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FAORO O problema é que temos um Estado centralizador e autoritário P 822 Faoro foi parte do Estado, ele entrou com procurador geral do Estado e ficou e aposentou, ele conhecia o aparelho estatal, e produz sobre isso, com um grande referencial histórico, mas também da própria experiência dele como servidor público. Ele começa de Portugal, passa da formação do Estado nacional português, depois das mudanças de Portugal, das navegações, da colônia (Brasil), com muita riqueza de detalhes, vai do século XI e XII até XX. Início da republica até 1930, de Avis a Getúlio. O último capítulo do livro, que foi proposto para leitura é a síntese de Faoro de que o Estado é PATRIMONIALISTA, fundado e organizado por um ESTAMENTO. PATRIMONIALISMO – Faoro se inspira em Max Weber, mas também em outros autores como Maquiavel e Montesquieu. E formula sua tese de que o Estado é algo diferente do Estado moderno e tem suas características. Weber fala que existem formas distintas de associação como, associação familiar, de amigos, politica (Estado). O que diferencia uma associação política das outras associações mais comunitárias, econômicas, etc? A associação política se difere das outras basicamente pela busca por poder, ela almeja o poder e manter o poder. • O poder é a minha capacidade de fazer valer, acontecer a minha vontade apesar das resistências (clássicos), essa denominação é de um poder ainda primário, uma potência, uma relação de poder de autonomia, um poder pessoal, de capacidade própria, de independência. Mas para Weber e outros autores, poder vai além dessa denominação, eles tão pensando em grupos que conseguem fazer valer a sua vontade em detrimento das outras, estamos falando em termos de relações sociais, não mais de autonomia individual como era antes. E como faço valer a vontade de um grupo em detrimento de outro apesar da resistência? Através da força basicamente. Para Weber umas das características do Estado é o monopólio legítimo da força. Logo o Estado é uma associação política que logicamente busca conquistar e manter o poder e faz isso através do monopólio legitimo da força. A força para Weber não é tudo, se poder é capacidade de um grupo de fazer valer sua força e vontade apesar das resistências, mas a força não é tudo é preciso também uma certa disposição de criar situações que facilitem ou aumentem a probabilidade da obediência. Para Weber essa forma de manter o poder através da força, a própria organização da força, mas também a DOMINAÇÃO ela muda, e para isso Weber cria os tipos ideais de dominação que são modelos, tipos ideais, construções exageradas mesmo. • Carismática • Tradicional: é pautada na dominação onde a legitimidade se pauta no argumento da tradição (é assim porque assim foi, laços de sangue, tradições longas) • Racional legal: a legitimidade da força para o Estado moderno ter poder é pautada na lei, no direito que estabelece os limites inclusive da força. O Estado patrimonialista se utiliza da forma tradicional, quando falamos de patrimonialismo falamos de um Estado que secundariza um traço que é fundamental do Estado moderno que é o direito racional. Só que é um Estado patrimonialista Estamental, o que é um estamento? É um grupo social, assim como as classes e as castas, ele é uma forma de estratificação da sociedade. Sociedades que tem uma estratificação hierarquizada podem ser estratificadas de várias formas. O estamento é uma forma de estratificação, muito característica do medievo, em que as posições estavam muito mais ossificadas, enrijecidas. Sua principal diferença é que ele não é pautado, segundo Weber, nos interesses econômicos, mas sim em privilégios. Para Faoro os problemas que ele encontra no nosso Estado não é um problema da burguesia ou dos senhores de terra, mas sim porque faltou ouvir as parcelas da sociedade. O Estamento e o Estado patrimonialista sofrem mudanças na sua composição, mas a lógica é a mesmo. Só que não exatamente o mesmo. Ele vai passa de um ESTAMENTO ARISTOCRÁTICO (formado em Portugal) para um ESTAMENTO BUROCRÁTICO (depois da republica, capitalismo p.824). Para Faoro é um grupo fechado, uma camada social, no Estado (grudo nos cargos, sento lá e não sai) e que está distante da sociedade e de sua própria classe, estão sempre cuidando dos interesses próprios. Burocracia para Weber, impessoalidade, são regras criadas independente de valores pessoais, de princípios gerais, muito bem escritas, fixadas no direito (justiça, sem levar em conta as particularidades de cada indivíduo ela é cega). O monarca tem que seguir esse tramites. A tese de que o Estado brasileiro é um Estado patrimonialista vai se opor a tese do feudalismo, para ele o feudalismo é um mito, ele não só não existiu no Brasil como também não existiu em Portugal. Portugal começou o processo de unificação do Estado muito antes dos outros países da Europa. Um traço básico do feudalismo é uma sociedade estamental, servidão, com uma complexa hierarquia entre nobres, vassalagem, existiam nobre e noooobres. Dentro dessa hierarquia complexa do feudalismo mesmo que exista um nobre mais acima, ele não mantém a lealdade dos outros na forma de submissão pura e simples. Ele não pode centralizar o poder todo para ele, é uma negociação. A lealdade das classes nobres é devido a uma troca, uma prestação de favores, eu não abro mão da soberania do meu espaço, nesse espaço, nessa minha terra, eu sou dona, e tenho poder econômico e de jurisdição, eu julgo, tenho pode político, quem manda sou eu. Então é algo mais articulado, estruturado, não é tão central com um rei acima de todos os outros, é uma negociação constante. O domínio da terra corresponde a soberania. Em Portugal nunca existiu isso, existia o domino das terras, grandes propriedades, mas existia o rei (príncipe), de acordo com Faoro em uma época ele tem mais propriedades que a igreja, e 3 vezes mais que os nobres. Logo o rei é um proprietário de terra que centralizou o poder político, os outros podem explorar economicamente suas terras, mas politicamente e juridicamente as regras são dele. Logo nunca foi um feudalismo, sempre foi um Estado Patrimonialista. Assim Portugal se forma um reino. O feudalismo no Brasil então também nunca existiu, essa análise é fundada no etapismo que para Faoro é balela. O etapismo, pensa uma sociedade em uma linha histórica, um desenvolvimento único, começou com escravidão, escravismo, feudalismo, capitalismo, etc. Para Faoro isso é muito simples, não é assim. O estado mantém o caráter patrimonialista e não o feudal. Esse estado controla tudo. O estado chegou aqui (Brasil) antes do povo, ele moldou a sociedade de acordo com seus interesses, ele controla o povo, a economia e o desenvolvimento do capitalismo. A ideia de capitalismo politicamente orientado, é o avesso do liberalismo é um capitalismo que o Estado está direcionando. Ele está acima da sociedade e a moldando, ele controla inclusive as classes dominantes. Além dos grandes fazendeiros existe uma série de conjuntos administrativos que são mediadores que com políticas econômicas, leis e regras dizem se a safra vai lucrar. Faoro não atribui o atraso aos grandes latifundiários ou a dependência econômica ao capital internacional. Ele fala que sim o Brasil é dependente, mas das políticas do Estado. Esses administradores que vão direcionar o que vai produzir ou não. Ele acha que esse capitalismo politicamente orientado é o capitalismo fadado a ser dependente. Que tipo de sociedade que se cria com esse tipo de Estado para Faoro? Uma sociedade que está sempre desligada do Estado, que a economia passa pelo Estado, que as classes não são inseridasnas demandas políticas, uma sociedade dependente de políticas de salvação. Sempre uma relação de dependência entre a sociedade e o estado. Uma sociedade supersticiosa, desligada dos assuntos públicos.
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