado tem a melhor jurisdição), qual é mais célere, qual tem 
um sistema recursal mais racional, quanto custa litigar em cada Estado, qual o preço 
cobrando pelos advogados em cada país. Mais do que isto, é preciso saber qual 
ordenamento jurídico o juiz do foro escolhido irá aplicar. 
Art. 89, CPC: 
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
O art. 89, I diz que compete ao juiz brasileiro conhecer com exclusividade as ações 
relativas a imóveis no Brasil. A doutrina clássica interpretava este dispositivo de forma 
restritiva entendendo que ele só abrangia questões de direitos reais, a doutrina 
contemporânea confere interpretação ampla, é qualquer ação envolvendo imóvel situação 
no Brasil e não apenas as atinentes a direitos reais. 
Pela dicção do inciso II do art. 89 cabe ao juiz brasileiro com exclusividade conhecer 
de inventário e partilha de bens situados no Brasil. É importante saber que a jurisprudência 
entendeu que não se aplica o art. 89, II, CPC à partilha em razão de dissolução de sociedade 
conjugal, se aplica apenas na hipótese de patilha sucessória. 
 
3.2.2 Competência Concorrente 
Art. 88, CPC: 
Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. 
Quais são hipóteses do art. 88? 
1º. Réu domiciliado no Brasil 
2º. Quando no Brasil deva ser executada a obrigação 
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3º. Ato ou fato praticado no Brasil. 
A Gol quer saber se pode ajuizar no Brasil. É preciso saber se o caso se encaixa em 
algum dos incisos do art. 88, CPC. Primeiro, o réu é domiciliado no Brasil? A Boeing é sediada 
em Seattle, então não cabe o inciso I. Agora o inciso II: a obrigação deverá ser executada no 
Brasil, ora os aviões precisam ser entregues no Brasil, cabe perfeitamente no inciso II. E 
então a Gol pode ajuizar no Brasil. Vai ajuizar? Depende. Os advogados precisam analisar 
quais os parâmetros de direito material que o juiz brasileiro irá usar. Quando a relação 
jurídica é multiconectada, convém olhar para as regras de conexão dos ordenamentos 
envolvidos, e todo ordenamento tem as suas. As nossas regras de conexão estão na LINDB. 
 
3.2.3 Regras de conexão e forum shopping 
O que é regra de conexão? É uma regra que, tendo em vista uma relação jurídica 
multiconectada, discerne qual dos ordenamentos jurídicos é o mais bem posicionado para 
resolver a questão. 
O que diz o art. 9º da LINDB? Diz que para qualificar e reger as relações, cabe aplicar 
a lei do local em que forem celebradas. 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se 
constituirem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma 
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos 
requisitos extrínsecos do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o 
proponente. 
Portanto o prognóstico que o advogado da Gol fará é: se o contrato foi celebrado em 
Seattle e as regra de conexão brasileira manda aplicar a lei do país em que contrato foi 
formado, então o juiz brasileiro terá que aplicar a lei americana sobre a questão. 
Se ele for um advogado cuidadoso, fará a mesma análise observando as regras de 
conexão americanas. O equivalente ao art. 88 CPC nos EUA é principiológico, é mais aberto: 
é a doutrina dos “minimum contacts”, ou seja, tem que ter o mínimo de contato com a causacom o foro, e há critérios materiais e de foro. E seguramente eles entenderiam que há um 
mínimo de contato da causa com o foro. 
Após a análise destas duas possibilidades a Gol escolherá o judiciário que lhe for mais 
favorável. O nome desta operação é forum shopping, escolher o foro. 
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Nós temos o arts. 88 e 89, que é um critério analítico. Os EUA adota-se um critério 
principiológico: contatos mínimos. A França adota um critério posicional: se uma das partes 
é francesa a França tem jurisdição. O mundo é diverso. 
O Supremo e o STJ têm alguns critérios jurisprudenciais que reduzem um pouco a 
abertura do art. 88. O STJ, por exemplo, entende que quando já há sentença proferida na 
jurisdição brasileira, não caberia homologar uma sentença estrangeira. Do mesmo modo, em 
causas em que o interesse público é especialmente afetado (sobre tudo em busca e 
apreensão de menores) se já houver sito ajuizada uma demanda no Brasil ele também 
entende que a sentença estrangeira não é homologável. 
Observação. Os arts. 88 e 89 não são róis taxativos. Como exemplo de hipótese de 
competência internacional concorrente não prevista no art. 88 a doutrina cita a eleição de 
foro brasileiro em um contrato. Há pelo menos dois julgados do STJ tratando da questão, 
adotam uma espécie de teoria de contatos mínimos para aferir isto, dizem que o foro 
brasileiro pode ser eleito no contrato desde que haja um mínimo de identidade da causa 
com o Brasil, o que é óbvio. E aí evoca-se a questão do foro exorbitante. É preciso ter 
presente: a jurisdição a princípio vai até onde o Estado quer, porém o estado, ao delinear a 
sua jurisdição exorbitante, isto é, a ponto de alcançar causas que nada tenham a ver com o 
estado do qual ela emana. 
O art. 89, como dito, também traz um rol não taxativo e aí um exemplo importante é 
o exemplo de ações relativas a nacionalidade brasileira e outro exemplo importante: ações 
relativas a registros públicos brasileiros. 
 
Aula que vem: homologação de sentença estrangeira, conflito de leis no espaço e 
arbitragem.

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