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AFECÇÕES DA ORELHA EXTERNA
versão 2008
 
 Fernando Antonio Cruz
Revisão e fotos: Décio Gomes de Souza
 
 
OTITE EXTERNA
 
 1. Otite Externa Difusa Aguda (OEDA): 
 
         Definição: Processo inflamatório infeccioso da pele e subcutâneo do canal auditivo externo (CAE), notamente em seu segmento lateral (cartilaginoso), geralmente preservando a porção mais medial ou óssea. 
          Etiologia: na maioria dos casos, estafilococos. Em menor freqüência,  Estreptococos, Pseudomonas aeruginosa, Proteus e Aspergilos.
          Quadro Clinico:  - dor intensa com irradiação temporal e zigomática
- acentuação da dor a mastigação ou manipulação do pavilhão.
- hipoacusia condutiva
- otoscopia: hiperemia difusa da pele, com edema difuso do CAE, reduzindo sua luz a uma fenda virtual, e levando ao colabamento.
         Pode existir secreção mucopurulenta em   pequena quantidade.  A introdução do especulo para o exame provoca dor  intensa.   
          Fatores desencadeantes:
             - microtraumas da pele (cotonetes, coçaduras, etc)
             - retenção de água no CAE por rolhas de cera
             - uso de gotas auriculares por tempo prolongado
             - dermatites químicas/alérgicas
         Tratamento:
            - limpeza local repetida
            - curativo com antibióticos tópicos
            - antibióticos e antinflamatórios.
 
** Variante: OTITE EXTERNA MALIGNA:   extremamente grave, por sua agressividade e poder destrutivo. Produz sequestros e lise óssea, envolvendo a mastóide e ocasionando paralisia facial e surdez por acometer a orelha interna.  O agente causal é o Pseudomona aeruginosa, e a droga de eleição para o tratamento é a carbenicilina. Acomete principalmente diabéticos e imunodeprimidos.  
 
2. Otite Externa Eczematosa:
 
          Consiste em um processo de base alérgica, com reação de hiperssensibilidade da pele do CAE, existindo portanto um fator constitucional sempre presente que deve ser considerado, e que não pode ser afastado.   O quadro é em geral crônico, ou pelo menos recidivante.  A alergia pode ser desencadeada por ingestão de alimentos, por medicamentos de uso tópico ou oral, e não raro por situações de conflito emocional ou stress.
Quadro Clinico:
             - Prurido intenso de CAE
             - Descamação furfurácea da pele
             - Exudação de liquido seroso amarelado
          A contaminação das lesões eczematosas da pele por agentes bacterianos é muito frequente, desencadeando quadro de OEDA, notadamente após o conduto ser molhado (piscina, banhos de mar), pois a presença de descamação epitelial impede a eliminação ou evaporação da água, facilitando a invasão bacteriana.               
           Tratamento: 
            - evitar fatores desencadeantes
            - corticóides tópicos e antihistamínicos.
 
3. Furunculose do CAE:
 
      Caracteriza-se pelo processo infeccioso, de etiologia estafilocócica, das glândulas sebáceas e folículos pilosos, presentes na porção mais lateral ou externa do canal  A dor desencadeada é intensa, e na otoscopia nota-se um abaulamento localizado na parede do conduto, ao contrario da OEDA, onde o edema é concêntrico e difuso.   Pode ser recidivante.
           Tratamento:
             - calor local
             - antibióticos e corticóides tópicos
             - antibióticos sistêmicos
             - drenagem: pode ser eventualmente necessária
 
4.  Otomicose:
 
          Processo inflamatório do conduto por fungos do gênero Candida e Aspergillus.  O paciente se queixa de dor e prurido, e na otoscopia encontra-se massas de descamação epiteliais e conglomerados de micélios de coloração variável conforme a espécie do fungo (Aspergillus Niger, Aspergillus Albus, Aspergillus Flavus). 
          O tratamento consiste na limpeza regular e antifúngicos tópicos.  Por vezes a otomicose é oportunista, e depende da presença de detritos no canal para se desenvolver, por exemplo, descamações epiteliais de uma otite eczematosa.
 
5.  Herpes Zóster Ótico:
 
          O vírus varicela-zóster pode acometer o aparelho auditivo, ocasionando no pavilhão auricular e canal erupções vesiculosas típicas, unilaterais, extremamente dolorosas.  A infecção herpética pode determinar um 
quadro mais amplo, não restrito ao canal, denominado SÍNDROME DE RAMPSAY-HUNT, quando além das vesículas desenvolve-se paralisia facial e surdez neurossensorial.
 
6. Miringite Bolhosa:
 
         Acometimento agudo da M.T., de etiologia viral, com ou sem derrame liquido na orelha média. O folheto externo da MT separa-se do médio, com formação de vesículas comliquido claro em seu interior. 
          O quadro é de aparecimento súbito, com dor lancinante, hipoacusia de leve a moderada, e eventual otorreia pelo rompimento das vesículas.
          A resolução completa do quadro leva cerca de 10 a 15 dias.
 
Otoscopia: * hiperemia acentuada da MT
                 * bolhas, algumas hemorrágicas sobre a MT
                 * Ausência de abaulamento de MT
                 * Otorreia sero-sanguinolenta eventual
                 * Exulcerações da MT
 
diag.diferencial: com OMA e O. externa bacteriana 
          Tratamento:  drenagem das bolhas, gotas auriculares, calor local, uso ocasional de antibióticos.
 
TRAUMAS
  
1. Hematoma do Pavilhão:
          De ocorrência comum, caracteriza-se pelo abaulamento de cor violácia do pavilhão, após trauma.  A gravidade deriva se sua extensão: em lesões grandes que demandem muito tempo para serem absorvidas, o arcabouço cartilaginoso da orelha pode sofrer dano por déficit de irrigação sangüínea, com deformidades permanentes pela pericondrite instalada.  A recorrência do trauma e deformidades são encontradas com muita freqüência em pacientes psiquiátricos crônicos, onde este tipo de agressão entre os internos é muito comum.  O tratamento consiste na drenagem do hematoma antes que se instale a pericondrite.
 
2. Lacerações do CAE e M.T.:      
          Podem ocorrer nos acidentes com trauma e avulsão parcial da orelha, onde geralmente a pele se rompe na transição entre o canal cartilaginoso e ósseo.  São muito comuns na introdução de instrumentos contundentes no canal, como cotonetes, grampos, gravetos, etc.
          O tratamento consiste em cuidados locais que protejam contra infecções secundarias, que dificultam o processo de cicatrização.  As perfurações traumáticas de membrana timpânica normalmente cicatrizam-se em 30 a 90 dias, sem a necessidade de intervenção cirúrgica.  Os ferimentos mais graves são os que envolvem a integridade da cadeia ossicular, ou mesmo do ouvido interno, quando pode ser necessária a intervenção cirúrgica imediata.
         Como sequela destes ferimentos ocorrem as estenoses do conduto,  e perfuração timpânica residual. 
          
 ROLHAS DE CERUME
 
          O acumulo de cerume no CAE está na dependência da produção aumentada que certos indivíduos apresentam, aliado a condutos com curva acentuada, o que facilita a retenção.  Em tais casos, o uso de cotonete na tentativa de remover a cera, acaba por empurrá-la e impactá-la na porção justa-timpânica, agravando o quadro.
          Quando a quantidade de cerume é tal que oclui totalmente a luz do canal, o paciente experimenta sensação de surdez repentina e incomodativa.  O cerume pode ainda dificultar a eliminação de água do canal após banhos, macerando a pele e facilitando a instalação de otites externas.
          O tratamento consiste na remoção periódica das rolhas de cerume, o que é usualmente feito através de irrigação do canal com água ou soro aquecido, com o amolecimento prévio dos blocos de cera com compostos de carbonatos de sódio e glicerina.         
          Encontra-se ainda pacientes em que ocorre formação de rolhas não de cerume, mas de laminas de epiderme descamadas, que se sobrepõe uma as outras.Estas rolhas epidérmicas são de difícil remoção, e necessitam de manipulação direta, muitas vezes sob anestesia local, ou geral no caso de crianças.  Os casos mais intensos assumem aparência e comportamento de verdadeiros "colesteatomas" de conduto auditivo externo, produzindo alargamento por listerese do canal ósseo.
 
 CORPOS ESTRANHOS
 
          Crianças e pacientes psiquiátricos com freqüência colocam inadvertidamente os mais diversos materiais nos condutos auditivos externos.  Podem ocorrer ainda entrada não intencional de corpos estranhos, como por exemplo resultado de acidentes ocupacionais.   Existe ainda a possibilidade da entrada de corpos estranhos animados, assim classificados toda gama de insetos que com freqüência ali se alojam.
          Em qualquer caso, vale a pena lembrar que a tentativa de remoção realizada sem a devida experiência e sem o material adequado, geralmente leva ao insucesso, culminando em lacerações da pele e com o corpo estranho assumindo posição mais medial e mais encravado no canal. 
Corpos Inanimados: incluem os mais variados tipos de material, desde que se adaptem a forma e tamanho do conduto:  grãos de feijão e milho, papeis, isopor, pequenas peças de brinquedos, pedregulhos, etc.   
          A remoção deve ser tentada com uma lavagem com jato de água ou soro fisiológico morno.  No caso de corpo estranho orgânico, como por exemplo as sementes, deve-se antes da lavagem promover a instilação de álcool no canal, a fim de conseguir uma diminuição de seu volume por desidratação.   Nos casos mais difíceis, será necessário a remoção por intermédio de estiletes em forma de gancho ou anzol. A necessidade de uso de anestésicos depende da idade do paciente e do grau de edema do conduto.  As tentativas de remoção por meio de pinças são geralmente mal sucedidas.
Corpos Animados:  mais frequente em indivíduos da zona rural ou campistas. Os insetos com seus movimentos produzem ruídos e grande desconforto aos pacientes.  Acidentes mais graves ocorrem com insetos que possuem o hábitos de cavar tocas na terra, como besouros, que com suas garras queratinizadas podem produzir lacerações no tímpano, ou com aqueles que possuem veneno, como as abelhas.       
          A primeira conduta consiste em imobilizar o inseto com a instilação de líquidos de alta densidade, como óleo.  Pode ser ainda usado o éter, que geralmente os mata instantaneamente, desde que não haja suspeita de perfuração timpânica.  
         Em seguida, a remoção deve ser feita como descrito para os corpos inanimados.
 
 
TUMORES
 
1. BENIGNOS:  aparecem com freqüência, produzindo sintomatologia por oclusão do canal e hipoacusia.  Os mais frequentes são:
       - cistos de retenção e sebáceo
       - cisto dermóide
       - osteoma
       - fibroma
       - lipoma
       - xantoma5
       - quelóides
       - hemangiomas
 
2.MALIGNOS:  ocorrem com certa raridade. Os mais frequentes são:
       - carcinomas espino-celulares e baso-celulares
       - melanomas
       - adenocarcinoma
 
GALERIA DE FOTOS
 
  Meato acústico externo normal                                   
   Otite externa difusa aguda                                Otite externa eczematosa           
Otite externa micótica (aspergilus niger) 
 Otite externa localizada (furúnculo)         
   Hematoma de pavilhão por trauma    Pericondrite  Sequela da pericondrite
                                                        
 
�� INCLUDEPICTURE "http://www.sorocaba.pucsp.br/atn/apostilas/otorrino/pericondr_piercing_1.png" \* MERGEFORMATINET    Pericondrite por piercing e sequela 
  Carcinoma de pavilhão                 
  Exostose de meato externo

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