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1 Parasitologia Básica em Enfermagem • Profª Danielly Cantarelli Toxoplasmose Toxoplasma gondii Profa. Danielly Cantarelli Parasitologia Básica em Enfermagem 2 Toxoplasmose • Zoonose que infecta o gato e numerosas espécies de vertebrados, inclusive o homem, causada por uma só espécie de protozoário, o Toxoplasma gondii. Gato e alguns felídeos: hospedeiros definitivos ou completos Homem e outros animais: hospedeiros intermediários ou incompletos HISTÓRICO 1908: descoberta do parasito (na Tunísia, por Nicolle e Manceaux, no gondi; e no Brasil, por Splendore, em coelhos) 1909: criação do gênero Toxoplasma e da espécie Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux) • A partir da década de 1970: – Desenvolvimento e aplicação de testes sorológicos revelaram a ubiqüidade do parasita – ampla distribuição geográfica e de hospedeiros. - Descrição do ciclo e identificação dos felinos como hospedeiros definitivos 3 Toxoplasma gondii • É o único agente etiológico da Toxoplasmose IMPORTÂNCIA • Altamente prevalente no mundo (37-58%:Europa Central; 51-72% na América Latina) • Pode provocar doença congênita grave • Importante causa de doença oportunista em pacientes infectados pelo HIV • Causa comum de uveíte podendo levar à perda da visão Íris = anel colorido que circunda a pupila Membrana coróide = revestimento interno do olho Processos ciliares = conjunto de músculos (cristalino espesso) Toxoplasma gondii : características • Parasita intracelular obrigatório, eurixeno • Classificação: Filo Apicomplexa (complexo apical: fixação e penetração), Classe Sporozoa, Família Sarcocystidae. • Zoonose de felinos, porém infecta inúmeros vertebrados, inclusive o Homem Todos os mamíferos e aves são suscetíveis • Morfologia múltipla (habitat e estágio evolutivo): formas infectantes: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítos forma de resistência: oocisto formas do ciclo sexuado – gametócitos , zigoto (no felino) 4 Morfologia- forma infectante Organelas citoplasmáticas características do filo apicomplexa 1- Anéis polares – são dois, permitem a passagem do conteúdo parasitário 2- Conóides – concavidade revestida por proteínas: adesão 3- Micronemas – organelas secretoras, auxiliam na adesão e invasão celular 4- Roptrias – organelas secretoras, auxiliam na invasão 5- Grânulos densos – organelas secretoras, necessárias para multiplicação 1 2 3 4 5 COMPLEXO APICAL • Organela descrita em 1975 • Molécula de DNA circular 35kb • Localizada próximo ao núcleo e que contém 4 membranas • Essencial à sobrevivência intracelular do parasito • Biossíntese de aminoácidos e de ácido graxos Alvo para atuação de quimioterápicos: inibição de suas proteínas interfere na sobrevivência do parasita. APICOPLASTO 5 1- ADESÃO da parte apical do parasito na membrana da cel hospedeira -Processo que envolve reconhecimento de receptores conservados de membrana: laminina, integrina, glicosaminoglicans, Proteoglicans. 2- Parasito secreta proteínas de micronemas, roptrias e grânulos densos 3- A membrana plasmática da célula hospedeira realiza um movimento de englobamento do parasita a partir do sítio de adesão para formar o vacúolo parasitóforo 4- Dentro do vacúolo parasitóforo os grânulos densos despejam seu conteúdo modificando o ambiente do vacúolo parasitóforo, impedindo a acidificação e facilitando a replicação do parasita. Mecanismo de invasão celular Toxoplasma gondii - invasão intracelular extracelular reconhecimento adesão membrana célula hospedeira vacúolo parasitóforo penetração C:\Users\danie_000\Videos\9º macrófago fagocitando taquizoíto.wmv 6 MORFOLOGIA DAS FORMAS INFECTANTES Taquizoítos - Fase aguda da infecção - Pouco resistente ao suco gástrico Localizações: vacúolo parasitóforo, excreções, células do SMF, células hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares. - Forma proliferativa, livre ou trofozoíto - Forma de arco (toxon = arco) - Forma grosseira de “banana” - Extremidade afilada, outra arredondada - Móvel - Multiplicação rápida -> endodiogenia 7 Taquizoítos MORFOLOGIA DAS FORMAS INFECTANTES Bradizoítos - Fase crônica da infecção - Podem ser encontrados na fase aguda - Multiplicam-se lentamente dentro de cistos (endodiogenia ou endopoligenia) Localizações: vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina), vacúolo parasitóforo de uma célula. Isolamento imunológico - Cistozoíto - Maior acúmulo de glicogênio - Mais resistentes à tripsina e à pepsina Cisto com bradizoítos em tecido muscular (fase crônica) 8 Bradizoítos MORFOLOGIA DA FORMA DE RESISTÊNCIA Oocistos Forma de resistência: parede dupla Esféricos (12,5 x 11,0µm) Produzidos nas células intestinais de felídeos e eliminados imaturos junto com as fezes Meio ambiente: esporulação 2 esporocistos: 4 esporozoítos cada Imaturo Maduro 9 Oocistos Transmissão Vias de infecção para o homem Ingestão de oocistos: alimentos, água contaminada, jardins, lata de lixo, disseminação mecânica por moscas, baratas, minhocas, etc - Viáveis no solo úmido sombreado: 12 a 18 meses 54 meses à 4°C, 106 dias à -10°C, 55-60°C (1min): morte! Ingestão de cistos: carne crua/mal cozida (boi, porco e carneiro) Resistem por semanas ao frio Congelamento a -12°C ou aquecimento acima de 67°C – MORTE! Congênita ou Transplacentária: por taquizoítos (fase aguda) ou rompimento de cistos no endométrio (fase crônica – mais rara) Risco de transmissão – 14% (primeiro trimestre) a 59% (último trimestre) Sorologia positiva antes da gravidez – menos chance de infecção do feto FORMA DE TRANSMISSÃO MAIS GRAVE (ANOMALIAS) Outros: ingestão de taquizoítos em leite contaminado ou saliva, acidente de laboratório, transplante de órgãos infectados etc (Raros). 10 Ciclo biológico do Toxoplasma gondii Desenvolve-se em duas fases: Assexuada – nos linfonodos e tecidos de todos os hospedeiros Sexuada – no epitélio intestinal de gatos jovens e outros felídeos não-imunes CICLO HETEROXENO Gatos (Hospedeiros definitivos) Ciclo coccidiano Fase sexuada Fase assexuada Homem e outros mamíferos (Hospedeiros intermediários) Ciclo assexuado Ciclo Biológico HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS Fase Assexuada Ingestão pelo hospedeiro (homem) Água/alimentos (oocisto: esporozoítos) Carne crua (cistos: bradizoítos) Leite, líquidos somáticos (taquizoítos) – Raro! esporozoítas taquizoítas bradizoítas Taquizoítos no estômago: destruídos Penetração pela mucosa oral ou inaladas: evolução do ciclo 11 INGESTÃO EPITÉLIO INTESTINAL Penetração em diversos tipos de células Formação de vacúolos parasitóforos esporozoítas taquizoítas bradizoítas Disseminação linfática e hematogênica FASE AGUDA DA DOENÇA Desenvolvimento de imunidade Morte do hospedeiro Desaparecimento dos parasitas circulantes Formação de CISTOS teciduais compostos de BRADIZOÍTAS HOMEM FELINO Taquizoítos invadem novas células Multiplicação sucessiva intravacuolar – PSEUDOCISTO Rompimento da célula com liberação de TAQUIZOÍTOS FASE CRÔNICA DA DOENÇA HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS Fase Assexuada Quadro polissintomático Quantidade das formas infectantes adquiridas Cepas virulentas ou avirulentas Suscetibilidade do hospedeiro Evolução até morte do hospedeiro FASE AGUDA DA DOENÇA (Fase proliferativa) IMUNIDADE:redução do parasitismo Humoral: IgM (inicial), IgG (após 8-12 dias), IgA Celular: T CD8+, TCD4+, NK Podem evoluir para formação de cistos teciduais (BRADIZOÍTOS) Fase crônica Longos períodos de fase crônica: assintomático Pode haver reagudização 12 Patogenia FATORES RELACIONADOS 1. Tipo de cepa Cepa do tipo I – associada com infecção congênita Cepa do tipo II – isolada em 65% dos pacientes com AIDS e reativação de infecção crônica Cepa do tipo III – infectam muito mais animais e pouco o HOMEM 2. Susceptibilidade do hospedeiro Idade – a infecção é mais comum em crianças e jovens Imunidade – a doença é mais grave nos imunodeprimidos (quimio, HIV) Idade gestacional – a infecção é mais grave no 1o trimestre da gravidez TOXOPLASMOSE Fase Assexuada 13 Reprodução de Toxoplasma gondii Endodiogenia Reprodução do T.gondii ENDOPOLIGENIA 14 INGESTÃO (FELÍDEOS JOVENS) EPITÉLIO INTESTINAL esporozoítas taquizoítas bradizoítas 1.Penetração nas células epiteliais do intestino Formação dos vacúolos parasitóforos Formação de MEROZOÍTOS – MERONTES OU ESQUIZONTES 3.Rompimento da célula parasitada: libera merozoítos 4.Invasão de novas células epiteliais: Fase sexuada (gamogonia) Transformação em GAMETÓFITOS ou GAMONTES → gametas masculinos (móveis) – microgametas, e femininos (fixos) - macrogametas HOSPEDEIRO DEFINITIVO Fase Coccidiana 1 2 3 4 2.Multiplicação (fase assexuada – merogonia/ esquizogonia) Microgametas móveis (2 flagelos) e Macrogametas fixos (cel epitelial) Fecundação Ovo ou Zigoto 5.Oocisto imaturo ELIMINAÇÃO COM AS FEZES Oocisto maduro - Evolui na cel. epitelial Parede externa dupla → oocisto - Rompimento da cel epitelial 4 dias Esporogonia: 2 esporocistos 4 esporozoítos Infectante = 12 a 18 meses FASE SEXUADA Ciclo Biológico 5 15 Merozoíto 16 FORMAS CLÍNICAS 1. Toxoplasmose CONGÊNITA - Mãe na fase aguda ou reagudização durante a gravidez - A infecção fetal se dá pela invasão placentária de TAQUIZOÍTAS - Fatores relacionados: grau de exposição do feto, virulência da cepa, proteção dos anticorpos da mãe. Quadro clínico Infecção materna no primeiro trimestre: - Quadro agudo: Mais grave! - Pode resultar em aborto, natimorto, prematuridade - Pode provocar encefalite, convulsões, miocardite - Hidrocefalia, calcificações cerebrais, coriorretinite, retardo mental: “SÍNDROME OU TÉTRADE DE SABIN”. Infecção materna no segundo e terceiro trimestres - Pode ser assintomática para o feto com manifestação tardia de doença - Geralmente causa micropoliadenopatia, hepatoesplenomegalia, lesões oculares (cegueira) 17 Toxoplasmose congênita: Toxoplasmose congênita: Lesões generalizadas na pele 18 QUADRO CLÍNICO 2. Toxoplasmose PÓS NATAL Ganglionar ou Febril aguda – crianças e adultos. Forma mais frequente. Comprometimento ganglionar, febre alta. Geralmente benigna. Ocular – resulta da infecção da retina por taquizoítas ou cistos de bradizoítos. Foco coagulativo e necrótico na retina que pode evoluir à cegueira. Encefalite – raramente produzida pela infecção aguda, mas por reativação - Pouco frequente em indivíduo imunocompetente - AIDS: reativação das formas císticas (25% de risco) - Ataque de céls nervosas, lesões focais múltiplas - Cefaléia, febre, incoordenação muscular, convulsões - Delírios, alucinações visuais, progressão à coma, morte. Generalizada- Raro, evolução mortal (mesmo em imunocompetentes) Comprometimento meningoencefálico, miocárdico, pulmonar, ocular, digestivo e testicular. Cutânea – raro! Lesões generalizadas na pele. Evolução rápida e fatal. Toxoplasmose oftálmica Uveíte – lesões na retina C:\Users\danie_000\Videos\Parasitas Assassinos Toxoplasmose.wmv 19 ABSCESSO CEREBRAL CAUSADO POR T. GONDII. Fonte: www.md.huji.ac.il/mirror/webpath/AIDS/html Diagnóstico laboratorial Demonstração do parasita 1. Encontro de taquizoítos durante a fase aguda: líquido amniótico, sangue etc. Pesquisa do DNA do parasito por PCR. 2. Encontro de cistos na fase crônica: biópsia de tecidos Testes Sorológicos ou Imunológicos Uso mais rotineiro no diagnóstico da Toxoplasmose Imunofluorescência indireta: pesquisa de IgM (fase aguda), IgG (fase crônica); ELISA: para IgM, IgG e IgA – teste mais usado (mais sensível). Toxoplasmose congênita – pesquisa de IgM no soro do recém-nascido. Adulto – acompanhamento da sorologia a cada 2 a 3 semanas. Ascenção constante indica doença. Elevação 4x maior: toxoplasmose ativa. 20 → Evitar o consumo de carnes cruas ou mal cozidas ou leite cru → Evitar manipular terra ou fazer serviços de jardinagem sem proteção → Evitar comer alimentos crus ou mal lavados → Evitar o contato com gatos filhotes de procedência ignorada → Tratar a gestante que apresentar conversão sorológica (Espiramicina) → Incinerar fezes de gatos PROFILAXIA → Exame pré-natal para toxoplasmose em todas as gestantes C:\Users\danie_000\Videos\Toxoplasmose UEL.wmv 21 Tratamento Indicado apenas nas seguintes situações: Infecção aguda Infecção aguda na gravidez (conversão sorológica) Toxoplasmose ocular Doença congênita Doença em imunodeficientes • Ainda não existe um medicamento eficaz na fase crônica. • Drogas utilizadas atuam contra Taquizoítos, mas não contra cistos. • Drogas utilizadas apresentam toxicidade em uso prolongado. Tratamento Drogas utilizadas Pirimetamina + Sulfadiazina ou Sulfadoxina – Tóxico em doses prolongadas (adicionar ácido fólico ou levedo de cerveja à dieta) Inibem a dihidrofolato-redutase impedindo a síntese de folato e do DNA parasitário Na gravidez – espiramicina, clindamicina; Toxoplasmose ocular – Cloridrato de clindamicina ou Pirimetamina ou Espiramicina+ sulfadiazina + meticorten Encéfalite em AIDS – Pirimetamina + Sulfadizina ou Pirimetamina + Clindamicina 22 OBRIGADA! Fixação do Aprendizado Sobre a toxoplasmose, responda: 1. Qual o agente etiológico? Ele é um parasita monoxênico ou heteroxênico? 2. Quais as formas evolutivas do parasita? 3. Qual as formas infectivas do parasita? 4. Quais as formas de transmissão? 5. O homem é o hospedeiro intermediário ou definitivo? Explique. 6. Quais as principais consequências da toxoplasmose congênita? 7. Quais os principais sintomas em indivíduos imunocompetentes? E em imunodeprimidos? 8. Cite as formas de prevenção da doença.
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