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Relações Parasitas e Hospedeiros Malária (seção 2.3) Prof. Msc. Mariane Rossi Chaves mariane.chaves@kroton.com.br Malária: Doença tropical e parasitária que mais causa problemas sociais e econômicos no mundo. É causada por um protozoário, cuja taxonomia é a seguinte: Filo: Apicomplexa Família: Plasmodiide Gênero: Plasmodium São conhecidas em torno de 150 espécies causadoras da malária, mas apenas 4 delas parasitam o homem: P. falciparum, P. vivax, P. malarie e P. ovale Malária: HI: Homem (reprodução assexuada). HD: Mosquito do gênero Anopheles. Relatos: 1570 a.C. no Egito “febre do Nilo”. 1700 a.C. na China. Descrita em 1890 por Charles Louis Laveram. Epidemiologia Figura 1. Distribuição geográfica da Malária pelo mundo. Epidemiologia No Brasil, ocorrem anualmente 300 a 500 mil casos por ano. P. vivax é a espécie com maior ocorrência no Brasil (aproximadamente 80% dos casos). A grande maioria dos casos ocorre na Amazônia (>99%). Estados com maior número de casos de malária: Amazonas e Pará. Agentes etiológicos: Reino: Protista Filo: Apicomplexa Gênero: Plasmodium Plasmodium vivax (1890) –terçã benigna Plasmodium falciparum (1897) -terçã maligna Plasmodium malariae (1881) –quartã benigna Plasmodium ovale (1922) –terçã benigna Vetor Mosquitos fêmea do gênero Anopheles, conhecidos também como mosquito prego ou carapanã. Fêmea de Anopheles darlingi Reservatório: Humanos portadores de gametócitos. Malária Plasmodium vivax agente da febre terçã benigna, com ciclo febril que retorna a cada 48 horas. Plasmodium falciparum agente da febre terçã maligna, com acessos febris que se repetem clinicamente com intervalos de 36 a 48 horas. Plasmodium malariae causa da febre quartã, que se caracteriza pela ocorrência de acessos febris a cada 72 horas. Biologia do parasita No hospedeiro vertebrado: Esporozoíta (forma infectante) Esquizonte Merozoíta Gametócitos ◦ Microgametócito ◦ Macrogametócito No hospedeiro invertebrado: • Microgameta/ macrogameta • Zigoto * • Oocineto * • Oocisto * • Esporozoíta * Estágios diplóides Ciclo da malária São parasitas obrigatoriamente intracelular Capacidade e invadir e reproduzir–se assexuadamente em células humanas, como hepatócitos (células do fígado) e eritrócitos (hemácias). Se reproduzem sexuadamente no vetor. Ciclo da malária - HI Ciclo Tissular – ocorre nas células hepáticas. O vetor infectado inocula o ESPOROZOÍTO na corrente sanguínea do HI. Dentro de 40 min. os esporozoítos infectarão as células hepáticas, onde passarão pelo primeiro Ciclo Assexuado.* Dentro das células hepáticas, o esporozoíto irá se multiplicar Esquizogonia Tissular* Formando inúmeros MEROZOÍTOS dentro de parasitóforos nas células infectadas. As células se rompem, liberando inúmeros merozoítos na corrente sanguínea, onde infectarão células sanguíneas (eritrócitos, hemácias). *uma única célula se fragmenta e origina várias células idênticas. Ciclo da malária - HI Observação 1: Parasitos das espécies P. vivax e P. ovale entram em repouso antes de passar pela Reprodução Assexuada nas células hepáticas – Hipnozoíta. (semanas à meses). Recaídas da doença. Típicas dessas espécies. Ciclo da malária - HI Ciclo Eritrocítico Os merozoítos que infectaram as células sanguíneas irão passar pelo segundo ciclo assexuado Esquizogonia Eritrocítica Após 48 à 72 hr, cada célula infectada originará de 4 a 36 novos merozoítos. Células se rompem*, liberando-os para infectar novas células. Alguns merozoítos que infectaram as células sanguíneas não se reproduzem. Crescem e se desenvolvem em Gametócitos. Que ficam presentes na corrente sanguínea do HI. -Microgamerócitos e Macrogametócitos Ciclo da malária - HI Observação 2: O rompimento das hemácias, se ocorrerem simultaneamente, podem causar o PAROXISMO MALÁRICO. A febre característica da doença. Ciclo da malária - HD Um mosquito fêmea, saudável, pica o HI infectado e ingere os gametócitos. Os gametócitos vão para o estômago do HD e se diferenciam em gametas. , o gameta fecunda o , formando um zigoto Oocineto (de forma alongada e ativa), penetra na parede do estomago do HD Oocisto (forma arredondada) O Oocisto passa por varias divisões e origina inúmeros esporozoítos, que se espalham por todo o corpo do HD, inclusive nas glândulas salivares. Os mosquitos infectados picam um HI, recomeçando o ciclo. Plasmodium falciparum Plasmodium vivax Esporozoito jovem Esporozoito maduro Esquizonte Rosácea Gametócitos Morfologia Formas sanguíneas dentro das hemácias Plasmodium vivax Parasita principalmente os reticulócitos hemácias jovens. O número de merozoítos por esquizonte varia de 14- 24. Formas encontradas no sangue: Trofozoítas (células com esporozoitos) Merozoítas Pré esquizontes Esquizontes Gametócitos Plasmodium falciparum Parasita hemácias jovens e maduras. Cada ciclo esquizogônico pode ser originados até 36 merozoítas . Formas aderidas nos vasos sanguíneos: Esquizontes Merozoítas Gametócitos Formas encontradas no sangue: Trofozoítas (células com esporozoitos) Esquizontes (formas graves). Plasmodium falciparum Na malária causada pelo P. falciparum é que ocorrem os casos mais graves, muitos deles requerendo internação. Se houver evolução, pode ser fatal. hipoglicemia, convulsões, náuseas, vômitos repetidos, febre muito alta, Icterícia e distúrbios passageiros da conciência. Plasmodium malariae Os merozoítas parasitam hemácias maduras Os esquizontes originam de 6 a 12 merozoítas cada ciclo Formas encontradas no sangue: Merozoítas Trofozoítas Pré esquizontes Esquizontes Gametócitos Plasmodium ovale Os merozoítas parasitam hemácias jovens Os esquizontes originam de 6 a 12 merozoítas cada ciclo Formas encontradas no sangue: Merozoítas Trofozoítas Pré esquizontes Esquizontes Gametócitos Transmissão Vetorial - Picada pelo mosquito Anopheles pernilongo, mosquito prego. Congênita Transfusional Transplante de órgãos Transmissão Transfusão sanguínea. Compartilhamento de seringas. Acidentes laboratoriais. Infecção congênita. FATORES ADQUIRIDOS DO HOSPEDEIRO Idade Até 1 ano de idade – (menor exposição) ◦ Crianças 1 a 3 anos – mais susceptíveis (SI não suficientemente desenvolvido) > parasitemia e sintomatologia > mortalidade ◦ A partir de 5 a 8 anos – SI mais desenvolvido e os sintomas são mais discretos. ◦ Adultos não imunes: quanto maior a idade, maiores os riscos Gravidez – imunossupressão – 2º grupo de risco Sintomatologia Período de incubação: 7 a 21 dias Carga parasitária x Espécie de parasita Esquizogonias sanguíneas – destruição das hemácias e liberação do pigmento malárico Hemozoína (depósito baço, fígado, cérebro, medula óssea). Acesso malárico (paroxismo) 1) calafrios e tremores, temperatura em elevação 2) febre alta, sensação de calor e cefaléia intensa 3) queda da temperatura, sudorese Patogenia e Sintomatologia Os acessos maláricos se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do plasmódio: ◦ P. falciparum - com intervalos de 36 a 48 horas (terçã maligna) ◦ P. vivax - acessos em dias alternados, 48 em 48 horas (terçã benigna); ◦ P. malariae - os acessos se repetem a cada 72 horas (febre quartã); Patogenia e Sintomatologia Malária grave por P. falciparum ocorre em adultos não imunes, crianças e gestantes. Sequestro dos eritrócitos parasitados: adesão ao endotélio vascular (citoaderência).Formação de rosetas: eritrócitos infectados c/ eritrócitos não infectados Hiper-parasitemia: (>2-5% das hemácias parasitadas) Malária cerebral, insuficiência renal, edema pulmonar agudo, anemia grave, icterícia acentuada, hipertermia, vômitos. Patogenia e Sintomatologia Recaídas – alguns anos depois Ocorre nas infecções por P. vivax e P. ovale formas hipnozoítas no fígado (permanecem em estado de latência por períodos que variam de 1 mês a 1-2 anos). Recrudescências- (cura clínica aparente) - 1 a 2 meses Parasitemia reaparece (acompanhada de sintomatologia), após um período de “cura aparente” resposta inadequada ao tratamento (sobrevivência de formas eritrocíticas em nível muito baixo), P. falciparum. Patogenia •Dependente da carga parasitária e espécie de parasita •Anemia – destruição das hemácias parasitadas, após a esquizogonia, destruição de hemácias parsitadas no Baço). •Alteração da permeabilidade vascular. Patogenia •Marginação eritrocitária. •Imunocomplexos- deposição nos capilares do cérebro, pulmão, rins processos inflamatórios letais •Lesão renal – Sindrome Nefrótica (excesso de proteínas no rim e poucas no sangue). •Coma. CRITÉRIOS DE DOENÇA GRAVE Alteração do nível de consciência. Insuficiência renal, Disfunção hepática. Anemia grave. Distúrbios da coagulação. Dificuldade respiratória. Alterações metabólicas ou desequilíbrio Hidro- eletrolítico. Choque ou colapso circulatório. Hiperparasitemia. (> de 5% das hemácias infectadas). Diagnóstico Clínico ◦ Anamnese ◦ Sinais e sintomas (presuntivo) Diagnóstico Laboratorial ◦ Esfregaço delgado e gota espessa Diagnóstico Laboratorial Trofozoítas e Esquizontes Gametócitos Trofozoítos Esquizogonia Plasmodium falciparum Trofozoítos Jovem Trofozoítos e Esquizogonte (raro) Plasmodium falciparum Esquizonte com merozoítos Gametócitos Plasmodium vivax Esquizonte com merozoítosGametócitos Plasmodium sp. Trofozoítos Profilaxia e Controle •Detecção e tratamento precoce dos infectados •Medidas de proteção individual e coletiva •Telagem de janelas e portas •Inseticidas de ação residual •Impregnação de mosquiteiros com inseticida •Desenvolvimento de novos fármacos •Informações a população •Estruturação do sistema de saúde •Desenvolvimento de Vacina Tratamento Fármacos antimaláricos utilizados na clínica: Quinina Age sobre os trofozoítos, esquizontes e merozoítos Cloroquina Age sobre as formas sanguíneas exceto gametócitos de P. falciparum Quinidina Age sobre os esquizontes hepáticos e sobre os gametócitos Primaquina Age sobre formas hepáticas e sanguíneas Mefloquina Usado na profilaxia Artemesinina
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