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Fundamento das Ciencias Sociais Aulao

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AULÃO 24.09.2016
Fundamentos das Ciências Sociais
1
Prof. Ms. Laerte Redon
lar.unesa@gmail.com
setembro de 16
F C S
AULA 1
 Aulas 1 e 2
A questão do conhecimento: senso comum e pensamento científico
(Livro Didático: p. 10-18)
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
(Livro Didático: p. 18-30)
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O conhecimento como característica do ser humano
O homem é o único animal que vive no mundo e pensa sobre o mundo em que vive. 
Ao pensar, ele tentar explicar a realidade e os fenômenos que o cercam.
Portanto, é no ato de pensar que  o homem conhece a si e o mundo, manifestando isso através da linguagem.
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AULA 1
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Linguagem e pensamento são coisas indissociáveis, não se pode conceber uma sem a outra.
Pensamento: capacidade de, ao articular acontecimentos, coisas e fatos, instaurar um sentido.
Linguagem: capacidade de tornar esse sentido manifesto.
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Pensamento e Linguagem
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Criação x Evolução
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O Conhecimento varia segundo a percepção
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AULA 1
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Conclusão preliminar
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Pode-se dizer, então, que as coisas não têm um sentido em si, os homens é que lhes dão sentido, através do pensamento e da palavra, que, sistematizados de alguma maneira, formam o CONHECIMENTO.
A maioria dos eventos sociais que testemunhamos, interpretamos com a nossa própria visão de mundo, com nossas convicções pessoais, valores e preconceitos…
Somos juiz e parte e isso dificulta uma análise mais crítica da realidade que nos cerca.
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AULA 1
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Como construímos o nosso conhecimento sobre o mundo em que vivemos?
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AULA 1
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O conhecimento
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A ciência é uma forma de conhecimento, mas será que sempre foi? 
É a única forma de conhecimento? 
Não, existem algumas formas de conhecer além da ciência. 
O homem sempre buscou expressar o conhecimento dos fenômenos da natureza e de si mesmo utilizando-se de outros tipos de linguagem que não a científica.
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AULA 1
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Formas de conhecimento
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O conhecimento mítico (mito).
O conhecimento religioso.
O conhecimento filosófico.
O conhecimento de senso comum.
O conhecimento científico.
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AULA 1
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O Conhecimento mítico
Busca explicar o mundo a partir da ação de entidades, forças, energias, criaturas e personagens que transcendem o mundo natural.
Veja-se a farta Mitologia grega, com seus Deuses, os quais inclusive foram “importados” pelos romanos.
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AULA 1
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O Conhecimento mítico
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Nome Grego
Nome Romano
Papel na mitologia
Afrodite
Vênus
Deusa da beleza e do desejo sexual (mitologia romana: deusa dos campos e jardins)
Apolo
Febo
Deus da profecia, da medicina e da arte do arco-e-flecha (mitologia greco-romana posterior: deus do Sol)
Ares
Marte
Deus da guerra
Ártemis
Diana
Deusa da caça (mitologia greco-romana posterior: deusa da Lua)
Atena
Minerva
Deusa das artes e ofícios e da guerra; auxiliadora dos heróis (mitologia greco-romana posterior: deusa da razão e da sabedoria)
Crono
Saturno
Deus do céu; soberano dos titãs (mitologia romana: deus da agricultura)
Dioniso
Baco
Deus do vinho e da vegetação
Eros
Cupido
Deus do amor
Géia
Terra
Mãe Terra
Hefesto
Vulcano
Deus do fogo; ferreiro dos deuses
Hera
Juno
Deusa do matrimônio e da fertilidade; protetora das mulheres casadas; rainha dos deuses.
Hermes
Mercúrio
Mensageiro dos deuses; protetor dos viajantes, ladrões e mercadores
Hades
Plutão
Deus dos mundos subterrâneos; senhor dos mortos.
Posêidon
Netuno
Deus dos mares e dos terremotos
Zeus
Júpiter
Soberano dos deuses olímpicos
AULA 1
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O Mito
O mito é uma narrativa, que contém em si diversas ideias, simbologias e personagens sobrenaturais, para explicar fatos da realidade. 
Não é objetivo, trata de tempos fabulosos. 
Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente.
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AULA 1
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O mito
O mito de São Jorge, por exemplo, pode ser entendido como a representação de um desejo coletivo da presença do guerreiro, do vencedor de demandas e dificuldades. 
No imaginário popular do RJ, mistura-se o santo católico com a divindade africana Ogum, o guerreiro e lutador imbatível.
O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, sobre a origem do mundo, sobre processos de cura, sobre interpretações de fenômenos da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre os homens, através de histórias mitológicas. 
Quem não ouviu falar do mito do cupido, que fala do enamoramento?
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AULA 1
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Conhecimento religioso 
Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre o sagrado e o profano. 
As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa sobrenatural para o mundo, sendo condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. 
E a fé é essencial para a crença religiosa. Fé no fato de que esse conhecimento pode proporcionar uma garantia de salvação a quem crê, bem como prescrever formas de obter e conservar essa garantia (ritos, sacramentos e orações).
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AULA 1
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Conhecimento filosófico 
O conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do conhecimento. 
O saber filosófico trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. Não se preocupa com particularidades. 
A Filosofia é especulativa. Não demanda experimentações ou prova das suas conclusões. Não apresenta soluções definitivas para as questões que formula.
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AULA 1
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O conhecimento de senso comum
É a compreensão do mundo baseada no aprendizado acumulado de gerações anteriores. É uma espécie de herança cultural.
É fruto da tentativa do homem em solucionar problemas cotidianos, por meio de juízos pessoais (muitas vezes equivocados) acerca das situações vivenciadas.
Assim uma criança aprende que sobre o fogo, sobre o choque, sobre o perigo, sobre o gosto, o justo… “quem dá aos pobres empresta a Deus; o que não tem remédio, remediado está…”
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O conhecimento científico
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 É aquele que resulta de conhecimentos adquiridos metodicamente…
fruto de uma observação sistemática da realidade (baseada e fatos verificáveis e controláveis por experimentação)…
e que contenham validez universal, pela certeza de seus dados e resultados.
Porém, sabemos que as formulações científicas mudam bastante e podem representar interesses políticos econômicos e sociais.
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 As Ciências Sociais
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AULA 1
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O objeto das ciências sociais
Por Ciências Sociais, entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política. 
A ciência social propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados.
Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas;
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AULA 1
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O objeto das ciências sociais
Dentro do objeto de estudo, estudam as culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais. 
Elas “limpam a lente” para que possamos identificar e compreender os diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles.
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AULA 1
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As áreas constitutivas das ciências sociais
A Sociologia estuda o homem e o universo sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. 
Na Antropologia, privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. 
Na Ciência Política, analisam-se as questões ligadas às instituições do poder. 
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AULA 1
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As áreas constitutivas das ciências sociais
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam, não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens...
Lidam com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
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Sociologia
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A Sociologia tem como objeto de estudo a sociedade, com ênfase nas suas diferentes formas de organização, bem como nos processos que interligam os indivíduos em grupos e instituições.
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Sociologia
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 Na Sociologia, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. 
A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se:
fatos sociais	-	ações sociais	-	classes sociais
relações sociais	-	relações de trabalho
relações econômicas	-	instituições religiosas
movimentos sociais etc.
AULA 1
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Antropologia
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O olhar antropológico privilegia os aspectos culturais da sociedade, como costumes, crenças e valores morais dos diferentes de grupos e comunidades. 
Sua abordagem possui um caráter integrativo, cujo propósito é não “parcelar o homem”.
AULA 1
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Antropologia
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Questões como diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural são tratadas por essa ciência.
Sistemas de parentesco, linguagens, sistemas de crenças, estilos de vida, orientação sexual, ideologia, estilos de vida etc. são temas de interesse. 
Os antropólogos buscam transformar o exótico e o distante em algo familiar. 
AULA 1
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Ciência Política
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Na Ciência Política, analisam-se as questões ligadas às instituições do poder, como a sua origem, manutenção, distribuição, transferência ou perda e os conceitos de dominação e autoridade.
AULA 1
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 Objeto e método das Ciências Sociais
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AULA 1
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Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais
Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais não lidam apenas com a realidade (fatos exteriores aos homens), mas com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
Essa diferença tem suscitado intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento produzido pelas ciências sociais, porque:
elas lidam com eventos complexos, não isolados;
o pesquisador social se envolve com os fenômenos que investiga, dificultando a objetividade e a neutralidade científica.
não usam métodos/técnicas rígidas e rigorosas, nem fórmulas que garantam a obtenção de resultados objetivos e exato (importa a interpretação dos fatos)
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AULA 1
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Contributo das Ciências Sociais
Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações sócio-antropológicas
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las, por ex.:  
deslocamentos de pessoas e grupos por força da globalização da economia;  
trocas culturais em razão da chamada “sociedade em rede”; 
novos modelos de família e conjugalidade, 
novas configurações no campo religioso.
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Ciências Naturais ou Exatas e seu enfoque
As ciências naturais ou exatas estudam fatos simples, eventos que, presumivelmente, têm causas simples e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Mudam muito devagar.
Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controles razoáveis, num laboratório. 
Assim, nas ciências naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de pesquisa, o que torna a objetividade científica mais evidente na análise de fenômenos desse tipo. 
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AULA 1
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Ciências Naturais ou Exatas e seu enfoque
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“A matéria prima da ciência natural, portanto, é todo o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância verdadeiramente sistêmica, já que podem ser vistos, isolados e, assim, reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.”
 (Da Matta, Roberto. Relativizando, pg. 17)
AULA 1
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Ciências sociais e seu enfoque
As ciências sociais estudam fatos complexos, que mudam muito rapidamente.
Seu objeto de investigação são os fenômenos sociais, ou seja, eventos de origens complexas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados. 
Desta forma, apesar de também levar em conta a objetividade científica na análise desses fenômenos, a interação entre sujeito e objeto da investigação leva a interpretações contextualizadas da realidade social.
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AULA 1
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Ciências sociais e seu enfoque
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Um bolo pode ser comido porque se tem fome,...
mas também pode ser comido por motivos sociais, como comemorar uma festa, demonstrar solidariedade, lembrar de uma determinada data e, ainda, por todos estes motivos juntos.
(Da Matta, Roberto. Relativizando, pg. 18).
AULA 1
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Como estudar fenômenos complexos
O cientista social trabalha com fenômenos que estão bem perto dele, provocando uma interação complexa entre o investigador e o investigado. 
Ele é levado a enfrentar sua própria posição, seus valores, sua visão de mundo...
Sua fala, gestual, modo de ser/agir revelam o tipo de socialização que ele teve e influenciam na visão de mundo. 
“Nasce, daí, um debate inovador, numa relação dialética entre investigador e investigado”. (DA MATTA, Roberto in Relativizando: uma introdução à antropologia social). 
Dialética: origem no termo em grego dialektiké e significa a arte do diálogo, a arte de debater, de persuadir ou raciocinar.
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AULA 1
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Problemas Sociais e sociológicos
Problemas sociais e problemas sociológicos são expressões idênticas?
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AULA 1
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Problemas Sociais
O “problema social” é algo que atinge um grupo ou uma categoria de indivíduos (drogas, por exemplo), embora possa não ser um problema social em outra cultura. 
Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas como uma fonte de dificuldade, ameaça ou infelicidade (!) e considerada suscetível de melhoria.
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AULA 1
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Problemas Sociológicos
Os problemas sociológicos são todos os temas que sirvam como objeto de estudo da Sociologia. Exemplo: casamento, novos arranjos familiares, moda, religião, cultura, ensino,gosto pelo futebol, carnaval, questões de gênero etc.
A Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações sociais.
É uma questão de conhecimento científico e nem todas as questões constituem problemas científicos (sociológicos), mas podem ser problemas sociais. 
Todo problema social pode ser um problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um problema social
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AULA 1
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As relações entre indivíduo e sociedade
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 “O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem?”
AULA 1
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As relações entre indivíduo e sociedade
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“Sem dúvida temos consciência, ao mesmo tempo, de que esse abismo entre os indivíduos e a sociedade não existe na realidade. Toda sociedade humana consiste em indivíduos distintos e todo indivíduo humano só se humaniza ao aprender a agir, falar e sentir o convívio com outros.”
(Elias, Norbert. A Sociedade dos Indivíduos, pg. 67).
AULA 1
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Importância do estudo sócio antropológico na compreensão da realidade
O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. 
Por estudar
a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para compreender crítica e reflexivamente a realidade.
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AULA 1
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 Aula 3
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
(Livro Didático: p. 32-43)
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AULA 1
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 A análise antropológica da Cultura
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O conceito de Cultura
O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: 
"cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade". 
E é isso que os torna diferentes: hábitos alimentares, formas de se vestir, de formar família, de acessar o sagrado... 
A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de diversidade cultural. 
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AULA 1
Diversidade Cultural
A partir da descoberta do “Novo Mundo” a diversidade ficou mais evidente, pois os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus. Aliás, os dois lados foram impactados. (Morte de europeu e corpo em decomposição no rio. )
Realmente não é nada fácil vivenciar uma outra cultura diferente da nossa. Mas por quê? 
Porque pensamos que nossos hábitos e nossa forma de ver o mundo devem ser os mesmos para todos! 
Achamos o outro "diferente". Nossa cultura é o padrão, a norma. Tudo que é diferente é concebido como estranho, e mesmo errado. Isso é: Etnocentrismo.
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AULA 1
Olhar eurocêntrico sobre a cultura
A construção científica nasce na Europa e o grupo europeu era a referência como ser humano e sociedade. Com a conquista de outros continentes, os europeus encontram seres diferentes, mas parecidos o bastante para questionarem: seriam estes seres humanos? 
O pensamento vigente oscilava entre conceber os seres ora como humanos, ora como não humanos, providos ou desprovidos de alma, bons ou maus selvagens etc. 
Na ótica do “mau selvagem”, estes humanos eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, com sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela magia... Seres limitados que precisavam ser “civilizados” pela cultura européia. 
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AULA 1
Antropologia de gabinete
O século XIX chega e os antropólogos estudam culturas “exóticas” buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão), tudo isso sem ir ao campo. 
Não eram os antropólogos que enfrentavam o dia a dia dos “selvagens”. 
Eram enviados viajantes, pessoas comuns, que eram deslocados para essas “tribos” e ali ficavam registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos, que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas.  
Esta é a denominada “antropologia de gabinete”.
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AULA 1
A prática etnográfica
Como falar sobre uma cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunca se vivenciou? 
A partir da segunda metade do século XX, cunhou-se a prática etnográfica que é a metodologia característica da antropologia até os dias de hoje: o próprio antropólogo vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia, registra esta vivência, retorna para sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro final desta experiência. 
Não é fácil vivenciar uma cultura diferente da nossa. Geralmente, estabelecemos a nossa cultura como o padrão, a norma. Assim tudo o diferente é estranho e, até, errado. Tal postura é o que denominamos etnocentrismo.
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AULA 1
Etnocentrismo
Trata-se da “visão do mundo”, onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. 
No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença
No plano afetivo, temos os sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc.
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AULA 1
Etnocentrismo
As diferenças genéticas ou biológicas, como as decorrentes da raça, não determinam diferenças culturais, pois a cultura não nasce com a pessoa, mas é aprendida durante sua existência através do processo de socialização. 
Nem as condições geográficas, tais como clima, vegetação, relevo, latitude, longitude, entre outras, servem para construir a cultura, pois povos com as mesmas condições geográficas produzem culturas diferentes.
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AULA 1
Choque Cultural
"Nosso" grupo é aquele que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma... 
Aí então, de repente, surge um "outro grupo diferente", que nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. 
E, mais grave ainda, este “outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela e existe igual aos demais. 
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AULA 1
Você tem cultura?
Roberto da Matta, no texto “Você tem cultura?” considera que “devemos buscar compreender a lógica da vida do outro antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural”. 
O conceito de cultura permite afirmar que não há homens sem cultura, sem que exista hierarquia entre elas (superiores e inferiores). 
Por isso, deve-se analisar as práticas culturais no contexto em que são praticadas
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AULA 1
Relativismo Cultural
É a postura da Antropologia contemporânea, que busca compreender a lógica da vida do outro. 
“antes de cogitar se “aceitamos” ou não esta outra forma de ver o mundo, a antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes (...) pois cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete”.
(Roberto da Matta)
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O equívoco das visões 
deterministas sobre a cultura
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AULA 1
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“Muitos ainda acreditam nas velhas, persistentes e incorretas teorias que atribuem capacidades inatas e específicas a determinadas raças.
Atualmente os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais”
(Laraia: 2005; pg.17). 
O determinismo biológico
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AULA 1
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Pela lógica do determinismo geográfico, as diferenças do ambiente condicionam a diversidade cultural, ou seja, as forças da natureza agiriam de modo mecânico e determinante sobre as sociedades humanas.
Na verdade esta visão é equivocada, na medida em que as diferentes culturas humanas são influenciadas, mas não determinadas de modo absoluto pelo meio físico.
O determinismo geográfico
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Aplicação Prática
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Caso 1
Leia o diálogo a seguir. 
 Hoje o sol está de rachar!
 É verdade! Como pode uma bola de fogo menor que a  Terra, que fica girando em volta da gente, fazer tanto calor?
  Que nada, homem! A Terra é menor do que o sol!  É por isso que faz tanto calor!
A Ciência, recorrentemente, se defronta com raciocínios desse tipo, relacionado a falsas certezas. Demonstre as principais diferenças entre o pensamento científico e o senso comum e apresente, pelo menos, dois outros exemplos de convicções equivocadas decorrentes da utilização do senso comum e refutadas pela ciência.
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Sugestão
O conhecimento de senso comum é um tipo de conhecimento espontâneo, pois seu aprendizado é passado de geração a geração ao longo dos tempos. Ele se organiza a partir da necessidade do homem de enfrentar os desafios cotidianos. 
O conhecimento científico se distingue porque suas formulações são sistemáticas, baseadas em fatos verificáveis e controláveis através de experiências, chegando, por isso, a conclusões gerais e objetivas. Ele se constitui a partir do estabelecimento de métodos rigorosos de investigação e de um recorte específico de um objeto de estudo. 
Outros exemplos do senso comum: 
esfregar aliança de ouro x terçol; chá de camomila x calmante; gatos de 3 cores são sempre fêmeas; 
raio e trovão são fenômenos distintos x veloc luz e som; moeda no umbigo do recém-nascido para que ele não “ficar para fora”; 
cortar cabelos na lua cheia para crescer mais rápido; não comer manga e tomar leite etc.
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Questão objetiva
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“Foram os gregos que, rompendo com o senso comum, com a tradição e o misticismo, desenvolveram uma reflexão laica e independente, própria do espírito especulativo, que se debruçava sobre o mundo procurando entendê-lo em sua objetividade” (Cristina Costa. Sociologia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005). Esse conhecimento, denominado filosófico, tem como importante característica:
A busca do entendimento  do mundo por meio da separação entre as esferas do sagrado e do profano.
A compreensão do mundo por meio do aprendizado acumulado de gerações anteriores.
A busca da comprovação das relações de causa e efeito entre os fenômenos observados.
A tentativa de explicar a realidade a partir de narrativas mitológicas.
A contínua busca do conhecimento por meio do questionamento, da reflexão.
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AULA 1
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Questão objetiva
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A lei da gravidade, elaborada por Isaac Newton, a Lei da conservação da massa, de Lavoisier, popularizada na expressão “na natureza nada se cria, tudo se transforma” e a Teoria Heliocêntrica, preconizada por Nicolau Copérnico, evidenciam que características, próprias do pensamento científico?
Objetividade e neutralidade.
Generalidade e sacralidade
Generalidade e subjetividade
Subjetividade e neutralidade
Generalidade e  objetividade
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AULA 1
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Caso 2
Roberto da Matta, célebre antropólogo brasileiro, mostra que os fenômenos que compõem a matéria-prima das Ciências Sociais são complexos. 
Explique por que razão existe essa complexidade.
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AULA 1
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Sugestão
Os fenômenos sociais são complexos porque, embora observados, não podem ser reproduzidos em laboratório e, por haver uma interação entre sujeito e objeto da pesquisa (ambos pertencem à Humanidade), deve ser considerado o contexto em que o fenômeno ocorre. 
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AULA 1
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Exercício
Em um conhecido episódio da nossa história, Oswaldo Cruz liderou uma campanha de erradicação da febre amarela na cidade do Rio de Janeiro. Cientista de grande porte, tendo estudado no Instituto Pasteur, na França, convenceu as autoridades de que era necessário vacinar todos os moradores da cidade. Objetivamente, sua preocupação era a de combater uma epidemia que estava matando grande parte da população carioca.
Entretanto, essa iniciativa não foi bem recebida pela população, que atacava os agentes da brigada sanitária e promoveu uma série de protestos que ficou conhecida como a “Revolta da Vacina”. Uma das causas da reação adversa da população foi o fato de que, para aplicar a vacina, os agentes sanitários viam os braços desnudos das moças, considerados objeto de desejo na época, e, portanto, não podendo ser mostrado a estranhos.
Pergunta-se: se Oswaldo Cruz pudesse ter recorrido a um cientista social, como ele poderia ter auxiliado? Analise sob o prisma da objetividade científica e da relação sujeito/objeto os fenômenos acima descritos.
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AULA 1
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Sugestão
Caso Oswaldo Cruz pudesse contar com um cientista social, ele teria feito uma interpretação contextualizada do fenômeno, levando em conta não apenas os aspectos ligados à saúde e à higiene, mas também os aspectos culturais e morais que envolviam a questão. 
Assim, a situação não poderia ser enfrentada exclusivamente sob o prisma da objetividade científica, haja vista que o sujeito e o objeto da ação seriam humanos, participes de uma sociedade que possui valores, hábitos e costumes a serem observados pela ação do sanitarista, com o propósito de obter a adesão.
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AULA 1
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Questão objetiva
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As Ciências Sociais compreendem o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, da Sociologia e da Ciência Política. A Antropologia tem como principal preocupação a análise:
A) Dos aspectos culturais da sociedade, como costumes e crenças de diferentes grupos sociais.
B) Dos mecanismos de criação e legitimação do poder.
C) Das relações estabelecidas entre os diversos fenômenos sociais
D) Das relações econômicas que se estabelecem entre os Estados Nacionais.
E) Das concepções filosóficas dominantes em determinada sociedade.
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AULA 1
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Questão objetiva
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A construção de um olhar sociológico se inicia com o estranhamento diante da realidade, ciente de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor. Tal postura recusa a interpretação das ações e das relações sociais com base no conhecimento do senso comum e possibilita a construção do conhecimento científico da sociedade. Identifique, nas opções apresentadas, a que corresponde ao conhecimento sociológico.
Buscar nas próprias experiências a explicação naturalizante dos comportamentos humanos
(b) Estudar a realidade observada, segundo critérios científicos e metodológicos próprios.
(c) Tomar decisões fundamentadas no conhecimento de adágios e ditados
(d) Fazer diferentes leituras, tomando por base o senso comum
(e) Aceitar as explicações biológicas para as ações humanas em sociedade
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AULA 1
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Caso 3
Leia o texto abaixo e responda as questões propostas:
Em 1883, Franz Boas foi estudar os esquimós e passou um tempo convivendo com eles. O autor fez as seguintes observações no seu diário:
"Frequentemente me pergunto que vantagens nossa "boa sociedade" possui sobre aquela dos "selvagens" e descubro, quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olhá-los de cima para baixo. Onde em nosso povo, poder-se-ia encontrar hospitalidade tão verdadeira quanto aqui ... Nós, "pessoas altamente educadas", somos muito piores relativamente falando ... Creio que, essa viagem tem para mim uma influência valiosa, ela reside no fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação (...)" (Trecho extraído do livro Antropologia cultural/Franz Boas. Celso Castro (org). Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 2004).
(i) Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa?
(ii) Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas.
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AULA 1
Sugestão
Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa? 
A etnografia, método em que o pesquisador vai até o local (o campo de estudo) e investiga, mediante observação direta in loco, os costumes culturais, as regras, as relações que se estabelecem naquela sociedade que deseja aprender. 
Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas. 
O autor faz uso do relativismo cultural, ao procurar compreender a lógica da vida do outro e valoriza a diversidade cultural, ou seja, a diferença existente entre as representações sociais existentes na cultura como identidade da sociedade. Ele não hierarquiza as formas de vida social, percebendo que as noções de “selvagem” e “civilizado” são relativas, pois dependem do ponto de vista do observador. 
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AULA 1
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Questão Objetiva
O criminoso nato seria caracterizado por uma cabeça com pronunciada assimetria craniana, fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, zigomas, lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, maxilares proeminentes (prognatismo), face longa e larga, apesar do crânio pequeno, cabelos abundantes, mas barba escassa, rosto pálido". (Cesare Lombroso, psiquiatra italiano.) A descrição acima evidencia um tipo de pensamento típico do século XIX, no qual características biológicas (fenotípicas, somatológicas) determinariam comportamentos sociais. Como ficou conhecido, na Antropologia, esse tipo de pensamento?
A) Determinismo social
B) Determinismo geográfico
C) Determinismo biográfico
D) Determinismo biológico
E)  Determinismo cultural
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AULA 1
Questão Objetiva
A noção de ‘etnocentrismo’ em Antropologia busca:
A) Designar a ocorrência de uma imprecisão conceitual na teoria antropológica
B) Expressar o processo de observação dos valores da própria cultura como se fossem únicos ou superiores.
C) Descrever a preeminência da relação entre os termos em qualquer análise antropológica
D) Apontar para o risco de suspensão moral das categorias de nossa própria cultura
E) Nomear o processo de construção de conceitos abstratos a partir das representações nativas
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AULA 1
 A Construção da identidade nacional
O “Mito das Três Raças”
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Apêndice
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A posição de Roberto da Matta
Existem várias correntes que explicar a formação racial/cultural da sociedade brasileira. 
Segundo Roberto Da Matta é notória a importância dos elementos étnicos, a dizer: branco, negro e indígena, na formação da sociedade brasileira. 
Essas 3 raças proporcionaram o reconhecimento da identidade nacional, bem peculiar em relação a outros países com experiências semelhantes. 
Para ele, o Brasil se tornou uma sociedade mestiça e homogênea, onde supostamente não existiria preconceito "racial" e todos os indivíduos seriam potencialmente capazes de possuírem igualdade formal, material e moral entre si.
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AULA 1
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Conde Gobineau
A primeira destas correntes previa a degenerescência e o pensador mais importante era o Conde de Gobineau (1816-1882).
Joseph Arthur de Gobineau via a mistura de raças como fator de decadência e degenerescência da sociedade brasileira, e influenciou a obra de expoentes do pensamento brasileiro como Sílvio Romero, Oliveira Vianna e Nina Rodrigues.
Não via com bons olhos nenhum aspecto da sociedade brasileira, a não ser seus encontros com D. Pedro II. 
Para ele o Brasil não tinha futuro, pois era marcado pela presença de raças que julgava inferiores. 
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Conde Gobineau
A mistura racial daria origem a mestiços e pardos degenerados e estéreis. Esta característica já teria selado a sorte do país: a degeneração levaria ao desaparecimento da população. 
“Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças europeias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária”.
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AULA 1
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Gilberto Freyre
Já Gilberto Freyre (1900-1987) afasta o debate superioridade x inferioridade. 
Para ele, a miscigenação não deve ser considerada um fenômeno simplesmente biológico ou capaz de gerar aptidões, costumes e degenerescências dela derivadas e agravadas pela ação deprimente do clima.
A mistura de diferentes grupos étnicos é algo positivo e até mesmo capaz de promover uma democratização a partir da posição ambivalente do mestiço.
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Sergio Buarque de Hollanda
Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu estudo Raízes do Brasil, defende que os males do país também não provêm da miscigenação. São oriundos da personalidade do português. 
O português é tão dominante que a mistura com índios e negros não conseguiu superá-la. 
Além disso, a personalidade dos negros era semelhante à dos portugueses, ou seja, plástica e maleável, o que lhes fomentavam um caráter “anti-social” que preferia os entretenimentos ao trabalho. 
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Darcy Ribeiro
Para Darcy Ribeiro (1922-1997), o brasileiro nasce no processo de distinção de suas matrizes originais, sendo hostilizado e, também, sendo hostil. 
O mameluco rejeita a mãe índia que lhe deu a luz e opõe-se aos irmãos de sangue das Américas...
... ao mesmo tempo em que é desconhecido pelo pai branco e banido entre os irmãos de ultramar. (...) 
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Darcy Ribeiro
Não menos dolorosa é a transfiguração étnica que fez nascer o brasileiro-mulato. 
A submissão do escravo africano trazido para o Brasil se deu pela força da opressão e exigiu um aparato de vigilância enorme e o uso constante dos castigos preventivos capazes de levar o ser humano a se esquecer de si. 
A fuga era a mais forte motivação do cativo para se manter vivo. Veja-se o Quilombo dos Palmares e seu projeto de sociedade igualitária.
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Darcy Ribeiro
Assim, Darcy Ribeiro defende a noção de um povo novo resultado dos processos de desindianização do índio, de desafricanização do negro e de deseuropereização do europeu. 
Um país de mestiços, que não são iguais aos seus ascendentes de uma ou outra etnia, portanto, “uma nova etnia nacional”.
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Mito?
Isto é considerado um "mito" por críticos a esse tipo de pensamento por diversos fatores, entre eles:
A ideia minimiza a violência da dominação colonialista exercida pelos portugueses nos povos ameríndios e africanos, pois parte da noção equivocada de um equilíbrio das 3 forças na colonização.
A raça não é fator definidor de cultura. Há quem diga que raça não existe, aliás.
Porém, várias obras literárias reforçam a ideia do mito:
Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre (relação entre negros e brancos);
O Guarani, de José de Alencar (relação entre índios e brancos). 
O documentário O Povo Brasileiro, dirigido por Darcy Ribeiro.
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