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UNISUAM Linguagem Jurídica 3ª aula Professora Lidia Caldeira LINGUÍSTICA JURÍDICA A LINGUÍSTICA É O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM HUMANA EM SUA TOTALIDADE, EM SUA REALIDADE MULTIFORME EM SUA MÚLTIPLAS RELAÇÕES. NÃO É NORMATIVA. COMO A LINGUAGEM SE MANIFESTA EM LÍNGUAS, A LINGUÍSTICA INTERESSA-SE POR TODAS AS LÍNGUAS EM TODOS OS SEUS NÍVEIS E MODALIDADES. COMPÕE-SE DE LÍNGUA E DISCURSO. A LINGUÍSTICA JURÍDICA é um ramo do estudo da linguagem do direito. Tem duplo caráter: Linguístico - tem por objeto todos os meios linguísticos de que o direito se utiliza (palavras do vernáculo nacional, frases, textos, estrutura, estilo, apresentação, etc.) Jurídico - porque a linguagem observada é aquela própria do direito (lei, norma, decisão, convenção, declarações, negociações, contestações, etc). A linguística é aqui jurídica pela impregnação da linguagem pelo direito. Ela tem entre seus objetos as interações da linguagem e do direito, quer dizer, tanto a ação do direito sobre a linguagem como a ação da linguagem sobre o direito. LINGUAGEM JURÍDICA 1. É fato que a linguagem jurídica não é de pronto compreendida por um não jurista. O leigo experimenta um sentimento de “estrangeiridade”(Sorrioux e Lerat). 2. Algumas palavras são pertinentes ao Direito, e somente tem sentido sob o olhar do direito. Ex. anticrese, sinalagmático. 3. A reunião desses termos exclusivamente jurídicos constitui o nó cego de um vocabulário especial, próprio, técnico, do direito. 4. O aplicador e intérprete do direito deve tornar a linguagem jurídica o mais compreensível possível, a fim de facilitar o acesso de todos ao Poder Judiciário. VOCABULÁRIO JURÍDICO Há uma linguagem do direito porque o direito enuncia de uma maneira particular suas proposições. Os enunciados do direito dão corpo a um discurso jurídico. O vocabulário jurídico estende-se a todas as palavras que o direito emprega numa acepção que lhe é própria. Resumidamente, pode-se dizer que o vocabulário jurídico se compõe: 1. De palavras que possuem o mesmo significado na linguagem corrente e na linguagem jurídica. Ex. hipótese, estrutura, confiança. 2. De palavras que têm um significado na linguagem corrente e outro na linguagem jurídica. Ex: sentença = frase, oração e no jurídico = decisão de um juiz singular ou monocrático. 3. De palavras que possuem mais de um significado no universo da linguagem do direito. Ex: prescrição (determinação, orientação) e prescrição (perda de um direito, buscando-se pelo Judiciário, pelo decurso do prazo). 4. Termos que só tem significação no âmbito do direito. Ex: usucapião, enfiteuse, anticrese. 5. Termos latinos: caput, data venia, a quo, ad quem. DISCURSO JURÍDICO A linguagem do direito não está somente nos termos que ele emprega, mas nos textos que ele produz. A primeira realidade “legível” desta linguagem está nos textos que ele produz. Ex: textos de lei, julgamentos. O discurso jurídico ultrapassa os textos escritos e apresenta-se na linguagem oral. Podemos concluir que é jurídico todo o discurso que tem por objeto a criação ou a realização do direito. CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM JURÍDICA 1. É uma linguagem de grupo. Utilizada por todos aqueles que concorrem para a criação e para a realização do direito. 2. É uma linguagem técnica. Nomeia as realidades jurídicas , essencialmente as instituições e as operações jurídicas, entidades que o direito cria e modela. 3. Uma linguagem tradicional. É uma linguagem legado da tradição romana, no entanto, ainda que seja própria de uma profissão também muito antiga, ela deve evoluir, devendo o aplicador e intérprete do direito torná-la mais clara, objetiva , sem esquecer da formalidade (obediência à norma culta). NÍVEIS DA LINGUAGEM JURÍDICA 1. Linguagem legislativa. 2. Linguagem judiciária, forense ou processual. 3. Linguagem convencional ou contratual. 4. Linguagem doutrinária. 5. Linguagem cartorária ou notarial (tem por finalidade registrar os atos de direito). EXERCÍCIOS: Escolha um dos itens abaixo: Interprete o significado, e indique os níveis de linguagem jurídica aplicadas a cada fragmento de texto: 1. Art. 5º CF: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos temos seguintes.” 2. “Recebida a denúncia (fs. 67), foi o réu citado e interrogado (fs.105 e verso), seguindo-se da defesa prévia (fs 129) e regular instrução, com oitiva de duas testemunhas comuns (fs. 119 e 120), oportunidade em que tanto o Ministério Público como a defesa desistiram da oitiva das demais testemunhas , o que foi homologado (fs.133 a 135, verso).” 3. “Consoante a definição de Clóvis (Comentários ao Código Civil), prescrição é a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em consequência do não uso dela , durante determinado espaço de tempo. Esse conceito aplica-se , exclusivamente, à prescrição extintiva.” 4. “Para a Terceira Turma, a decretação da prisão do alimentante, nos termos do artigo 733, parágrafo 1°, do Código de Processo Civil (CPC) revela-se cabível quando não quitadas as três últimas prestações anteriores à propositura da execução de alimentos, bem como as parcelas vencidas no curso do processo executório, à luz da Súmula 309 do STJ. Ressaltou que o pagamento parcial do débito não afasta a prisão civ il do devedor. 5. “Por este instrumento particular , de um lado a Editora X, aqui e doravante denominada simplesmente Editora, inscrita no CGC/MG 0000, estabelecida nesta capital, à Av. Y, neste ato representada por seu diretor editorial, Fulano de Tal, com escritório no endereço supra, e de outro lado José da Silva, brasileiro, casado, professor e autor, RG..... residente e domiciliado à rua Z, e doravante denominado simplesmente AUTOR, firmam o presente contrato de edição de obra intelectual adiante identificada, cujos direitos e obrigações mutuamente se outorgam, obrigando-se por si e seus sucessores a qualquer título, o qual se regerá pelas seguintes cláusulas e condições:” Bibiliografia: O texto reproduz resumo da obra Manual de Linguagem Jurídica da Profª Maria José Constantino Petri, Ed. Saraiva, 2014, excelente sugestão para o curso que estamos desenvolvendo. Perfeitamente indicado!
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