Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1p r o g r a m a e s c o l a a t i v a CIÊNCIAS CADERNO DO EDUCADOR: 3p r o g r a m a e s c o l a a t i v a O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. V y g o t s k y Meus agradecimentos especiais a Henrique Ara[ujo Paula Santos, Acadêmico de Medicina por sua contribuição nos livros 3 e 5. M a r i a H e l e n a A r a ú j o maria Helena araújo santos c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r4 E Q U I P E E D I T O R I A L Armênio Bello Schimidt Eliane Alves de Melo Eliete Ávila Wolff Ivanilde Oliveira de Castro Rosimar da Silva Feitosa Soares Costa Sisley Cíntia Lopes Rocha Viviane Costa Moreira Wanessa Zavareze Sechim A S S E S S O R I A P E D A G Ó G I C A Mara do Desterro Cardoso Lima Caroline Zabendzada Linheria Carmem da Silva Aires Afonso Daniele Noal Gai P R O J E T O G R Á F I C O e D I A G R A M A Ç Ã O André Carvalho & Iluminura Design R E V I S Ã O Denise Goulart D A D O S I N T E R N A C I O N A I S D E C A T A L O G A Ç Ã O N A P U B L I C A Ç Ã O ( C I P ) C E N T R O D E I N F O R M A Ç Ã O E B I B L I O T E C A E M E D U C A Ç Ã O ( C I B E C ) Santos, Maria Helena Araújo. Caderno do educador(a) : ciências / Maria Helena Araújo Santos. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. 76 p. : il. -- (Programa Escola Ativa) 1. Educação no campo. 2. Ciências. 3. Programa Escola Ativa. I. Título. II. Série. ISBN: 978-85-7994-034-7 CDU 373.3(1-22) Coordenação Geral de Educação do Campo – CGEC/SECAD/MEC SGAS Quadra 607, Lote 50, sala 104 CEP: 70.200-670 – Brasília - DF (61) 2022- 9011 coordenacaodocampo@mec.gov.br 5p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Apresentação Introdução Inclusão na educação do campo Questões etniorraciais, afrodescendentes e indígenas na educação do campo O pensar e produzir interdisciplinas A transversalidade como conseqüência da interdisciplinaridade Estrutura da coleção Os conteúdos e sua organização Abordagens metodológicas Grupos dos conteúdos de aprendizagem Avaliação como processo contínuo Recomendações ao educador para uso dos livros Papel do educador de Ciências Reflexões para o educador de Ciências Conscientização do ser humano em manter o equilíbrio do ecossistema Objetivos gerais do ensino de Ciências no Ensino Fundamenta Orientações para o livro 1 Orientações para o livro 2 Orientações para o livro 3 Orientações para o livro 4 Orientações para o livro 5 4 6 6 6 10 11 12 15 16 17 18 20 21 23 24 26 28 33 48 54 65 Sumário c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r6 VI - Educação do Campo comoformação humana para oDesenvolvimento Sustentável. Valorização e fortalecimento dasformas coletivas de produção. Formação humana pautada pela necessidade de estimular os sujeitos de acordo com sua capacidade, criando um espaço humano de convivência social desejável e com compromisso com a produção da vida Reinventa o campo brasileiro com Políticas Públicas comprometidas com ações culturais e desenvolvimento sustentável. V - Educação do Campo naformação do sujeitos. Participação dos sujeitos das lutas sociais, que produzem história, sonham, têm nomes e rostos, lembranças, gêneros e etnias diferenciados. Traz a educação como referência de suas especificidades II - O conhecimento produzidopelas Organizações sociais évalorizado pela escola Valorização dos Saberes, métodos, tempo e espaços físicos diferenciados pela escola. Vivencia o direito de relacionar-se com a terra como cultura através dos diferentes conhecimentos e raízes históricas. Apresentação “A prática de pensar é a melhor maneira de pensar certo.” P a u l o F r e i r e “A ação transformadora só pode ser eficiente quando fundada nas relações entre teoria e prática, na vinculação de qualquer ideia com suas razões sociais.” M o a c i r G a d o t t i O Programa Escola Ativa apresenta um projeto pedagógico para a Educação do Campo, dirigido especialmente às classes multisseriadas e enfrenta o desafio de alavancar mudanças no trabalho pedagógico, na relação escola – comunidade e na produção de conhecimento. Seu propósito é estimular e formar sujeitos capazes de analisar e resolver problemas buscando a transformação da realidade do campo. As Políticas Públicas de Educação do Campo representam verdadeiras conquistas dos povos organizados. É a educação levada a sério com projetos inclusivos. Princípios em que se baseia a educação do campo I - A Educação de qualidade é um direito dos povos doCampo Relações de horizontalidade e não de verticalidade entre campo e cidade, nas forma de poder, de gestão das políticas públicas, da produção econômica e de conhecimento. Renova valores, atitudes e conhecimentos nas práticas com a terra. IV - Educação do campoenquanto produção decultura Vinculação a uma cultura que se produz por meio de relações mediadas pelo trabalho na terra (água, f lorestas), entendendo o trabalho como produção cultural de existência humana Produz uma cultura a partir das especificidades do campo, sem perder de vista a sua inter-relação como o que a cidade produz. III - A Educação do Campoprecisa ser realizada principalmente no campo. Localização da escola onde os sujeitos estão, envolvendo a comunidade. Substitui a lógica de que seestuda para sair do campopela lógica de que se estuda nocampo, para compreender, viver etransformar o campo. 7p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Para que tudo isso aconteça, é preciso que o homem do campo tenha terra para plantar, e condições para nela se desenvolver. Esse modelo de desenvolvimento colocado no campo hoje, representa uma nova proposta de produção, na qual o grande desafio é: “toda prática que ajuda a esgotar os recursos naturais deve ser criticada e evitada”. A concepção de uma educação a partir do campo supõe um modelo de desenvolvimento participativo, popular, solidário e coletivo, que compreenda campo e cidade como dois elementos de uma mesma sociedade e que não podem ser tratados de forma desigual (ver Caderno de Orientações Pedagógicas). Busca-se assim uma grande transformação dessa escola de qualidade, vivenciando alternativas diferentes, formando sujeitos problematizadores e inovadores, que tenham como base o trabalho, a sustentabilidade, a cultura e a solidariedade ligadas a vida do campo. “ A escola dá certo quando o aluno aprende e é feliz.” P a u l o F r e i r e SUSTENTABILIDADE SOLIDARIEDADE EDUCAÇÃO DO CAMPO ESCOLA DE QUALIDADE TRANSFORMAÇÃO SUJEITOS PROBLEMATIZADORES E INOVADORES VIDA DO CAMPO c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r8 AGRICULTORES FAMILIARES ExTRATIVISTAS E PESCADORES ARTESANAIS CRIANÇAS DOS ASSENTAMENTOS E ACAMPAMENTOS COMUNIDADES TRADICIONAIS, QUILOMBOLAS, CIGANOS POVOS INDíGENAS POPULAÇõES RIBEIRINHAS Durante o trabalho com os diferentes conteúdos são incorporados e trabalhados, além dos conhecimentos, a formação de habilidades, valores, normas e atitudes relacionados às distintas realidades da Educação do Campo. Inclusão na Educação do Campo. “A igualdade não é um objetivo a atingir, mas um ponto de partida, uma suposição a ser mantida em qualquer circunstância.” A m o r i m A r a n t e s No despertar desse milênio, o MEC aponta para a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos, respeitando as diversidadesregionais, culturais e políticas do país. Na Educação do Campo, o educador não pode se esquecer de trabalhar a educação de forma inclusiva, sem nenhum tipo de discriminação. Introdução “Aprender é a única coisa que a mente não se cansa nunca, sem medo e sem arrependimento.” L e o n a r d o d a V i n c i A atual coleção Ensino Aprendizagem de Ciências do Programa Escola Ativa - Educação do Campo, para os anos iniciais do Ensino Fundamental é composta de cinco livros. Os conteúdos dessa coleção foram selecionados a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais em estreita correlação com as Matrizes de Referência do Sistema de Avaliação do Ensino Básico – SAEB/INEP/MEC, considerando ainda o grupo a que se destina. Grupos a que se destina a educação do campo 9p r o g r a m a e s c o l a a t i v a É necessário pensar uma escola sem rótulos, mas com educandos sujeitos de suas próprias histórias, os quais respeitam as diferenças. Para isso, as diferentes linguagens devem ser utilizadas como meio de produzir, expressar e comunicar as idéias, de acordo com as diferenças dos próprios educandos. A Constituição propõe avanços significativos para a educação escolar de pessoas com deficiência, com direitos de igualdade garantidos no seu artigo 3º, inciso IV, no artigo 5º e no artigo 205, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para cidadania e sua qualificação para o trabalho. Assim, a escola não pode excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência. A Constituição prescreve ainda, no seu artigo 208, que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de [...] atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. Nessa perspectiva, o MEC apresenta a política pública de uma educação inclusiva de qualidade para todos, num processo de democratização da escola, influenciado pela Declaração Mundial de Educação para todos, em 1990, a Declaração de Salamanca, em 1994, e a Convenção da Guatemala, em 1999, com um novo paradigma educacional. “O grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garantisse a diversidade humana.” A partir de 2007, com o lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social, a educação passa a ser estruturada de forma inclusiva. Com o Decreto Federal nº 6.094/2007 que estabelece diretrizes do Compromisso Todos pela Educação, os educandos especiais passam a ter garantia do seu atendimento na rede pública no ensino regular. A inclusão tem causado impacto no meio escolar, especialmente entre os pais de crianças sem deficiência. Torna-se, então, necessário um esclarecimento especial dos educadores aos pais, explicando os aspectos fundamentais e legais dessa inclusão, a importância de valorizar a diversidade e dar oportunidade a todos. Agindo assim, a escola, que é uma instituição social, presta satisfação de suas práticas pedagógicas à comunidade escolar. É importante que o educador faça a adequação das atividades escolares, ajustando-as às diferentes necessidades de cada criança, apoiando e colocando os educandos especiais para trabalhar em grupos com ajuda dos próprios colegas. É fundamental que o educador tenha clareza e que ele reflita, com base no pressuposto que não basta simplesmente que o educando especial esteja junto dos outros educandos para que haja inclusão, o que importa é o que fazem esses educandos na sala de aula, que atividades realizam para que suas aprendizagens sejam significativas. Os tempos, os espaços e as formas de ensinar e aprender passam a ser ressignificados a partir das diferenças. O educador não deve simplificar nada para os educandos especiais, deve buscar diferentes maneiras de resolver os problemas e de enfrentar os desafios do dia- a-dia. O educando vai aprender desde que tenha ferramentas para tal, de acordo com as suas diferenças. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r10 Outro aspecto importante é que esse educando diferente jamais poderá ser abandonado na escola. O educador precisa criar formas de atendê-lo juntamente com os outros, pois estes são protagonistas o educando é o centro do processo ensino-aprendizagem e não simples coadjuvante desse processo. A escola existe para ele também. A legislação prevê que os educandos com deficiência sejam identificados e colocados no censo escolar pelo educador, que deverá descrever as características de cada um, possibilitando o monitoramento do percurso escolar dos mesmos. Dessa forma, tanto o educador como o educando estarão se beneficiando, pois receberão materiais específicos. Esses materiais facilitarão tanto o trabalho do educando como o do educador. Concluindo, sabe-se que o grande desafio a superar na educação inclusiva é atingir uma educação de qualidade para todos, atendendo às diversidades. Como será feito esse trabalho? Caberá ao educador criar estratégias na sala de aula, nas quais propostas pedagógicas sejam utilizadas com plena participação dos educandos especiais: cadeirantes, cegos, surdos, mudos, hiperativos e outros. Questões étnico-raciais – afrodescentes e indígenas na educação do campo “As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade do país.” A b d i a s N a s c i m e n t o Os educadores de hoje não receberam em sua formação o preparo necessário para lidar com o desafio que a problemática da convivência com a diversidade e as manifestações de discriminação dela resultante, colocando em questionamento a sua vida profissional. Essa falta de preparo que deve-se considerar como reflexo do mito da democracia racial existente no Brasil, compromete sem dúvida o objetivo fundamental da missão do educador no processo de formação dos futuros cidadãos. Não pode-se esquecer que cada um é produto de uma educação eurocêntrica e que pode-se, em função desta, reproduzir consciente ou inconscientemente, os preconceitos que permeiam a sociedade atual. Partindo da tomada de consciência dessa realidade, sabe-se que os instrumentos de trabalho na escola e na sala de aula, isto é, os livros e outros materiais didáticos visuais e audiovisuais, carregam sempre os mesmos conteúdos viciados, depreciativos e preconceituosos em relação aos povos e culturas não oriundos do mundo ocidental. Os mesmos preconceitos permeiam, também, o cotidiano das relações sociais de educandos entre si e de educandos e educadores, no espaço escolar. No entanto, alguns educadores, por falta de preparo ou por preconceitos neles introjetados, não sabem lançar mão das situações flagrantes de discriminação no espaço escolar e na sala de aula, como momento pedagógico privilegiado para discutir a diversidade e conscientizar seus educandos sobre a importância e a riqueza que ela traz à cultura e à identidade nacional. 11p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Na maioria dos casos, praticam a política de avestruz ou sentem pena dos “coitadinhos”, em vez de uma atitude responsável, que consistiria, por um lado, em mostrar que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos, mas sim, ao contrário, um fator de complementaridade e de enriquecimento da humanidade em geral; e por outro lado, em ajudar o educando discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo, quando esta foi negativamente introjetada em detrimento de sua própria natureza humana. Em 9 de janeiro de 2003foi promulgada a Lei 10.639, que altera a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional - Lei 9394/1996, incluindo no currículo escolar da rede de ensino a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afrobrasileira. Em 11de março de 2008, de forma suplementar á Lei nº 10.639, foi promulgada a Lei nº 11.645, que obriga o ensino da História e Cultura Indígena, em todas as escolas brasileiras, dos Ensinos Fundamental e Médio, tanto na rede pública, quanto nas unidades particulares, portanto, as temáticas afrobrasileira e indígena devem fazer parte, obrigatoriamente, do projeto político pedagógico das escolas. As Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, o Parecer CNE/CP 03/2004 e a Resolução 01/2004 são instrumentos legais que orientam os sistemas de ensino quanto á Educação das relações etnicorraciais e o ensino de historia e cultura afrobrasileira e indígena. O resgate da história da população negra e indígena não interessa apenas aos educandos de ascendência negra e indígena, interessa, tambem, aos educandos brancos, que vêm recebendo uma educação cheia de preconceitos. Além disso, essa memória não pertence somente aos negros. Ela pertence a todos, tendo em vista que a cultura da qual nos alimentamos quotidianamente é fruto de todos os segmentos étnicos, que apesar das condições desiguais nas quais se desenvolvem, contribuem, cada um ao seu modo, na formação da riqueza econômico-social e da identidade brasileira. Outro segmento populacional, além dos povos indígenas, que deve ser preocupação da educação do campo, são as comunidades remanescentes de quilombos. Mas, o que são comunidades remanescentes de quilombos? “Consideram - se remanescentes das comunidades dos quilombos, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a opressão histórica sofrida” ( Decreto Nº 4887/03). As comunidades remanescentes de quilombos possuem dimensões sociais, políticas, e culturais significativas, com particularidades no contexto geográfico brasileiro, tanto no que diz respeito à localização, quanto à origem. É preciso ressaltar e valorizar as especificidades de cada comunidade quando do planejamento e execução de ações voltadas para o desenvolvimento sustentável das mesmas. Levantamento realizado pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, mostra que existem comunidades remanescentes de quilombos em todas as Unidades da Federação, exceto no Acre, Roraima e Brasília. Garantir educação nesses territórios onde vive parcela significativa da população brasileira, respeitando a sua história e suas práticas culturais é pressuposto fundamental para a educação das relações etnicorraciais. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r12 O pensar e produzir interdisciplinar “O que caracteriza a interdisciplinaridade é a ousadia da busca, da pesquisa, é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir.” I v a n i C a t a r i n a A r a n t e s F a z e n d a Com essa coleção, busca-se resgatar as experiências do educando num trabalho contextualizado e interdisciplinar, promovendo a reconstrução do conhecimento, evitando a fragmentação com interação dialógica entre educador, educando e a comunidade onde ele vive. Educador IntERAçãO DIálOGO Educando EssA COlEçãO PROPõE REsGAtAR As ExPERIênCIAs DO EDuCAnDO Em suA REAlIDADE PROmOvEnDO A RECOnstRuçãO DO COnhECImEntO EsCRItA GEOGRAFIA CIênCIAs lEItuRA mAtEmátICA hIstóRIA 13p r o g r a m a e s c o l a a t i v a ÉtICA mEIO AmbIEntE COnvIvênCIA sAúDE PLURALIDADE éTNICO CULTURAL A transversalidade como consequência da interdisciplinaridade “O compromisso com a construção da cidadania pede necessariamente uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e social.” Parâmetros Curriculares Nacionais Nessa dinâmica globalizada é que foram incorporados os temas transversais. Só haverá transversalidade se houver interdisciplinaridade. Esses temas interagem de forma interdisciplinar e transversalizam, perpassando por todos os conteúdos, pois são temas emergentes do dia-a-dia de todos os comprometidos com a cidadania, com a igualdade, com a inclusão, com a não discriminação, com a participação e com a dignidade da pessoa humana. Em todos os livros esses temas estarão presentes buscando formar cidadãos conscientes de suas responsabilidades e capazes de atuar em sua comunidade, vencendo os desafios e transformando-a com criatividade, coletivamente. Quando os educandos produzem textos, escrevem bilhetes ou cartas, escrevem um parágrafo sobre determinado assunto, quando localizam o Brasil e o Japão no globo terrestre, ou descobrem a história da água na sua comunidade, estão fazendo um trabalho interdisciplinar e transdisciplinar. — Por que um trabalho interdisciplinar? Porque a vida e a realidade são interdisciplinares e ao estudá-las se está trabalhando também a Língua Portuguesa, a Geografia e a História. — Por que um trabalho transversal? Ao estudar esses temas de forma interdisciplinar, você poderá transversalizar a saúde, o meio ambiente, e todos os temas que afetam a vida da comunidade, fortalecendo a coletividade. Essa transversalidade surge em consequência da interdisciplinaridade. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r14 Estrutura da coleção “(…) Começo desenhando um cenário, rasgando-o, desenhando-o, rasgando-o (…)” B o o k No início de cada livro, há uma carta ao educando que deverá ser lida e refl etida coletivamente pelos educandos e educadores. Há também no início de cada livro, logo após a carta, uma apresentação dos ícones, que são sinais ou desenhos, dispostos sempre à margem esquerda de cada página, indicando o tipo de atividade a ser realizada. Os ícones são os seguintes: Os educandos devem identifi car rapidamente os ícones para dinamizar a realização das atividades, daí a importância de apresentá-los antes de iniciar os trabalhos. Cada caderno de aprendizagem está interligado com todos os elementos curriculares, Cantinhos de Aprendizagem, colegiado infantil, escola e comunidade. É organizado em unidades. As unidades são organizadas em módulos. Ao iniciar cada unidade, o educando saberá o que vai aprender no decorrer dos trabalhos, pois os objetivos estão colocados no início da unidade. A estrutura diferenciada dessa coleção busca facilitar a aprendizagem do educando. Durante os trabalhos, surge a necessidade de estabelecer regras de funcionamento da sala de aula, principalmente numa classe multisseriada. Essas regras serão chamadas de “combinados”, estabelecidos coletivamente pelos educandos e colocados nas paredes da sala de aula para que todos se lembrem deles a cada momento. Esses combinados muito vão contribuir para facilitar a disciplina. É importante que o educando conheça bem a estrutura do livro. Ao fi nal do livro estão as respostas das adivinhações e brincadeiras presentes em todos os livros e, logo após, o material que será utilizado nos jogos. Esse material deverá ser destacado e colado em papel resistente e recortado à medida que o trabalho for se desenvolvendo. As Atividade coletiva Atividade em grupo Atividade em dupla Atividade individual Para casa 15p r o g r a m a e s c o l a a t i v a A dinâmica da estrutura de cada módulo ao trabalhar os conteúdos A B C tRAbAlhO COm O COntEúDO. busCA DE sOluçõEs Em GRuPO, COm REsOluçãO DE ExERCíCIOs. EnFREntAmEntO DE DEsAFIOs. EnvOlvImEntO DA FAmílIA E DA COmunIDADE. vAlIDAçãO E APlICAçãO DOs COnhECImEntOs. IntRODuçãO E APREsEntAçãO. PROblEmAtIzAçãO. COntExtuAlIzAçãO DO COntEúDO. regras dos jogos devem ser bem explicadas e não se deve iniciar o jogo se houver dúvidas. É preciso quecada educando providencie uma caixinha ou envelope para colocar o material dos jogos, pois eles podem jogar novamente com esse material, fixando os conteúdos aprendidos e aproveitando o tempo quando terminar alguma atividade antes dos colegas. Quanto aos ícones, é importante ressaltar que já são do conhecimento do educando e eles terão facilidade em usá-los. Em relação ao Para Casa que aparece em cada módulo, é preciso destacar seu enfoque diferenciado, pois, com essa atividade, visa-se envolver a família e a comunidade nos trabalhos extraescolares. Estes, por sua vez, também se sentirão valorizados em participar, em contribuir, em enriquecer, em pesquisar, em mostrar a aplicação dos conhecimentos adquiridos, em explorar o domínio e a profundidade desses conhecimentos. “A educação se divide em duas partes: a educação das habilidades e a educação da sensibilidade. Sem a educação da sensibilidade, todas as habilidades são tolas e sem sentido.” R u b e m A l v e s Fundamento dos conteúdos “Diante do colar, belo como um sonho, admirei sobretudo o fio que unia as pedras e se imobilizava anônimo para que todos fossem um.” D o m H e l d e r C â m a r a Na apresentação dos conteúdos dessa coleção, é importante ressaltar que não se adotou uma estrutura linear, eles surgem no contexto dos temas tratados, permitindo ao educador considerar a realidade social, cultural e econômica de seus educandos, de modo a favorecer uma aprendizagem vivenciada com práticas coerentes e adequadas à realidade de cada um. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r16 A apropriação de conhecimentos e a formação de habilidades, atitudes e valores buscam melhorar a formação dos educandos com uma maneira atual e diferente de ver a sua vida no campo, valorizando-a, enriquecendo suas experiências e ampliando sua atuação de maneira positiva na comunidade onde vivem e nos grupos sociais a que pertencem. O uso dos ícones se justifica porque eles contribuem para a formação da autonomia do educando que passa muitas vezes a trabalhar independente do educador, interagindo com os colegas, compartilhando experiências e necessidades. Segundo Vygotsky (1991), esse processo de cooperação entre colegas, a interação entre eles, as trocas de experiências são muito importantes porque favorecem os relacionamentos sociais e o desenvolvimento interpessoal e intrapessoal, facilitando o desenvolvimento e a aprendizagem. Daí a importância dos trabalhos em grupos heterogêneos organizados com crianças em diferentes níveis de desenvolvimento, incluindo nesses grupos os educandos especiais. As crianças que estão em níveis mais avançados em leitura devem trabalhar com aqueles que ainda apresentam dificuldades, lendo textos, discutindo, sugerindo, trocando opiniões, ouvindo os colegas, cooperando na solução dos problemas e na realização das atividades. Nesse trabalho, surgem as lideranças, pois cada grupo terá seu líder, que deve ser escolhido por seus componentes e não pelo educador. “Liderança é baseada em imaginação, não na dominança; em cooperação, não na intimidação.” William Arthur Ward Recomenda-se especial atenção na organização dos grupos antes de iniciar o trabalho com os livros. As brincadeiras têm um destaque especial nessa coleção. Alguns jogos surgirão durante os trabalhos que têm por objetivo favorecer a apropriação dos conteúdos estudados. Esses jogos também têm um papel especial na socialização da criança, além de colaborar para a formação da personalidade infantil. Prevalece, nessa coleção, a ideia de que o jogo é fundamental para a educação e para o desenvolvimento infantil. “O jogo e a criança caminham juntos desde o momento em que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca. A infância carrega consigo as brincadeiras que se perpetuam e renovam a cada geração.” Educar ludicamente tem um significado muito profundo, presente em todos os segmentos da vida, é inerente a todo ser humano. Para Freinet (1989), o educando deve dedicar-se ao trabalho como se fosse um jogo, com satisfação e prazer, mas nunca considerando o trabalho como um jogo em si, tomando o lugar do trabalho ou jogando simplesmente pelo fato de jogar. De acordo com Freire (2001), o ato de buscar apropriar-se do conhecimento, de problematizar, de estudar é um trabalho penoso, difícil, que exige disciplina intelectual. 17p r o g r a m a e s c o l a a t i v a E acrescenta ainda que o homem é sujeito de sua própria história e toda ação educativa deverá promover esse individuo, sua relação com o mundo por meio da consciência crítica e de sua ação concreta com o objetivo de transformar o mundo. Sendo assim, ninguém se atirará a uma atividade séria, penosa, transformadora se não tiver alegria real, prazer, satisfação e vontade de realizá-la. E essa satisfação, essa alegria, esse prazer podem, muitas vezes, ser encontrados no lúdico, que enfatiza a libertação das relações pessoais, passivas e técnicas para as relações criativas, inteligentes e socializadas. Para Makarenko (1989), o jogo é tão importante na vida da criança como é o trabalho para o adulto, daí o fato da educação do futuro cidadão se desenvolver antes de tudo no jogo, preparando-o para a vida com cooperação, solidariedade, adaptação, inclusão, participação e tomada de decisão. Os conteúdos e sua organização “Quem sabe onde quer chegar encontra o caminho certo e o jeito de caminhar.” T h i a g o d e M e l l o Os problemas e desafios aparecem sempre no início de cada unidade. São formas de despertar o interesse do educando, estimulando-o e incentivando-o a pensar, a refletir, a conviver com a incerteza, a buscar soluções, a discutir, a ouvir a opinião dos colegas, a descobrir respostas, a pesquisar, a construir conhecimentos, a desenvolver habilidades, a formar atitudes. Os textos foram selecionados de acordo com o interesse dos educandos do campo, buscando motivá-los para o trabalho com os mesmos. Poemas, fragmentos de músicas populares, textos de outras crianças visam tornar mais leves e agradáveis os conteúdos. Pequenos textos de propagandas trazem o cotidiano para a coleção. O momento da leitura deve ser um dos momentos de grande interação entre educador e educandos. É importante que o educador prepare bem essas leituras para garantir o sucesso da atividade. Ao longo da coleção, surgem exercícios e atividades variadas. Nos livros do 1º e 2º anos, os exercícios podem ser resolvidos nos próprios livros. A partir do 3º ano, os exercícios são feitos nos cadernos dos educandos. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r18 Abordagens metodológicas “As competências são a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar diferentes tipos de situação.” P e r r e n a u d Grande parte dos assuntos mais significativos dessa proposta faz parte da realidade do educando, daí a importância do trabalho contextualizado. O trabalho com a realidade local possui a qualidade de oferecer um universo acessível de conhecimento, passível de ser campo de aplicação do mesmo. A construção do conhecimento ocorrerá em um processo que comporta atividades variadas e interessantes, colocando o educando sempre no centro da ação pedagógica. A partir da observação, experimentação, leitura, discussão, debates, jogos, brincadeiras, que levam a compreensão e a tomada de consciência, o educando terá mais condições de chegar ao saber fazer, construindo sua autonomia e autoestima, à medida que for desenvolvendo as competências cognitivas. Entende-se por competências cognitivas as modalidades estruturais da inteligência envolvendo ações e operações que o sujeito utiliza para estabelecer relações entre objetos, fenômenos e pessoas. No plano mais elementar do saber fazer estão as habilidades instrumentais.O processo de construção do conhecimento passa, necessariamente, pelo saber fazer antes de ser possível compreender, explicar, avaliar ou concluir. As competências podem ser categorizadas em três níveis distintos de ações e operações mentais que se diferenciam pela qualidade das relações estabelecidas entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Competências cognitivas COMPETêNCIAS OPERACIONAIS AÇõES QUE PRESSUPõEM RELAÇõES ENTRE OBJETOS, ATINGIDO O NíVEL DE COMPREENSÃO E ExPLICAÇÃO ORDENAR SERIAR INTERPRETAR ANTECIPAR IDEIAS CLASSIFICAR ExPLICAR COMPREENDER COMPETêNCIAS GLOBAIS AÇõES E OPERAÇõES MAIS COMPLExAS, NíVEL MAIS ELEVADO DE INTELIGêNCIA ANALISAR CRITICAR RESOLVER PROBLEMAS JULGAR AVALIAR CONCLUIR GENERALIZAR FAZER COMPETêNCIAS BÁSICAS AÇõES MAIS ELEMENTARES POSSIBILITAM A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS OBSERVAR IDENTIFICAR INDICAR RECONHECER APONTAR LOCALIZAR DESCREVER REPRESENTAR ESTABELECER DIFERENÇAS COMPARAR 19p r o g r a m a e s c o l a a t i v a É importante ressaltar que todos os níveis de ação e operação estão presentes em todos os conteúdos e em todos os níveis de escolaridade. O que determinará maior ou menor concentração de competências em cada nível será a capacidade operatória do educando caracterizada pelo desenvolvimento das estruturas da inteligência. É de fundamental importância que o educador de hoje perceba sua sala de aula não como um espaço físico, mas como espaço social onde acontecem as relações interpessoais, possibilitando ao educando o exercício de sua cidadania. O papel do educador, principalmente nas classes multisseriadas, é essencial para promover as práticas sociais de interdependência, cooperação, solidariedade, conhecimento do outro, adaptação dos educandos especiais, nas quais o educando é capaz de se expressar oralmente, saber ouvir para compreender, pois essa é a condição básica para compreender, conviver, compartilhar e lidar com os conflitos e desafios, superando-os enquanto impasses e encontrando soluções criativas e inovadoras para os mesmos. As aulas devem ser variadas e diversificadas, assim, o educador estará favorecendo a disciplina na sala de aula, o autocontrole dos educando, o surgimento de lideranças, a tomada de decisões, a inclusão. O educando tem a oportunidade de ouvir a opinião do colega, compartilhar conhecimentos e cooperar na convivência com o grupo. É importante ainda que fique evidente que erros e faltas devem ser analisados, que errar faz parte da vida humana e que reconhecer isso é oportunidade para crescimento da pessoa. As normas de funcionamento dos grupos devem ser criadas e combinadas pelos próprios educandos, devendo ser expostas nas salas de aula. As atividades coletivas devem ser incentivadas e este é o momento em que todos socializam o que foi aprendido e o que foi construído nessas atividades, havendo nessa oportunidade condições de encontrar soluções para os problemas, esclarecendo duvidas, pois é um momento de participação de todos os educandos com colaboração do educador, que deve intervir sempre quando for necessário ou quando for solicitado. No início de cada unidade estão listados os objetivos que nortearão as ações, os estudos e as investigações a serem realizados. Os conteúdos de aprendizagem adotados são distribuídos em três grandes grupos. Grupos dos conteúdos de aprendizagem CONTEúDOS PROCEDIMENTAIS ENVOLVEM O SABER FAZER CONTEúDOS ATITUDINAIS ENVOLVEM O SER, REGRAS, NORMAS, COMPORTAMENTOS CONTEúDOS CONCEITUAIS ENVOLVEM O SABER c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r20 Esta compartimentação não quer dizer que um conteúdo de um grupo tem que ser desvinculado de outro grupo. Eles podem e devem ser trabalhados articuladamente, associando a teoria e a prática. As diferenças e semelhanças entre os grupos de conteúdo é que permitem ao educando chegar às conclusões e apropriar-se ativamente do conhecimento. O educador não pode se esquecer de que, durante cada conteúdo trabalhado, devem ser desenvolvidas atividades de avaliação de maneira variada, buscando nessas atividades gerar a construção de significados que emergem da interação dinâmica da ação e reflexão em todos os níveis de competência cognitiva, desenvolvendo ainda a importante capacidade de autoavaliação e, principalmente, adaptando o instrumento de avaliação aos educandos especiais. À medida que o educador for trabalhando com os conteúdos, os educandos vão fazendo seus compromissos e assumindo suas responsabilidades, sempre que for possível, durante as atividades. Esses compromissos podem ser estendidos aos pais e a toda comunidade. Esses compromissos também são verdadeiros desafios que podem surgir de campanhas realizadas pelos educandos, de exposições, de aulas-passeio, de plantações de horta, de jardim e de outras atividades que envolvem a comunidade. Devem ser avaliadas também as habilidades sociais, os valores e atitudes necessários ao exercício consciente da cidadania em busca do sucesso. A avaliação se caracteriza por ser um processo que busca crescimento pessoal e coletivo, sendo contínuo, no qual o educador interage, participa do processo, direciona todo o trabalho, como já foi dito no capítulo Avaliação. A partir da reflexão do educador sobre o processo de aprendizagem e sobre as condições oferecidas por ele para que a aprendizagem possa ocorrer, ele vai verificando o que é básico e essencial, sem se preocupar com a devolução mecânica do conteúdo ensinado. Assim, o educador terá subsídios para compreender a avaliação como diagnose de todo o processo de trabalho, para que ele seja reformulado continuamente, onde e quando for necessário. Avaliação como processo contínuo “A avaliação educativa olha ref lexivamente para trás somente para comprovar quão longe já deixamos o ponto de partida em nosso progresso constante, sem prestar tanta atenção ao ponto de chegada.” J u a n M a n u e l A l v a r e z Numa perspectiva sociointeracionista com ênfase nas relações e interações coletivas, sociais e históricas, como é o caso dessa coleção, a avaliação é vista como qualitativa, processual e formativa, devendo acontecer no dia-a-dia e nunca só ao final de uma unidade ou de um estudo, sendo adaptadas aos educandos especiais. AvaliaçãoCOMO AVALIAR? QUANDO AVALIAR? POR QUE AVALIAR? PARA QUE AVALIAR? 21p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Nesse sentido, a avaliação se constitui em um processo que envolve uma mudança de concepção de comportamento cultural, sendo considerada como instrumento escolar, com aspecto inovador, apresentando-se como uma tarefa necessária e difícil. Precisa perder seu caráter classificatório, não classificando, mas situando o educando no grupo a que pertence. Assim, o educador observa os educandos, seu desempenho nas atividades, o desenvolvimento das habilidades cognitivas, suas atitudes, fazendo anotações de seus progressos, analisando essas anotações e discutindo com eles na Ficha de Avaliação e Progresso – FAP, o desempenho de cada educando. É importante ressaltar qual será o uso que o educador fará dessas anotações, dessa análise feita do desenvolvimento do educando e seu progresso no dia-a-dia. Essas anotações devem reorientar a prática pedagógica do educador, com intenções que busquem a melhoria do desempenho dos educandos. “Não avalio as crianças em função de seus saberes. São os saberes que devem ser avaliados em função das crianças. É isso que distingue um educador. Um educador não está a serviço do saberes. Está a serviço de seus alunos.” Rubem Alves É preciso dar à avaliação seu autêntico sentido pedagógico, não como sanção, julgamento, punição, valor ou instrumento de poder do educador contra o educando, mas como auxiliar no processo de ensinoe de aprendizagem, para sempre refazer e reconstruir a prática pedagógica como ferramenta do educador buscando melhorar sua prática como uma tarefa política conferida a ele. Além de tudo isso, é importante diversificar os instrumentos de avaliação, de forma a dar oportunidade aos educandos de avaliar os colegas de grupo, de outros grupos, sua participação, seu interesse, sua atuação nas diferentes atividades, e ainda dando-lhes oportunidade de se autoavaliar, demonstrando evidências de seu sucesso, de seu progresso no decorrer dos trabalhos, e também suas dificuldades e erros de percurso. Para essa autoavaliação, há um caderno especial. É uma atividade essencial para que o educando tenha consciência de sua evolução e de seu progresso. A avaliação realizada ao final de cada unidade, com sugestões ao final do livro, também deve ser levada em consideração, pois a mesma envolverá avaliação de conhecimentos e habilidades, avaliação de competências. Essa avaliação poderá ser levada em consideração como diagnóstico. O educador poderá também discutir a prova com o educando, ouvindo-o. É fundamental que o educador desenvolva neste contexto a “Pedagogia da Escuta”. Como é importante saber ouvir... Ouvir para refletir, para pensar e repensar sua prática pedagógica, se necessário, reformulá-la, reconstruí-la ou adaptá-la. Assim, a avaliação é contínua, acompanhando as aquisições sucessivas dos educandos, devendo levar em conta o desenvolvimento humano da criança nas dimensões cultural, social, biológica e afetiva. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r22 Recomendações ao educador para uso dos livros “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição de qualquer forma de discriminação.” P a u l o F r e i r e Para que o educando aprenda a usar os livros da coleção de Educação do Campo, recomenda- se ao educador: 1 conhecer bem a coleção antes de iniciar o trabalho com os educandos; 2 apresentar a coleção aos educandos, destacando aspectos importantes, tais como: capa, introdução, ícones, índice, ilustrações etc.; 3 explicar que essa coleção foi escrita e produzida especialmente para eles, educandos do campo; 4 procurar estabelecer uma relação de empatia entre os educandos e a coleção, mostrando que essa é uma coleção diferente, com a qual todos vão aprender, pois todos são capazes de construir o seu sucesso; 5 trabalhar sempre com a coleção, de acordo com as instruções, preparando suas aulas diárias, evitando o improviso, valorizando os Cantinhos de Aprendizagem; 6 destacar a importância do reconstruir a aprendizagem, quando houver qualquer O educador registra o tempo todo esse acompanhamento do educando, seu progresso, como já foi dito, dando-lhe chance de refazer seus trabalhos, quando necessário. Uma última reflexão torna-se necessária, isto é indispensável: “Mudar o processo de avaliação não é fácil, pois se busca conhecer o outro numa avaliação coletiva.” Por que coletiva e não como opção pessoal? Porque envolve educandos, seus pais, coordenação pedagógica. Todos os envolvidos devem compreender a importância dessa tarefa. Para que essas mudanças sejam possíveis, deverão ser implementadas pelos educadores e que agreguem também toda a comunidade escolar, que deve ser comunicada e ouvida em todo o processo de ensino-aprendizagem. É preciso ainda que o educador pense sempre criticamente sobre sua prática pedagógica, discutindo a mesma com a coletividade, reformulando-a sempre que necessário. Para isso, é importante que todos tenham clareza que podem dar sugestões, colocando-as na caixa de sugestões que existe na escola, e contribuindo também para que a comunidade busque a escola de qualidade que tanto almeja. Além da caixa de sugestões, os pais e toda a comunidade terão oportunidade de conhecer e avaliar o trabalho da escola no “Dia das Conquistas”, quando serão apresentadas pelos educandos todas as suas conquistas, seus conhecimentos, seus progressos e suas realizações. 23p r o g r a m a e s c o l a a t i v a dificuldade, mostrando sempre que o fazer e o refazer fazem parte do processo de construção do conhecimento; 7 buscar constantemente o vencer desafios, para a solução dos problemas do dia-a-dia na escola, na família e na comunidade; 8 valorizar as experiências dos educandos, a troca de conhecimentos e o trabalho solidário, agindo sempre como mediador, problematizador e estimulador na construção do conhecimento; 9 justificar a importância de atividades variadas, ao longo da coleção, destacando o valor da cooperação, da busca de informações na construção do conhecimento; 10 respeitar os educandos em suas diferenças (socioeconômicas, étnico-raciais, de gênero e geração) e em suas diversidades, acompanhando-os frequentemente, adequando as atividades, dando maior assistência aos que tiverem mais dificuldades, nunca antecipando a eles ou dando-lhes respostas prontas para suas dúvidas; 11 utilizar sempre o kit pedagógico em suas aulas, enriquecendo e ilustrando o conteúdo dos cadernos de aprendizagem com esse material; 12 desenvolver a “pedagogia da escuta”, sabendo ouvir o educando com atenção, compreendendo que existem diversas formas de expressão da criança que utiliza várias linguagens para se comunicar; 13 estabelecer um diálogo permanente com a Educação do Campo, buscando atender às necessidades do campo em suas diversidades; 14 utilizar todas as oportunidades inteligentes para provocar o pensamento do educando, pois pensar é uma forma de aprender, crescer, buscar soluções, inferir, analisar, generalizar, criticar e construir uma escola do campo de qualidade; 15 organizar, durante todo o ano, o material para a construção da monografia da comunidade (para uma melhor explicação, ver o livro do educador de História), na qual deverá constar a contribuição da escola para a melhoria da qualidade de vida na comunidade. “É mais fácil dar tudo pronto aos alunos do que ensiná-los a pensar.” A u g u s t o C u r y Papel do educador de Ciências “Professores fascinantes têm como objetivo fundamental ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações.” A u g u s t o C u r y É preciso que cada um dos educadores da Educação do Campo, profissionais sérios e comprometidos com o seu papel de educador, valorize essa educação que ministra e proponha ações para o seu constante aprimoramento. É necessário que esse educador-mediador seja também aprendiz, pesquisador e, antes de tudo, educador com compromisso social. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r24 Ele deve criar um ambiente de aprendizado que potencialize observação, interpretação, comparação, descoberta, levantamento de hipóteses e experimentação até chegar à construção de conceitos científicos ou generalizações e conclusões. Ele deve incentivar os educandos a construir um Cantinho de Ciências, onde deve colocar plantas, cartazes e produções de textos dos educandos sobre o conteúdo estudado. No ensino de Ciências, os conhecimentos conceituais (“o saber”), as metodologias de trabalho científico (“o saber fazer”) e as atitudes científicas (“o ser”) devem ser sempre considerados no trabalho com a realidade tão diversificada. A escola, a sala de aula, o laboratório e outros espaços disponíveis devem permitir o desenvolvimento dessas habilidades. Quando se fala em laboratório, pergunta-se: qual laboratório? Não é um laboratório como local físico, mas um estado de competência do educador. Uma sala de aula, uma quadra, um pátio, uma horta ou até debaixo de uma árvore podem ser transformados em laboratório, desde que nesses locais estejam presentes o desafio, a problematização, a investigação, a pesquisa num trabalho criativo e crítico. O papel do educador é, sem dúvida nenhuma, o de umcidadão em pleno exercício da cidadania, capaz de estar atento às transformações da comunidade onde está inserida a escola e engajado nessa sociedade, contribuindo para que essas transformações aconteçam. É preciso que o educador conscientize seus educandos de que a ciência é responsável por muitas transformações ao seu redor e que nem sempre são accessíveis a todos. Quem ainda não ouviu falar dos alimentos orgânicos? Esses alimentos são naturais, pois não se utiliza fertilizantes nem aditivos artificiais e nem agrotóxicos na sua cultura. Utiliza-se adubo natural. Em muitos casos, há hortas hidropônicas, plantas cultivadas na água, em estufas. No entanto, esses alimentos naturais têm o custo de produção maior e, consequentemente, são mais caros, pois demoram mais tempo para serem cultivados. Muitos agricultores têm investido na cultura desses alimentos que precisam ser plantados e cultivados com técnica especial. Esses alimentos são excelentes para a saúde. É a ciência a serviço do ser humano e da natureza. Essa mesma ciência põe também em risco, muitas vezes, a sobrevivência do ser humano, quando o uso da tecnologia avançada pode provocar a destruição e degradação do meio ambiente. Quem ainda não ouviu falar do uso dos fertilizantes e agrotóxicos na agricultura? E o que fazem o agrotóxico e o fertilizante? Eles alteram todo o ecossistema, desequilibrando a cadeia alimentar, matando insetos de maneira desordenada, destruindo plantas, poluindo o solo, a água e contaminando o alimento produzido. É isso que queremos para nós e para nossos filhos? O conhecimento dessa realidade, na verdade, passa a ser, então, um desafio: como utilizar a ciência para melhorar a qualidade de vida da comunidade? Como utilizar a ciência para melhorar cada vez mais a qualidade de vida do ser humano no planeta, preservando a natureza? 25p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Reflexões para o educador de Ciências “A minha entrega à alegria de viver, sem que esconda a existência de razões para tristeza na vida, (que) me prepara para estimular e lutar pela alegria na escola.” P a u l o F r e i r e As condições básicas que permitem ao ser humano e aos animais perpetuar-se enquanto espécie provém da interação adaptativa com a natureza. No entanto, a atividade dos animais em relação à natureza já está determinada. Os animais nascem, crescem, acasalam, nascem os filhotes e as mães cuidam deles até que possam viver independentes — quem ensina isso para eles? Tudo isso faz parte de sua natureza. Eles atuam sobre o meio ambiente de forma a permitir sua sobrevivência imediata e de sua prole, de geração em geração, com poucas alterações. Por outro lado, o ser humano, ao mesmo tempo em que possui sua origem animal, diferencia- se profundamente dessa origem ao viver socialmente e se humanizar pelo trabalho. O ser humano tem então necessidades ao produzir o trabalho de conhecer e explicar, com suas teorias, os fenômenos da natureza e suas leis que regem esses fenômenos. O conhecimento constitui-se, portanto, em um processo humano no qual o ser humano busca sempre a satisfação de suas necessidades. A ciência prática está voltada para o conhecimento da natureza, tem o objetivo de dominar e transformar essa natureza, dotando a vida de inventos e recursos. Assim, o conhecimento dos ciclos da natureza garante o desenvolvimento da agricultura, a descoberta de elementos químicos, tais como ferro, chumbo, cálcio, oxigênio, hidrogênio e outros minerais, permitindo a construção de armas e outros instrumentos. Ao estudar os fenômenos da natureza, o homem percebe que eles são regidos por leis, podendo ser medidos, experimentados e demonstrados. O ser humano procura dominar as forças naturais, transformando-as para satisfazer suas necessidades. Com o avanço tecnológico, o ser humano passa a produzir além de suas necessidades, dominando as ciências da natureza e colocando a seu serviço a energia do sol, do ar, da água, do solo, dos minérios, buscando facilitar o seu trabalho, que passa a ser feito com menos força e com mais facilidade. No mundo de hoje, somos uma sociedade que depende cada vez mais da CIÊNCIA e da TECNOLOGIA. Essa tecnologia, que muitas vezes destrói, polui e prejudica o meio ambiente, precisa ser compreendida, repensada em seus valores sociais, como produção humana historicamente contextualizada. Mas o ser humano não pode se esquecer de que para satisfazer plenamente as suas condições básicas de vida, necessita estar em equilíbrio sustentável com o ecossistema, relacionando- se bem com a natureza, sem destruir, sem queimar, sem poluir o solo, o ar, a água, conforme especificado nas atividades do livro 4, cujo tema principal é a natureza. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r26 PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE MELHOR QUALIDADE DE VIDA INTERAÇÃO DINÂMICA ÁGUA SOLO SER HUMANO SERES VIVOS AR SOL Conscientização do ser humano em manter o equilíbrio do ecossistema “É preciso que a escola progressista, democrática, alegre e capaz repense a questão das relações entre corpo consciente e mundo.” P a u l o F r e i r e O ser humano precisa estar em constante interação dinâmica com tudo que está à sua volta, e que faz parte da natureza outros seres vivos, água, sol, ar, solo, buscando constantemente a preservação do meio ambiente para que tenha melhor qualidade de vida. O objetivo do trabalho de Ciências é fazer com que o educador e o educando compreendam que é importante também trabalhar a saúde na dimensão social durante todo o Ensino Fundamental, quando as relações ser humano-ser humano e ser humano-natureza mostrem a saúde como problema que depende da alimentação, do vestuário, da moradia, do lazer, da higiene, sendo, portanto, uma consequência do nível de vida da população. Torna-se então importante valorizar e colaborar com o agente de saúde do município que visita as residências do campo, que conversa, que aconselha, que fiscaliza os ambientes, que age de maneira positiva, buscando uma melhor qualidade de vida para a comunidade e, consequentemente, para o país. É preciso ainda destacar que a política da saúde no Brasil preocupa-se não só com o aspecto curativo, mas, principalmente, preventivo, no sentido social, pessoal e ambiental. Tendo clareza disso, faz-se necessário explicar que o atual ensino de Ciências não se baseia apenas 27p r o g r a m a e s c o l a a t i v a em descrição de conceitos e definições ou citações isoladas de nomes de ossos, órgãos ou sistemas, mas um trabalho no qual o educando pensa, observa, experimenta, discute, contextualiza em sua realidade o conteúdo que estuda, compreendendo-o e utilizando-o. É fundamental que o educando compreenda as transformações que ocorrem de maneira dinâmica na matéria e na energia, que não existem separada ou isoladamente na natureza. É importante ainda que ele entenda que as transformações que ocorrem nos fenômenos da natureza são regidas por leis naturais e universais que ocorrem no tempo e no espaço e que muitas vezes, quando essas transformações são dirigidas pelo ser humano, causam transtornos no equilíbrio da natureza e na saúde, causando efeitos destruidores, como terremotos, tempestades, inundações, enchentes etc. Sabe-se que se faz necessário transformar a escola em espaço de desenvolvimento do pensamento, de discussão, de análise, de reflexão da realidade, de inclusão e não discriminação etnorracial, com participação ativa do educando que olha, escuta, pega, observa, satisfaz sua curiosidade natural, seus interesses, abordando temas de sua realidade ou de seu cotidiano. E para chegar a isso, é preciso comprometimento, envolvimento e participação de cada educador responsável. É preciso aguçar a criatividade da criança, é necessário colocar em ação habilidades,atitudes e valores, buscando reconstruir uma nova visão do mundo... É importante ainda destacar a utilização das habilidades da leitura e escrita em Ciências, em várias situações de sala de aula, desde as anotações simples até a interpretação de textos ou de representações gráficas ou de produção de textos para trabalhar os diferentes conteúdos. É através da representação escrita que a ciência constrói a sua realidade. O educando precisa conhecer o vocabulário específico de Ciências para compreender o conteúdo estudado. Muitas vezes, uma mesma palavra pode ter vários significados, conforme o contexto em que está inserida, daí a importância de saber interpretar o que lê. Assim, ler e escrever em Ciências é muito mais do que simplesmente interpretar um texto como forma de aprendizagem, mas com objetivos de construir e conhecer realidades diferentes. Pretende-se ainda que a ciência trabalhada na escola possibilite a leitura do mundo do educando e sua realidade. No entanto, conforme já foi dito, a ciência tem seu vocabulário próprio para explicar essa realidade do educando e explicar as inter-relações existentes no seu mundo. Ela enfatiza o mundo dos acontecimentos de maneira contextualizada, isto é, de acordo com a realidade do educando. Para representar e ler este mundo, é preciso que o educando perceba sua realidade, estabelecendo relações entre os elementos dessa realidade. Ler o mundo significa apropriar- se das diferentes formas de pensar e explicar os fenômenos que acontecem no dia-a-dia, estabelecendo relações entre os saberes que fazem parte da sua cultura. Assim, “(...) a leitura do mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade daquela.” F r e i r e ( 1 9 9 3 , p . 2 0 ) O ler e escrever não se apresentam como meros instrumentos da cultura no estudo de Ciências, mas passam a fazer parte do universo amplo de possibilidades do educando que busca conhecer seu mundo e transformá-lo. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r28 Será que essa escola do campo, hoje, consegue atingir seu objetivo no trabalho de Ciências? Será que essa escola está formando leitores capazes de compreender a linguagem de Ciências, relacionando os fatos e os fenômenos à sua realidade, buscando transformar essa realidade, ou apenas ledores de Ciências? Será que os educandos da Educação do Campo são capazes de selecionar ideias em um texto, refletir sobre elas e criticá-las? “Os livros não são feitos para acreditarmos neles, mas para serem submetidos à investigação. Diante de um livro, não devemos nos perguntar, o que diz, mas o que quer dizer.” E c o ( 1 9 8 3 ) Assim, a leitura crítica das transformações direcionadas pelo ser humano sobre o meio ambiente é condição para uma análise articulada dos conteúdos básicos que são integrados e articulados de maneira dinâmica pela ação transformadora do ser humano com a natureza. Dessa forma, o educador estará instrumentalizando a criança, hoje, dotando-a de atitude científica, fazendo da escola do campo um ambiente de percepção, de valorização e reconhecimento da diversidade. Quanto maior a interação da criança com seus colegas e com o seu meio social, maior será a base de experiências vividas e maior ainda será a troca com o mundo à sua volta. “Uma ideia transforma-se em pó ou magia, dependendo do talento de quem nela tocar.” W i l l i a m B e r n b a c h Objetivos gerais do ensino de Ciências no ensino fundamental “Reverências pela vida é uma condição interior, um perfume que envolve todas as coisas e nos enche de respeito para com tudo aquilo que vive.” R u b e m A l v e s • Compreender a ciência como processo de produção de conhecimento, identificando as relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e melhoria de condições de vida. • Perceber-se como parte integrante da natureza, capaz de transformar o ambiente onde vive, buscando a sua melhoria. • Adquirir espírito de observação das coisas da natureza, posicionando-se de maneira crítica e construtiva diante das diferentes situações do dia-a-dia. • Compreender a saúde pessoal, social e ambiental como bens individuais e coletivos que devem ser preservados pela ação de diferentes agentes. • Utilizar corretamente os conceitos científicos associados à matéria e energia, espaço e tempo, sistema e suas transformações, equilíbrio e vida. 29p r o g r a m a e s c o l a a t i v a • Diagnosticar problemas reais e propor soluções, colocando em prática conceitos, procedimentos e atitudes construídos no estudo de Ciências. • Articular os diferentes procedimentos adotados no trabalho de Ciências, visando à adaptação e construção do conhecimento. • Valorizar o trabalho em grupo como forma cooperativa e crítica de construção do conhecimento, partilhar de informações, suscitando o desejo de aprender, dominando dificuldades e superando obstáculos. • Conscientizar o educando de que a ciência torna a vida mais confortável, mas, muitas vezes, põe em risco a sobrevivência do ser humano. • Compreender a avaliação como um processo contínuo, possibilitando sempre o diagnóstico do trabalho realizado, que deve levar à reformulação e reconstrução da prática pedagógica. • Envolver a família e a comunidade nas atividades escolares, buscando melhorar a qualidade de vida e formar cidadãos conscientes dos problemas do dia-a-dia e solidários. • Conscientizar o educando dos problemas ambientais causados pelos seres humanos, mostrando que o educando pode, com suas pequenas ações, ajudar a salvar o planeta de sua destruição. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r30 Orientações para o livro 1 “O professor que despertar o entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter.” J o h n D e w e y Este primeiro livro tem como tema estudar os seres vivos da natureza: animais e plantas. Qual é a criança que não gosta de animais e plantas? Este primeiro livro busca atender aos interesses dessa criança de 6 (seis) anos que está iniciando um novo ciclo de sua vida, entrando na escola fundamental. O livro 1 de Ciências apresenta duas unidades. A primeira, denominada Estudando os animais. Essa unidade é constituída de 9 (nove) módulos/subunidades, a saber: • Quantos animais… • Animais grandes domésticos. • Animais selvagens do Brasil. • Animais selvagens de outros lugares. • Animais de tamanho médio. • Proteção aos animais. • Animais pequenos. • Animais muito pequenos. • Mais animaizinhos… A segunda unidade é denominada Estudando as plantas. Essa unidade é constituída de 8 (oito) módulos ou subunidades, a saber: • Quantas plantas… • Árvores • Mais árvores… • Proteção das árvores • Arbustos 31p r o g r a m a e s c o l a a t i v a • Plantas pequenas • Cuidado com as verduras • Plantas de jardim Antes de iniciar o trabalho com o livro, leia para os educandos a carta da autora, procurando incentivá-los para o trabalho com Ciências. Os objetivos ou competências da primeira unidade são: • identificar e descrever os animais grandes, médios e pequenos que existem perto de sua escola e de sua casa; • explicar formas de cuidar desses animais, citando sua utilização pelo ser humano; • identificar e descrever animais grandes que vivem nas matas; • aprender a proteger os animais. Apresente os objetivos ou competências para os educandos. Discuta com eles tudo o que vão aprender. Fale dos módulos/subunidades. Apresente cada módulo para os educandos. Deixe que eles comentem os assuntos. Em todas as unidades, busca-se contextualizar cada tema com perguntas que devem ser discutidas pelos educandos antes de dar início ao trabalho propriamentedito. O educador vai, muitas vezes, introduzir conteúdos fora da sala de aula, com aulas-passeio ou visitas programadas nas quais o educando vai observar, conhecer e pesquisar. wSabe-se que estamos falando de uma escola multisseriada, portanto, enquanto o educador sai da sala de aula com determinada turma, os outros educandos permanecem na sala, trabalhando em grupos em temas diferenciados. Essas aulas devem ser cuidadosamente preparadas para garantir o sucesso do trabalho. Antes de sair da sala, os educandos devem saber o que vão fazer, o que vão observar. Devem abrir bem os olhos para ver, os ouvidos para ouvir e o coração para sentir… Devem estar atentos para que sejam capazes de realizar bem as tarefas ao voltar à sala de aula. Essas saídas da sala de aula, aulas-passeio, devem ser bem objetivas e rápidas. Devem ser avaliadas no retorno à sala de aula. Incentive o respeito aos animais, incentive o educando a não permitir que as pessoas os maltratem, pois eles são seres vivos como nós, eles sentem dor e ficam tristes como nós. É importante também incentivar o educando a escrever. Utilize letras em caixa alta, como no livro, para facilitar a escrita das crianças. Não corrija o que o educando escreve, ele mesmo vai perceber suas falhas, seus erros, e aos poucos vai construir esse conhecimento. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r32 Sempre depois dos exercícios em grupos, os educandos devem apresentar o que o grupo realizou para seus colegas e educador. Assim, há oportunidade para enriquecer os trabalhos e refazer o que não ficou claro ou ficou incorreto. Explique que as crianças especiais merecem o respeito de todos e precisam da colaboração de todos nos grupos. Explique ainda que eles também podem colaborar com os grupos de maneira positiva. Nas discussões, é muito importante que o educando se sinta à vontade para falar, para participar, para relatar suas experiências vivenciadas. As ilustrações devem ser analisadas em seus pormenores, pois são fotos com riqueza de detalhes. Algumas músicas surgem ao longo da unidade. São músicas populares ou cantigas populares que devem ser cantadas com entusiasmo. Algumas letras de música podem ser criadas pelos educandos. Poemas serão também encontrados. Esses devem ser trabalhados de forma a desenvolver a sensibilidade das crianças e nunca interpretados. Em alguns módulos vão surgir jogos que devem ser incentivados, pelo educador, uma vez que o lúdico faz parte da vida da criança. No Para Casa, a família e a comunidade serão envolvidos de verdade nas atividades, buscando sempre ouvir e valorizar a forma de ver o mundo das pessoas mais idosas da comunidade, que construíram seu conhecimento ao longo da vida. Esta é uma forma de não discriminação de geração. É fundamental valorizar o conhecimento das pessoas mais idosas da comunidade, de gerações mais velhas, como fazem os negros e os índios que deram grande contribuição à formação do povo brasileiro desde a época do descobrimento. A segunda unidade, Estudando as plantas, tem por objetivos: • identificar as plantas grandes, médias e pequenas; • identificar as árvores, citando sua utilidade; • explicar a importância dos arbustos para o ser humano; • identificar plantas pequenas de jardim e de horta e plantas medicinais, citando sua utilidade. Não se esqueça de apresentar os objetivos ou competências para os educandos e os módulos/ subunidades. Mais aulas-passeio serão realizadas na segunda unidade. Caro educador, cuide para que essas aulas sejam bem preparadas para garantir o sucesso da aprendizagem. O planejamento é o ponto de partida para qualquer trabalho bem feito. Se, por acaso, for visitar propriedades públicas ou particulares, não se esqueça de preparar os educandos para a visita, contactando os responsáveis, solicitando a visita, aproveitando a oportunidade para escrever cartas coletivas, com a colaboração das crianças e do educador, para os mesmos. 33p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Educandos do campo, em geral, conhecem muito de plantas. Deixe que eles falem e interajam, colocando para os colegas seus conhecimentos e ouvindo o conhecimento de seus colegas. É importante que o educador faça com que todos participem ativamente das aulas. O educador não deve se esquecer do Cantinho de Ciências, que deve estar sempre atualizado de acordo com o conteúdo estudado. Incentivar também a pesquisa em livros, revistas ou com pessoas da comunidade, curandeiros, benzedeiros e pessoas mais idosas da comunidade para enriquecer o conteúdo do livro e valorizar a cultura dos antepassados. É preciso ter uma atenção especial aos murais da sala de aula, que devem ser feitos pelas crianças, apenas supervisionados pelo educador. Mais uma vez, é importante insistir que o educador trabalhe com seus educandos atividades que desenvolvam habilidades de comparação, análise e conclusão, atividades essas que desenvolvem o pensamento. Valorizar sempre a observação atenta das coisas da natureza é fundamental, formando em seus educandos atitudes de respeito à natureza, respeito às árvores e à vegetação, mostrando-lhes os prejuízos das queimadas e dos desmatamentos. Valorizar as frutas, as plantas da horta, do jardim, do campo e as plantas medicinais, pedindo aos educandos para trazer a contribuição das pessoas de sua família sobre as plantas medicinais. É importante ressaltar os cuidados com as frutas e verduras que comemos cruas. O educador deve incentivar seus educandos a enfeitar a escola e a sala de aula com flores. Plantar vasos de flores com eles, plantar flores na frente da escola. Plantar uma horta com seus educandos e ensiná-los a cuidar das plantas é importante. Na horta, plante um canteiro de plantas medicinais. Divida entre os grupos os trabalhos! Peça a colaboração da comunidade para o plantio da horta. Educador, visite curandeiros da comunidade sem os educandos! Converse com eles sobre seus conhecimentos e sua origem. Observe se esses conhecimentos têm origem nos povos africanos ou indígenas. Peça aos educandos para pesquisar: — Qual a origem das plantas medicinais, do uso de chás variados? De onde viriam esses conhecimentos? Deixe que o educando faça sua autoavaliação quanto à participação nos trabalhos, na sala de aula, em casa ou na comunidade. Avalie sempre as crianças. Avalie sua participação, seus progressos e até seu entusiasmo nas diferentes tarefas do dia-a-dia. Discuta com cada um o seu progresso ou seu fracasso para que ele tenha oportunidade de refazer o que foi trabalhado. Reoriente-o sempre que necessário. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r34 Não se esqueça de trabalhar a elaboração dos combinados, com os educandos, colocando-os na sala de aula para serem lembrados. Esses combinados favorecem a disciplina na sala de aula. O educador deve valorizar também os trabalhos em grupo, criando em sua sala de aula um ambiente de aprendizado que potencialize o desenvolvimento do pensamento. Deve ainda incentivar o jogo como parte do lúdico, sempre que surgirem nos módulos. Preparar com cuidado o material que será apresentado no Dia das Conquistas. É fundamental que as crianças tenham uma relação afetiva com a escola e com o estudo, passando a ter prazer em fazer, prazer em vir à escola. Que o educador seja um profissional com boas relações interpessoais, exercendo liderança e tendo sua mente aberta a mudanças. Que contribuição sua turma terá para o Dia das Conquistas? “A diferença entre professores e educadores está no olhar. O professor olha para os saberes. O educador olha para os alunos.” R u b e m A l v e s 35p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Orientações para o livro 2 “O verdadeiro educador tem enorme capacidade de encorajar seusalunos, ainda que seja com o seu olhar. Usa os seus erros como adubo, não como objeto de punição; consegue ouvir o que as palavras não dizem e ver o que as imagens não revelam.” A u g u s t o C u r y Os órgãos dos sentidos, seres da natureza e o tempo representam os temas principais do livro 2. Com os órgãos dos sentidos, o educando vai aprender a olhar e ver de verdade, a ouvir e escutar de verdade, a perceber de forma diferente as coisas da natureza e do tempo. Antes de iniciar o trabalho com o livro, leia a carta da autora aos educandos. O livro 2 apresenta 4 (quatro) módulos/unidades, a saber: A primeira unidade, obsErvando E dEscobrindo, com apenas um módulo/subunidade: • Como você percebe as coisas à sua volta? A segunda unidade, idEntificando os órgãos dos sEntidos, tem 2 (dois) módulos/subunidades, a saber: • Descobrindo muitas coisas. • Mais coisas para descobrir. A terceira unidade, conhEcEndo o mEio ambiEntE, tem 5 (cinco) módulos/subunidades, a saber: • Percebendo a natureza. • Identificando seres da natureza. • Plantas… Para quê? • Mais plantas. • Interação entre os seres vivos. A quarta unidade, Estudando o tEmpo E a vida, tem 2 (dois) módulos/subunidades, a saber: • Variando as atividades de acordo com o tempo. • Brincando de sol e Terra. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r36 Os objetivos ou competências da primeira unidade, Observando e descobrindo, são: • observar usando os sentidos; • reconhecer a importância dos órgãos dos sentidos; • descobrir coisas, utilizando os sentidos. Leia os objetivos para os educandos, para que eles saibam o que vão aprender. Apresente os temas dos módulos/subunidades para os educandos, à medida que eles forem surgindo no livro. Incentive os educandos a responder às perguntas para que eles coloquem suas experiências, suas vivências em relação à percepção de calor, de dor e outras. Pergunte: como vocês sabem se uma fruta está madura? Exemplifique. Existe fruta que está madura e tem a cor verde? Qual(is)? Recomende-os que, ao escolher a fruta para observar, é importante que seja uma fruta da região e que eles conheçam bem essa fruta. Dirija a observação, incentivando-os a participar, antes do início da atividade com perguntas: — Como vocês podem observar? — O que vocês vão precisar para observar? — O que vocês vão observar? — Onde vocês vão realizar a observação? — Por que vocês vão observar? — Para que vocês vão observar a fruta? Cuidar para que os educandos façam bem a observação em dupla. Dê um tempo para realizar a observação, aproximadamente 15 (quinze) minutos. Depois da observação, o educador pede que apresentem para os colegas a fruta observada. Trabalhe com os educandos para que ouçam a apresentação dos colegas, com interesse e atenção. Peça aos educandos para que avaliem as observações feitas. Ao introduzir os órgãos dos sentidos, cada educando poderá mostrar no próprio corpo os sentidos. Por exemplo: você vê com os olhos. Mostre os seus olhos. Você sente cheiro com… 37p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Mostre o nariz completando a frase: Você ouve com… Mostrar as orelhas, onde estão os ouvidos e assim por diante. Escrever no quadro, em caixa alta, logo após essa atividade, os nomes dos órgãos que os educandos mostraram. olhos – nariz – ouvido – boca – mãos Pedir que os educandos leiam as palavras. Perguntar: — Com os olhos, o que vocês podem descobrir? — Com o nariz, o que vocês podem descobrir? — Com os ouvidos, o que vocês descobrem? — Com a língua, vocês descobrem o que? — Com as mãos, o que vocês descobrem? Trabalhar as características das coisas que estão à sua volta. Explicar: cor, sabor, cheiro, dureza, textura, tamanho e peso são características. Pergunte: — De que cor é o quadro? — Qual é o tamanho desse quadro: grande, médio ou pequeno? — O quadro é liso. Que característica é esta? — Qual é o educando que é mais alto dessa sala de aula? — Mais alto indica que característica? — A sopa da escola é salgada! — Salgada é que característica? A segunda unidade, idEntificando os órgãos dos sEntidos, tem os seguintes objetivos: • explicar a importância dos órgãos dos sentidos na observação; • identificar os órgãos dos sentidos; • explicar como se forma a luz branca do sol; • identificar mensagens percebidas pelos órgãos dos sentidos. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r38 COnCEItuAR A PAlAvRA observar. Pedir que observem seu próprio rosto. Sentir o rosto. O que existe no rosto de cada um? Como cada educando sente seus olhos, seu nariz, seus ouvidos? E sua língua? Coloque sua língua para fora e olhe no espelho (educador, leve um espelho pequeno para a escola). Como é sua língua? Observe a língua de seu colega. Dobre sua língua. Todos conseguem dobrar a língua? Por que será? Explique que é normal, nem todas as pessoas conseguem dobrar a língua. Essa é uma característica herdada de nossos pais. Verifique com seus pais em suas casas. Sinta suas mãos! Observe cada uma. Esfregue as duas mãos. O que você sentiu? Faça o contorno de sua mão. Que mão você contornou? Descreva suas mãos para seu colega. O educador deve lembrar que as crianças observaram atentamente uma fruta. Explique aos educandos que todas as pessoas vivem observando e eles também. O que eles observam de casa até a escola, da escola até em casa? Deixar que se manifestem Perguntar: — O que vocês observam nesse caminho? — Quando observam o que vocês fazem? — Então, o que é observar? Se na turma há uma criança cega, peça que ela conte o que observa no caminho da cada até a escola. Como ela observa? 39p r o g r a m a e s c o l a a t i v a Mostre a seu colega suas mãos. Observe as mãos de seu colega. Em que elas são iguais? Em que elas são diferentes? Observe no seu colega e descreva oralmente: — os olhos; — o nariz; — os ouvidos; — a língua. Em que esses órgãos parecem com os seus? Em que são diferentes? Com que órgãos nós podemos descobrir cores? Vocês sabiam que as cores podem transmitir mensagens? Que mensagem as cores podem nos transmitir? O que mais você pode descobrir com os olhos? Como um educando cego percebe o sol? Deixe que ele fale. Pergunte se ele gosta de sentir o sol. Vocês gostam de olhar o sol? Por quê? O que vocês acham da luz do sol? O sol é importante para a vida? Por quê? Qual é a cor da luz do sol? Como essa luz é formada? Façam uma demonstração para explicar a formação da luz branca do sol. Usem garrafas de vidro com água, colocando-a numa janela onde bate o sol. Vocês já viram um arco-íris? Façam o experimento da página 33. É muito fácil! Conclua com as crianças a informação: A luz branca do sol é formada de sete cores. c o l e ç ã o d e c i ê n c i a s — c a d e r n o d o e d u c a d o r40 Mais coisas para descobrir Cuidados com os órgãos dos sentidos. Antes de iniciar, colocar essas perguntas: — Como vocês cuidam da limpeza do nariz? — É importante ter o nariz sempre limpo? Por quê? — E a boca? — Vocês cuidam da boca? — Como? Vocês só cuidam dos dentes? — E a língua, como vocês limpam? — E os ouvidos, vocês limpam como? Explique os cuidados que todos devem ter com os olhos. Você já imaginou como será ficar cego ou nascer cego? Se houver criança cega, surda, muda ou que tenha paralisia nas mãos, peça que cada uma fale sobre como se sente em sua diferença. Peça que diga como é tratada pelos colegas e educador. Explique que todos devem ser tratados da mesma forma. Explique sobre os cuidados com os ouvidos. Não enfiem objetos
Compartilhar