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Direito Penal

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Direito Penal
Conceito de Crime
O crime, fato humano contrário à lei ou, de uma maneira mais trivial, à norma moral, é uma das peças centrais no estudo da doutrina penal. Cada crime possui suas próprias características, sua individualidade, e cada um trata da violação de um bem jurídico, acompanhado de sua pena correspondente, seja mais branda ou severa. Na visão da teologia, o crime corresponde ao pecado, ou seja, a transgressão da vontade divina, sendo o mesmo uma ação voluntária que leva à morte e à perda da salvação.
Elementos do Crime
O crime pode ser observado a partir de três pontos de vista:
material: o crime constitui dano ou perigo de dano a um bem jurídico;
formal: o crime é o fato proibido por lei, sob risco de pena;
analítico: o crime é um fato típico, antijurídico, culpável e punível.
Tipicidade
O crime é definido como típico pois é composto por uma ação (ou omissão) humana que provoca um resultado contrário ao direito e abrange:
a conduta: ação voluntária dirigida a determinada finalidade;
o resultado: consequência provocada pela conduta. Vale lembrar que em alguns crimes, a simples conduta conclui o crime, como o ato obsceno ou violação de domicílio;
o nexo casual: relação entre a conduta e o resultado;
e a tipicidade: trata-se da classificação do ocorrido com a norma penal.
Como fator excludente de tipicidade, tem-se: Princípio da Insignificância, Princípio da Adequação Social e Consentimento do Interessado.
Para saber mais sobre os princípios acima, além de outros, acesse a página Fontes e Princípios do Direito Penal.
Antijuricidade
O crime é antijurídico pois é uma ação ilícita que contraria o ordenamento jurídico. Porém, existem algumas situações excludentes da antijuricidade, ou seja, que eliminam o aspecto criminal da ação e a tornam desculpável; são elas: estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular do direito e cumprimento do dever legal.
Estado de Necessidade
Esta situação ocorre quando a ação do fato típico destina-se a afastar algo, como por exemplo, matar um animal feroz que ataca a vítima. De acordo com o art. 24 do Código Penal:
“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
Legítima Defesa
Esta situação ocorre quando repele-se uma pessoa que ameaça o autor ou um terceiro, como por exemplo, uma mãe agredir uma pessoa que ataca seu filho. De acordo com o art. 24 do Código Penal:
“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
Não pode haver legítima defesa de legítima defesa; pois de uma é legítima, a outra não poderá ser.
Exercício Regular do Direito
Esta situação elimina a condição de crime, pois quando se exerce um direito, não há como constituir-se um crime. Um exemplo, bastante comum na realidade urbana atual, são os sistemas de proteção do patrimônio, como cascos de vidro no muro ou cerca elétrica.
Cumprimento do Dever Legal
Trata-se da execução de determinado fato típico que se fez necessário ao cumprimento de uma função pública, como por exemplo, o uso da força pela polícia ao impedir a fuga de um criminoso, pois em uma situação de flagrante, a lei obriga que o policial prenda o respectivo autor.
Culpabilidade
A culpabilidade é referente à ciência do infrator quanto à sua conduta ilícita, ou seja, é ter pleno conhecimento de que agiu de forma errada e voluntária. Como fator excludente de culpabilidade, tem-se: os menores de idade e os psiquicamente incapazes. Ambos levarão punição, porém não serão encarcerados em uma prisão convencional como todos os outros infratores, mas sim em um estabelecimento adequado.
É considerado maior de idade aqueles que violarem a lei a partir dos primeiros momentos do dia em que completa 18 anos, sendo irrelevante a hora em que nasceu.
Punibilidade
A punibilidade é a possibilidade jurídica que o Estado possui de impor a conduta legal, ou seja, não é uma condição do crime, mas sim uma consequência. Portanto, a ação de um fato típico e antijurídico, sendo culpável, origina a punibilidade. Como excludente da punibilidade, pode-se citar a ocorrência da morte do agente.
Direito Processual Penal
Para se chegar a definição concreta de Direito Processual Penal, é importante que se delimite as circunstâncias de um processo. A prática de um delito, a acusação desse delito, a pretensão punitiva do Estado, na defesa dos direitos mais essenciais da sociedade, e o direito de liberdade do acusado são os principais expoentes do processo. As diretrizes da natureza criminal são compostas pelos Estados por meio da fórmula conhecida como processo penal. A ação penal pode ser Pública (quando ocorre uma denúncia, que pode ser incondicionada, por não se subordinar às condições; ou condicionada, subordinando-se às condições de representação) e Privada (quando ocorre a queixa).
Conceito de Direito Processual Penal
Quando a aplicação jurisdicional do Direito Penal é regulado por um conjunto de normas e princípios constitucionais, temos o Direito Processual Penal. A organização dos órgãos dessa jurisdição e também de seus auxiliares, além da afirmação penal, estão inclusos no Direito Processual Penal.
O Direito Processual Penal é um ramo jurídico autônomo, pois possui normas e princípios próprios, além de objeto, características fundamentais para se distinguir uma identidade dentro do campo jurídico. Contudo, seu efeito só é pleno pela existência do Direito Penal, que também só tem funcionalidade se é aplicado aos casos concretos levados ao Estado.
Outra característica sua é a instrumentalidade, pois é o meio utilizado pelo Estado para retirar o Direito Penal da inércia, aplicando-o na prática e tornando-o efetivo. Sua principal finalidade, tomando por base seu caráter prático, é de transformar o Direito Penal em algo real, atuante, perceptível empiricamente e efetivo. Ou seja, o Direito Processual Penal compõe a lide penal que se instaura e que pretende-se ser solucionada. Logo, define-se Direito Penal como o objeto do Direito Processual Penal.
Princípios do Direito Processual Penal
Esse é o assunto de maior relevância dentro das definições de Direito Processual Penal. Ele só se torna legal quando há obediência a todos esses princípios. Todo e qualquer processo penal se respalda, direta ou indiretamente, nos princípios que o regem. Entretanto, há casos em que se admitem exceções aos casos, por força do mandamento constitucional ou infraconstitucional, pois os princípios, como quase tudo no Direito, não são absolutos.
Os princípios do Direito Processual Penal se complementam; alguns, entretanto, não se integram o tempo todo, devido a sua própria natureza e finalidade; mas raramente se contradizem.
Os princípios do Direito Processual Penal são:
Verdade Real
Este princípio não permite que se crie artificialismos ou formalismos que sejam capazes de criar obstáculos ao conhecimento verdadeiro de um fato, sua autoria, circunstâncias e real maneira que ele ocorreu. A apuração da verdade é a prioridade no processo penal.
Oralidade
Neste princípio, quando acusação e defesa fazem declarações, a validade delas depende, primeiramente, do seu pronunciamento oral. Verifica-se uma tendência em desburocratilizar o processo penal brasileiro, tornado-o u oralizado.
Imparcialidade do Juiz
Este princiípio exige que o juiz não julgue motivado por sentimentos que possam obscurecer o caráter e os valores da finalidade primária do Direito, a justiça. Ela deve ser aplicada segundo as normas jurídicas, colocadas em prática quando necessário. Os interesses da própria conveniência do magistrado não podem se sobressair no pronunciamento jurisdicional que ele realizará. Como os outros princípios, o da Imparcialidade do Juiz também não é absoluto. No conflito entre jus puniendi e o jus libertatis, a balança da justiça deve
se inclinar a favor do último.
Igualdade das Partes
Por este princípio, as partes exercem idênticos direitos, ônus, obrigações e faculdades, além de se encotrarem no mesmo pé de igualdade, em juízo. Nenhuma das partes é mais importante, mais merecedora de direitos que a outra.
Livre Convencimento
O juiz, perante um processo, não pode julgá-lo segunto extra autos, ou seja, baseado em fatos que tomou conhecimento fora do processo. Isso torna-se um pressuposto do princípio, pois evita as tomadas de decisões parciais.
Publicidade
Este princípio trata da obrigatoriedade de todos atos processuais serem públicos, impossibilitados de sofrer qualquer tipo de restrição ou censura. O processo não é e não pode ser sigiloso. Há limites na publicidade, dependendo do processo (no caso de vítima de estupro, por exemplo).
Obrigatoriedade
O princípio da obrigatoriedade determina o dever da autoridade policial em tomar conhecimento dos crimes que são apurados por meio de ação penal pública, seja ela condicionada ou incondicionada, e instaurar um inquérito policial de ofício. Já o órgão do Ministério Público deve promover, através da denúncia, a ação penal.
Indisponibilidade
Muito semelhante ao princípio da obrigatoriedade, no princípio da indisponibilidade, o inquérito policial já está instaurado e não poderá ser arquivado de ofício pela autoridade policial. Já o Ministério Público não poderá desistir da denúncia oferecida, nem do recurso intermediado.
Contraditório
Conhecido também como bilateralidade da audiência, esse princípio garante a ampla defesa do acusado, sem qualquer tipo de restrição; mas também cabe à acusação ir contra os argumentos apresentados pelo réu. Na fase pré-processual, ou seja, no inquérito policial, não se faz exigência do contraditório.
Iniciativa das Partes
A tutela jurisdicional é invocada por uma ação penal, um direito instrumental, obedecendo a composição de uma lide penal. Nos crimes de ação penal pública, o Ministério Público representa a titularidade da ação penal, e nos de ação privada, o ofendido ou o seu representante legal. Portanto, se o titular da ação deseja que o autor do crime seja processado e julgado, ele deverá promover uma ação penal respectiva aquele caso.
Impulso Oficial
Para que o processo não fique paralisado, o magistrado investido da jurisdição penal, poderá dar continuidade ao processo, não sendo necessário sua invocação para prática dos atos cabíveis.
Juiz Natural
Este princípio prevê que para um dado fato a ser julgado, o órgão ou juiz incumbido do julgamento, deverá estar designado para aquele caso. Ou seja, após um fato, é constitucionalmente verdado a criação ou designação de órgão ou tribunal. No Código de Processo Penal Brasileiro, o juiz é tratado como órgão jurisdicional, assumindo caráter impossoal, não importando a sua pessoa física no desenrolar do processo.
Devido Processo Legal
Este princípio consiste no direito de não haver privação da liberdade e de seus bens, não tendo garantia da tramitação de um processo desenvolvido na maneira que a lei estabelece. Para este princípio, que dá origem a vários outros como o contraditório, igualdade das partes, imparcialidade do juiz, juiz natural, iniciativa das partes, oficialidade e inadmissibilidade das provas obtidas ilicitamente, não há exceções.
Oficialidade
O princípio da oficialidade determina os órgãos encarregados de determinadas funções, assim como à Policía cabe a apuração das infrações penais e ao Ministério Público, a ação penal. Este princípio só é absoluto nas ações públicas.
Inadmissibilidade das Provas Obtidas Ilicitamente
As provas proibidas (ilegítimas e ilícitas) não são autorizadas durante o processo penal, segundo este princípio. A Constiituição Brasileira é a única no mundo que proíbe obtenção ilícita de provas. Em tese, a defesa pode obter provas ilicitamente para provar inocência, mas a acusação não.
Presunção de Inocência
A presunção de inocência, também conhecida como estado de inocência, considera indiciados e acusados inocentes, até que haja setença condenatória definitiva.
Favor Rei
Cabe ao acusador provar a culpa do réu, e não a do réu provar a sua inocência. Em caso de dúvida (insuficiência de provas) da resposabilidade pelo delito, o juiz deve absolver o réu.
Duplo Grau de Jurisdição
Possibilidade de uma decisão jurídica ser reexaminada, por uma instância superior.
Fontes e Princípios do Direito Penal
Fontes do Direito Penal
Quando tratamos dos marcos de origem e manifestações do Direito Penal, nos referimos as suas fontes; ou seja, o órgão e a forma de exteriorização são exemplos de fontes do Direito Penal. Podemos citar o caso da União, um órgão que legisla privativamente sobre direito civil, comercial, processual, eleitoral, do trabalho, dentre outros. A existência de leis, costumes, jurisprudências e/ou doutrinas também são exemplos de fontes.
As fontes do Direito Penal se dividem em: Fontes Materiais, Formais, Formais Imediatas e Formais Mediatas.
Fontes Materiais: Quando pensamos em fonte da criação da norma, ou seja, provinda da União, estamos nos referindo à matéria. A exteriorização e produção do Direito são responsabilidade deste ente estatal.
Fontes Formais: O modo e a forma de como o Direito é exteriorizado.
Fontes Formais Imediatas: Diz respeito a lei penal, ou seja, a norma; ou seja, as leis penais que existem. Segundo o princípio de legalidade, descrito abaixo, não há crime sem definição da lei anterior, nem pena sem prévio aviso legal.
Fontes Formais Mediatas: De maneira geral, quando se trata de princípios gerais do direito e costumes. Quando a lei se omite, abre a possibilidade da aplicação desses princípios gerais do Direito, a jurisprudência, a doutrina e os costumes, que são fontes formais imediatas. A lei autoriza esses princípios.
Princípios Gerais do Direito Penal
Abaixo estão listados os princípios mais importantes do Direito Penal, como anterioridade da norma, devido processo legal, inocência, retroatividade de lei mais benéfica, direito à defesa, dentre outros.
Anterioridade da Norma ou Princípio da Legalidade
Dentro desse princípio, há a exigência de uma lei anterior que defina a prática de um ato reprovável como crime. Caso o ato não seja caracterizado crime, então o praticante não será condenado. “Não existe crime, ou pena, sem lei prévia que o defina.”
Devido Processo Legal
Não há possibilidade do juiz condenar um acusado qualquer, de maneira arbitrária, sendo que quem praticou o crime tem o direito de ter um julgamento justo. Os tribunais de exceção, no caso, estão proibidos. Eles são característicos daqueles em que o acusado já tem conhecimento prévio da condenação, mesmo antes do veredicto. Logo, o julgamento passa a ser definido como farsa que justifica a pena, embora aparente um caráter justo e isento.
Princípio da Inocência
Presumidamente, todo cidadão é inocente, salvo quando se prova o contrário. Logo, quem precisa provar a culpa do acusado é o Estado, e não ele provar sua inocência. “Para o direito penal, na dúvida, é melhor que um culpado seja solto, do que um inocente punido.
Retroatividade da Lei mais Benéfica
“Quando o fato não é mais considerado crime pela nova lei, ocorre o fenômeno da abolitio criminis.” O acusado pode ser beneficiado caso a sua pena seja diminuída, ou o crime ser descriminalizado (ou seja, deixarem de ser crimes, como foi o caso do adultério e da sedução), após a condenação. Entretanto, em caso contrário, se a lei se tornar mais severa, não será aplicada ao réu.
Direito à Defesa
“Se a pessoa não tiver recurso para contratar um defensor, o Estado proporcionará a defesa.” Independentemente do crime praticado e das suas circunstâncias, qualquer acusado tem direito à defesa.
Princípio da Legalidade
Limita o poder punitivo do Estado, não havendo crime, caso não haja lei que defina a infração penal e lhe imponha uma pena. A lei penal é fundamentada formalmente pela previsão da infração penal, e é dela que se retira a fonte exclusiva da aplicação da pena.
Princípio da
Intervenção Mínima
Sua principal função é orientar e limitar o poder incriminador do Estado. Considera um ato como crime, somente se constituir proteção a determinado bem jurídico. Se recorre ao Direito Penal, apenas quando os meios de controle estatal e jurídicos foram insuficientes.
Princípio da Fragmentariedade
Estabelece que nem toda ameaça de lesão ou lesão são proibidos de acordo com a lei penal, como da mesma forma, nem tudo tem sua proteção. O Código Penal se limita aos fatos mais graves e que sugerem maior importância, tendo caráter seletivo de ilicitude.
Princípio da Culpabilidade
Habilidade de tornar alguém incapaz de praticar infração penal, possibilitando a aplicação de uma pena com limites de individualização. Ou seja, àquele autor de um fato considerado antijurídico, não pode ser responsabilizado pelo seu resultado, caso não tenha agido com culpa ou dolo.
Princípio da Humanidade
O poder punitivo estatal é vedado por esse princípio, que proibe a aplicação de penas crueis como a capital e a prisão perpétua, pois são sanções que atingem a dignidade da pessoa humana. Prioriza-se a ressocialização do condenado através da execução penal, e não a sua degradação.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Previsto na Constituição Federal de 1988, esse princípio defende a dignidade do homem, protegendo-o das ações indevidas e arbitrárias do Estado. A razão deve prevalecer acima da emoção, no momento de se julgar a criminalidade do pior dos deliquentes, jamais intervindo como instrumento repugnante ou vexatório.
Princípio da Insignificância
Também conhecido como bagatela, o princípio da insignificância analisa a proporção entre a gravidade da conduta do criminoso, e a necessidade da intervenção estatal sobre isso.
Princípio da Adequação Social
Condutas socialmente permitidas, adequadas ou até mesmo toleradas não devem ser tipificadas pela lei penal, mas somente aquelas condutas de relevância social. O princípio seleciona os comportamentos, além de determinar valores aos mesmos.
Princípio do in dúbio pro reo
Na dúvida sobre a acusação da prática de uma infração penal, o acusado, em seu julgamento final, deverá ser absorvido. Quando não houver provas suficientes, havendo dúvidas, acata-se a interpretação mais favorável ao réu.
Princípio da Igualdade
Princípio que rege a aplicação da lei penal de maneira igualitária a todos os cidadãos. Prioriza-se a igualdade material acima da formal, buscando a não discriminação e proibido diferenças de tratamento, como está prescrito na Constituição Federal de 1988.
Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos
Tanbém conhecido como da ofensividade ou da lesividade, ocorre quando há lesão ou ameaça ao bem jurídico protegido por lei. Esse bem jurídico poder ser a vida, integridade física, propriedade, etc.
Princípio da Efetividade
De acordo com esse princípio, o Direito Penal, quando na sua intervenção, deve sempre ser eficaz e agindo de maneira preventiva e, quanto necessário, repreensiva.
Princípio da Proporcionalidade
Destina-se ao legislador, quando for criar uma norma com base na previsão de um fato abstrato, que leve em consideração a constituição de uma pena proporcional a prática antijurídica. Num segundo momento, quando se tratar de fatos concretos, o Estado-juiz, aplicador da lei penal, deve ter em mente aplicar pena proporcional, dentro dos critérios objetivos e subjetivos, ao injusto praticado.
Princípio do ne bis in idem
Para a prática de uma única infração penal, deverá haver somente uma punição criminal, impossibilitando a existência de duas ou mais punições.
Introdução ao Direito Penal
História do Direito Penal
Desde os primórdios da civilização, o homem já se preocupava com determinadas condutas praticadas por indivíduos e que pudessem se tornar perigosas para outros integrantes da sociedade. Dentro de um grupo social, aquele que cometia algum delito, tornava-se uma pessoa de risco, sendo afastada do convívio dos demais, de maneira isolada em prisão ou cadeia.
Na Antiguidade, as punições ao homem que causasse desordem à comunidade, ocoriam em confinamentos como jaulas, porões, além de castigos como ser amarrado em postes, etc. A tortura, chamada de suplício na Inquisição, inclusive, era bastante utilizada nessa época. Atualmente, inspirado na filosofia moderna, o direito penal é fundamentado na recuperação do indivíduo, e não somente em sua punição. Ou seja, na prisão ele receberia tratamento para que se arrependesse do ato cometido, para que depois pudesse estar apto ao retorno do convívio social.
Conceito de Direito Penal
O convívio entre os indivíduos de uma sociedade exige o estabelecimento de regras indispensáveis, com base em um complexo de normas disciplinadoras. Dá-se o nome de Direito Positivo ao conjunto dessas regras. O próprio estado, sob sanção penal, proíbe determinadas condutas do indivíduo, estabelecendo para isso alguns princípios, e pressupostos para que as penas sejam aplicadas, além de medidas de segurança. Podemos definir esse último contexto como Direito Penal.
As sanções penais não podem ser aplicadas de maneira arbitrária; logo, o Estado criou legislações que definem os fatos como graves, transformando-se em ilícitos penais, como crimes e contravenções, para que possam ser estabelecidas as devidas penas e as medidas de seguraça que se aplicam aos infratores das normas.
A principal finalidade do direito penal é a proteção da sociedade, priorizando-se a defesa dos bens jurídicos fundamentais, como a vida, a integridade física e mental, a honra, a liberdade, o patrimônio e etc. O desejo de evitar o acontecimento de crimes que afetem os bens jurídicos é a maior aspiração ética que o Direito Penal tem.
Também é conhecido por ser uma ciência cultural e normativa. Cultural, pois traduz regras de conduta que obrigatoriamente devem ser respeitadas por todos, no que diz respeito aos relevantes interesses sociais. Normativa, porque tem por objetivo o estudo da lei relacionada a norma do direito positivo, tornando-se peça fundamental e indiscutível na sua observância obrigatória.
Valorativo, finalista e sancionador. Essas são as principais características do direito positivo. A norma penal se encaixa como valorativa, pois os valores mais elevados da sociedade são tutelados por ela, atribuindo-se uma escala hierárquica para os fatos, de acordo com a sua gravidade.
O caráter finalista é dado ao direito penal por visar proteção aos interesses e bens jurídicos que são merecedores de uma tutela mais eficiente. A eficácia na proteção se dá por uma ameaça legal, com a aplicação de sanções com poder maior de intimição, como a pena, por exemplo. A lei penal tem a prevenção como maior finalidade.
O direito penal também se trata de um direito constitutivo, pois possui um ilícito próprio, que tem origem na tipicidade, além de uma sanção peculiar, ou pena, e institutos exclusivos como o sursis.
Resumindo: O conjunto de normas jurídicas, estabelecidas pelo Estado, que regula a prática de crimes e a respectiva punição, recebe o nome de Direito Penal. Acesse a página de apostilas grátis e fique por dentro dos conteúdos.
Divisões do Direito Penal
Existem algumas denominações específicas para as divisões do Código Penal. São elas: Sujeito Passivo e Ativo; Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo; Direito Penal Comum e Direito Penal Especial; Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo.
Sutjeito Ativo e Passivo
Quando uma ação ou omissão, ou seja, um fato, é praticado por indivíduo ou agente, sendo qualificado como delituoso pela legislação, designa-se o sujeito como ativo. Caracterizá-lo como passivo, significa que o indivíduo ou agente possui capacidade de sofrer sanções penais que incidem sobre a sua conduta delituosa.
Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo
A definição de crimes baseada no conjunto de normas que regulam a ação do Estado, além do estabelecimento das devidas sanções, pode ser encarado como Direito Penal Objetivo. Entretanto, somente o Estado pode exercer a função
de promover um bem comum na sociedade e combater a criminalidade. A ele cabe também o direito de aplicar as sanções, pos é o único e exclusivo titular do “direito de punir”. Isso constitui o que se denomina como direito penal subjetivo.
Direito Penal Comum e Direito Penal Especial
Quando todas as pessoas e os atos delitivos em geral estão submetidos a uma única norma, denominamos de direito penal comum. Já o especial se dirige a um grupo ou classe de indivíduos, distintos por uma qualidade especial e a certos atos ilícitos particularizados. A legislação penal comum está de acordo com o código penal, enquanto que o especial são normas penais que não se encontram no estatuto mencionado.
Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo
Assim como os principíos gerais relativos a ele (Código Penal, Lei das Contravenções Penais), o direito penal substativo, também chamado de material, é configurado pelas normas que podem definir as figuras penais, ao se designar sanções respectivas. Já o adjetivo, ou formal, é constituído de preceitos de adequação do direito substantivo e de organização judiciária.
Código Penal - Parte I
Os principais artigos e incisos do Código Penal referentes à Ética na Administração Pública.
CÓDIGO PENAL
 
TÍTULO II - DO CRIME
Relação de causalidade
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
 
Superveniência de causa independente
 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
 
Relevância da omissão
 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
Art. 14 - Diz-se o crime:
 
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
 
Tentativa
II tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
 
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a 2/3.
 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
 
Arrependimento posterior
 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3.
 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Crime impossível)
 
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
 
Agravação pelo resultado
 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
 
Erro sobre elementos do tipo
 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
 
Descriminantes putativas
 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
 
Erro determinado por terceiro
 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
 
Erro sobre a pessoa
 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
 
Erro sobre a ilicitude do fato
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
 
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
 
Exclusão de ilicitude
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
 
Estado de necessidade
 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3.
 
Legítima defesa
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
 
TÍTULO III - DA IMPUTABILIDADE PENAL
 
Inimputáveis
 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 
Redução de pena
 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 
Art. 27 - Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.
 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 
TÍTULO V - DAS PENAS
CAPÍTULO VI - DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
 
Efeitos genéricos e específicos
 
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor
que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos nos demais casos.
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação p/ dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Código Penal - Parte II
TÍTULO XI - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
 
Peculato
 
Art. 312 Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
 
Peculato culposo
 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de 1/2 a pena imposta.
 
Peculato mediante erro de outrem
 
Art. 313- Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações *
 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações*
 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de 1/3 até a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave.
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
 
Concussão
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa.
 
Excesso de exação
 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de 2 a 12 anos, e multa.
 
Corrupção passiva
 
Art. 317 Solicitar ou receber, p/ si ou p/ outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 1 a 8 anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa.
 
Facilitação de contrabando ou descaminho
 
Art. 318 - Facilitar, c/ infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.
 
Prevaricação
 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
 
Condescendência criminosa
 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.
 
Advocacia administrativa
 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, além da multa.
 
Violência arbitrária
 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da pena correspondente à violência.
 
Abandono de função
 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa.
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa.
 
Violação de sigilo funcional
 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º - Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: **
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2º -  Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 a 6 anos, e multa.
 
Violação do sigilo de proposta de concorrência
 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - Detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
 
Funcionário público
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. ***
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes
de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. ***
 
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
 
Usurpação de função pública
 
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
 
Resistência
 
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 meses a 2 anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
 
Desobediência
 
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, e multa.
 
Desacato
 
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
 
Tráfico de Influência
 
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário.
 
Corrupção ativa
 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 1 ano a 8 anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
Contrabando ou descaminho
 
Art. 334 - Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
§ 1º - Incorre na mesma pena quem:
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.
§ 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. ***
 
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
 
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa, além da pena correspondente à violência.
§ Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
 
Inutilização de edital ou de sinal
 
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa.
 
Subtração ou inutilização de livro ou documento
 
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de 2 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais grave.
 
Sonegação de contribuição previdenciária
 
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
§ 1º - É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º - É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º - Se o empregador não é PJ e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00, o juiz poderá reduzir a pena de 1/3 até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4º - O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
 
CAPÍTULO II-A
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
 
Corrupção ativa em transação comercial internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional:
Pena – reclusão, de 1 a 8 anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
Tráfico de influência em transação comercial internacional
 
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro.
 
Funcionário público estrangeiro
 
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro.
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

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