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Homicidio_culposo_e_doloso

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Márcia Cavalcanti
HOMICIDIO CULPOSO
Art. 121
§ 3º. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Art. 18. Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
01.CONCEITO
Quando o sujeito realiza uma conduta voluntária, com violação do dever objetivo de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligencia ou imperícia, e assim produz um resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem querido, mas objetivamente previsível, que podia com a devida atenção ter evitado (Masson)
▪Imprudência: culpa in agendo (Imprevisão ativa)
Pratica de um ato perigoso 
▪Negligência: culpa in omitendo (Imprevisão passiva)
Deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha. 
▪Imperícia (culpa profissional)
Falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício. Falta de conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
02.PRINCIPIO DA CONFIANÇA
Todas as pessoas devem esperar por parte das outras que estas sejam responsáveis e ajam de acordo com as normas sociais.
03.HOMICIDIO CULPOSO NO TRANSITO
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
04.CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (Código Penal)
4.1.HOMICIDIO CULPOSO CIRCUNSTANCIADO 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.  
▪INOBSERVANCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO
	INOBSERVANCIA DE REGRA TECNICA DE PROFISSÃO......
	IMPERÍCIA
	O agente é dotado das habilidades necessárias para o desempenho da atividade, mas por desídia não as observa.
Ex: cardiologista que não segue as regras básicas de uma cirurgia do coração.
	O sujeito não reúne conhecimentos teóricos ou práticos para o exercício de arte profissão ou ofício.
Ex. Médico ortopedista que mata o paciente ao efetuar uma cirurgia cardíaca.
STF
É possível a aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP no caso de homicídio culposo cometido por médico e decorrente do descumprimento de regra técnica no exercício da profissão. Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de sua ocupação, não o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e a outra para a majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal.
▪DEIXAR DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA
Aplicável às pessoas que por culpa contribuíram para o resultado naturalístico, e não tenham prestado imediato socorro à vitima.
NÃO INCIDE A MAJORANTE:
▪Morte instantânea incontestável
Se houver dúvida: impõe a majoração (moralidade da conduta)
▪Socorro prestado por terceiros
O agente deixou de prestar socorro porque existiam pessoas mais capacitadas. 
Aplicação: se o responsável pela conduta deixou voluntariamente de fazê-lo.
▪Se o agente não agiu culposamente
Ex: O agente ouve os disparos e não socorre a vítima
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
▪O agente não tinha condições de fazê-lo
O agente ficou gravemente ferido
▪Risco pessoal
Ameaça de linchamento
ATENUANTE GENERICA 
Não se aplica no caso de prestar socorro à vitima.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
III - ter o agente: 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
STJ
No homicídio culposo, a ausência de imediato socorro à vitima é causa de aumento de pena (art. 121, § 4º, do CP), e não há que se cogitar na aplicação da atenuante genérica do art. 65, III, b, daquele mesmo código quando tal socorro foi efetivamente prestado, pois se cuida, sim, de dever legal causador do delito, anotado que seu cumprimento não importa mitigação da sanção.
CTB
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
▪NÃO PROCURAR DIMINUIR AS CONSEQUENCIAS DO SEU ATO
Desdobramento normal da causa de aumento anterior.
Ameaçado de linchamento, afastou-se do local do crime e não pediu auxílio da autoridade pública.
▪FUGIR PARA EVITAR PRISÃO EM FLAGRANTE
Visa a assegurar a impunidade do ato, dificultando a ação da justiça.
Não se aplica quando o agente fugiu diante de serias ameaças de populares contra a sua vida ou integridade física.
QUESTIONAMENTO
Um mecânico, durante o conserto de um automóvel, no interior de uma oficina, liga acidentalmente um veiculo, provocando a morte de seu colega de trabalho. 
CP, 121, § 3º ou CTB, 302?
CTB
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo
veículo de transporte de passageiros.
4.2. HOMICIDIO DOLOSO CIRCUNSTANCIADO
Art. 121
§ 4º - Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
▪VITIMA MENOR DE 14 ANOS OU MAIOR DE 60 ANOS
Compreendida pelo dolo do agente.
 
4.3.PERDÃO JUDICIAL (CP, 107, IX)
O resultado naturalístico exerce a função retributiva da sanção penal (causa extintiva de punibilidade).
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.  
4.4. HOMICIDIO DOLOSO e MILICIA PRIVADA
Art. 121. 
§ 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
MILICIA PARTICULAR
Associações de pessoas (civis e ou militares), frequentemente armadas, e que se valem de meios coativos e da prática de infrações penais, para a satisfação de interesses próprios, muitas vezes sob o pretexto de suprir a omissão do Estado no desempenho de suas competências regulares (venda de proteção a comerciantes, promessa de segurança aos moradores, punição ou execução de criminosos, fornecimento de serviços etc) (Mirabete).
Milícia significa batalhão, polícia. A milícia particular se refere a um grupo menor de agentes criminosos que se reúnem inicialmente para fornecer “segurança” (“bico”) e depois passa a extorquir uma determinada população (Válter Kenji Ishida).
ESQUADRÃO 
Associação constituída com o objetivo declarado de executar pessoas consideradas marginais por seus integrantes (Mirabete)
GRUPO (Grupo de Extermínio)
Conjunto de pessoas reunidas para uma finalidade comum.
Rogério Greco: Embora não faça parte de uma milícia, com as características acima apontadas, poderá ocorrer que o homicídio tenha sido praticado por alguém pertencente a um grupo de extermínio, ou seja, um grupo, via de regra, de “justiceiros”, que procura eliminar aqueles que, segundo seus conceitos, por algum motivo, merecem morrer. Podem ser contratados para a empreitada de morte, ou podem cometer, gratuitamente, os crimes de homicídio de acordo com a “filosofia” do grupo criminoso, que escolhe suas vitimas para que seja realizada uma “limpeza social”.
O § 6º do artigo 121 do Código Penal obstará o reconhecimento da qualificadora do § 2º, inciso I, in fine do artigo 121 do Código Penal (motivo torpe) no crime de homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, haja vista que agora tal conduta é prevista como causa de aumento de pena, evitando-se assim a ocorrência de bis in idem, vedado nessa hipótese, de forma implícita pelo artigo 8º. 4 do Pacto de São José da Costa Rica.
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 
→CP, 288-A
Organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão destinada a prática de crimes previstos no Código Penal.
 
→ Art. 35 da Lei 11.343/06
Organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão destinada a prática de crimes previstos na Lei de Drogas.
→ Art. 2º da Lei nº 2.889/56
Organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão destinada a prática de genocídio.
DESTAQUES
“A” constrange “B”, com emprego de violência, causando-lhe sofrimento físico, para dele obter uma informação. “A” em seguida, com a finalidade de assegurar a impunidade desse crime, mata “B”. Há dois crimes: tortura simples (Lei 9.455/97, art. 1º, I, a) e homicídio qualificado pela conexão (121, § 2º, V), em concurso material. Não incide a qualificadora da tortura, pois não foi tal meio de execução que provocou a morte da vítima.
O § 6º do artigo 121 do Código Penal trouxe uma norma proibitiva de incidência da causa de diminuição da pena prevista no §1º do artigo 121, primeira parte do Código Penal (“Se o agente comete o crime por motivo de relevante valor social ou moral”) aos que aleguem terem matado sob o pretexto de prestação de serviço de segurança. 
Ex: Grupo de matadores que resolveu eliminar uma quadrilha que vendia drogas e viciava vários alunos de um determinado colégio. Neste caso não poderá haver incidência da causa de diminuição da pena prevista no artigo 121, § 1º, primeira parte do Código Penal, mas haverá a incidência da causa de aumento de pena prevista no novo § 6º do artigo 121 do Código Penal.

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