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Resumo de Direito Internacional Público

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Direito Internacional 
Aula 01 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
0 
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Sumário 
1. Direito Internacional ............................................................................. 1 
1.1. Introito .................................................................................. 1 
1.2. Fontes ................................................................................... 3 
1.2.1. Tratados ................................................................................ 4 
1.3. Voluntarismo e Objetivismo ................................................ 18 
 
 
 
 
 
Direito Internacional 
Aula 01 
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 ORIENTAÇÕES GERAIS
 
1ª. BIBLIOGRAFIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS 
a. Direito Internacional Público: Francisco Rezek ou Valério Oliveira Mazuoli. 
b. Direito Internacional Privado: Nádia de Araújo 
c. Introduction to International Criminal Law – Mohamed Cherif Bassiouni (não 
está traduzido para o português; recomendado para ao MPF, em virtude de Eugênio José 
Aragão, membro da banca, adotá-lo para confecção das questões). 
 
2ª. DICAS 
 Atualmente, Direito Internacional, seja público, seja privado, tem sido cobrado 
com proporção considerável nos concursos, motivo por que deve ser estudado com afinco; 
 Quando nada se disser acerca do Direito Internacional, isto é, se é público ou 
privado, convenciona-se e conclui-se que está a falar-se do Direito Internacional Público; 
 Direito das Gentes é um meio, de verve pernóstica, de referir-se ao Direito 
Internacional. 
 
1. Direito Internacional Público 
1.1. Introito 
É o conjunto de normas que regem as relações de direito público da sociedade 
internacional. Da conceituação extrai-se como pedra de toque o significado de ‘sociedade 
internacional’. 
Tendo em vista a formação histórica do estado nacional, as sociedades nacionais 
caracterizam-se por relações de coordenação (horizontais) e de subordinação (verticais), nas 
quais o Estado tem o monopólio do poder coercitivo. 
Isso não ocorre nas sociedades internacionais, uma vez que, para a existência de 
estados soberanos, veda-se a existência de um ente supremo. Na teoria das relações 
internacionais, condensa-se tal raciocínio pelo axioma: “onde há soberania, não pode haver 
supremacia”. 
Portanto, a sociedade internacional diferencia-se, estruturalmente, das nacionais em 
razão, justamente, da inexistência de um ente supremo detentor de autoridade 
Direito Internacional 
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subordinante. Como repercussão prática dessa distinção surge o processo de aplicação 
forçada das normas jurídicas no plano internacional. 
Lembremo-nos, nesse ponto, que as sociedades nacionais situam-se no plano da 
substituição no tocante à aplicação do direito. É dizer, antes de indivíduos exercerem seus 
arbítrios conforme lhes convêm para a solução de um conflito havido entre eles, o Estado 
substitui a ambos, realizando o enquadramento do imbróglio surgido ao ordenamento 
jurídico preexistente. 
No plano internacional, as normas jurídicas aplicam-se mediante autotutela ou 
autocomposição. 
Exemplo: retorsão econômica confeccionada pelo Brasil, após autorização da OMC, 
contra os Estados Unidos na ordem de bilhões de dólares em razão de subsídios concedidos 
pelo governo norte-americano a produtores de algodão. 
Na situação posta sob análise, a Organização Mundial do Comércio não exerce poder 
jurisdicional. Ao revés, faz as vezes de corte arbitral. Autoriza o Brasil a realizar a retaliação 
econômica aos EUA, pois, no caso, entendeu que as medidas norte-americanas estavam em 
dissonância com as normas da própria OMC. Há, aqui, autocomposição (jurisdição arbitral 
dependente de prévio consentimento, concedida institucionalmente pelos Estados quando 
da adesão às regras da organização). Frise-se, em tempo, que a execução da decisão, 
contudo, ficará a cargo do Estado vencedor da controvérsia. 
Poder-se-ia remeter o pensamento à Corte Internacional de Justiça. De alertar-se que 
esta somente exercerá jurisdição se os Estados anuírem a isso. Caso o Estado sucumbente 
não der cumprimento espontâneo ao julgado, o máximo a que se pode chegar é, por força 
do estatuto da ONU, se o Conselho de Segurança da ONU entender que esse 
descumprimento põe em risco a segurança e a paz internacionais, a incidência de medida 
coercitiva para o cumprimento desse julgado (espécie de protoexecutoriedade que, ainda, 
não aconteceu). 
Tudo isso demonstra a diferença estrutural entre as sociedades nacionais e a 
internacional, o que não significa, contudo, que nesta última impere uma total anarquia. 
Avive-se não ser o descumprimento das normas que atestará a efetividade, ou não, do 
direito internacional. Tampouco, será a distinção de estrutura entre as sociedades nacionais 
e internacionais. 
Daí, pode-se dizer que o direito internacional adapta-se à sociedade que pretende 
reger e consegue traduzir a medida possível de ordem num contexto de ausência de 
autoridade central subordinante. Entretanto, não se deve partir da premissa de inexistência 
de falta de obrigatoriedade do direito internacional, porquanto, exatamente em razão de 
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diferenças entre as sociedades, seu sistema de coerção é peculiar, próprio se comparado ao 
direito interno. 
 
1.2. Fontes 
O caminho mais curto à fixação das fontes do direito internacional, por meio da qual 
ele exerce seu poder de coerção, é a leitura do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça. 
Todos os estados membros da ONU fazem parte do Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça. Contudo, nem todos aceitam sua jurisdição. Isso porque integrá-lo, implica não 
essa aquiescência jurisdicional, mas, sim, a possibilidade de eleição de juízes, a necessidade 
de contribuição para o orçamento, bem como o reconhecimento de sua legitimidade 
institucional. 
Verbi gratia, o Brasil, posto que faça parte do estatuto da Corte, reserva-se ao direito 
de, diante de um caso concreto no qual seja demandado, escolher se irá querer a aplicação 
da jurisdição da Corte Internacional de Justiça. A Argentina, em contrapartida, subscreve 
uma cláusula facultativa do estatuto que lhe outorga jurisdição obrigatória, por meio da qual 
qualquer Estado que queira processá-la poderá fazê-lo, contanto que seja signatário da 
mesma cláusula. 
As fontes do Direito Internacional são: (i) tratados; (ii) costumes e (iii) princípios 
gerais do direito. 
Artigo 38 
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as controvérsias que 
sejam submetidas, deverá aplicar; 
2. as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;3. o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito; 
4. os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
5. as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência das 
diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, sem 
prejuízo do disposto no Artigo 59. 
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex 
aequo et bono, se convier às partes. 
 
Fala-se, também no referido artigo 38, na doutrina publicista, nas decisões judiciais 
(jurisprudência) e na equidade (caso aos Estados convenha que ela seja utilizada). 
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Entretanto, não se pode taxá-las de fontes do Direito Internacional. Antes, consubstanciam-
se em meios auxiliares de interpretação do Direito Internacional. 
Modernamente, a doutrina assevera que certas decisões de organizações 
internacionais, bem como certos atos unilaterais de Estado podem, em certas circunstâncias, 
constituir-se em fontes do Direito Internacional. 
Vaticina-se, nessa senda criativa, que o artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional 
de Justiça, em que pese ter tido a pretensão, quando de seu nascedouro, de taxatividade, a 
bem da verdade, coetaneamente, mostra-se como numerus apertus (exemplificativo). 
 
1.2.1. Tratados 
a. CONCEITO 
Consistem em acordos formais entre dois ou mais sujeitos de direito internacional 
público, regidos por tal ramo do direito, com o escopo de criar de direitos e obrigações. 
Inicialmente, cumpre destacar ser irrelevante, para o direito internacional, a variação 
terminológica de tratado, acordo, convenção, protocolo, estatuto, etc. Isso porque sua 
diferença primordial habita, essencialmente, no campo diplomático. Importante mesmo é 
conhecer a fundo os pressupostos que tornam determinado texto no acordo formal acima 
conceituado. 
Sem embargo, de atentar-se que a declaração (exemplo: Declaração Universal dos 
Direitos Humanos) não se confunde com um tratado. A declaração é um enunciado de 
propósitos normativos. Cuida-se de documento parajurídico que se cria a partir da 
inexistência de um consenso, ou de falta de oportunidade, para a celebração de um tratado 
na mesma linha de conteúdo. Os Estados, então, redigem esse texto (declaração) com o fito 
de gerar uma preclusão política, ou seja, uma vedação ao retrocesso. 
Imperioso lembrar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não se 
transmudou alquimicamente em um costume, porquanto manteve sua essência formal de 
declaração. Na verdade, criou-se em torno da aludida declaração um costume. Vaticina-se, 
portanto: a Declaração Universal dos Direitos Humanos não tem efeito vinculante. 
 
b. ANÁLISE DO CONCEITO 
(i) Acordo Formal 
Veda-se a confecção de tratado oral. O documento deve, pois, ser escrito. Muitas 
vezes, engendra-se uma analogia entre o direito dos tratados e o direito dos contratos, o 
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que, nalgumas ocasiões, implica erro crasso. Assim o é porque, ao contrário do direito civil, 
em que se aceita a avença oral quando a lei não dispuser de modo diverso, no direito das 
gentes, somente existe tratado escrito. E isso é absoluto. 
 
(ii) Entre dois ou mais sujeitos 
Os Estados continuam a ser os sujeitos primários do Direito Internacional 
indubitavelmente. Nada obstante, desde o início do século XX, quando se consideravam 
como sujeitos os Estados, a Santa Sé e os beligerantes reconhecidos, as organizações 
internacionais1, as quais não são sinonímia de organismos internacionais, ganharam notável 
relevo. Passaram a ser, de regra, sujeitos de Direito Internacional. 
Citam-se, também, a Santa Sé/Vaticano (embora não sejam a mesma coisa), os 
beligerantes e insurgentes reconhecidos, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o 
indivíduo (pessoa humana) 
 
 Indivíduo 
Com efeito, a pessoa humana trata-se de um sujeito sui generis, haja vista que a 
personalidade no direito internacional público pressupõe a presença de duas capacidades, a 
saber, jus tractatum (capacidade de celebrar tratados) e jus legationis (capacidade de 
relacionar-se institucionalmente com outros sujeitos de direito internacional público, o que 
será válido, mutatis mutandi, para outros sujeitos)2. 
E essa pessoa humana, malgrado não ter nenhuma dessas duas capacidades, que, por 
conta da evolução do direito internacional, ao qual se incorporou o direito internacional dos 
direitos humanos, transformou-se em sujeito pelo fato de ser protegida contra as oposições 
do Estado. E é pelo fato de a teoria não ter sido desenvolvida para abarcar o indivíduo que 
esse se transmudou em um sujeito sui generis. 
Observação: obsta-se a que o indivíduo celebre tratados. 
 
 Estados 
 
1
 Os indivíduos, a essa época, eram dignos de ralos comentários, os quais se limitavam a dizer que eles 
não eram sujeitos, mas, sim, objetos do direito internacional. 
2
 Discute-se sobre se o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, efetivamente, detém essas 
capacidades. Sabe-se que, nalguma medida, ele as tem. 
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Como dito, os Estados são os sujeitos primários do direito internacional. Seus 
elementos constitutivos são: [1] território; [2] povo; [3] governo com atributo da soberania. 
Observação: a soberania é incluída, por alguns autores, como atributo3 do governo; 
por outros, como elemento. 
A soberania não está perdida nas brumas do tempo. É, pois, um arranjo político-
jurídico montado em determinado momento da história como uma opção de organização de 
um sistema de estados (como se a soberania tivesse uma certidão de nascimento). 
Essa opção político-jurídica nasce na Europa do século XVII, quando da produção dos 
dois Tratados da Vestfália (de Münster e de Osnabrück), os quais corporificam tal opção ao 
final da Guerra dos Trinta Anos. 
Por uma série de circunstâncias fáticas, surgem os Estados Nacionais, o que provoca 
a reação de dois focos de poder: a Santa Sé e o Sacro Império Romano-Germânico. 
À época da Idade Média, a Igreja detinha muito poder, o qual, em parte, era exercido 
pelo fato de o próprio poder estar fragmentado. Daí, com o surgimento dos Estados 
Nacionais, a Santa Sé começou a perder seu poder. Como medida reativa de urgência, 
propalou que o poder secular estava submetido ao poder espiritual, que se exercia pelo 
papa, motivo pelo qual a ele se devia obediência. 
Por sua vez, o Sacro Império Romano-Germânico externou que o Imperador era o 
sucessor jurídico de Roma, que, na antiguidade, tinha supremacia. E, dada essa sucessão, o 
Imperador reivindica a existência desse poder anteriormente exercido por Roma. Por isso, 
exigia subordinação dos Estados que começavam a se formar. 
A Guerra dos Trinta Anos era, precipuamente, religiosa. Contudo, tinha um ideal 
político como pano de fundo, o qual setraduz pela resposta dos Estados que estavam se 
formando aos focos de resistência (Santa Sé e Império Romano-Germânico). Dessa feita, 
quando a Paz se realiza, de fato, a preocupação central dos vencedores foi a de não haver a 
subordinação de um Estado a outro. 
Nesse contexto, criou-se a fórmula de poder segundo a qual cada Estado exercia seu 
poder sob determinado espaço e trataria aos demais, ainda que de menor poderio fossem, 
de maneira isonômica. Ninguém era A isso se chama soberania. 
Visto isso, traz-se a lume o conceito de soberania: monopólio do poder coercitivo no 
plano interno (ausência de compartilhamento de poder jurídico) e submissão direta à ordem 
jurídica internacional no plano externo (inexistência de mediadores, tais como o papa ou o 
imperador). 
 
3
 O professor Marcelo Miller entende-a como atributo. 
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Essa fórmula da soberania é que se encontra na base de compreensão do 
funcionamento do direito internacional público tal como é conhecido hodiernamente. 
Por fim, insta esclarecer que os Estados têm jus tractatum pleno. Isto é, podem 
celebrar tratados de qualquer matéria. 
 
 Organizações internacionais 
As organizações internacionais são um fenômeno relativamente recente na 
sociedade internacional. Traduzem o fenômeno associativo dos Estados no plano 
internacional, pois, uma flexão de suas relações no plano externo consiste, justamente, em 
eles associarem-se institucionalmente. Outra forma de associação entre os Estados é o 
concerto, que se caracteriza como o ajuste de posições entre si. 
A mudança do paradigma associativo dos concertos para as organizações 
internacionais ocorre no século XX, a partir de quando as tais começaram a proliferar 
exponencialmente (exemplo: MERCOSUL, ONU, OMC, OEA, etc.). 
As organizações terão capacidade de celebrar tratados (jus tractatum) e de 
relacionar-se com outros sujeitos (jus legationis) na medida em que os estados-partes lhes 
reconhecerem tais capacidades no ato constitutivo. 
O reconhecimento dessas capacidades pelos Estados é modulado conforme a 
natureza da organização. De regra, confere-lhe, minimamente, a capacidade para realização 
de um tratado, bem como para relacionar-se com um sujeito internacional (exemplo: Estado 
onde a organização vai sediar-se). 
 
DICA 
 
Em provas, usualmente, pede-se ao candidato para dizer qual órgão é uma 
organização internacional. Recomenda-se o seguinte: caso na sigla apareça a letra ‘O’ 
(exemplo: OMC, OEA, UNESCO, etc.) seu significado será ‘organização’, que tem 
personalidade jurídica e, portanto, normalmente, será uma organização internacional. Nem 
todas as organizações internacionais, contudo, apresentam a letra ‘O’ (exemplo: União 
Européia (UE), MERCOSUL, FMI, Banco Mundial, etc.). Nada obstante, não é organização 
internacional G-20, Unicef (Fundo das Nações Unidas), entre outros. 
 
Os formatos das organizações internacionais são bastante fluidos, variáveis. Podem 
apresentar um viés clássico (ONU, OEA, UNESCO, OIT, etc.), o qual se baseia no sistema 
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parlamentarista do Governo (assembléia, conselho e secretariado) e, normalmente, não se 
repete nas organizações mais modernas, tais como o MERCOSUL. 
 
 Santa Sé 
Morfologicamente, a Santa Sé consubstancia-se na união pessoal do Papa com a 
cúria romana (alta administração da Igreja Católica Apostólica Romana). Ela é bem mais 
antiga que o Vaticano e era responsável pela administração de vários feudos, os quais, ao 
desaparecerem com a unificação da Itália, implicaram seu desabrigo; é dizer, não tinha mais 
a Santa Sé onde se situar. Após muita insistência, realizou um acordo com Mussolini, que lhe 
deu um pedaço de Roma, hoje o Vaticano, revestindo-o de soberania. 
Os Estados, de maneira geral, não têm uma função delimitada. O Vaticano, ao 
contrário é um estado de natureza funcional, qual seja, servir de base à Santa Sé. Fora da 
função para a qual foi criado, o Vaticano não tem qualquer autonomia. 
Observação1: a Santa Sé, por força de um costume, tem personalidade jurídica e é 
reputada como sujeito de direito internacional. Talvez isso se caracterize como o principal e 
mais eloquente costume, em direito internacional, de que se tem notícia. 
Observação2: a Santa Sé pode, sim, celebrar tratados, aos quais se empresta a 
denominação de “concordata”. O Brasil, por exemplo, tem uma concordata com a Santa Sé, 
prevendo a ministração de ensino religioso nas escolas públicas brasileiras. 
Observação3: o Vaticano, também, tem a possibilidade de celebração de tratados, de 
maneira mais limitada, ressalve-se. 
 
 Insurgentes e beligerantes 
Franco desuso. Os últimos reconhecidos como tais foram os sandinistas da 
Nicarágua4. Diferenciam-se entre si apenas pelo grau de estrutura que apresentarem, pois os 
beligerantes mostram-se mais estruturados em sua missão paramilitar de depor o governo 
legal de dado Estado. 
 
4
 A Revolução Sandinista (em espanhol: Revolución Nicaragüense ou Revolución Popular Sandinista) 
refere-se ao processo ocorrido na Nicarágua entre 1979 e 1990, sob a égide da Frente Sandinista de Libertação 
Nacional (FSLN) - assim chamada em memória do guerrilheiro Augusto César Sandino -, envolvendo a luta 
armada contra o regime ditatorial de Anastasio Somoza Debayle, a derrubada do ditador e os subsequentes 
esforços da FSLN para reformar a sociedade e a economia do país, mediante a instauração de um governo 
democrático progressista de esquerda ao longo daqueles onze anos. 
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Sandinista>. Consulta 
realizada em 18.02.2014. 
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Existe um regime consuetudinário no direito internacional sobre direitos e deveres 
conferidos aos beligerantes, quando assim reconhecidos. O mesmo não existe em relação 
aos insurgentes. Aqui, haverá dependência do ato de reconhecimento, porquanto, o Estado 
que reconhece determinado grupo como insurgente deverá esclarecer para que finalidade 
fá-lo. 
Como dito, está em claro desuso. Isso porque todos os grupos que podem aproximar-
se da classificação como beligerantes/insurgentes não preenchem todos os requisitos. 
Poder-se-ia citar o ETA (organização que busca a independência do país Basco), contudo, 
uma vez que tem verve separatista, não se lhe empresta o caráter beligerante, haja vista seu 
intento não ser o de depor um governo legalmente constituído. 
Pelo fato de lutarem contra o governo, os beligerantes/insurgentes são reconhecidos 
como sujeitos de direito internacional, pois, se no iter do debate mostrarem-se vitoriosos, 
responderão pelos atos do respectivo Estado no plano jurídico internacional. 
No ponto, faz-se menção às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). 
Não foram reconhecidas como beligerantes,embora o quisessem e preenchessem o 
pressuposto essencial de depor e querer ser o governo. Imagine-se, aqui, que, no curso dos 
confrontos, o governo colombiano perca várias batalhas, e os atos das FARC ultrapassem as 
fronteiras da Colômbia. É por força dessa possibilidade que o direito internacional concede 
aos beligerantes/insurgentes a natureza de sujeito no plano normativo internacional. 
Observação1: discute-se sobre se a OLP
5 (Organização de Libertação da Palestina) e a 
ANP (Autoridade Nacional Palestina) são sujeitos de direito internacional. Inexiste resposta 
contundente a tal questionamento. No entanto, o professor Marcello Miller entende que a 
OLP, após as celebrações dos tratados de OSLO6, aproximou-se bastante de ser caracterizada 
como tal. 
Observação1: os beligerantes, conquanto possam celebrar tratados e se relacionar 
com outros sujeitos de direito internacional público, sua capacidade é sensivelmente 
limitada, porquanto somente poderão acordar sobre questões de direito internacional que 
versem acerca de conflitos armados, sobretudo com Estados fronteiriços. 
 
 
5
 É um conglomerado de partidos árabes. 
6
 Os acordos de Oslo foram uma série de acordos na cidade de Oslo na Noruega entre o governo de 
Israel e o Presidente da OLP, Yasser Arafat mediados pelo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. 
Assinaram acordos que se comprometiam a unir esforços para a realização da paz entre os dois povos. Estes 
acordos previam o término dos conflitos, a abertura das negociações sobre os territórios ocupados, a retirada 
de Israel do sul do Líbano e a questão do status de Jerusalém. 
Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_paz_de_Oslo>. Consulta realizada em 
18.02.2014. 
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(iii) Regidos pelo Direito Internacional Público 
A Convenção de Viena de 1969, da qual o Brasil se torna parte em 2009, funciona 
como um postulado norteador para os tratados que vierem a ser celebrados, os quais, ou 
estarão fundados nas diretrizes apontadas pela referida Convenção, ou se arrimarão no 
costume internacional sobre o direito dos tratados, que se baseia na Convenção, mas com 
ela não confunde. 
 
(iv) Escopo de criar direitos e obrigações 
Isso resulta nalgumas classificações dos tratados. 
 
 Tratado-lei & Tratado-contrato 
É uma classificação cujas utilidade e propriedade têm dificuldade de aceitação pela 
doutrina. Nada obstante, é bastante mencionada no Brasil. 
Tratado-contrato é aquele que estabelece uma relação comutativa entre os Estados-
partes, nos moldes, por exemplo, de um tratado de extradição. Por sua vez, Tratado-lei 
revela-se como o tratado que irá estabelecer um regime jurídico comum aos Estados 
(exemplo: tratado de direitos humanos). 
A problemática surge do fato de que todo tratado-contrato tem um componente de 
regime jurídico comum, ao passo que todo tratado-lei goza de uma certa comutatividade. 
Essa situação se agrava em virtude da esterilidade da classificação, porquanto não produz 
muito mais do que essas palavras. 
Ressalva-se, topicamente, a posição do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual 
se reduziu o escopo de alcance da referida classificação e se entendeu que apenas os 
tratados-contrato, e não os tratados-lei, situar-se-iam em patamar superior à lei tributária 
interna para fins de concessão de isenções heterônomas. 
TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DO AFRMM EM RELAÇÃO A MERCADORIAS IMPORTADAS SOB A 
ÉGIDE DO GATT. IMPOSSIBILIDADE. 
O mandamento contido no artigo 98 do CTN não atribui ascendência às normas de 
direito internacional em detrimento do direito positivo interno, mas, ao revés, posiciona-
as em nível idêntico, conferindo-lhes efeitos semelhantes. 
O artigo 98 do CTN, ao preceituar que tratado ou convenção não são revogados por lei 
tributária interna, refere-se aos acordos firmados pelo Brasil a propósito de assuntos 
específicos e só é aplicável aos tratados de natureza contratual. 
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Se o ato internacional não estabelecer, de forma expressa, a desobrigação de 
contribuições para a intervenção no domínio econômico, inexiste isenção pertinente ao 
AFRMM. 
Recurso provido. Decisão unânime. 
(REsp 196.560/RJ, Rel. Ministro DEMÓCRITO REINALDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
18/03/1999, DJ 10/05/1999, p. 118) 
 
 Tratados de vigência estática e tratados de vigência dinâmica 
Tratados de vigência dinâmica são aqueles produzidos para manterem-se em vigor. 
Ou seja, não esgotarão sua vigência em determinado momento. 
Exemplo: tratado de extradição. 
Diversamente, os tratados de vigência estática são deveras mais limitados, porquanto 
somente se aplicarão a situações que se esgotem na sua celebração. Consolidam uma 
situação já existente. 
Exemplo1: tratado de limites, o qual estabelece a divisa entre dois Estados; uma vez 
celebrado, não mais produzirá quaisquer efeitos para além do marco delimitador territorial. 
Exemplo2: tratado de paz. 
A eficácia prática da denúncia de um tratado de paz é a decretação da guerra. 
Todavia, há que se esclarecer que, sendo ela feita por chefe de Estado cujo desejo seja, tão-
só, demonstrar seu desapreço pelo chefe de Estado que celebrou o referido tratado, a 
guerra não será um corolário da denúncia. Entretanto, se acompanhada de todo um discurso 
político, outra configuração se apresentará. Isso porque a guerra não é imanente à denúncia. 
Antes, é uma consequência para além dela. 
Ademais, cite-se ainda a denúncia a um tratado de limites. Qual a repercussão 
prática? Nenhuma. As fronteiras estabelecidas, v.g., entre Brasil e Argentina, não retornarão 
ao status a quo. 
 
c. CELEBRAÇÃO DOS TRATADOS 
Alguns autores utilizam-se da expressão treaty making power para referir-se ao 
poder de celebrar tratados. Todavia, com ele não se confunde. É que o treaty making power 
diz respeito, sim, à distribuição de competências para a celebração dos tratados. Ou seja, 
remete a quem dentro do Estado pode obrigar o Estado a celebrar um tratado, e não à 
própria capacidade em si. 
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Nas democracias constitucionais, ordinariamente, a distribuição do poder de celebrar 
tratados faz-se entre o Legislativo e o Executivo. No Brasil, esse regime distributivo é 
bastante equilibrado, ao contrário do que ocorre com outros Estados nos quais disparidades 
são enxergadas. 
Quando o ordenamento jurídico de um Estado envolve o Legislativo e o Executivo na 
celebração de um tratado, imperiosa a convergência de vontades. Daí, a ideia de que um 
Estado possa retirar-se do tratado pelo arbítrio de um só dos poderes que anuíram à sua 
celebração não deve soar estranha. Mutatis mutandis, é o que ocorre com o casamento, a 
sociedade empresária, etc. 
Disso resulta a inexistência de celeuma se um dos poderes denunciar o tratado sem a 
aquiescência do outro (o que será melhor estudadoposteriormente). Contudo, alerte-se que 
tal possibilidade é permeada por discussões em terras brasileiras. 
 
(i) Fases 
Compreendem a elaboração do tratado as seguintes fases: [1] firma; [2] aprovação 
do Legislativo; [3] ratificação e promulgação (como etapa complementar). 
 
 Firma ou Assinatura [1] 
Salvo previsão expressa no corpo do tratado, a assinatura não reflete a obrigação de 
o Estado aceita-lo. Antes, consubstancia-se numa disposição para submetê-lo à aprovação 
interna. Tem, pois, uma essência ad referendum (pendente de aprovação). 
O detentor nato da competência para assinatura do tratado é o Presidente da 
República (art. 84, inciso VIII, CRFB). Também o são competentes: o Ministro das Relações 
Exteriores (por força de costume internacional); os embaixadores plenipotenciários (com os 
Estados nos quais representem o seu) e qualquer pessoa munida de carta de plenos 
poderes. 
A assinatura enseja como obrigação para o Estado a abstenção, enquanto pendente 
de ratificação, da prática de atos que possam frustrar o objeto e a finalidade do tratado. 
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969 
Decreto 7.030/2009 
 
Artigo 18 
Obrigação de Não Frustrar o Objeto e Finalidade de um Tratado antes de sua Entrada em 
Vigor 
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Um Estado é obrigado a abster-se da prática de atos que frustrariam o objeto e a 
finalidade de um tratado, quando: 
a)tiver assinado ou trocado instrumentos constitutivos do tratado, sob reserva de 
ratificação, aceitação ou aprovação, enquanto não tiver manifestado sua intenção de 
não se tornar parte no tratado; ou 
b)tiver expressado seu consentimento em obrigar-se pelo tratado no período que 
precede a entrada em vigor do tratado e com a condição de esta não ser indevidamente 
retardada. 
 
 Aprovação do Legislativo [2] 
No Brasil, faz-se por meio de decreto legislativo. De regra, ao Congresso Nacional é 
defeso alterar o texto do tratado. Faculta-se-lhe, tão-só, a aprovação com ressalvas, 
hipótese na qual o Presidente da República a elas deverá ser fiel, transformando-as em 
reservas, ou, caso as repute descabidas, abster-se da realização do tratado. 
O decreto legislativo que aprova o tratado não é suficiente para conferir-lhe eficácia 
interna; não lhe dá publicidade. Assim o é porque o Presidente da República ainda não 
manifestou sua posição definitiva e, caso o Congresso lhe desse a eficácia pretendida, estaria 
a usurpar a competência do Chefe do Executivo. 
Nota: tais decretos legislativos, é bom lembrar, não são atos normativos primários. 
 
 Ratificação [3] 
Muitos há, equivocadamente, entende que o decreto é forma pela qual se realiza 
ratificação. Esta, na verdade, consiste num ato internacional, por meio do qual o Chefe do 
Estado brasileiro manifesta perante seus pares (outros Chefes de Estado) sua adesão ao 
tratado. 
Para rechaçar a ideia do decreto, basta pensar que os outros Chefes de Estado não 
leem o diário oficial da União. Disso resulta a necessidade de esse formato ratificador 
abarcar a todos de maneira generalizada, motivo pelo qual se socorre à previsão nesse 
sentido da Convenção de Viena. 
A referida Convenção pontifica serem, essencialmente, três as formas de ratificação 
dos tratados, a saber: depósito do instrumento (aplica-se a tratados multilaterais), troca de 
instrumentos (tratados bilaterais) e notificação (incidente sobre ambas as espécies, embora, 
na prática, prepondere sobre os multilaterais). 
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969 
Decreto 7.030/2009 
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Artigo 16 
Troca ou Depósito dos Instrumentos de Ratificação, Aceitação, Aprovação ou Adesão 
 
A não ser que o tratado disponha diversamente, os instrumentos de ratificação, 
aceitação, aprovação ou adesão estabelecem o consentimento de um Estado em 
obrigar-se por um tratado por ocasião: 
a) da sua troca entre os Estados contratantes; 
b) do seu depósito junto ao depositário; ou 
c) da sua notificação aos Estados contratantes ou ao depositário, se assim for 
convencionado. 
 
Nos tratados multilaterais, sempre se prevê um depositário, sendo certo que a 
ratificação será feita por cada um dos Estados que manifestou sua adesão e entregue a esse 
depositário. 
A troca de instrumentos, eis que imanente aos bilaterais, consiste na troca de 
ratificação entre os responsáveis pela celebração dos tratados. 
A notificação, por sua vez, cuida-se de método menos solene que os demais e realiza-
se por meio de um mecanismo de comunicação bastante comum e cotidiano entre os 
Estados, qual seja, a nota diplomática. 
 
 Reserva 
Trata-se de um qualificativo do consentimento. Hodiernamente, os grandes tratados 
antipatizam-se com as reservas, proibindo-as ou limitando-as. 
Em regra, o princípio geral da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados 
intenciona proibi-las. Entretanto, diante da amplitude das exceções, tal vedação cai por 
terra. Eis as exceções: (i) existência de previsão expressa; (ii) existência de admissão 
implícita (haverá quando o tratado, sem fazer referência expressa a uma reserva, trouxer 
num dispositivo a ideia contextual da reserva); (iii) quando o direito de reserva puder ser 
deduzido da natureza e finalidade do tratado (exemplifica-se com tratado sobre proteção ao 
meio ambiente, dispondo sobre vários mecanismos protetivos, em vários graus; embora não 
haja qualquer referência implícita, conclui-se pela possibilidade de reserva em razão de essa 
finalidade preconizada, dados seus pormenores, não poder ser aceita integralmente pelo 
Estado). 
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Artigo 19 
Formulação de Reservas 
Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, 
formular uma reserva, a não ser que: 
a)a reserva seja proibida pelo tratado; 
b)o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as 
quais não figure a reserva em questão; ou 
c)nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a 
finalidade do tratado. 
 
Em existindo controvérsias acerca da admissibilidade da reserva, compete a cada 
outro Estado manifestar-se sobre se entende lícita ou não a reserva. Os Estados que a 
entenderem ilícita terão duas alternativas, as quais declararão ao depositário do tratado: (i) 
não obstante reputando por ilícita a reserva, o Estado aceita a vigência do tratado, porém, 
nesse caso, se submeterá à reserva feita pelo outro. Ou seja, o dispositivo que foi objeto da 
reserva não será considerando vigente entre ele o Estado realizador da reserva; (ii) entende 
que a reserva atinge um dispositivo essencial do tratado, hipótese na qual declarará que o 
tratado não está em vigor entre ele e o Estado que fez a reserva. 
Exemplo: tratadoentre Brasil, EUA, China e Rússia. O Brasil fez reserva ao artigo 2º. A 
China entende-a lícita, ao passo que os EUA e a Rússia taxam-na de ilícita. Os EUA, todavia, 
relevam a reserva e, nesse contexto, o artigo 2º não valerá entre ele e o Brasil. A Rússia, 
diferentemente, caracteriza o artigo 2º como o epicentro jurídico do tratado e, assim, 
determina a não vigência do tratado entre ela e o Brasil. 
 
 Promulgação [etapa complementar] 
O Presidente da República, em havendo ratificado um tratado, promulga-o por meio 
de decreto. Isso não está positivado. É, portanto, um costume constitucional brasileiro, 
porquanto o viés do decreto é a veiculação do exercício do poder regulamentar. 
 
 Monismo & Dualismo 
Trata-se de duas teorias, divergentes, acerca da maneira de o direito internacional 
relacionar-se com o interno. 
Para o monismo, inexiste intersecção entre ambos, ou seja, nunca se tocam ou 
convergem ao mesmo plano. O direito internacional vige entre os Estados, ao passo que o 
direito interno vige no interior dos Estados. A contrario sensu, asseveram os dualistas que a 
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única forma de uma norma internacional produzir efeitos no plano jurídico interno consiste 
em ela ser incorporada ao ordenamento interno. Assentam ser necessário que o Estado que 
tenha aderido e ratificado sua anuência ao tratado, em vez de, simplesmente, veicular o 
decreto com o conteúdo do tratado, promulgar uma lei com o conteúdo formal desse 
tratado, o qual, então, sofre uma verdadeira transformação. Dessume-se, pois, a essência 
formalista dos dualistas. 
Os monistas, por sua vez, partem de uma premissa heurística diferente da dos 
dualistas (defensores da independência entre as fontes do direito internacional e do interno 
e, por conseguinte, das vigências). Afirmam ser o direito, enquanto fenômeno 
socionormativo, uno, de maneira que a incomunicabilidade por conta da fonte das normas é 
artificial, como ocorre com qualquer Estado federal, no qual existe unidade no ordenamento 
jurídico, em que pese a articulação de normas federais e estaduais. Advogam, pois, em favor 
da articulação harmônica entre o direito internacional o interno. 
Opera-se uma cisão ideológica entre os monistas quanto ao conflito de normas 
internacionais e internas, o que, para os dualistas, é impossível de acontecer. Subdividem-se, 
conforme a solução para o conflito, em monistas internacionalistas, nacionalistas e 
moderados. 
Atente-se para o fato de que é equivocado pensar que o monismo, com o fito de ser 
considerado verdadeiro, exigiria que o tratado produzisse efeitos no plano interno 
independente de qualquer ato-condição das autoridades do Estado. Não é esse o raciocínio 
correto. Assim, o decreto de promulgação é inteiramente compatível com o monismo. 
Monistas e dualistas acordam acerca da seguinte premissa metodológica: se o juiz de 
um Estado puder resolver a lide que lhe é apresentada aplicando os dispositivos de um 
tratado internacional assim reconhecido, pode-se dizer que esse Estado é monista. 
Dessa feita, é grosseiro, crasso, afirmar que, dada a complexidade do processo de 
aprovação dos tratados internacionais, o Brasil encampa a tese do dualismo moderado. O 
Brasil adota, na verdade, o monismo. A promulgação por decreto não transforma o tratado 
em norma interna, tanto assim que se o Presidente da República denunciar esse tratado, o 
decreto, acessório que é, seguirá a sorte do principal. 
No monismo internacionalista, prevalece, sempre, a norma internacional, cujo lastro 
pensativo é a pirâmide de Kelsen. Os monistas nacionalistas pontificam não existir direito 
internacional, mas, sim, direito público externo, sendo aquele um apêndice desse último. No 
conflito entre tratado e lei interna, esta sempre prevalecerá, independente de sua 
hierarquia, haja vista ser o tratado um arranjo de conveniência do Estado signatário, que 
pode a qualquer momento exercer sua soberania e não mais se submeter a ele. 
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Trata-se de duas visões perceptivelmente radicais. O monismo temperado parte da 
premissa de que o Estado é livre para cunhar seu ordenamento jurídico de modo a conferir 
ao conflito entre norma internacional e norma interna qualquer solução que lhe aprouver. 
Isso porque, caso desse critério adotado pelo Estado resulte na preterição da norma 
internacional, essa preterição que redundará numa negativa de vigência da norma 
internacional sempre poderá ser conduzida ao plano internacional por meio de uma 
controvérsia suscitada pelos sujeitos de direito internacional e, no plano internacional ao 
qual tenha sido conduzida, essa controvérsia poderá restaurar a vigência da norma 
internacional. 
Exemplo: tratado de extradição celebrado entre Brasil e Alemanha. Imagine-se que o 
mesmo, nalgum dispositivo, contrarie nossa Constituição, justamente no qual a Alemanha se 
baseia para requerer a extradição. O juízo natural para o julgamento da extradição, a saber, 
o Supremo Tribunal Federal, denega a extradição. 
Na situação sob análise, os posicionamentos evidenciam-se da seguinte forma: 
 
DENEGAÇÃO DA EXTRADIÇÃO PELO STF CUJO PEDIDO BASEOU-SE EM DISPOSITIVO, PRESENTE EM TRATADO 
INTERNACIONAL DO QUAL O BRASIL É SIGNATÁRIO, CONTRÁRIO À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 
(i) Monista internacionalista Decisão absurda 
(ii) Monista nacionalista Decisão óbvia 
(iii) Monista moderado Decisão correta. Porque, se a Alemanha quiser, 
poderá responsabilizar internacionalmente o 
Brasil por descumprir o tratado. E no foro 
internacional (judiciário ou diplomático) no qual 
a responsabilidade brasileira vier a ser discutida, 
não poderá o representante do Brasil contra-
argumentar as alegações tedescas com lastro na 
decisão do STF. A Alemanha pode obter no plano 
internacional a restauração da vigência do 
aludido dispositivo. E se isso ocorrer também 
será reputado por correto pelo monismo 
moderado. 
 
Coetaneamente, os países da Common Law, genericamente, são dualistas, salvo os 
Estados Unidos, os quais adotam um dualismo moderado, no qual a norma do tratado pode 
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produzir efeito no plano interno se a redação dela evidentemente demonstrar que sua 
finalidade foi a de produzir efeitos na ordem jurídica interna. Nessa hipótese, terá de ser 
incorporada ao regramento norte-americano por meio de uma lei. 
No Estado que siga o monismo moderado, quando o STF, v.g., nega vigência a um 
tratado por contrariar a Constituição, tal ato se caracteriza como um ato de exegese do 
ordenamento interno. 
Observação: parte da doutrina, sobretudo na USP, sob influência de João Grandino 
Rodas, sugeriu que nosso procedimento de aprovação dos tratados traduzisse um dualismo 
moderado. Sob a ótica do professor Marcelo Miller é pensamento equivocado. 
 
1.3. Voluntarismo e Objetivismo 
Existem duas grandes teorias acerca da formação (normogênese) do direitointernacional público. 
A teoria clássica, voluntarista, afirma que o direito internacional público forma-se, 
apenas, pelo consentimento dos Estados, de sorte que não pode haver obrigação imposta a 
um Estado sem que, de alguma forma, ele a aceite. 
Tal concepção vem sofrendo modificações. Hoje, por exemplo, a ideia de delegação 
de soberania encontra-se na base de funcionamento da União Europeia. Nesse diapasão, a 
partir do instante em que o funcionamento do direito internacional público deu sinais de um 
arrefecimento em sua imbricação com o conceito de soberania, exsurge uma segunda teoria, 
a do objetivismo. 
Para o objetivismo, o direito internacional público surge como resposta objetiva da 
sociedade internacional às necessidades de normatização. Conquanto seja difícil visualizar 
essa assertiva numa perspectiva holística, uma vez que, no relacionamento diuturno entre 
os Estados, o voluntarismo é deveras latente, pode-se enxergar um exemplo do objetivismo 
na figura jurídica do jus cogens. 
A Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados prevê que constitui norma 
imperativa de direito internacional toda aquela que, aceita e reconhecida pela comunidade 
dos Estados em seu conjunto, não admite derrogação, senão por outra norma de mesma 
natureza. 
Assemelha-se à norma de ordem pública havida no plano interno. Em princípio, é 
irracional falar em norma imperativa no âmbito de uma sociedade de soberanos. Contudo, 
dadas as mudanças dessa sociedade, passou-se a comportar uma dimensão de interesse 
público. 
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Nesse cenário, hoje, várias normas (proteção de direitos humanos, manutenção da 
paz e segurança internacionais, etc.), reconhecidamente, têm a verve de norma imperativa 
de direito público internacional. 
Assim não é inteiramente correto afirmar que o voluntarismo é o paradigma 
inteiramente dominante quanto à produção das normas de direito internacional público. 
Com isso, percebe-se que o plano jurídico internacional, ao comportar normas de 
caráter imperativo, as quais desse modo foram reputadas por um consenso informal 
progressiva da comunidade dos Estados em seu conjunto, sofre influxos, em sua 
normogênese, do objetivismo (também chamado de sociologismo). 
Infere-se, portanto, que tanto voluntarismo, quanto objetivismo, tem sua parcela de 
importância na formação das normas de direito internacional público.

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