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A ESTRUTURA DAS SESSÕES DE TERAPIA COGNITIVA

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A ESTRUTURA DAS SESSÕES DE TERAPIA COGNITIVA 
 
 
 
A Terapia Cognitiva segue um modelo dire-
tivo, isto é, as sessões são previamente es-
truturadas, de modo que o terapeuta segue 
um roteiro durante os atendimentos. Este 
roteiro é composto dos seguintes elemen-
tos básicos: rapport, ponte com a sessão 
anterior, revisão das tarefas de casa da 
sessão anterior, atualização, estabeleci-
mento de uma agenda para a sessão, abor-
dagem dos tópicos da agenda: verificação 
de humor, educação do cliente sobre o mo-
delo cognitivo, educação do cliente sobre o 
seu transtorno, uso de técnicas e estraté-
gias cognitivo-comportamentais, enqua-
dramento, indicação de novas tarefas de 
casa, resumo da sessão e feedback. De 
acordo com as características de cada ses-
são, alguns elementos são omitidos. 
 
A PRIMEIRA SESSÃO: 
 Fazem parte da primeira sessão os 
seguintes elementos: rapport, atualização 
do estado do cliente, estabelecimento de 
uma agenda para a sessão, abordagem dos 
tópicos da agenda: verificação de humor, 
educação do cliente sobre o modelo cogni-
tivo, enquadramento, indicação das tarefas 
de casa, resumo da sessão e feedback. 
 
Rapport: 
 Tem como objetivo quebrar o gelo 
no início da relação, pois visa a criação de 
um clima favorável para o desenvolvimen-
to da entrevista, através de um tema amis-
toso que interesse ao entrevistado. 
 É através do rapport que serão cri-
adas as condições para a construção do 
vínculo terapeuta e cliente. 
 Portanto, evite começar a sessão 
indo diretamente ao assunto. 
 
Atualização do estado do cliente: 
 Revisar o problema apresentado 
como motivo da consulta (queixa para a 
terapia). Está no prontuário do cliente, 
mas é importante o próprio terapeuta ouvir 
diretamente do cliente o que o trouxe à 
terapia. Deve-se fazer uma atualização do 
seu estado (o que mudou: aumentou ou 
diminuiu, e o que permaneceu da mesma 
forma em relação ao problema), desde a 
triagem ou do psicodiagnóstico até a con-
sulta de hoje. 
 É relevante investigar neste mo-
mento as expectativas que o cliente tem em 
relação ao processo terapêutico, para saber 
se o que ele espera da terapia é possível de 
ser alcançado. Lembre-o que a terapia é 
focal e que serão tratados os motivos apre-
sentados para a consulta. Isto evita criar 
expectativas irrealistas no cliente. 
 
 Estabelecimento de uma agenda pa-
ra a sessão: 
 Através da agenda, o terapeuta de-
fine, juntamente com o cliente, um roteiro 
para a sessão terapêutica, do tipo: Você já 
me falou sobre o que lhe trouxe à terapia 
(atualização do estado do cliente), agora 
eu preciso saber como você está se sentin-
do hoje (verificação do humor), Eu 
preciso informar-lhe sobre como funciona 
a terapia cognitiva (educação do clien-
te sobre o modelo cognitivo) e deta-
lhes sobre o atendimento (enquadra-
mento). Eu vou lhe passar algumas tare-
fas para você fazer em casa (tarefa de 
casa), e, no final, eu vou relembrar o que 
falamos (resumo) e vou querer saber o 
que você achou da terapia (feedback). 
 Inclusão de itens complementa-
res da agenda. Se o terapeuta, ao tomar 
contato com o caso através do prontuário 
do cliente (na entrevista de triagem e/ou 
no processo psicodiagnóstico) e/ou se du-
rante a atualização o cliente relatou alguma 
coisa que precise de um maior esclareci-
mento, o terapeuta pode incluir mais este 
item na agenda para ser investigado duran-
te a sessão. 
 Tem alguma coisa que você gosta-
ria de acrescentar à nossa agenda de ho-
je? Em função da resposta do cliente, o 
terapeuta deve incluir na agenda o assunto 
proposto. Porém, se o terapeuta não tem 
condição de responder nesta sessão, ele 
anota a pergunta e se prontifica a incluí-la 
na agenda da próxima sessão. 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 2 
 Em seguida, o terapeuta passa a 
cumprir os itens incluídos na agenda 
(abordagem dos itens da agenda). 
 
Verificação do humor: 
 A avaliação do humor do cliente 
deve ser feito em todas as sessões. Além do 
relato subjetivo (Como você está se sentin-
do hoje?), deve-se monitorar de forma ob-
jetiva o estado afetivo do cliente, seja atra-
vés de inventários padronizados e/ou de 
escalas. 
 O mais utilizado é o Inventário de 
Depressão de Beck (BDI), mas costuma-se 
utilizar também o inventário de ansiedade 
e o de desamparo de Beck. Nos casos de 
depressão, deve-se fazer, pelo menos, três 
testagens com o BDI ao longo da terapia 
(na segunda sessão, no meio e no fim do 
processo terapêutico). 
 Outra forma de avaliação é através 
de escalas que avaliam a intensidade dos 
estados afetivos de tristeza (triste, pra bai-
xo, infeliz, aborrecido, chateado, magoado, 
etc.), raiva (com raiva, com ódio, furioso, 
irritado, etc.) e ansiedade (ansioso, nervo-
so, preocupado, temeroso, assustado, ten-
so, etc.). Outros estados afetivos relatados 
pelo cliente também podem ser avaliados, 
tipo: sinto-me envergonhado, embaraçado, 
humilhado, decepcionado, frustrado, inve-
joso, ciumento, culpado, ferido, desconfia-
do, inseguro, medroso, vulnerável, etc. 
 Pode-se utilizar uma medida sim-
plificada que varia de 0 a 100. Pergunta-se 
ao cliente: De 0 a 100, o quanto você se 
sente triste agora? E repete-se a pergunta 
para raiva e ansiedade: De 0 a 100, o 
quanto você se sente raivoso(a) agora? E 
De 0 a 100, o quanto você se sente ansio-
so(a) agora? 
 Outra maneira de avaliar o humor é 
através de escalas categóricas: nada ou 
muito pouco (até 20%), um pouco (21 a 
40%), moderadamente (41 a 60%), muito 
ou bastante (61 a 80%) e intensamente (80 
a 100%). Apresente uma folha com as se-
guintes questões e peça para que o cliente 
assinale um x na coluna que representa 
como ele se sente em relação a cada um 
dos afetos avaliados (tristeza, raiva, ansie-
dade ou outro afeto relevante): 
 
O quanto 
você se sen-
te...? 
nada ou 
muito 
pouco 
(até 20%) 
um pouco 
(21 a 40%) 
moderadamente 
(41 a 60%) 
muito ou 
bastante 
(61 a 80%) 
intensamente 
(80 a 100%) 
Triste 
Raivoso(a) 
Ansioso(a) 
(Outro afeto 
relevante) 
 
 
 
É necessário que o terapeuta faça esta ava-
liação através da escala de 0 a 100 ou da 
escala categórica em todas as sessões, 
mesmo que utilize o BDI. Esta informação 
é importante para acompanhar sistemati-
camente a evolução do caso. 
 
Educação do cliente sobre o modelo 
cognitivo: 
 Ao longo do processo terapêutico, o 
terapeuta vai ensinando paulatinamente ao 
cliente como funciona o modelo cognitivo: 
são os nossos pensamentos que provocam 
nossas emoções e determinam os nosso 
comportamentos. 
 Na primeira sessão, o terapeuta faz 
uma pequena exposição do modelo, utili-
zando um exemplo do cliente. Eu gostaria 
que você me contasse uma situação recen-
te em que você se sentiu particularmente 
desconfortável (ou triste, aborrecido, ansi-
oso, etc.)? Nesta fala do cliente, o terapeuta 
procura identificar os seguintes itens: a 
situação (ex: Foi na escola, durante a 
aula de estatística, o professor perguntou 
qual resposta eu dei ao exercício e a mi-
nha resposta estava errada), o(s) pen-
samento(s) (Eu sou incompetente, isso é 
difícil demais para a minha cabeça, eu 
não tenho capacidade para o estudo), os 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 3 
afetos (Fiquei nervosa e triste comigo 
mesma) e o(s) comportamento(s) do 
cliente (Eu abaixei a cabeça e não conse-
gui mais acompanhar a aula). Veja o or-
ganograma abaixo: 
 
 
 
 
 
Resumo do modelo: são os pensamentos 
da pessoa em uma determinada situação 
que desencadeiam as emoções que ela sen-
te e as reações que ela tem (seus compor-
tamentos). 
 Nas próximas sessões, o modelo 
será ampliado, com a inclusão da distinção 
entre os pensamentos da crença central 
(Eu sou incompetente) e dos pensamentosautomáticos (Isso é difícil demais para a 
minha cabeça, eu não tenho capacidade 
para o estudo), que sevem de base para a 
crença central. Este conjunto de pensa-
mentos forma o Esquema Cognitivo, que 
será apresentado através do Mapa Cogniti-
vo, que vamos aprender mais adiante e do 
preenchimento do Diário de Pensamentos 
Disfuncionais. 
 
Itens complementares da agenda: 
 Neste momento, deve-se abordar 
com o cliente os itens acrescidos à agenda 
pelo próprio terapeuta ou por solicitação 
do cliente. 
 Neste ponto, o terapeuta pede in-
formações, esclarecimentos, aprofunda-
mento de alguns assuntos, exploração de 
assuntos não mencionados, mas que estão 
relacionados ao problema do cliente. 
 Deve o terapeuta atender às solici-
tações do cliente, explicando o processo, 
dirimindo as dúvidas, respondendo, dentro 
do possível, às questões apresentadas pelo 
cliente. 
 
 
 
 
 
Enquadramento: 
 O enquadramento refere-se ao con-
trato de trabalho de trabalho estabelecido 
entre o terapeuta e o cliente e equivale à 
configuração do campo de atuação do psi-
cólogo, com o estabelecimento de parâme-
tros básicos. Ele funciona como um ele-
mento ordenador que propõe normas que 
regem qualquer tipo de tarefa entre duas 
pessoas, pois estabelece os limites da iden-
tidade e das possibilidades de ação. 
 Estes referenciais possibilitam ao 
psicólogo perceber aspectos latentes da 
conduta do entrevistado, principalmente 
através das dificuldades do cliente de com-
preender e / ou respeitar o enquadramento 
e o contrato de trabalho. Isto é também 
associado às emoções que as atitudes do 
entrevistado despertam no psicólogo. 
 Neste contrato de trabalho, são 
definidos: especificações das sessões: o 
horário (evitar atrasos), o tempo de dura-
ção da sessão (50 minutos) e de todo o 
processo terapêutico (inicialmente, está 
previsto pra se encerrar no final do semes-
tre letivo), o lugar (sala do SPA), faltas 
(depois de duas faltas sem justificativa o 
cliente é desligado da terapia), os honorá-
rios (geralmente é cobrado R$ 5,00 por 
sessão, que o cliente paga ao completar 
quatro sessões, isto é R$ 20,00, sendo que 
nos casos em que o cliente não tem condi-
ções a secretária Fátima faz a revisão deste 
valor, podendo dar um desconto ou tornar 
o atendimento gratuito), os objetivos (qual 
é o foco do atendimento), os papéis dos 
participantes (do terapeuta e do cliente) e 
as responsabilidades do profissional e do 
cliente (quanto ao respeito, liberdade, in-
SITUAÇÃO 
Resposta errada 
na aula de esta-
tística. 
PENSAMENTO 
Eu sou incompetente, 
Isto é muito difícil para 
mim, 
 Não tenho capacidade 
para o estudo. 
COMPORTAMENTO 
Abaixar a cabeça e não acompa-
nhar mais a aula. 
EMOÇÃO 
Nervosismo e tristeza. 
 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 4 
tegridade e dignidade) e o aspecto do sigilo 
(em termos de confiança, intimidade e 
confidencialidade) e encerramento e devo-
lução das informações ao final do processo. 
 
Tarefas de casa: 
 O terapeuta deve partilhar com o 
cliente a responsabilidade pela terapia e 
um dos caminhos é a tarefa de casa. 
 Alguns clientes têm resistência 
quanto à palavra tarefa, pois se recordam 
de experiências desagradáveis em relação 
às tarefas escolares. Se isto for detectado, é 
necessário incluir este item (dificuldade 
em relação à tarefa) na agenda da próxima 
sessão. 
 São diversas as opções de ativida-
des para serem cumpridas como tarefa de 
casa: monitorar os pensamentos, pensar 
amanhã como foi a sessão terapêutica de 
hoje, fazer uma lista com assuntos a serem 
incluídos na agenda da próxima sessão, 
biblioterapia (leitura de textos sobre o pro-
blema enfrentado pelo cliente, de livros 
sobre o modelo cognitivo, de livros leigos 
ou da própria literatura que aborde o seu 
problema, etc.), fazer uma lista de ativida-
des prazerosas ou que o cliente realiza com 
competência, fazer uma atividade física 
específica que lhe dê prazer (caminhar, 
passear, andar de bicicleta, nadar, pescar, 
dançar, etc.) e outros. 
 No monitoramento dos pensamen-
tos, é importante que o cliente aprenda 
desde o início em dar atenção especial aos 
seus pensamentos. Para isto, quando ele se 
sentir desconfortável ou com alguma sen-
sação desagradável, é preciso que ele iden-
tifique os elementos básicos do modelo 
cognitivo, respondendo às perguntas: O 
que está acontecendo comigo? (situação); 
Quais são os pensamentos que vêm à mi-
nha cabeça neste momento? (pensamen-
to); O que eu estou sentindo agora? (afeto 
e emoção); O que eu fiz diante desta situa-
ção? (comportamento: resposta adaptati-
va). Monitorar os pensamentos é a ferra-
menta chave para o desenvolvimento da 
Terapia Cognitiva. 
 Procurar estabelecer, em conjunto 
com o cliente (ele deve concordar com a 
tarefa, pois, caso ele discorde da atividade, 
esta deixa de atingir seu objetivo colabora-
tivo), aproximadamente quatro tarefas de 
casa por sessão. 
 As tarefas de casa devem ser regis-
tradas por escrito pelo cliente e anotadas 
pelo terapeuta. 
 
Resumo: 
 O terapeuta faz uma breve síntese 
de tudo o que ocorreu na sessão e reforça 
os pontos importantes. Deve incluir tam-
bém as tarefas de casa que o cliente con-
cordou em realizar durante a semana. 
 Nas próximas sessões, o terapeuta 
pode compartilhar com o cliente a respon-
sabilidade pela realização do resumo e até 
pedir que o cliente resuma, sozinho, a ses-
são. 
 
Feedback: 
 É importante de ser realizado, pois 
transmite a idéia de que o terapeuta se 
incomoda com o que o cliente pensa, sendo 
esta uma oportunidade para que ele se ex-
presse livremente. Para o terapeuta, é uma 
chance de resolver quaisquer mal-
entendidos. 
 De modo geral, o feedback deve 
revelar a opinião do cliente em relação aos 
aspectos positivos e negativos da sessão e o 
seu grau de adesão ao processo (o quanto 
ele se dedica, está empenhado e envolvido 
na terapia). 
 Neste sentido, algumas questões 
podem orientar o feedback: O que você 
vivenciou hoje aqui que é importante para 
você se lembrar? Quanto você sentiu que 
poderia confiar no seu terapeuta? Houve 
qualquer coisa que incomodou você du-
rante a terapia hoje? Quão propenso você 
está a fazer as tarefas de casa? 
 
 
 
DA SEGUNDA SESSÃO EM DIANTE: 
 Fazem parte da segunda sessão os 
seguintes elementos: rapport, ponte com a 
sessão anterior, revisão das tarefas de casa 
da sessão anterior, atualização, estabele-
cimento de uma agenda para a sessão, 
abordagem dos tópicos da agenda: verifi-
cação de humor, educação do cliente sobre 
o modelo cognitivo, educação do cliente 
sobre o seu transtorno, indicação de novas 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 5 
tarefas de casa, resumo da sessão e feed-
back. 
 
Rapport: 
 O rapport deve ser breve e continu-
ar o processo de vinculação iniciado na 
primeira sessão. 
 
Ponte com a sessão anterior: 
 No início da sessão, retomar com o 
cliente os principais pontos abordados na 
sessão anterior. Sobre o que falamos na 
sessão anterior? O que foi importante para 
você? O que você aprendeu sobre si mesmo 
na sessão passada? 
 
 
Revisão das tarefas de casa da sessão 
anterior: 
 Recorde com o cliente as tarefas de 
casa passadas na sessão anterior, uma a 
uma. Questione o cliente: Que tarefa de 
casa você fez? Houve alguma que você 
não fez? Por quê? Como se sentiu ao reali-
zar a tarefa? O que você pensou sobre a 
tarefa? Como você acha que se saiu em 
relação às tarefas? O que você aprendeu 
com as tarefas de casa? 
 Caso identifique alguma dificuldade 
em relação às tarefas da sessão anterior, o 
terapeuta pode incluir este item na agenda 
desta sessão. 
 
 
Atualização do estado do cliente: 
 O objetivo é obter uma compreen-
são do sujeito que abranja o período entre 
esta e a sessão anterior.Como foi a sua 
semana? Houve algo que lhe incomodou 
durante a semana? Como esteve o seu hu-
mor nos últimos dias comparando com 
outras semanas? 
 
Estabelecimento de uma agenda pa-
ra a sessão: 
 Estabelecer um roteiro com o clien-
te para a sessão. Hoje nossa sessão será 
bastante variada. Vamos fazer a verifica-
ção do seu humor, como na semana pas-
sada. Vamos conversar sobre o modelo 
cognitivo, sobre o seu problema, uso de 
técnicas e estratégias cognitivo-
comportamentais, estabelecer as tarefas 
de casa para a próxima semana e finali-
zar com o resumo e o feedback desta ses-
são. 
 Inclusão de novos itens comple-
mentares da agenda, que serão abordados 
antes da educação do cliente sobre o mode-
lo cognitivo e sobre seu problema. Há al-
gum assunto que você gostaria de incluir 
na agenda? Eu (o terapeuta) gostaria de 
que você me falasse um pouco sobre um 
assunto importante (por exemplo: sua vida 
escolar, namoro, atividades de lazer, famí-
lia, emprego, etc.). 
 
Verificação do humor: 
 Fazer a avaliação do estado afetivo 
do cliente, utilizando as escalas de 0 a 100 
ou as escalas categóricas. 
 No caso de depressão, incluir nesta 
sessão a avaliação através do inventário de 
Beck, o BDI. 
 
Itens complementares da agenda: 
 Abordar com o cliente cada um dos 
temas incluídos na agenda pelo próprio 
terapeuta ou por solicitação do cliente. 
 
Educação do cliente sobre o modelo 
cognitivo: 
 Aprofundar o entendimento sobre o 
modelo cognitivo. 
 Nesta e nas próximas sessões, o 
modelo será ampliado, com a inclusão da 
distinção entre os pensamentos da crença 
central (Ninguém me ama) e dos pensa-
mentos automáticos (Meus pais gostam 
mais do meu irmão do que de mim, eu não 
tenho amigos, eu não consigo arranjar 
namorado), que sevem de base para a 
crença central. 
 Ensinar o cliente a preencher o Diá-
rio de Pensamentos Disfuncionais, que 
consiste em uma ficha que o terapeuta en-
trega ao cliente para que este preencha 
com detalhes a respeito do seu problema, 
informando a data e a hora em que ocorreu 
tal situação, o(s) pensamento(s) automáti-
co(s), a(s) emoção(ões) desencadeada(s) e 
a sua resposta(s) comportamental(is), con-
forme o modelo abaixo: 
 
 
 
 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 6 
DIÁRIO DE PENSAMENTOS 
DISFUNCIONAIS: 
Instrução: quando você perceber que o seu 
humor está piorando, pergunte a si mesmo 
O que está passando pela minha cabeça 
agora? E assim que possível, anote o pen-
samento ou imagem na coluna Pensamen-
to Automático e complete o quadro abaixo: 
 
Data e 
hora 
Situação Pensamento 
automático 
(PA) 
Emoção Comportamento 
 Que evento real, fluxo 
de pensamentos, sensa-
ções físicas, devaneios 
ou recordações levou à 
emoção desagradável? 
Que pensa-
mento(s) e/ou 
imagem(ns) 
passou pela 
sua cabeça? E 
o quanto você 
acreditou em 
cada um no 
momento? 
Que emoção 
você sentiu 
neste mo-
mento? (tris-
teza, raiva, 
ansiedade, 
etc.) e qual a 
intensidade? 
O que você fez? 
12/03/2008 
às 10:30 
Conversando ao celular 
com o amigo César 
Ele não está 
interessado no 
que eu digo. 
60% 
Triste: 80% 
Rejeitada: 
90% 
Fingi que tinha 
que desligar 
 
A partir da semana seguinte, o terapeuta 
ensinará a responder a seus pensamentos 
automáticos, através do questionamento 
da validade de tais pensamentos. O cliente 
será ensinado a enfrentar, através de res-
postas adaptativas, seus pensamentos dis-
funcionais. Pode-se utilizar de perguntas 
do tipo: 1) Qual a evidência de que o pen-
samento é verdadeiro? 2) Há uma expli-
cação alternativa? 3) O que é o pior que 
poderia acontecer? Eu poderia superar 
isso? Qual é o resultado mais realista? 4) 
Qual é o efeito de eu acreditar no pensa-
mento automático? Qual poderia ser o 
efeito de eu mudar o meu pensamento? 5) 
O que eu deveria fazer em relação a isso? 
6) Se _______ (nome do(a) amigo(a)) 
estivesse na situação e tivesse esse pensa-
mento , o que eu diria a ele(a)? O cliente 
também é ensinado a identificar distorções 
cognitivas. 
 Estas respostas adaptativas e o re-
sultado de sua utilização, sendo que ambas 
serão acrescentadas como colunas à direita 
do quadro do Diário de Pensamentos Au-
tomáticos, conforme modelo em anexo. 
 O Mapa Mental deve ser utilizado 
para representar graficamente a organiza-
ção dos pensamentos na construção dos 
Esquemas Cognitivos, de acordo com o 
modelo: 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 7 
. 
 
 
 
Educação do cliente sobre o seu pro-
blema: 
 Logo no início do tratamento, o 
cliente é informado de que a terapia tem 
uma função pedagógica destinada a ensi-
ná-lo a detectar e a reduzir os seus sinto-
mas. Neste sentido, é função do terapeuta 
informar ao cliente sobre o seu problema, 
ajudando-o a conhecer-se melhor. 
 Para isto, o terapeuta deve preparar 
um material bibliográfico (folhetos explica-
tivos) sobre o problema do seu paciente. 
Este texto, formulado com base na literatu-
ra científica da área (CID-10, DSM IV-R, 
entre outros) e escrito em linguagem ade-
quada ao nível de compreensão do cliente, 
será entregue a ele para que este o leia 
(como tarefa de casa) e o discuta nas ses-
sões. A fim de identificar transtornos men-
tais, pode-se consultar o quadro a seguir: 
 
Transtorno Conteúdo do pensamento típico 
Depressão Visão negativa de si mesmo, do mundo e do fu-
turo 
Transtorno de ansiedade generalizada Medo de risco físico ou psicológico 
 
Transtorno de pânico Medo de acidente físico ou psicológico iminente 
 
Transtorno alimentar Medo descontrolado de não ser fisicamente 
atraente 
Hipocondria Preocupação com distúrbio médico insidioso 
sério 
Transtorno de personalidade anti-social Sensação de ser tratado de maneira injusta e de 
ter direito à sua parte justa, não importa por 
quais meios 
Distúrbios médicos nos quais os pacien-
tes apresentam queixas de dor em graus 
significativos 
Sensação de dor intolerável e impotência para 
controlá-la 
 
Uso de técnicas e estratégias cogni-
tvo-comportamentais: 
 As técnicas empregadas na Terapia 
Cognitiva são muito diversificadas e reque-
rem um estudo especial para que a escolha 
da técnica e a sua execução com o cliente 
seja produtiva. Deve-se buscar estas técni-
cas e estratégias em manuais de terapia. 
 Entre as técnicas especificamente 
cognitivas, destacam-se o diário de pen-
samentos disfuncionais para identificação 
e registro de auto-observação, técnica de 
Crença central: 
Eu sou inadequada 
Situação: 
Conversa entre 
colegas de clas-
se 
PA 2: Eles acham 
que sou tola 
PA 1: Eu só 
falo besteira 
PA 3: eu não sei 
me expressar bem 
verbalmente 
Comportamento: 
Permanecer calada 
durante a conversa 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 8 
distanciamento para analisar uma situação 
semelhante a do cliente que ocorre com 
uma pessoa próxima, técnica de busca de 
interpretações alternativas com o intuito 
de buscar outras explicações sobre o pro-
blema, técnica de reatribuição através da 
qual o cliente é ensinado a atribuir realisti-
camente a responsabilidade a fatores ex-
ternos a si, técnica da flecha descendente 
através da qual o terapeuta faz perguntas 
sobre o que aconteceria se o pensamento 
fosse verdadeiro, o questionamento socrá-
tico em que o terapeuta contesta a lógica 
dos pensamentos automáticos, a técnica 
da auto-revelação permite ao terapeuta 
partilhar sua experiência pessoal em rela-
ção ao problema com o cliente, entre ou-
tras. 
 As técnicas comportamentais mais 
utilizadas são a exposição gradual, a mo-
delação, os experimentos comportamen-
tais, o relaxamento, o planejamento de 
atividades, as tarefas graduadas, o de-
senvolvimento e o treinamento de habili-
dadessociais. 
 São empregadas, também, técnicas 
experienciais, do tipo role playing, a dra-
matização de uma situação emocional-
mente significativa, e a visualização de 
memórias antigas na presença do afeto. 
 Podem ser utilizadas técnicas de 
outras abordagens teóricas, como a aplica-
ção de questionários, escalas, inventários, 
testes psicométricos e técnicas projetivas. 
Dependendo do caso, pode-se pedir para 
que o cliente trabalhe um sonho significa-
tivo ou faça um exercício de cadeira vazia. 
 Cabe ao clínico escolher a melhor 
técnica ou estratégia que considera produ-
tiva para o seu cliente. 
 
Tarefa de casa: 
 Ao final de cada sessão, será discu-
tida com o cliente uma lista de atividades a 
serem realizadas fora da terapia, nos mol-
des apresentados na primeira sessão. 
 
Resumo: 
 Concluir o trabalho com uma sínte-
se do que foi realizado na sessão é uma das 
características da terapia cognitiva. Paula-
tinamente, esta atividade se tornará cada 
vez mais uma responsabilidade do cliente. 
 
Feedback: 
 É necessário, em cada sessão, ouvir 
do próprio cliente o que ele achou daquela 
sessão, o que é obtido através do feedback. 
 
POSTURA DO TERAPEUTA 
COMO FACILITADOR DO 
PROCESSO TERAPÊUTICO: 
 
 Alguns cuidados do terapeuta 
quanto à sua postura durante o processo 
terapêutico são importantes para o bom 
andamento da terapia. 
 Este cuidado manifesta-se através 
da sua aparência, que deve ser sóbria, seja 
no vestir, em termos da suas roupas, ade-
reços, maquiagem, etc. e nos seus gestos, 
que devem ser apropriados para o setting 
terapêutico. 
 O clínico deve manter o interesse, e 
não guiar o cliente, acompanhando a sua 
fala com locuções apropriadas (É, sim, en-
tendo, hum...hum, etc.), mantendo o con-
tato visual, fazendo assentimentos com a 
cabeça, etc. 
 A fim de facilitar o processo, o tera-
peuta deve estimular a fala para aprofun-
dar os temas: retomar colocações feitas 
pelo cliente, utilizando, se possível, as 
mesmas palavras e entonação, pedir para 
que explique melhor o que disse (como 
assim..?o que você quer dizer com...), re-
sumir a fala do entrevistado, etc. 
 Respeitar os silêncios é um dos se-
gredos preciosos da terapia. Eles podem 
representar um momento de reflexão, no 
qual o cliente está em processo interno de 
elaboração, necessitando de tempo para 
isto; todavia pode também precisar de um 
apoio do terapeuta nesta elaboração; por-
tanto, espere. Mas o silêncio pode indicar o 
esgotamento do assunto, sendo que neste 
caso o clínico deve interferir, buscando 
retomar a fala. 
 A empatia é uma ferramenta útil à 
terapia, pois auxilia não apenas na com-
preensão do problema, mas na solidifica-
ção do vínculo terapeuta cliente. É preciso 
que o clínico se ponha no lugar do cliente 
para poder entender o problema apresen-
tado do ponto de vista do seu protagonista 
em vez de tentar analisar a situação como 
um mero observador. 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 9 
 Pôr à luz os conteúdos não-verbais 
de natureza latente. Atenção aos gestos, 
movimentos corporais, postura, tiques, 
cacoetes, movimento dos olhos, sobrance-
lhas, mãos, braços, pés, pernas, etc., en-
quanto o cliente fala. Da sua fala, atente 
para os sinais paralingüísticos, tais como 
entonação, pausas para a escolha das pala-
vras, alterações no ritmo da fala, uso de 
linguagem estereotipada, atos falhos, etc. 
Estes indicadores são muitas vezes revela-
dores de informações úteis a serem checa-
das com o cliente. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 Estas são algumas orientações que 
vão ajudar o terapeuta, principalmente o 
iniciante, a atuar de maneira mais segura 
na condução do processo terapêutico se-
guindo um modelo cognitivista. 
 Como sugestão, é importante que o 
clínico procure complementar as informa-
ções aqui expostas com uma sólida forma-
ção em psicopatologia, um aprofundamen-
to na compreensão dos conteúdos cogniti-
vos, em especial, a identificação das cren-
ças, e, por fim, ampliar o seu domínio no 
uso das técnicas e estratégias de interven-
ção. 
 
REFERÊNCIAS: 
ABREU, C. N. & ROSO, M. (Orgs.) Psicoterapias Cognitiva 
e construtivista. Porto alegre: Artes Médicas, 2003. 
BECK, A. et. al. Terapia cognitiva da depressão. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1997. 
BECK, J. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Ale-
gre: Artes Médicas, 1997. 
BECK, A. et. al. Terapia cognitiva dos transtornos da 
personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 10 
ANEXO: Quadro completo do Diário de Pensamentos Disfuncionais 
Instrução: quando você perceber que o seu humor está piorando, pergunte a si mesmo O que está passando pela minha cabeça agora? E 
assim que possível, anote o pensamento ou imagem na coluna Pensamento Automático e complete o quadro abaixo: 
 
Data e 
hora 
Situação Pensamento au-
tomático 
Emoção Comportamento Resposta 
 Adaptativa 
Resultado 
 Que evento real, fluxo 
de pensamentos, sen-
sações físicas, deva-
neios ou recordações 
levou à emoção desa-
gradável? 
Que pensamento(s) 
e/ou imagem(ns) pas-
sou pela sua cabeça? E 
o quanto você acreditou 
em cada um no mo-
mento? 
Que emoção você 
sentiu neste mo-
mento? (tristeza, 
raiva, ansiedade, 
etc.) e qual a inten-
sidade? 
O que você fez? Que distorção cogniti-
va você utilizou? 
Resposta às perguntas 
abaixo para compor a 
resposta ao(s) pensa-
mento(s) automáti-
co(s)? 
Quanto você acredita 
em cada resposta? 
O quanto você 
acredita agora 
em cada pensa-
mento automáti-
co? 
Que emoção 
você sente ago-
ra? 
O que você fará? 
12/03/2008 
às 10:30 
Conversando ao celu-
lar com o amigo César 
Ele não está interessado 
no que eu digo. 60% 
Triste: 80% 
Rejeitada: 90% 
Fingi que tinha que 
desligar 
Catastrofização 
1) ele já fez isto antes 
(90%) 
2) ele está preocupado 
com outra coisa (50%) 
3) ele não quer minha 
amizade (30%). Eu 
não superaria isto 
(60%). Pode ser im-
pressão minha (40%) 
4) eu vou perder o 
amigo (75%) e Insistir 
na amizade (50%) 
5) eu deveria falar pra 
ele o que penso (80%) 
6) você está enganado 
(90%) 
PA: 30% 
 
Tristeza: 40% 
Rejeição: 50% 
 Acrescentar outro 
fato 
 
 Acrescentar outro 
fato 
 
Pode-se utilizar de perguntas do tipo: 1) Qual a evidência de que o pensamento é verdadeiro? 2) Há uma explicação alternativa? 
3) O que é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? Qual é o resultado mais realista? 4) Qual é o efeito de eu 
A estrutura das sessões em Terapia Cognitiva 
 11 
acreditar no pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de eu mudar o meu pensamento? 5) O que eu deveria fazer em 
relação a isso? 6) Se _______ (nome do(a) amigo(a)) estivesse na situação e tivesse esse pensamento , o que eu diria a ele(a)?

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