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Teoria Evolucionista na Antropologia "A noção de evolução é um marco fundamental para o pensamento antropológico. Vai aparecer como idéia básica para toda uma grande fase da teoria antropológica e, na história dos saberes sobre o ser humano, tem um lugar de destaque, quase que como uma âncora, para os trabalhos e estudos que procuravam fazer da Antropologia uma ciência. Assim, a diferença que se travestia em espanto e perplexidade, nos séculos XV e XVI, encontra nos séculos XVIII e XIX, uma nova explicação: o outro é diferente porque possui diferente grau de evolução. (...) Mas o que é exatamente evolução? Evolução, no seu sentido mais amplo, equivale a desenvolvimento. É a transformação progressiva no sentido da realização completa de algo latente. É o caminho da manifestação plena do que estava oculto. Evolução, em outras palavras, é o desenvolvimento obrigatório de uma determinada unidade que revela, pelo processo evolutivo, uma segunda forma, mostrando, então, sua potencialidade. (...) A noção de evolução pode estar ligada ao orgânico, ao nível biológico de desenvolvimento. Este compromisso da idéia de evolução com o crescimento e a formação dos organismos tem no livro A origem das Espécies, de Darwin, em plena metade do século XIX, sua formulação clássica. Mas, a esta noção orgânica, biológica da evolução já se juntavam os pensamentos e discussões filosóficas dos chamados iluministas do século XVIII. Tudo isso forma um campo intelectual, um espaço correto para um tipo de pensamento que, então, iria contagiar todos os estudos sobre as sociedades humanas. O evolucionismo biológico e o evolucionismo social se encontram e o segundo passa a ser o novo modelo explicador entre o 'eu e o 'outro'. O resultado disso, é claro, vai ser a permanência do etnocentrismo agora traduzido na sociedade do 'eu' como o estágio mais adiantado e a sociedade do 'outro' como o estágio mais atrasado. Para o evolucionismo antropológico a noção de progresso torna-se fundamental, pois é no seu rumo que a história do homem se faz. (...) Saindo de estágios mais primitivos numa trajetória de permanente progresso onde o tempo é a teia onde se tece a evolução. Assim, a origem da humanidade tem de ser num passado longínquo para que as etapas se sucedam na direção de uma civilização mais e mais avançada, mais e mais absoluta em suas conquistas. (...) A lógica de raciocínio é simples. Numa palavra: transformar sociedades contemporâneas em retratos do passado. Explicando melhor, a Inglaterra do século XIX era, de fato, contemporânea dos aborígenes australianos, por exemplo. Ao afirmar que todas as formações sociais humanas tinham origens remotas e caminhavam no mesmo sentido, na direção do progresso, os evolucionistas pensavam que os australianos haviam parado num estágio 'primitivo' e os ingleses avançado para um estágio 'civilizado'. (...) Postulavam (os evolucionistas) uma unidade entre as culturas como se todas tivessem de dar conta de problemas idênticos e que, mais cedo ou mais tarde, os 'primitivos' chegariam às formas da 'civilização'. (...) O que fosse importante para a sua sociedade - a sociedade do 'eu' - seria importante para todas as demais - as sociedades do 'outro'. (..) Dessa forma, aqui no evolucionismo, encontramos ainda, fortemente entricheirada, a visão etnocêntrica." (ROCHA, Everardo. O que é Etnocentrismo. SP: Brasiliense, 1984. p. 23-36).
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