Ciência Política aula 3 a 2

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SOCIEDADE E ESTADO. 
Distinções conceituais
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OBJETIVOS DA AULA
OBJETIVO GERAL:
Conhecer as principais interpretações sobre os fenômenos Sociedade e Estado;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conhecer as principais características das abordagens Organicistas e Mecanicista de Sociedade vinculando-as a autores importantes da área e as consequências políticas oriundas de tais abordagens.
Conhecer as características sociológica, jurídica e filosófica do conceito de Estado moderno. 
2
Polissemia do conceito de Sociedade.
Sociedade de indivíduos ou Sociedade de sociedades? A que nos referimos quando falamos de sociedade? 
Segundo Parsons, sociedade refere-se a todo o complexo de relações do homem com seus semelhantes. 
Significa que falar da sociedade implica em considerar todas as relações, econômicas, religiosas, familiares, culturais, etc., no contexto de uma determinada sociedade. 
Mas, ao longo do desenvolvimento dos 19 e 20 duas tradições interpretativas se consolidaram contribuindo para a formação de um pensamento sobre a sociedade e de posicionamentos políticos a respeito de como deve ser governada. 
São elas as Interpretações Organicistas e as Interpretações Mecaniscistas.
DUAS ABORDAGENS SOBRE SOCIEDADE
INTERPRETAÇÃO ORGANICISTA	
Predominantemente sociológica. Expoentes: Comte e Durkheim.
A sociedade é maior que o indivíduo. Ela se origina na soma das partes/grupos e se torna independente dessas partes/grupos;
O indivíduo nasce em sociedade e depende dela para sobreviver;
É impossível ao homem se tornar um ser humano sem se integrar na sociedade;
Mesmo com a morte dos indivíduos mais notáveis a sociedade sobreviverá;
É necessário manter a ordem social pela manutenção das instituições sociais para o progresso da sociedade.
INTERPRETAÇÃO MECANICISTA
Predominantemente filosófica. Expoentes: Locke e Marx;
A base da sociedade é o consenso social, não a imposição autoritária;
A sociedade é formada e mantida pela articulação das diferentes vontades dos agentes no seu interior;
Os indivíduos são produtores dos sentidos das ações que colocam a sociedade em movimento de constante transformação. 
É impossível ver um órgão humano funcionando à parte do seu corpo. Porém, instituições e comunidades sociais podem sobreviver à parte da uma sociedade.
SOCIEDADE E COMUNIDADE
A pergunta que move em qual direção, organicista ou mecanicista, é uma percepção de sociedade é:
Como a Sociedade deve se organizar? Buscando a sua preservação acima de todos os indivíduos? Ou o indivíduo é irredutível e deve se impor à sociedade?
Por priorizarem a sociedade, organicistas tendem a ser mais conservadores e autoritários;
Por priorizarem os indivíduos, mecanicistas tendem a ser mais progressistas e anárquicos; 
SOCIEDADE E COMUNIDADE
SOCIEDADE
Ação livre e racional dos indivíduos na ordem jurídica e econômica; 
A despeito dos laços os indivíduos permanecem separados;
Solidariedade orgânica.
COMUNIDADE
Solidariedade inconsciente, caráter irracional;
Organização social onde são nutridos laços de dependência direta e mútua;
Solidariedade mecânica.
A sociedade não elimina a comunidade. Comunidades podem existir no interior de uma sociedade, com vínculos diversos. Sua finalidade máxima é promover a integração dos indivíduos por meio da aproximação uns dos outros, principalmente no plano não racional e inconsciente. 
RELAÇÃO SOCIEDADE E ESTADO
SOCIEDADE E ESTADO.
Visão dualista. Perspectiva originária das revoluções burguesas.
A sociedade é a esfera ampla, substrato materialmente econômico que anima a vida social. O estado é a esfera menor, a ordem jurídica ou o corpo de normas que ordena a sociedade. 
Nesta perspectiva, o Estado é uma maquina de poder. Apesar de estar no interior da sociedade está simultaneamente fora, uma vez que tem como função administrá-la dirigindo-a para a vontade de seus governantes. 
DIFERENTES DEFINIÇÕES DA RELAÇÃO SOCIEDADE E ESTADO
ROUSSEAU: A sociedade é o conjunto de grupos fragmentados. Do conflito entre eles pode surgir a “Vontade de Todos”, realidade que não produz o Bem Comum. O Estado, no entanto, exprime a “Vontade Geral”, a percepção autentica de como a sociedade deve ser governada por surgir do consenso deliberativo.
HEGEL: A sociedade é o ‘espírito objetivo’, a antítese, isto é, fornece interesses e valores contrastantes com aqueles observados na família que é o ‘espírito subjetivo’, a tese. Nesse sentido, O Estado, é interpretado por Hegel como o ‘espírito absoluto’, a síntese, o equilíbrio encontrado entre família e sociedade e que por isso deve determinar a forma de governar sobre estes conflitos. 
MARX e ENGELS: A sociedade são todas as relações conflitivas que possibilitam a produção das condições materiais de existência. O Estado, para os autores, é o instrumento de afirmação das contradições sociais, no Estado, se afirma o modelo de exploração do homem sobre o homem. 
CONCEITO DE ESTADO
Polissemia. Muitos significados para um conceito. Seu significado dependerá do período histórico a qual nos referimos. 
ANTIGUIDADE
Polis, Civitas ou Res Publica
É a personificação do vínculo comunitário. São as formas como os diferentes indivíduos se engajam na vida política de um grupo social. 
MEDIEVAL
IMPERIUM OU REGNUM. Designam o Estado como organização de exercício do poder e do domínio. Outra acepção utilizada na idade média era a de Laender. Traz a ideia de Estado relacionada ao território. 
MODERNIDADE
Maquiavel funda o uso do termo Estado. Designa expressamente a articulação do poder mediante normas jurídicas mais ou menos uniformes que regulam a relação de todos sob seus limites. 
TRÊS ACEPÇÕES DE ESTADO
ACEPÇÃO FILOSÓFICA, JURÍDICA E SOCIOLÓGICA
ACEPÇÃO FILOSÓFICA
Determinada por Hegel;
Realidade da ideia moral, substancia consciente de si mesma. O Estado é o valor social mais alto, é o Estado que concilia a contradição existente entre a Sociedade e a Família.
Por esse motivo, o Estado tem a prerrogativa de utilizar os meios violentos de coerção para corrigir e/ou estimular os comportamentos em seu interior.
ACEPÇÃO JURÍDICA
Kant definiu, a esse respeito, o Estado como “o sujeito da ordem jurídica”, isso significa que o Estado é “a reunião de homens sob as leis do Direito”.
Burdeau, ressaltando o aspecto institucional do poder definiria Estado como a institucionalização do poder por meio de operações jurídicas. Enquanto Calvez, completaria sua definição afirmando que o Estado, generaliza a sujeição do poder ao direito provocando-lhe uma despersonalização. 
ACEPÇÃO SOCIOLÓGICA
O Estado é a instituição social em que um grupo vitorioso se impõe ao vencido, com o único fim de organizar o domínio do segundo pelo primeiro prevenindo rebeliões e agressões, tanto no seu interior quanto vindas de fora.
Marx, define o Estado como um fenômeno histórico passageiro, produto do desenvolvimento da luta de classes e fadado ao desaparecimento. De igual forma, como produto da luta de classes o Estado moderno, na acepção marxista, é o petit comitê da burguesia, sendo que suas políticas públicas, direitos e leis servem aos interesses burgueses.
Weber, define Estado como uma forma de racionalização do emprego da violência, que passa a ser utilizada de forma legítima. Uma ordem jurídica legítima que se racionalizou.