Buscar

Linguagem II Atividade semana II

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Lavras
Curso: Pedagogia
Disciplina: Linguagem II
Professor/a formador/a: Luciana Soares da Silva
Professor/a tutor/a: Keila Patrícia do Nascimento Oliveira
Modelo autônomo e modelo ideológico de Letramento
Ana Paula da Silva
A Educação é um dos fatores essenciais para o desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos, pois ela é responsável por preparar e instruir os indivíduos para conviverem em sociedade e a compreender o mundo a nossa volta. Assim a escola é considerada a instituição de letramento fundamental para a sociedade, visto que ela é responsável por instruir os indivíduos por meio do conhecimento. 
Letramento é um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, como sistema simbólico e como tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos. Nesse enfoque, Dionísio (2007) compreende letramento como: 
[...] um conjunto flexível de práticas culturais definidas e redefinidas por instituições sociais, classes e interesses públicos em que jogam papel determinante as relações de poder e de identidade construídas. Por práticas discursivas que posicionam os sujeitos por relação à forma de ascender, tratar e usar os textos e os artefatos tecnológicos que os vinculam e possibilitam. Assim, o contato com diferentes discursos e vários modelos culturais em âmbito local e global, de forma crítica, é fundamental à formação dos sujeitos, pois as pessoas se constituem letradas nas e pelas interações verbais. (DIONÍSIO, 2002, pág.98)
Podemos perceber que o conceito de letramento é bem abrangente. E constatamos que devido às diversas mudanças sociais que estão acontecendo em nossa sociedade e as novas exigências sobre os conhecimentos da leitura e da escrita, esse termo vem passando por ressignificações. Nesse contexto, Street (1995) considera o letramento sob dois enfoques: o autônomo e o ideológico, sendo que o primeiro refere-se, basicamente, às habilidades individuais do sujeito, e o último às práticas sociais que envolvem leitura e escrita em geral. Portanto o enfoque autônomo presume que apenas o contato com a escrita, naturalmente, faria com que o sujeito aprendesse níveis, cada vez maiores, de letramento. As diferentes práticas sociais não são consideradas responsáveis pela formação dos sujeitos, sendo priorizado apenas o desenvolvimento de habilidades cognitivas desconsiderando as diferenças culturais e sociais de seu uso, gerando posicionamentos preconceituosos, reducionistas e inadequados. Os conhecimentos prévios desses alunos são desconsiderados, e a aprendizagem ocorre de maneira mecanizada, sem compreensão e com sentido apenas instrumental. Nesse modelo, a leitura e a escrita são tidas como práticas neutras e por si seriam responsáveis pelo progresso e ascensão social. A autonomia refere-se à escrita vista como um produto em si mesmo, lógica, fechada, sem ter relação com o contexto de sua produção para ser interpretada. O modelo autônomo está associado ao “progresso”, “civilização”, liberdade individual e mobilidade social (STREET, 1984). Kleiman (1995) explica que as principais características desse modelo são: estabelecer uma relação entre a aquisição da escrita e o desenvolvimento cognitivo e separar oralidade e escrita, inferiorizando a primeira.
Já o enfoque ideológico acredita que a indissociabilidade entre letramento e as estruturas sociais, vai muito além de entender sua ligação com práticas de leitura e escrita nos mais diversos contextos sociais aos quais elas podem se apresentar. Constata-se dessa maneira, que tal enfoque reconhece os letramentos como sendo múltiplos. Neste modelo podemos proporcionar situações onde o aluno realmente possa se colocar como parte do processo de aprendizagem, discutindo sobre situações reais, colocando-se como sujeito ativo no processo. Assim, é necessário um trabalho pedagógico voltado para a concepção de letramentos ideológicos, sendo considerados os valores socioculturais em que os indivíduos se interagem e dos quais precisam realizar uma compreensão crítica, a fim de estarem incluídos nos diversos contextos sociais. 
Enfim realizar um trabalho voltado para o exercício de novas práticas de letramento, valorizando as vivências que os estudantes trazem de seu meio cultural e social e preparando-os para o convívio em sociedade. Portanto, a aprendizagem ocorre pela interação e experiências ampliando as chances dos alunos se constituírem sujeitos letrados mais reflexivos e críticos.
REFERÊNCIAS
DIONÍSIO, M. L. Educação e os estudos atuais sobre o letramento. Revista Perspectiva, Florianópolis, v. 25, n. 1, p. 209-224, 2007.
KLEIMAN, A. (org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado das Letras, 1995.
SILVA, Luciana Soares, GOULART, Ilsa do Carmo Vieira - Linguagem e pensamento II: guia de estudos – Lavras: UFLA, 2015
STREET, B. Abordagens alternativas ao letramento e desenvolvimento. Apresentado durante a Teleconferência Unesco Brasil sobre ‘Letramento e Diversidade’, outubro de 2003. 
.

Outros materiais