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Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos ANA´LISE LINEAR DE SISTEMAS JOSE´ C. GEROMEL DSCE / Faculdade de Engenharia Ele´trica e de Computac¸a˜o UNICAMP, CP 6101, 13083 - 970, Campinas, SP, Brasil, geromel@dsce.fee.unicamp.br Campinas, Novembro de 2006 1 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos NOTA AO LEITOR Este material foi preparado como suporte a`s aulas e e´ inteiramente baseado no livro texto : Jose´ C. Geromel e Alvaro G. B. Palhares, Ana´lise Linear de Sistemas Dinaˆmicos : Teoria, Ensaios Pra´ticos e Exerc´ıcios, ISBN 85-212-0335-7, Editora Edgard Blu¨cher Ltda, Sa˜o Paulo, SP, 2004. onde o leitor podera´ encontrar maiores informac¸o˜es e detalhes a respeito dos to´picos aqui abordados. 2 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Conteu´do 1 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica rotacional Eletricidade Eletromagnetismo 3 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos A construc¸a˜o de um modelo matema´tico normalmente baseia-se em quatro atributos : Leis ba´sicas Simplicidade Precisa˜o Validac¸a˜o Os treˆs primeiros podem ser adotados va´rias vezes na tentativa de atender o u´ltimo. Note a dificuldade para atingir o paradigma caracterizado por ma´xima simplicidade e ma´xima precisa˜o. E´ claro que particular cautela deve ser adotada ao aplicar-se as leis ba´sicas que regem o comportamento de um determinado fenoˆmeno f´ısico. As hipo´teses para aplicac¸a˜o de cada uma delas devem ser absolutamente observadas. 4 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Para ilustrar estas considerac¸o˜es a figura abaixo mostra o movimento de um corpo sob a ac¸a˜o da gravidade. R M m y v0 em t = 0 o corpo menor, de massa m << M, encontra-se na superf´ıcie e parte com velocidade v0. Deseja-se obter o modelo matema´tico para o seu deslocamento vertical. 5 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos A lei ba´sica a ser aplicada e´ a Lei Universal da Gravitac¸a˜o que estabelece que o corpo de massa m estara´ sob a ac¸a˜o de uma forc¸a radial com intensidade f (y) = MmG (R + y)2 = m g (1 + y/R)2 onde f (0) = mg e´ o seu peso em repouso na superf´ıcie do corpo maior. Invocando a Segunda Lei de Newton que segundo a qual a variac¸a˜o do momento linear do corpo menor e´, em todo instante de tempo, e´ igual a` forc¸a externa : y¨(t) + g (1 + y(t)/R)2 = 0 6 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Trata-se de uma equac¸a˜o diferencial na˜o linear cuja soluc¸a˜o, a partir das condic¸o˜es iniciais y(0) = 0 e y˙(0) = v0, na˜o e´ fa´cil de ser determinada. Entretanto, para deslocamentos verticais tais que |y(t)| << R podemos adotar a aproximac¸a˜o y¨(t) + g = 0 que e´ uma equac¸a˜o diferencial linear bastante simples de ser resolvida. E´ importante saber decidir sob quais condic¸o˜es a aproximac¸a˜o pode ser adotada. No presente caso, integrando a equac¸a˜o original obtemos a velocidade da massa m a uma altura y : v(y)2 = v20 − 2g y 1 + y/R 7 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Notamos que a velocidade pode se anular desde que v0 ≤ ve := √ 2gR onde ve e´ denominada velocidade de escape pois se v0 > ve o corpo de massa m escapa da ac¸a˜o gravitacional do corpo maior com massa M. Com a equac¸a˜o aproximada, a conclusa˜o e´ diversa. A velocidade em func¸a˜o da altura e´ dada por v(y)2 = v20 − 2gy e, portanto, para qualquer velocidade inicial v0 o corpo de massa m atinge uma certa altura em que a velocidade se anula. No modelo aproximado na˜o ha´ possibilidade de escape da ac¸a˜o gravitacional. Em situac¸o˜es extremas os modelos sa˜o diversos mas para |y | << R ambos fornecem resultados muito parecidos. 8 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Em conclusa˜o, para movimentos tais que |y(t)| << R , o modelo aproximado deve ser adotado. Pore´m, quando esta hipo´tese na˜o se verifica e´ mandato´rio considerar o modelo original. Considere enta˜o o modelo aproximado para descrever a queda do corpo de massa m de uma altura h0 << R com velocidade inicial nula. Resolvendo a equac¸a˜o diferencial obtemos y(t) = h0 − 1 2 gt2 , v(t) = −gt Portanto o corpo cai e atinge o solo com velocidade no momento do impacto igual a vi = − √ 2gh0 que aumenta segundo a altura inicial aumenta. Se isto fosse verdade na˜o haveria nenhum paraquedista vivo !!! 9 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos O modelo na˜o leva em conta a existeˆncia de atrito viscoso entre o ar e o corpo de massa m. No ar, a acelerac¸a˜o de um corpo em queda na˜o e´ constante mas sim diminui conforme a velocidade aumenta. Este fenoˆmeno e´ melhor descrito por y¨(t) + ( b m ) y˙(t) + g = 0 onde b e´ denominado coeficiente de atrito viscoso. Para v(t) = y˙(t) obtemos v(t) = mg b ( e−(b/m)t − 1 ) A velocidade no impacto independe de h0 como observamos na pra´tica!!! 10 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Outro ponto fundamental em modelagem diz respeito a`s hipo´teses que devemos observar para aplicar determinadas leis ba´sicas. Ilustramos este aspecto com a Segunda Lei de Newton e referenciais inerciais. A figura abaixo mostra um artista tentando equilibrar um peˆndulo de comprimento ℓ e massa m na posic¸a˜o vertical (φ = 90o). x y p q φ ma˜o mg T m ℓ 11 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos O referencial (x , y) e´ inercial. Com a ma˜o parada o mesmo ocorre com o referencial (p, q). Em relac¸a˜o a este referencial aplicamos a Segunda Lei de Newton para obter : Na direc¸a˜o horizontal m d2 dt2 (ℓcos(φ)) − T cos(φ) = 0 Na direc¸a˜o vertical m d2 dt2 (ℓsen(φ)) − T sen(φ) +mg = 0 Eliminando T obtemos o modelo para o deslocamento angular φ(t) do peˆndulo na forma ℓφ¨(t) + gcos(φ(t)) = 0 12 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Com a ma˜o em movimento o referencial (p, q) deixa de ser inercial e, portanto, a Segunda Lei de Newton deve ser aplicada ao referencial (x , y). Considerando que a ma˜o so´ se desloca na horizontal em uma posic¸a˜o x(t), temos Na direc¸a˜o horizontal m d2 dt2 (x + ℓcos(φ))− T cos(φ) = 0 Na direc¸a˜o vertical m d2 dt2 (ℓsen(φ)) − T sen(φ) +mg = 0 Eliminando T obtemos o modelo para o deslocamento angular φ(t) do peˆndulo na forma ℓφ¨(t) + gcos(φ(t)) = sen(φ(t))x¨(t) 13 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos O deslocamento angular do peˆndulo e´ descrito por uma equac¸a˜o diferencial na˜o linear de 2a ordem. Para x¨(t) = 0 ela admite soluc¸o˜es de equil´ıbrio φ(t) = φ0 para todo t ≥ 0 com φ0 = ±90o . Definindo θ(t) := φ(t)− φ0 podemos determinar modelos lineares aproximados, a saber : Va´lido entorno a φ0 = +90 o: ℓθ¨(t)− gθ(t) = x¨(t) Va´lido entorno a φ0 = −90o: ℓθ¨(t) + gθ(t)= −x¨(t) Na figura seguinte as trajeto´rias pontilhadas se referem aos modelos linearizados obtidos acima. 14 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos Modelagem de processos dinaˆmicos A figura mostra a simulac¸a˜o do modelo para ℓ = 1 [m], g = 9.8 [m/s2] e condic¸o˜es iniciais φ(0) = 45o , φ˙(0) = 0. 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 −250 −200 −150 −100 −50 0 50 100 150 t [s] Com a ma˜o parada, o peˆndulo oscila em torno de φ = −90o . Com a ma˜o em movimento e x¨(t) definida em func¸a˜o de (φ(t), φ˙(t)), o peˆndulo se equilibra em φ = 90o . 15 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica translacional As leis de Newton sa˜o fundamentais para a modelagem de sistemas mecaˆnicos. O deslocamento de uma massa m sob a ac¸a˜o de uma forc¸a externa F (t) obedece a equac¸a˜o p˙(t) = F (t) onde p(t) := mr˙(t) e´ o momento linear e r(t) e´ o vetor que define a posic¸a˜o da massa em um referencial inercial. Sendo m constante obte´m-se mr¨(t) = F (t) Deve ser enfatizado que esta equac¸a˜o so´ e´ va´lida para um referencial inercial. Este aspecto foi ilustrado anteriormente com o problema do equil´ıbrio do peˆndulo. 16 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica translacional Quando estamos diante de um conjunto de part´ıculas o seguinte conceito e´ pertinente : Definic¸a˜o (Centro de massa) O centro de massa rc de um conjunto de N massas mi , situadas nas posic¸o˜es ri para i = 1, · · · ,N e´ dado por rc := 1 m N∑ i=1 mi ri onde m = ∑N i=1mi e´ a massa total. Para um corpo com massa distribu´ıda rc = 1 m ∫ corpo rdm , m = ∫ corpo dm 17 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica translacional A importaˆncia do centro de massa torna-se aparente quando consideramos o movimento de N part´ıculas, cada uma delas com massa mi , sob a ac¸a˜o de uma forc¸a externa Fi(t) para todo i = 1, · · · ,N. Temos enta˜o mr¨c(t) = N∑ i=1 mi r¨i(t) = N∑ i=1 Fi(t) Ou seja, o ca´lculo da resultante das forc¸as Fi(t), como se elas atuassem no centro de massa, permite obter a equac¸a˜o que descreve o seu movimento. 18 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica translacional Algumas forc¸as e seus modelos : Forc¸a peso : Forc¸a produzida pela ac¸a˜o gravitacional fp(t) = mg onde g = 9.8 [m/s2] e´ a acelerac¸a˜o da gravidade. Forc¸a de deformac¸a˜o : Forc¸a produzida por molas de extensa˜o fκ(t) = κd(t) onde κ [N/m] e´ o coeficiente de elasticidade e d(t) a deformac¸a˜o. Forc¸a de atrito viscoso : Forc¸a produzida pelo contato do corpo com fluidos, com efeitos ana´logos aos dos amortecedores fb(t) = bv(t) onde b [Ns/m] e´ o coeficiente de atrito viscoso e v(t) a velocidade relativa entre o corpo e o meio viscoso. 19 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Mecaˆnica translacional A elaborac¸a˜o de um modelo torna-se mais simples se : O sistema for decomposto em partes, identificando as interac¸o˜es entre elas (forc¸as e momentos). As forc¸as externas forem identificadas e modeladas. As forc¸as produzidas pelos dispositivos ba´sicos (molas e amortecedores) forem consideradas dissipativas segundo os referenciais inerciais adotados. O Princ´ıpio de D’Alembert for adotado : Fato (Princ´ıpio de D’Alembert) Em cada instante de tempo, inclu´ıda a forc¸a de ine´rcia com intensidade mr¨c(t) como dissipativa, a resultante das forc¸as que agem no centro de massa e´ nula. 20 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos No sistema abaixo uma forc¸a externa com intensidade F e´ aplicada na massa M. Deseja-se determinar o deslocamento da massa m a partir do repouso. x y κ1 κ2 b m M F Com o procedimento anterior obtemos : m : mx¨ + bx˙ + κ1x + κ2(x − y) = 0 M : My¨ + κ2(y − x) = F Duas equac¸o˜es diferenciais lineares de 2a ordem acopladas. 21 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos No sistema abaixo deseja-se determinar a posic¸a˜o horizontal do peˆndulo de comprimento ℓ que se encontra no interior de um carro de massa M. x y κ θ b mg T F Em relac¸a˜o ao referencial inercial, sendo x a posic¸a˜o do carro, a posic¸a˜o do peˆndulo sera´ (x + ℓsen(θ), ℓcos(θ)). 22 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos Com o procedimento anterior obtemos as equac¸o˜es do movimento : Carro : Mx¨ + bx˙ + κx = T sen(θ) + F Peˆndulo - horizontal : m d2 dt2 (x + ℓsen(θ)) + T sen(θ) = 0 Peˆndulo - vertical : m d2 dt2 (ℓcos(θ)) + T cos(θ) = mg Se na˜o tivermos interesse em determinar a forc¸a de trac¸a˜o T , estas equac¸o˜es podem ser simplificadas. 23 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos Explicitando as derivadas indicadas obtemos : Com as duas primeiras equac¸o˜es : (M +m)x¨ + bx˙ + κx +mℓcos(θ)θ¨ −mℓsen(θ)θ˙2 = F Com as duas u´ltimas equac¸o˜es : cos(θ)x¨ + ℓθ¨ + gsen(θ) = 0 Estas equac¸o˜es podem ser linearizadas considerando-se pequenos deslocamentos em torno de (θ, θ˙) = (0, 0) : (M +m)x¨ +mℓθ¨ + bx˙ + κx = F x¨ + ℓθ¨ + gθ = 0 24 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos Vale a pena obter a representac¸a˜o de estado do sistema linearizado a partir da definic¸a˜o das varia´veis de estado ξ1 = x , ξ2 = θ, ξ3 = x˙ e ξ4 = θ˙, de entrada F e de sa´ıda y = x + ℓsen(θ) ≈ [ 1 ℓ 0 0 ]︸ ︷︷ ︸ C ξ ⇓ 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 (M +m) mℓ 0 0 1 ℓ ︸ ︷︷ ︸ E ξ˙ = 0 0 1 0 0 0 0 1 −κ 0 −b 0 0 −g 0 0 ︸ ︷︷ ︸ A0 ξ+ 0 0 1 0 ︸ ︷︷ ︸ B0 F 25 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos Como E e´ sempre uma matriz na˜o singular, podemos obter a representac¸a˜o de estado na forma padra˜o ja´ estudada, isto e´ (A,B ,C ,D) com A = E−1A0, B = E −1B0 e D = 0. Com M = 10 [Kg], m = 1 [Kg], g = 9.8 [m/s2], ℓ = 1 [m], κ = 10 [N/m] e b = 4 [Ns/m] determinamos a func¸a˜o de transfereˆncia entre yˆ(s) e Fˆ (s) como sendo H(s) = 0.98 s4 + 0.4s3 + 11.78s2 + 3.92s + 9.8 e com per´ıodo de amostragem 0.5 [s] a func¸a˜o de transfereˆncia pulsada com um segurador de ordem zero na entrada R(z) = 10−2 0.22z3 + 1.99z2 + 1.91z + 0.20 z4 − 1.48z3 + 1.57z2 − 1.47z + 0.82 26 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica translacional Exemplos A figura abaixo mostra a posic¸a˜o horizontal do peˆndulo em relac¸a˜o ao referencial inercial adotado, a partir do repouso, com F = 10 [N]. 0 5 10 15 20 25 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 t, kT [s] Observe a perfeita concordaˆncia entre os modelos a tempo cont´ınuo e a tempo discreto. 27 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional Considere uma massa m sob a ac¸a˜o de uma forc¸a externa F (t). A grandeza H(t) := r(t)× p(t) onde p(t) = mr˙(t) e r(t) e´ o vetor posic¸a˜o da massa em um referencial inercial e´ denominada momento angular relativo a` origem O do sistema de refereˆncia adotado. A partir de H˙(t) = r˙(t)× p(t) + r(t)× p˙(t) = r(t)× F (t) obtemos a relac¸a˜o fundamental H˙(t) = τ(t) indicando que a variac¸a˜o do momento angular e´ igual ao torque τ(t) := r(t)× F (t) produzido pela forc¸a externa. 28 / 71Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional Para um sistema constitu´ıdo por N massas, obtemos H˙(t) = N∑ i=1 ri (t)× p˙i(t) = N∑ i=1 τi(t) ou seja, a variac¸a˜o do momento angular total e´ igual a` soma dos torques produzidos pelas forc¸as externas. Portanto, e´ essencial individualizar as forc¸as aplicadas em cada massa mi para calcular o torque total. Apenas em casos especiais, a determinac¸a˜o da forc¸a resultante aplicada no centro de massa e´ relevante para o ca´lculo do torque total. 29 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional Este e´ precisamente o caso da forc¸a peso. A forc¸a peso que age em uma massa dm e´ −gdmj , portanto para um corpo com massa total m temos τ = ∫ corpo r × (−gdmj) = (∫ corpo rdm ) × (−gj) = mrcm × (−gj) = rcm × (−mgj) ou seja, o torque devido a` forc¸a peso pode ser calculado como se toda a massa do corpo estivesse concentrada no seu centro de massa. 30 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional A figura abaixo mostra o movimento circular de uma massa m em um plano. i j k mr(t) φ O No referencial indicado r(t) = ℓcos(φ)i + ℓsen(φ)j e portanto o vetor velocidade e´ dado por r˙ = −ℓφ˙sen(φ)i + ℓφ˙cos(φ)j 31 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional O qual permite calcular o momento angular relativo ao centro de rotac¸a˜o O : H = r ×mr˙ = mℓ2φ˙ det i j kcos(φ) sen(φ) 0 −sen(φ) cos(φ) 0 = mℓ2φ˙ k como sendo um vetor ortogonal ao plano do movimento com intensidade proporcional a` velocidade angular. O coeficiente de proporcionalidade J = mℓ2 ou, para sistemas com massa distribu´ıda J = ∫ corpo r2dm e´ denominado momento de ine´rcia. 32 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional Com os resultados anteriores, chegamos enta˜o a` equac¸a˜o ba´sica que permite modelar sistemas rotacionais : Jφ¨(t) = τ(t) Os seguintes aspectos sa˜o relevantes : A equac¸a˜o acima tem importaˆncia equivalente a` da equac¸a˜o mr¨(t) = F (t) para a translac¸a˜o. Na˜o ha´ dificuldades para enunciar o Princ´ıpio de D’ Alembert para a rotac¸a˜o : Em cada instante de tempo, inclu´ıdo o torque de ine´rcia com intensidade Jφ¨ como dissipativo, o torque resultante relativo ao centro de rotac¸a˜o e´ nulo. Para corpos r´ıgidos o ca´lculo de J e´ bastante simplificado pelo chamado teorema dos eixos paralelos : Os momentos de ine´rcia relativos a dois eixos paralelos, distantes d e, com um deles passando pelo centro de massa se relacionam por : J = Jcm +md 2 33 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional A equac¸a˜o fundamental da translac¸a˜o mr¨(t) = F (t) so´ e´ va´lida para um referencial inercial. A equac¸a˜o fundamental da rotac¸a˜o Jφ¨(t) = τ(t) tambe´m so´ se aplica para um centro de rotac¸a˜o que e´ fixo em relac¸a˜o a um referencial inercial, com uma nota´vel excec¸a˜o : o centro de massa. Ou seja, apenas para o centro de massa vale a equac¸a˜o H˙cm = τcm e por conseguinte Jcmφ¨(t) = τcm(t) independentemente do fato do centro de massa estar ou na˜o em movimento em relac¸a˜o ao referencial inercial. 34 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Mecaˆnica rotacional Alguns torques e seus modelos : Torque de deformac¸a˜o : Torque dissipativo produzido pela reac¸a˜o a um deslocamento angular θ(t) com intensidade τκ(t) = κθ(t) que ocorre na direc¸a˜o do eixo de rotac¸a˜o, onde κ [Nm/rad] e´ o coeficiente de elasticidade torcional. Torque de atrito viscoso : Torque dissipativo devido ao movimento de rotac¸a˜o em meio viscoso - fluido. τb(t) = bθ˙(t) que ocorre na direc¸a˜o do eixo de rotac¸a˜o, onde b [Nms/rad] e´ o coeficiente de atrito viscoso torcional. 35 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos A figura abaixo mostra um cilindro com momento de ine´rcia Jc e raio c que se move quando a massa m cai. A corda passa por uma roldana com momento de ine´rcia Jr e raio r . Deseja-se determinar o modelo para a rotac¸a˜o do cilindro. φ θ y f F b Parte do cilindro esta´ imerso em um l´ıquido que produz um atrito viscoso torcional com coeficiente b. 36 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos As equac¸o˜es dos movimentos dos quatro corpos sa˜o : Cilindro : Jc φ¨+ bφ˙ = fc Roldana : Jr θ¨ + fr = Fr Massa : my¨ + F = mg Corda : considerada inextens´ıvel leva a cφ = rθ = y Eliminado as varia´veis f , F , θ e y obtemos o modelo para o deslocamento angular do cilindro :( Jc + c2 r2 Jr +mc 2 ) φ¨+ bφ˙ = mgc 37 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos A figura abaixo mostra dois peˆndulos, como o mesmo comprimento ℓ, que esta˜o acoplados atrave´s de uma mola. A mola esta´ presa na metade do comprimento de cada peˆndulo e, durante o movimento, permanece na horizontal. φ OM Om θ mg Mg κ Supondo que os peˆndulos estejam imersos em um ambiente desprovido de atrito, deseja-se determinar os seus deslocamentos angulares segundo os referenciais adotados. 38 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos Os momentos de ine´rcia das massas M e m em relac¸a˜o a OM e Om sa˜o dados por Mℓ2 e mℓ2, respectivamente. A forc¸a produzida pela mola e´ ±κ((ℓ/2)sen(φ)− (ℓ/2)sen(θ)) e, por conseguinte, a equac¸a˜o dos momentos fornece : Peˆndulo M : Mℓ2φ¨+ κ ℓ2 4 cos(φ)(sen(φ)− sen(θ)) +Mgℓsen(φ) = 0 Peˆndulo m : mℓ2θ¨ + κ ℓ2 4 cos(θ)(sen(θ)− sen(φ)) +mgℓsen(θ) = 0 39 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos Na˜o ha´ dificuldades para linearizar estas equac¸o˜es em torno dos pontos de equil´ıbrio (φ, φ˙) = (0, 0) e (θ, θ˙) = (0, 0) : Mℓ2φ¨+ κ ℓ2 4 (φ− θ) +Mgℓφ = 0 mℓ2θ¨ + κ ℓ2 4 (θ − φ) +mgℓθ = 0 e determinar a sua representac¸a˜o de estado a partir das varia´veis x1 = φ, x2 = φ˙, x3 = θ e x4 = θ˙ : x˙ = 0 1 0 0 −κ/4M − g/ℓ 0 κ/4M 0 0 0 0 1 κ/4m 0 −κ/4m − g/ℓ 0 ︸ ︷︷ ︸ A x 40 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos Na figura abaixo vemos uma simulac¸a˜o dos dois peˆndulos acoplados com ℓ = 10 [m], M = 10 [Kg], m = 3 [Kg], κ = 15 [N/m] e g = 9.8 [m/s2]. Os peˆndulos partem do repouso nas posic¸o˜es −φ(0) = θ(0) = 30o . Para comparac¸a˜o, note nos mesmos gra´ficos os peˆndulos oscilando sem acoplamento (κ = 0). −50 0 50 0 5 10 15 20 25 30 −100 −50 0 50 100 t [s] 41 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos A figura abaixo mostra uma haste r´ıgida com duas massas nas suas extremidades. O peˆndulo esta´ imerso em um meio que produz em cada massa uma forc¸a de atrito viscoso com coeficiente de atrito b. θ mg Mg p q O i j Deseja-se determinar o modelo matema´tico que descreve o deslocamento angular do peˆndulo. 42 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos Para usar a equac¸a˜o de equil´ıbrio de momentos e´ preciso calcular o torque produzido pela forc¸a de atrito. Para a massa M a sua posic¸a˜o e´ dada por rM = psen(θ)i − pcos(θ)j . Como forc¸a de atrito e´ dada por br˙M , o torque por ela produzido em O sera´ : τM = rM × br˙M = bp2θ˙k A posic¸a˜oda massa m e´ rm = −qsen(θ)i + qcos(θ)j e, por conseguinte, τm = bq 2θ˙k. O torque total produzido pela forc¸a de atrito em ambas as massas, que e´ dissipativo, tem intensidade τatr = b(p 2 + q2)θ˙ 43 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Mecaˆnica rotacional Exemplos Aplicando a equac¸a˜o de equil´ıbrio de momentos chega-se a (Mp2 +mq2)θ¨ + b(p2 + q2)θ˙ + (Mp −mq)gsen(θ) = 0 A figura abaixo mostra duas simulac¸o˜es a partir de condic¸o˜es iniciais θ(0) = 0 e θ˙(0) > θ˙(0). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 −2 0 2 4 6 8 10 t [s] Observe o fenoˆmeno na˜o linear : Na segunda situac¸a˜o o peˆndulo da´ uma volta completa antes de parar!!! 44 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade O modelamento de circuitos ele´tricos planares aqui proposto baseia-se na determinac¸a˜o de uma base para o espac¸o nulo : Espac¸o nulo : Seja A ∈ Rn×m com m > n. Determina-se uma matriz T ∈ Rm×r tal que AT = 0 e T ′T = I . A dimensa˜o r ≥ m − n faz com que todas as soluc¸o˜es de Ax = 0 com x ∈ Rm sejam expressas na forma x = T ξ , ξ ∈ Rr Considere os seguintes exemplos ilustrativos : A = [ 1 2 1 1 2 1 ] =⇒ T = 0.9129 0−0.3651 −0.4472 −0.1826 0.8944 A = [ 1 2 1 1 1 1 ] =⇒ T = −0.7071−0.0000 0.7071 45 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade E a determinac¸a˜o da decomposic¸a˜o de uma matriz em valores singulares : Valores singulares : Seja A ∈ Rn×n. Esta matriz pode ser escrita na forma A = RZS ′ onde R , S ∈ Rn×n sa˜o matrizes unita´rias (RR ′ = I , SS ′ = I ) e Z = diag(σ1, . . . , σn) com σi ≥ σi+1 ≥ 0 para todo i = 1, . . . , n − 1. Se σi = 0 para i = r + 1 . . . , n temos : Z = [ Z 1/2 + 0 0 I ] [ Ir×r 0 0 0 ] ︸ ︷︷ ︸ Σ [ Z 1/2 + 0 0 I ] com Z+ = diag(σ1, . . . , σr ). Portanto podemos fatorar A = VΣU onde V e U sa˜o matrizes na˜o singulares. 46 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Os seguintes exemplos ilustram a decomposic¸a˜o em valores singulares : Exemplo 1 : A matriz A = [ 1 2 1 2 ] e´ fatorada na forma A = [ −1.2574 −0.7071 −1.2574 0.7071 ] ︸ ︷︷ ︸ V [ 1 0 0 0 ] ︸ ︷︷ ︸ Σ [ −0.7953 −1.5905 −0.8944 0.4472 ] ︸ ︷︷ ︸ U Exemplo 2 : A matriz A = [ 1 2 2 2 ] e´ fatorada na forma A = [ −1.1614 −0.5907 −1.4875 0.4612 ] ︸ ︷︷ ︸ V [ 1 0 0 1 ] ︸ ︷︷ ︸ Σ [ −1.1614 −1.4875 0.5907 −0.4612 ] ︸ ︷︷ ︸ U 47 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Considere um conjunto de b bipolos, cada um deles definido por uma relac¸a˜o entre corrente ik(t) e tensa˜o vk(t) para todo k = 1, · · · , b e uma fonte externa g(t). Definindo os vetores de corrente e tensa˜o i(t) := i1(t) ... ib(t) , v(t) := v1(t) ... vb(t) e considerando a convenc¸a˜o gerador para as fontes e receptor para os elementos passivos tais como resistores, indutores e capacitores, as equac¸o˜es dos b bipolos se escrevem na forma C dv dt (t)− Gv(t) + Ldi dt (t)− Ri(t) = Fg(t) 48 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Onde e´ importante notar que : As matrizes C , G , L e R teˆm dimenso˜es b × b e geralmente sa˜o diagonais. O vetor F tem dimensa˜o b × 1. Um circuito planar espec´ıfico com n no´s, constru´ıdo com os b bipolos ja´ modelados, e´ definido atrave´s das equac¸o˜es Ni(t) = 0 , Mv(t) = 0 onde : N ∈ R(n−1)×b e´ denominada matriz de incideˆncia e expressa a lei das correntes em n − 1 no´s. M ∈ Rb−(n−1)×b e´ denominada matriz de malha e expressa a lei das malhas em b − (n − 1) malhas. 49 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade O objetivo e´ determinar as tenso˜es e correntes em todos os bipolos para todo t ≥ 0 a partir de condic¸o˜es iniciais dadas. Sabemos calcular, atrave´s da determinac¸a˜o do espac¸o nulo, todas as soluc¸o˜es do sistema com b equac¸o˜es e 2b inco´gnitas : [ N 0 0 M ] [ i(t) v(t) ] = [ 0 0 ] na forma [ i(t) v(t) ] = T ξ(t) = [ Ti Tv ] ξ(t) onde T ∈ R2b×b, Ti ∈ Rb×b, Tv ∈ Rb×b e ξ ∈ Rb 50 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Com a equac¸a˜o diferencial anterior obtemos (CTv + LTi )ξ˙(t) = (GTv + RTi)ξ(t) + Fg(t) A dificuldade e´ que a matriz CTv + LTi geralmente na˜o admite inversa. Basta existir um resistor no circuito e isto acontece ! Aplicando a decomposic¸a˜o em valores singulares estabelecemos CTv + LTi = VΣU com V e U na˜o singulares e Σ = [ I 0 0 0 ] Observe que a dimensa˜o da matriz indentidade e´ determinada pela pro´pria decomposic¸a˜o em valores singulares. 51 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Multiplicando a equac¸a˜o diferencial anterior a` esquerda por V−1 e definindo x(t) := Uξ(t) temos Σx˙(t) = Φx(t) + Γg(t) onde Φ := V−1(GTv + RTi)U −1 , Γ := V−1F que pode ser escrita na forma particionada[ x˙1(t) 0 ] = [ Φ11 Φ12 Φ21 Φ22 ] [ x1(t) x2(t) ] + [ Γ1 Γ2 ] g(t) Fica claro que a segunda equac¸a˜o acima na˜o e´ diferencial mas sim alge´brica (de fato, linear) e pode ser resolvida desde que Φ22 seja na˜o singular ! 52 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Φ22 e´ uma matriz na˜o singular. Verifica-se que esta hipo´tese na˜o e´ satisfeita apenas em casos considerados patolo´gicos. Com x2(t) = −Φ−122 Φ21x1(t)− Φ−122 Γ2g(t) a equac¸a˜o do circuito assume a forma final x˙1(t) = A1x1(t) + B1g(t) onde A1 := Φ11 − Φ12Φ−122 Φ21 , B1 = Γ1 − Φ12Φ−122 Γ2 Mais uma vez e´ imperativo observar que as dimenso˜es das matrizes A1 e B1 sa˜o determinadas pela decomposic¸a˜o em valores singulares. 53 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Com x1(t) e g(t) podemos determinar as correntes e tenso˜es em todos os bipolos : [ i(t) v(t) ] = T ξ(t)︷ ︸︸ ︷ U−1x(t) = C1x1(t) + D1g(t) onde C1 := TU −1 [ I −Φ−122 Φ21 ] , D1 := TU −1 [ 0 −Φ−122 Γ2 ] 54 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Eletricidade Para completar o modelo, e´ preciso impor as condic¸o˜es iniciais. Em t = 0 as correntes nos indutores e as tenso˜es nos capacitores sa˜o conhecidas. Ou seja, o vetor c0 e a matriz E que seleciona as correntes e tenso˜es sa˜o conhecidos e satisfazem c0 = E [ i(0) v(0) ] Portanto x1(0) = (EC1) −1c0 Note que a validade das condic¸o˜es iniciais que se deseja impor requer que a matriz EC1 seja quadrada e na˜o singular. O modelo obtido tem representac¸a˜o de estado (A1,B1,C1,D1) e condic¸a˜o inicial x1(0). 55 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Exemplo A figura abaixo mostra uma fonte controlada alimentando uma carga indutiva RL. Deseja-se determinar o modelo para a tensa˜o y(t) = v9(t) no resistor R9, em func¸a˜o da tensa˜o de entrada v1(t) = g(t). g 2 3 4 5 6 7 8 y + − Sa˜o indicados os nu´meros dos bipolos. O bipolo 4 e´ uma fonte de tensa˜o v4 = µ(v2 − v3). Note os pontos + e −. 56 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Exemplo Em um sistema de unidades coerentes os seguintes valores foram adotados R2 = 1, R3 = 2, R5 = 1, C6 = 1, R7 = 1, L8 = 1, R9 = 1 e µ = 1.5. Com o procedimento discutido anteriormente obtemos A1 = [ −0.3333 0.6305 0.3525 −1.6667 ] , B1 = [ −1.8057−0.0000 ] C1 = [ 0.0000 −0.7856 ] , D1 = [ 0.0000 ] que corresponde a` func¸a˜o de transfereˆncia H(s) = 0.5 s2 + 2s + 0.3333 57 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletricidade Exemplo A figura abaixo mostra duas simulac¸o˜es em linhas tracejadas para as entradas g(t) = 0.9 e g(t) = 0.5 para todo t ≥ 0, respectivamente. As simulac¸o˜es em linhas cont´ınuas correspondem a entradas chaveadas entre os n´ıveis 0 ≤ g(t) ≤ 1 com fator de ocupac¸a˜o de 90% e 50% e per´ıodo de 2 e 5 segundos, respectivamente. 0 5 10 15 20 25 30 35 −0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 t [s] 58 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Eletromagnetismo A seguir ilustramos interac¸o˜es eletromagne´ticas. Em ambos os casos um fio condutor de comprimento ℓ esta´ imerso em um campo magne´tico, sendo B o vetor induc¸a˜o magne´tica. Fm (a) (b) ℓ BB v + − i Importante : Uma part´ıcula com carga ele´trica q e velocidade v , imersa em um campo magne´tico, sofre a ac¸a˜o de uma forc¸a dada por F = qv × B . 59 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Eletromagnetismo Ac¸a˜o motora (a) : Ao ser percorrido por uma corrente ele´trica de intensidade i o fio condutor sofre a ac¸a˜o de uma forc¸a Fm. Devido a corrente, a velocidade das cargas em movimento e´ definida pelo fio que e´ ortogonal a B . Lembrando que idℓ = vdq enta˜o dFm = vdq × B = idℓ× B Portanto, integrando entre 0 e ℓ obtemos a intensidade da forc¸a como sendo Fm = ℓB︸︷︷︸ K i Mantendo a ortogonalidade entre o condutor e o campo magne´tico, a forc¸a e´ ma´xima e e´ proporcional a` corrente. Sob sua ac¸a˜o, o condutor se move ! 60 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Eletromagnetismo Ac¸a˜o geradora (b) : Ao movimentar o fio condutor em aberto, com velocidade v ortogonal ao campo magne´tico, as cargas no seu interior sofrem a ac¸a˜o da forc¸a Fm = qv × B . Um campo ele´trico E se desenvolve de tal forma que a forc¸a eletrosta´tica Fe = qE se iguale a Fm. Isto e´ necessa´rio para que as cargas atinjam uma situac¸a˜o de repouso e assim E = v × B . Como em um comprimento dℓ temos a diferenc¸a de potencial de = vBdℓ, integrando entre 0 e ℓ obtemos e = ℓB︸︷︷︸ K v Mantendo a ortogonalidade entre o condutor e o campo magne´tico, a diferenc¸a de potencial entre os seus terminais e´ ma´xima e e´ proporcional a` velocidade. 61 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Motor de corrente cont´ınua Um motor de corrente cont´ınua e´ esquematizado abaixo. O estator e´ fixo e produz um campo magne´tico radial. O rotor e´ mo´vel e e´ constitu´ıdo por N espiras em se´rie com largura d e comprimento ℓ. O comutador mante´m os sentidos das correntes de forma apropriada a gerar um torque l´ıquido a ser aplicado na carga com momento de ine´rcia Jc e coeficiente de atrito viscoso torcional b. Fm Fm B V R L J, b θ i 62 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Motor de corrente cont´ınua Torque : A forc¸a produzida em cada metade da espira e´ Fm = ℓBi e, portanto, o torque total sera´ Ttot = N ( Fm d 2 + Fm d 2 ) = NℓdB︸ ︷︷ ︸ K i Tensa˜o : Em contra-partida, sendo θ˙ a velocidade angular do rotor, a velocidade linear e´ v = (d/2)θ˙ com o mesmo sentido e direc¸a˜o de Fm, fazendo com que a tensa˜o produzida em cada metade da espira seja e = ℓBv e, portanto, a tensa˜o total sera´ etot = N (ℓBv + ℓBv) = NℓdB︸ ︷︷ ︸ K θ˙ 63 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Motor de corrente cont´ınua O modelo final do motor de corrente cont´ınua com campo constante (B) fica na forma : Parte ele´trica : As espiras do estator podem ser modeladas como uma resisteˆncia R em se´rie com uma indutaˆncia L, alimentadas pela fonte de tensa˜o V (t), ou seja L d dt i(t) + Ri(t) = V (t)−K d dt θ(t) Observe a tensa˜o etot produzida pelo movimento do rotor, em oposic¸a˜o a` tensa˜o da fonte. Parte mecaˆnica : Sendo J = Jc + Jr o momento de ine´rcia da carga e do rotor em relac¸a˜o ao eixo de rotac¸a˜o temos J d2 dt2 θ(t) + b d dt θ(t) = Ki(t) Observe o torque Ttot gerado para deslocar a carga e o rotor. 64 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo O diagrama de blocos mostra o controle da velocidade angular ν(t), em regime permanente, de um motor de corrente cont´ınua com a fonte de tensa˜o estudada anteriormente (Σ). Para o motor e a carga foram adotados, em um sistema coerente de unidades, os seguintes valores nume´ricos J = 10, b = 2, L = 3, R = 1 e k = 10. Σgˆ Vˆ R L J, b ν iˆ + − 65 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo Circuito Σ : Como se trata de um circuito linear, aplicando Laplace vem gˆ(s) = Hgi (s)Iˆ (s) + Hgv (s)Vˆ (s) O procedimento ja´ introduzido para a modelagem de circuitos ele´tricos se aplica : Com Iˆ (s) = 0 obtemos Vˆ (s) = 0.50 s + 0.3333︸ ︷︷ ︸ Hgv (s)−1 gˆ(s) Com Vˆ (s) = 0 obtemos Iˆ (s) = 0.75 s︸︷︷︸ Hgi (s)−1 gˆ(s) 66 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo Motor : Lembrando que ν(t) = θ˙(t), com Laplace calculamos [ Iˆ (s) Vˆ (s) ] = [ s + 0.2 3.0s2 + 1.6s + 10.2 ] νˆ(s) Com as relac¸o˜es anteriores determinamos a func¸a˜o de transfereˆncia desejada νˆ(s) = 9.549 6s3 + 6.533s2 + 21.73s + 6.8︸ ︷︷ ︸ Hν(s) gˆ(s) sendo Hν(s) expressa em [rpm/volt]. 67 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo Como Hν(s) e´ uma func¸a˜o de transfereˆncia esta´vel, adotado g(t) como um degrau de amplitude Va [volts], em regime permanente teremos νperm(t) ≈ Hν(0)Va = 1.40Va A figura a seguir mostra em linhas tracejadas a velocidade do motor ν(t) [rpm] para Va = 50, Va = 75 e Va = 95 volts. A mesma figura mostra em linhas cont´ınuas a velocidade do motor para a entrada chaveada (em volts) g(t) = { 100 kT ≤ t ≤ (k + foc)T 0 (k + foc)T < t < (k + 1)T onde k ∈ N, T = 2 [s] e´ o per´ıodo de chaveamento e foc ∈ [0, 1] e´ o fator de ocupac¸a˜o. Consideramos foc = 50%, foc = 75% e foc = 95%. 68 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo E´ importante salientar que com uma fonte de tensa˜o chaveada podemos estudar a evoluc¸a˜o da velocidade do motor atrave´s de um modelo a tempo discreto. De fato, como g(t) e´ constante por partes para todo t ≥ 0, com a representac¸a˜o de estado de Hν(s) definida pelas matrizes (A,B ,C ,D) determinamos x((k + 1)T ) = Fx(kT ) + Jg(kT ) ν(kT ) = Cx(kT ) +Dg(kT ) va´lida para todo k ∈ N, onde F = eAT , J = ∫ T (1−foc )T eAτBdτ podem ser calculadas com o procedimento baseado em exponenciais de matrizes aumentadas. 69 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo Finalmente, aplicando a transformada Z obtemos a func¸a˜o de transfereˆncia pulsada νˆ(z) = ( C (zI − F )−1J + D)︸ ︷︷ ︸ Hν(z) gˆ(z) Com os dados nume´ricos do motor determinamos a func¸a˜o de transfereˆncia pulsada Hν(z) = Nν(z)/Dν(z) onde Dν(z) = z 3 + 0.3377z2 − 0.2107z − 0.1133 depende de T mas na˜o depende de foc e foc = 50% =⇒ Nν(z) = 0.5113z2 + 0.2097z + 0.0334 foc = 75% =⇒ Nν(z) = 0.6568z2 + 0.3405z + 0.1043 foc = 95% =⇒ Nν(z) = 0.6844z2 + 0.4875z + 0.1853 70 / 71 Cap´ıtulo III - Fundamentos de Processos Dinaˆmicos Eletromagnetismo Exemplo Na figura abaixo os pontos • correspondem a` resposta de Hν(z) para aentrada g(kT ) = 100 [volts] que sa˜o as amostras da tensa˜o de entrada da fonte g(t) em t = kT para todo k ∈ N. Note a perfeita concordaˆncia, mesmo durante o transito´rio, entre os modelos a tempo cont´ınuo e a tempo discreto ! 0 5 10 15 20 25 0 50 100 150 t, kT [s] 71 / 71 Capítulo III - Fundamentos de Processos Dinâmicos Modelagem de processos dinâmicos Mecânica translacional Mecânica rotacional Eletricidade Eletromagnetismo
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