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Prof. Pedro Luís Piedade Novaes - Ação Penal - Ação Civil „ex delicto‟ - Competência Matéria prevista no CP (art. 100 a 106) e no CPP (art. 24 a 62). Fundamento constitucional: art. 5º, XXXV, CF Críticas da doutrina: deveria apenas o CPP Código tratar da matéria Crime: art. 345 (Exercício arbitrário das próprias razões) Estado: monopólio da distribuição da Justiça e o direito de punir, como regra. Exceções: arts. 24 e 25, CP e lei n 9.099/95 “É o direito do Estado- acusação ou do ofendido de ingressar em juízo solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso concreto” (Guilherme Nucci) PÚBLICA PRIVADA Titular: Ministério Público (art. 129, I, CF) Titular: ofendido (vítima) ou o seu representante legal Mescla de interesse público e privado. Visa proteger a intimidade da pessoa ofendida, quando não deseja se expor. Petição inicial: Denúncia (APPública) ou Queixa (APPrivada) - incondicionada: independe da autorização da parte ofendida (representação) ou de outro órgão estatal (requisição do Ministro da Justiça); - condicionada: depende da autorização do ofendido (representação) ou do Ministro da Justiça (requisição) - Exclusiva: iniciativa do ofendido ou do seu representante legal. - Personalíssima: só pode ser ajuizada pelo ofendido. - Subsidiária da pública: ajuizada pelo ofendido ou seu representante legal, quando o MP não oferecer denúncia no prazo legal qualquer pessoa ingressar com ação penal visando a condenação do autor da infração penal. Sim: Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho e Antonio Scarance Fernandes Não. Guilherme Nucci, Rogério Lauria Tucci Tem previsão no Brasil? Se não há nenhuma referência à necessidade de representação ou requisição ou oferecimento de queixa, trata-se de ação penal pública incondicionada. Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: § 1º Somente se procede mediante representação Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 36. Somente se procede mediante representação da FIFA nos crimes previstos nessa lei. É um postulado que se irradia por todo o sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a seguir (Nucci) Aplicados tanto na ação penal pública ou pra ação penal privada 1- Princípio do devido processo legal art. 5º, LIV, CF: assegura a todos a justa punição, quando cometer um crime, precedida do processo penal adequado. Não podem as partes optarem por um procedimento diferente do previsto em lei 2- Princípio do contraditório art. 5º, LV, CF: toda alegação fática ou apresentação de prova, feita no processo por uma das partes, tem o adversário o direito de se manifestar, havendo um perfeito equilíbrio na relação processual. 3- Princípio da ampla defesa - art. 5º, LV, CF: ao réu é assegurado todos meios lícitos de defesa 4- Princípio da presunção de inocência - art. 5º, LVII, CF – todo acusado é presumido inocente, até que seja declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado. 5- Princípio do “favor rei” ou “in dubio pro reo” - na dúvida, deve-se optar pela solução mais favorável ao acusado - art. 386, VII, CPP – absolvição do réu 6- Princípio da verdade real O processo penal busca descobrir efetivamente como os fatos se passaram, não admitindo ficções e presunções processuais (como ocorre no processo civil). Ex. art. 209, CPP (juiz ouvir testemunhas não indicadas pelas partes 7- Princípio da vedação da prova ilícita - art. 5º, LVI, CF - Teoria dos frutos da árvore envenenada (art. 157, paragrafo 1º, CPP – prova derivada) 8- Princípio da iniciativa das partes - o juiz não pode dar início à ação penal - Art. 26, CPP não foi recepcionado pela CF/88 9- Princípio do juiz natural e imparcial - art. 5º, LIII e XXXVII, CF e art. 8º, item I, Pacto São José da Costa Rica Toda pessoa tem o direito inafastável de ser julgada, criminalmente, por um juízo imparcial, previamente constituído por lei, de modo a eliminar a possibilidade de haver tribunal de exceção. 10 - Princípio da identidade física do juiz - art. 399, § 2º, CPP O magistrado encarregado de colher a prova deve ser o mesmo a julgar a ação. 11- Princípio da oficiosidade ou do impulso oficial - Uma vez iniciada a ação penal, deve o juiz movimentá-la até o final, conforme o procedimento previsto em lei, proferindo decisão. 12- Princípio do Promotor natural o indivíduo deve ser acusado por órgão imparcial do Estado previamente designado por lei, vedada a indicação de acusador para atuar em caso específico. 13- Princípio da publicidade - arts. 5º, LX, XXXIII e 93, IX da CF Os julgamentos e demais atos processuais devem ser realizados e produzidos, como regra, publicamente, sem segredo, sem sigilo. 14- Princípio do duplo grau de jurisdição - a parte tem o direito de buscar o reexame da causa por órgão jurisdicional superior. - art. 5º,§§ 2º e 3º, CF c/c Pacto de São José da Costa Rica, art. 8, item 2, “h”. 15- Princípio da intranscendência - a ação penal não deve transcender da pessoa a quem foi imputada a conduta criminosa. 16- Princípio do privilégio contra a autoincriminação (nemo tenetur se deterege) - art. 8, item 2, “g”, Pacto de São José da C. Rica - Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Daí decorre o direito de permanecer em silêncio perante o Juiz ou à Autoridade Policial (art. 5, LXIII, CF) 1- Princípio da obrigatoriedade (ou legalidade): art. 24, CPP Convencendo-se o MP da existência de indícios de autoria e de materialidade delitiva, em relação a um certo crime, estará ele obrigado a oferecer a denúncia contra o autor da infração Limitações: lei 9.099/95 (suspensão condicional do processo e transação penal) 2. Princípio da indisponibilidade da ação penal O MP não pode desistir da ação penal por ele proposta (Art. 42, CPP). 3. Princípio da oficialidade:As tarefas de investigar, processar e punir o agente do crime cabem aos órgãos instituídos do Estado. Logo, somente pode ingressar com ação penal pública o MP (art. 129, I, CF) 1. Princípio da oportunidade (ou conveniência) Mesmo havendo indícios de autoria e materialidade delitiva, é opção da vítima (ou de seu representante legal) ingressar com a ação penal privada 2. Princípio da disponibilidade da ação - Pode haver desistência da ação por parte do ofendido (perdão ou perempção) 3. Princípio da indivisibilidade da ação penal privada - Art. 48, CPP não pode o ofendido, ao valer-se da queixa-crime, eleger contra qual dos seus agressores – se houver mais um – ingressará com a ação penal. Esta é indivisível. Ação: direito de ingressar em juízo Processo: sucessão ordenada de atos dirigida à uma sentença Procedimento: é a forma e o ritmo dado à sucessão dos atos (processo) que buscam a sentença. Pressupostos processuais: requisitos necessários para a existência e validade da relação processual, permitindo que o processo possa atingir a sua finalidade GERAIS - Legitimidade de parte - Possibilidade jurídica do pedido - Interesse de agir ESPECÍFICOS - Representação - Requisição do Ministro da Justiça o artigo 43 do CPP previa quais eram as condições gerais de procedibilidade. Mas tal dispositivo foi revogado pela lei nº 11.719/08, transferido o seu conteúdo para o artigo 395, CPP, que será melhor abordado quando falarmos do recebimento da denúncia. * Ativa: titularidade da ação penal - APPúbica – MP; APPrivada (ofendido ou o seu representante legal) * Passiva: maior de 18 anos. Discussão: pessoa jurídica pode ser ré? Pela CF sim: art. 225, § 3º (crimes ambientais) O fato na denúncia ou queixa deve ser típico, ilícito e culpável. Discussão: teoria da insignificância ou do crime de bagatela. Ex.: furto de um litro de leite. Ex.: abaixo de R$ 20 mil pra crimes fiscais!! Necessidade de agir em juízo; Adequação da medida pleiteada; Utilidade do provimento jurisdicional final. Discussão: Prescrição virtual (ou retroativa) - Pela doutrina: é possível - Jurisprudência: não é possível (súmula, 438, STJ) - Lei nº 12.234/10 – prescrição retroativa não pode ter por termo inicial data anterior à denúncia ou queixa (art. 110, § 1º, CP Há autores que colocam esse quatro elemento como condição de procedibilidade da ação penal. Art. 648, I, CPP: impetração de “habeas corpus” quando inexistir “justa causa” na ação penal. Na verdade, a justa causa para a ação penal é exatamente o “interesse de agir” e a “legitimidade passiva” - Não tem o condão de impedir o ajuizamento de uma ação penal. Súmula vinculante do STF, nº 24: “não se tipifica crime contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. - Exceção: crimes de sonegação fiscal (arts. 1º e 2º, lei nº 8.137/90 e arts. 168-A e 337-A, CP Recebido o Inquérito Policial, o Ministério Público pode realizar as seguintes providências: a) Requerer novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia: arts. 13, II e 16, CPP b) Pedir o arquivamento do inquérito policial. Nesse caso o juiz pode: b.1. concordar com o MP e ordenar o arquivamento do IP (art. 18, CPP); b.2. discordar do MP e remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça (art. 28, CPP). Obs.: No caso do Ministério Público Federal, o IP vai para o Procurador Geral da República Art. 28, CPP: juiz atua como fiscal do Princípio da Obrigatoriedade da Ação Penal. Nesse caso, de duas uma: 1) Chefe do MP insiste no arquivamento. O juiz deverá arquivar o IP; 2) Chefe do MP recomenda a oferta da denúncia, designando outro MP para atuar no caso. Este DEVE oferecer a denúncia, pois não estará agindo em nome próprio, mas por ordem do Chefe do MP. c) Oferecer a denúncia, independentemente de qualquer condição específica. Prazo: 5 dias (indiciado preso); 15 dias (solto) Não oferecida dentro do prazo, surgem 2 consequências: a) Relaxamento da prisão, se réu está preso; b) Possibilidade do ofendido ingressar com ação penal privada subsidiária da pública Requisitos da denúncia: art. 41, CPP - Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; - Classificação do crime; - Qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo; - Pedido de condenação; - Identificação do órgão do MP; - assinatura Juiz pode rejeitar a petição inicial (denuncia) – art. 395, I a III, CPP I – quando ela for manifestamente inepta; II – quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; III – faltar “justa causa” para o exercício da ação penal. Recurso cabível: Recurso em sentido estrito (art. 581, I, CPP; no caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, apelação (art. 82, Lei nº 9.099/95) Recebida a denúncia, dá-se início efetivo à ação penal e constitui causa interruptiva da prescrição (art. 117, I, CP
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