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CRIMES HEDIONDOS: DICAS RÁPIDAS QUE PODEM SALVAR UMA QUESTÃO EM SUA PROVA Como adotamos o cr i té r io lega l , são hed iondos somente os cr imes e lencados no ar t . 1º da Le i 8 .072/90 . Por essa razão , não se f a la , por exemplo , em hed iondez na h i pótese de homic íd io do Pres idente da Repúb l i ca , po is o a r t . 29 da Le i 7 .170 /83 não in tegra o ro l . São hed iondos os segu in tes de l i t os : Homic íd io (a r t . 121) , quando pra t i cado em at i v idade t íp ica de grupo de ex te rmín io , a inda que cometi do por um só agente , e homicíd io qua l i f i cado (a r t . 121 , § 2o , i nci sos I , I I , I I I , IV , V , V I e V I I ) Lesão corpora l do losa de natu reza grav íss ima (a r t . 129 , § 2o) e l esão corpora l segu ida de mor te (a r t . 129 , § 3o) , quando pra t i cadas con t ra au to r idade ou agente descr i to nos ar ts .1422 e1444 da Const i tu ição Federa l , in tegran t es do s is tema pr is iona l e da Força Nac iona l de Segurança Púb l i ca, no exerc íc io da função ou em decor rênc ia de la , ou cont ra seu côn juge , companhe i ro ou paren te consangu íneo a té te rce i ro g rau , em razão dessa cond ição ; Lat roc ín io (a r t . 157 , § 3 º , i n f i ne ) Exto rsão qua l i f i cada pe la mor te (a r t . 158 , § 2 º ) Exto rsão median te seques t ro e na fo rma qua l i f i cada (a r t . 159 , caput , e §§ l º , 2 º e 3º ) Estupro (a r t . 213 , capu t e §§ 1º e 2 º ) Estupro de vu lneráve l (a r t . 217 -A, capu t e §§ 1º , 2 º , 3 º e 4 º ) Ep idemia com resu l tado mor te (a r t . 267 , § 1 º ) Fa ls i f i cação , cor rupção , adu l te ração ou a l te ração de produto des t inado a f ins te rapêu t icos ou med ic ina is (a r t . 273 , capu t e § 1º , § 1º -A e § 1º -B) Favorec imento da pros t i tu ição ou de out ra fo rma de exp lo ração sexua l de c r iança ou ado lescen te ou de vu lneráve l (a r t . 218 -B , caput , e §§ 1º e 2 º ) Genoc íd io (Le i 2 .889 /56) . In fe l i zmente , o ro l dos c r imes hed iondos es tá ent re aque les assuntos que devem ser memor izados . Em prova , d i f i c i lmente será ques t i onado se um cr ime X é o não hed iondo . No entan to , é poss íve l que a banca pergun te a respe i to de prazos de pr isão temporár ia ou de progressão de reg ime na h ipó tese de dete rminado de l i to , d i fe renc iados em crimes hed iondos . Fique esper to : a ten ta t i va não a fas ta a hed iondez! Por tan to , na h ipó tese de ten ta t i va de es tupro ou de homic íd io qua l i f i cado, por exemplo , o c r ime permanecerá hed iondo , devendo ser ap l i cada a Le i 8 .072 /90 . As “pegad inhas ” em re lação ao homic íd io na Le i de Cr imes Hediondos são sempre as mesmas. Ques t ionarão se é poss íve l a ex is tênc ia de um grupo de ex te rmín io composto por uma ún ica pessoa – a redação do ar t . 1º , inc iso I , pode fazer com que o le i to r chegue a ta l conc lusão . A respos ta é não. O que o d ispos i t i vo qu is d ize r : não é prec iso que todos os in tegran tes do grupo de ex te rmín io par t i c i pem da execução do homic íd io para o reconhec imento de sua ex is tênci a ou de sua hed iondez . Há d ivergênc ia quanto ao número mín imo de in tegran tes de um grupo de ex te rmín io . A Le i 8 .072 /90 não d iz , mas boa par te da doutr ina entende que a fo rmação é a mesma da assoc iação c r im inosa (CP, ar t . 288) : t rês ou ma is pessoas . Não confunda grupo de ex te rmín i o com concurso de pessoas . Se Ca io , Tíc io e Mév io dec idem matar João, a h ipó tese será de homic ídi o em concurso de pessoas , e não de grupo de ex te rmín io . Por ou t ro l ado, se o t r io dec ide matar to rcedores de dete rm inado t ime, esta rá carac te r i zado o grupo de ex te rmín io . Exp l i co : a pr inc ipa l carac te r ís t i ca do homic íd io em at i v idade t íp ica de grupo de ex te rmín io é a impessoa l idade . A v í t ima é assass inada em razão de a lguma carac te r ís t i ca espec ia l (ex . : ser mend igo) , e não por ser A ou B . A sua iden t idade é i r re levante para o homic ida . Em Di re i to , há exceção para tudo . No entan to , em re lação às qua l i f i cadoras do homic íd io , f i que esper to : todas e las tornam o c r ime hed iondo . No § 1º do ar t . 121 do CP está prev is to o in t i tu lado homicíd io pr i v i l eg iado – na verdade , não é pr i v i lég io , mas causa de d im inui ção de pena - , h ipó tese em que o agente mata “ impe l ido por mot ivo de re levan te va lo r soc ia l ou mora l , ou sob o domín io de v io l enta emoção, logo em segu ida a in j us ta provocação da v í t ima ” . Não é cr ime hed iondo , po is não es tá no ro l do a r t . 1 º da Le i 8 .072 /90 . Todav ia , há uma s i tuação que pode causar con fusão : a do homic íd io qua l i f i cado-p r iv i l eg iado . Exp l i co : O § 2º do ar t . 121 do CP possu i qua l i f i cadoras de natu reza ob jet i va ( inc isos I I I e IV) e sub j e t i va ( I , I I , V e VI ) . O homic íd io pr i v i leg iado é compat íve l com as qua l i f i cadoras de natu reza obj e t i va (ex . : o pa i que mata o es tuprador da f i l ha com o emprego de veneno) . Nes te caso, o homic íd io será cons iderado , ao mesmo tempo, qua l i f i c ado e pr i v i l eg iado . Surge , en tão , a dúv ida : e le será hed iondo? A respos ta é não. A razão : em pr ime i ro lugar , não há prev isão no ar t . 1º da Le i 8 .072 /90 . Ademais , não ser ia coeren te , em um mesmo contex to , d im inu i r a pena e impor os ma le f í c ios da Le i dos Cr imes Hed iondos . Agora , imag ine a segu in te s i tuação: T íc io , ag indo com vontade de matar por mot ivo to rpe – logo , qua l i f i cado - , d ispara t i ros cont ra Mév io . No entan to , por er ro na execução , a t inge Ca io , que vem a fa lecer . Pergun to : o fa to de Tíc io a t ing i r pessoa d iversa da pre tend ida a fas ta a hed iondez do cr ime? E se Tíc io con fund isse as v í t imas , e , ao invés de a t i ra r em seu in im igo , matasse o seu i rmão gêmeo? Nas duas h ipó teses , o homic íd io será hed iondo . Isso porque, tan to na h ipó tese de “ aber ra t io ic tus ” (CP, ar t . 73) quanto na de “ e r ro sobre a pessoa ” (CP, ar t . 20 , § 3º ) , leva -se em cons ideração a v í t ima pre tend ida , e não a e fe t i vamente a t ing ida . Logo, se o homic íd io fo i p ra t i cado por mot ivo to rpe (ou presen te out ra qua l i f i cadora ) , e le será hed iondo, a inda que o agente não mate a v í t ima dese jada , mas pessoa d iversa . Em 2009, o CP passou a conta r com o § 3º em seu ar t . 158 (ex to rsão) , com a segu in te redação : “Se o cr ime é comet ido med ian te a res t r i ção da l ibe rdade da v í t ima, e essa cond ição é necessár ia para a obtenção da vantagem econômica , a pena é de rec lusão , de 6 (se is ) a 12 (doze) anos , a lém da mul ta ; se resu l ta lesão corpora l g rave ou mor te , ap l i cam-se as penas prev is tas no ar t . 159 , §§ 2º e 3º , respec t i vamente . ” . T ra ta -se do in t i tu lado “ seques t ro re lâmpago ” , que, por razões inexp l i cáve is , não fo i inc lu ído ao ro l de cr imes hed iondos , a inda que ocor ra a mor te da v í t ima. A lguns autores entendem que o de l i to ser ia hed iondo em razão da remissão que o d ispos i t i vo faz ao ar t . 159 , §§ 2º e 3º , mas o rac ioc ín io não deve preva lecer , po is , como já d i to , o cr i té r io ado tado para que um cr ime se ja cons iderado hed iondo é o l ega l . Ou se ja , se um de l i to es t i ve r no ro l do a r t . 1 º da Le i 8 .072 /90, é hed iondo . Senão, não . São equ iparadosaos c r imes hed iondos o t rá f i co de drogas, o te r ro r i smo e a to r tu ra . S ign i f i ca d ize r que a Le i 8 .072/90 é ap l i cáve l a e les , exce to quanto ao que le i p rópr ia d ispuser de out ra fo rma. Por isso , as d ispos ições da Le i 11 .343 /06 (Le i de Drogas) e da Le i 9 .455 /97 (Le i de Tor tu ra ) devem preva lecer quando em conf l i to com a Le i de Cr imes Hed iondos (pr inc íp io da espec ia l idade) , que deve func ionar como norma gera l . Os cr imes hed iondos e equ iparados são insusce t íve is de an i s t ia , graça , indu l to e f iança . Perceba que o que a Le i 8 .072/90 veda , em seu ar t . 2º , I I , é a f i ança , e não a l ibe rdade provi só r ia . Por tan to , é poss íve l que o acusado por um cr ime hed iondo aguarde o des fecho da ação penal so l to . O que não é poss íve l , no entan to , é que a l ibe rdade se ja cond ic ionada ao pagamento de f iança , por expressa vedação lega l , mas o ju iz não es tá imped ido de impor ou t ra das medidas cau te la res do ar t . 319 do CPP. No ar t . 2º , § 1º , a Le i 8 .072 / 90 a f i rma que o condenado por cr ime hed iondo in ic ia rá o cumpr imento da pena necessar iamente em reg ime fechado, pouco impor tando o “q uantum ” de pena f i xado . Todav i a, o STF, ao ju lgar o HC 111.840 /ES, dec la rou , em cont ro le d i fuso, a i ncons t i tuc iona l idade do d ispos i t i vo , e entendeu que o condenado por c r ime hed iondo pode in ic ia r o cumpr imento da pena em reg ime d i verso (aber to ou semiaber to ) . S ign i f i ca d ize r que o d ispos i t i vo permanece em p leno v igor , mas tem s ido a fas tado pe los Tr ibuna is Super io res . O STJ tem segu ido o entend imento, como é poss íve l cons ta ta r no HC 306.352 /SP, pub l i cado no d ia 24 de fevere i ro de 2015 . A progressão de reg ime em cr i mes hed iondos se dá com 2/5 (do is qu in tos ) , se pr imár io o condenado, ou 3 /5 ( t rês qu in tos) , se re inc iden te . É impor tan te que o l e i to r memor ize as f rações , po is são cobradas em provas . Em re lação à pr i são temporár i a , os prazos na Le i 8 .072 /90 são d i fe renc iados . Em regra , a pr i são temporár ia pode ser decre tada por 5 (c inco) d ias , pro r rogáve is por mais 5 (c inco) d ias . Tra tando-se , no entan to , de c r ime hed iondo, o prazo é de 30 ( t r in ta ) d ias , pro r rogáve l por igua l per íodo , em caso de ex t rema e comprovada necess idade . No entan to , a tenção: a lguns c r imes hed iondos não es tão no ro l da Le i 7 .960 /89 , que prevê , em seu ar t . 1º , I I I , qua is de l i tos es tão su je i tos à med ida. Como o ro l é taxa t i vo , é poss íve l a f i rmar que a lguns c r imes hed i ondos não são pass íve is de pr i são temporár ia do agente que os prat i ca (ex . : a h ipó tese do inc iso I -A , a lesão corpora l con t ra de te rm inados agentes púb l i cos , inc lu ído pe la Le i 13 .142 /15) . A Le i 8 .072 /90 , em seu ar t . 2º , § 3º , t ransmi te a ide ia de que, pro fe r ida a sen tença condenató r i a , a inda que não tenha ocor r i do o t râns i to em ju lgado , o acusado deverá , em regra , ser preso , a inda que recor ra da dec isão – “Em caso de sentença condenató r ia , o ju iz dec id i rá fundamentadamente se o réu poderá ape la r em l ibe rdade. ” . Ent re tan to , o fa to de es ta r sendo acusado por um cr ime de ma ior grav idade não re t i ra do réu garan t ias cons t i tuc iona is a todos garan t idas , como a presunção de inocênc ia ou de não cu lpab i l i d ade. Por tan to , se o acusado permaneceu so l to a té a sen tença condenatór ia , só será poss íve l a decre tação da pr isão preven t i va se presen tes os requ is i tos do ar t . 312 do CPP, senão, e le deverá permanecer sol t o , não podendo o ju i z v incu lar o conhec imento do recurso ao reco lh imento à p r i são .
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