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1. Da competência do juízo de delibação dos pedidos de cooperação passiva.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
Faculdade de Direito – Curso de Direito
DIREITO INTERNACIONAL 
TURMA U
	
	
	
Identificação 	
NOME: Thayná Silveira 
Título:
AVALIAÇÃO 4° BIMESTRE – CASO HIPOTÉTICO
Da competência do juízo de delibação dos pedidos de cooperação passiva. 
Em um primeiro momento cumpre analisar o “caminho” a ser seguido pelo pedido de cooperação passiva tendo em vista que no caso hipotético apresentado a Carta Rogatória baseia-se em Tratado sobre Cooperação Judiciária em Matéria Penal, entre a República Federativa do Brasil e a República Italiana, firmado pelo Decreto nº 862, de 9 de julho de 1993.
Sendo assim, o Código de Processo Civil brasileiro, no artigo 26, § 1° determina que, na ausência de tratado que disponha de modo diverso, as cartas rogatórias devem tramitar por via diplomática com base em reciprocidade. 
Como existe o referido Tratado que determina o “rito” a ser seguido nas relações do Brasil e Itália que possibilita a comunicação direta entre as Autoridades Centrais dos referidos países, este deve ser aplicado ao caso em análise, consoante art. 4º do Tratado celebrado entre Brasil e Itália. 
Ou seja, nesse caso, a carta rogatória proveniente da Autoridade Central do Estado Italiano (Ministério de Grazia e Giustizia) é recebida pela Autoridade Central brasileira (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional - DRCI/Ministério da Justiça e Segurança Pública) que analisa a documentação para verificar se todos os requisitos formais determinados pelo acordo internacional estão presentes ou não.
Caso não estejam preenchidos os requisitos, a Autoridade Central brasileira encaminha a informação sobre a inadequação da carta rogatória à Autoridade Central Italiana para que complemente o pedido com a documentação necessária.
E, caso o pedido esteja em adequação com os requisitos, por configurar pedido de cooperação de natureza jurisdicional, a carta rogatória é encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça para eventual concessão de exequatur, conforme determina o Art. 105, inciso I, alínea i da CF/88 com a redação trazida pela EC 45/2004 que alterou a competência de julgamento, retirando-a do STF e atribuindo-a ao STJ.
Desse modo, resta clara a competência do STJ para a concessão de exequatur desde que regular o caminho seguido pelo Estado Italiano. E, no caso em análise a Carta Rogatória foi enviada diretamente ao STF que não é mais competente para a concessão de exequatur, sendo assim, retornaria para a Autoridade Central Italiana com a finalidade de sanar o referido vício e adequar o pedido.
Nesse caso, o STJ analisa se há ofensa à ordem pública nacional, conforme preceitua o art. 26, § 3° do Código de Processo Civil que na “cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro”.
Ou seja, a reserva de ordem pública desempenha um importante papel na garantia dos direitos fundamentais no plano interno e Direito Humanos no plano internacional pois é um importante ponto orientador dos julgadores para decidirem pela concessão ou negação de exequatur. 
Assim, é visível, no art. 39 CPC/2015, que “o pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar manifesta ofensa à ordem pública”. Ainda, constitui-se como um requisito indispensável à homologação da decisão estrangeira, não conter manifesta ofensa à ordem pública, segundo o art. 963, inciso VI também do CPC/2015.
E, esta reserva de ordem pública vem expressamente preceituada no Tratado de Cooperação entre Brasil e Itália em seu art. 3° que prevê a recusa da Cooperação caso os atos solicitados forem vedados pela lei da Parte requerida, ou contrários aos princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico.
Ainda, afirma o art. 216-P do Regimento Interno do STJ que “não será concedido exequatur à carta rogatória que ofender a soberania nacional, a dignidade da pessoa humana e/ou a ordem pública”.
Sendo concedido o exequatur, o STJ encaminha a carta rogatória ao Juiz Federal de 1ª instância competente para sua execução, de acordo com o critério de competência territorial, conforme competência atribuída aos juízes federais pelo Art. 109, inciso X, CF/88. Após a realização das diligências, o Juízo Federal devolve o pedido ao STJ, que finaliza os procedimentos internos e encaminha a carta rogatória à Autoridade Central brasileira. 
 Recebida a informação referente ao cumprimento da carta rogatória, a Autoridade Central brasileira, no caso o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional - DRCI/Ministério da Justiça, encaminha a respectiva documentação à Autoridade Central Italiana - Ministério de Grazia e Giustizia. 
Da parte requerida e do crime em questão – Princípio da dupla incriminação. 
As Cartas Rogatórias passivas (aquelas em que o Brasil é Estado requerido) possuem tratamento normativo singular no Brasil: devem ser apreciadas por órgão judicial de cúpula antes de ser deferido seu cumprimento no território nacional.
No Direito Brasileiro essa Carta Rogatória Passiva só pode ser cumprida se obtido o exequatur da autoridade judicial brasileira. O juiz poderá negar a ordem judicial estrangeira quando couberem as exceções do artigo 102, alínea g da Constituição Federal de 1988.
Sendo assim, se concedido o exequatur dentro das formalidades e regularidades já citadas, nada impede que a cooperação internacional passiva, onde o Brasil é requerido via Carta Rogatória para cumprir determinado ato, envolva um cidadão nacional brasileiro ou até mesmo empresa brasileira, pois não se trata de extradição de nacional brasileiro. Por exemplo, CR n° 10.936- US/STJ. 
Conforme informação do caso hipotético em análise, o crime de posse de documento falso é previsto como punível na Itália, porém, no Brasil não há previsão legal semelhante, apenas criminaliza-se o uso de documentação falsificada.
Entretanto, a cooperação internacional com a Itália será prestada ainda que os fatos que deram origem ao processo não constituam crime perante a lei brasileira, pois não é exigida a dupla incriminação, conforme expresso no art. 2° do Tratado de Cooperação entre Brasil e Itália.
“Para a execução de interceptação de telecomunicações, a cooperação somente será prestada se, em relação ao crime tipificado no processo e em circunstâncias análogas, tal interceptação for admissível em procedimentos penais da parte requerida.” (Manual de Cooperação Jurídica Internacional e Recuperação de Ativos, 2012, página 208).
Carta Rogatória ou Auxílio Direto?
O Auxílio direto, novo veículo que é previsto em vários tratados bilaterais de cooperação jurídica internacional em matéria penal, como também em diversos tratados multilaterais que têm por objeto de temas de cooperação jurídica internacional em matéria penal, entre eles o Protocolo de Assistência Jurídica Mútua em Assuntos Penais e a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo). Ambos são aceitos nas relações entre Itália e Brasil, conforme o art. 4° do Tratado que regula o envio de comunicações. 
O auxílio direto baseado nesses tratados internacionais consiste, na definição da Procuradoria-Geral da República, no “instrumento de colaboração penal internacional, através do qual é feito o encaminhamento do pedido de realização de um ato judicial que se faz necessário para a instrução de um procedimento penal em curso no Estado requerente”. 
Ao contrário da Carta Rogatória, “no auxílio direto, o pedido é recebido pela autoridade central brasileira e, em seguida, é encaminhado ao órgão incumbido internamente dos poderes para realização da diligência. Caso haja, de acordo com o ordenamento brasileiro, a necessidade de autorização judicial para o cumprimento da diligência (por exemplo, quebra de sigilo bancário), a autoridade centralenviará o pleito ao Ministério Público Federal, que proporá ação judicial solicitando atendimento do pedido.” (Temas de Cooperação Internacional – MPF/ 2016, página 14).
A quebra de sigilo telefônico no caso em análise configura um ato executório que pela visão tradicional não seria concedido exequatur. Contudo, com o advento da CR n° 438 – BE/STJ cujo relator foi o Ministro Luiz Fux com base no parágrafo primeiro do art. 216-O do Regimento Interno do STJ “será concedido exequatur à carta rogatória que tiver por objeto atos decisórios ou não decisórios” modificou tal entendimento.
Sendo assim, a referida medida poderia ser solicitada por Carta Rogatória desde que em relação ao crime tipificado no processo (posse de documento falso) e em circunstâncias análogas, tal interceptação for admissível em procedimentos penais do Brasil assim como deveria ser concedido exequatur levando em consideração, também, o art. 2° do Tratado de Cooperação Brasil/Itália, caso existisse uma decisão jurisdicional italiana, o que não ocorre no caso em análise.
Não se tratando, portanto, de pedido de delibação, mas de pedido de auxílio direto jurídico pois há Tratado de Cooperação Mútua entre os países envolvidos. 
Ademais, poderia o Promotor italiano recorrer ao Auxílio Direto Jurídico. Se o pedido envolver cooperação judicial, a Autoridade Central brasileira fará o encaminhamento de sua documentação à Advocacia-Geral da União (AGU) que formulará a pretensão e exercerá a representação judicial no caso, para buscar a obtenção da necessária decisão judicial junto ao Juiz Federal de 1ª instância competente. Recebida a informação referente ao cumprimento do pedido de cooperação, a Autoridade Central brasileira encaminhará os respectivos documentos à Autoridade Central Italiana.
Os pedidos de auxílio jurídico direto solicitam que a assistência seja prestada com base em uma decisão interna do Estado requerido e são, em regra, alicerçados em tratados ou acordos bilaterais (Mutual Legal Assistance Trea­ties ou MLATs).
O pedido de cooperação jurídica internacional, na modalidade de auxílio direto jurídico, possui natureza distinta da carta rogatória. Nos moldes do disposto nos arts. 28, 33, caput, e 40, todos do Código de Processo Civil, caberá auxílio direto quando “a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira”, enquanto necessitará de carta rogatória quando for o caso de cumprir decisão jurisdicional estrangeira.
“Contudo, essa providência (via auxílio direto jurídico) depende de sentença que a decrete, de forma que esta medida não pode ser executada em nosso País, ainda. Caso exista sentença estrangeira que a tenha concedido, ela deve ser homologada na jurisdição brasileira”. (Ministro Humberto Gomes de Barros – AgRg na CR n° 998 – IT - STJ ).
No caso em questão, não há uma prévia decisão jurisdicional da Itália proferida, não sendo pedido de delibação mas pedido de auxílio jurídico e isso demanda que o ato jurisdicional seja nacional, ou seja, brasileiro, com base em Tratado onde a Autoridade Central Italiana poderá encaminhar ao MPF a requisição da medida pois trata-se de assunto de matéria Penal (se fosse matéria civil seria para a AGU). 
E, por fim, no Direito italiano a Magistratura e o Ministério Público convivem em uma só estrutura administrativa. Assim, teria o Promotor italiano legitimidade para solicitar a cooperação internacional do Brasil pois os membros do Ministério Público italiano constituem o sistema judiciário da Itália. Contudo, o Ministério Público italiano não detêm legitimidade para decretar quebra de sigilo telefônico, tanto na Itália, como no Brasil tal atribuição é privativa de juiz. 
1
Rio Grande, 29 de março de 2018

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