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Introdução ao Estudo do Direito - Resumo

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Ricardo Maurício Freire Soares
Resumo
NOÇÕES GERAIS: IED apresenta natureza propedêutica porque se propõe a oferecer conceitos fundamentais para a ciência jurídica, sem os quais, não se torna possível compreender os demais ramos do direito. Apresenta natureza enciclopédica porque condensa diversas formas de conhecimento aplicados ao direito (conhecimentos históricos, sociológicos, antropológicos, filosóficos...). Possui natureza zétetica porque se propõe a refletir criticamente sobre a ordem jurídica, questionando as normas do direito em face da realidade social. Essa abordagem difere da abordagem dogmática, que reproduz o conteúdo das normas sem quaisquer questionamento. Apresenta natureza epistemológica porque se propõe a refletir sobre as condições de cientificidade do conhecimento jurídico, indagando sobre a existência, a natureza e a metodologia da ciência do direito. 
TEORIA DOS CÍRCULOS ÉTICOS:
Teoria dos Círculos Éticos Concêntricos: (Antiguidade Grega à Idade Média) Afirma que o Direito está contido na Moral, o Direito seria o núcleo da Moral.
Teoria dos Círculos Éticos Separados: (Totalitarismo) Afirma que o Direito não se comunica com a Moral. O Direito é um fenômeno exterior e surge do Estado, e a Moral, é interior, logo, surge a partir do indivíduo.
Teoria dos Círculos Éticos Secantes: (Idade Contemporânea, Pós Segunda Guerra Mundial – fundamentação pós-positivista) O Direito e a Moral possuem zonas autônomas e zonas de intersecção.
3. ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA
Validade: Compatibilidade vertical de uma norma jurídica inferior com uma norma jurídica superior, seja em seu aspecto material (conteúdo), seja em seu aspecto formal (competência e procedimento). A ordem jurídica é como uma pirâmide normativa, as normas jurídicas estão concatenadas de acordo com a hierarquização da validade.
Validade Material: o conteúdo de uma norma inferior, não pode ferir o conteúdo de uma norma superior.
Validade Formal: a norma superior estabelece a forma de criação da norma inferior. Competência é a habilitação conferida à norma superior para que um determinado órgão produza uma norma jurídica inferior. Procedimento é o conjunto de ritos que devem ser observados para a validação de uma norma jurídica.
Vigência: É o tempo de validade de uma norma jurídica.
Determinada: são normas jurídicas que preestabelecem o término da validade – SUJEITAS À CADUCIDADE.
Indeterminada: são as normas jurídicas que não estabelecem o término da sua validade, produzindo seu efeitos até que sejam revogadas. SUJEITAS À REVOGAÇÃO.
- Revogação é a substituição de um diploma normativo por outro diploma normativo de igual ou superior hierarquia, que versa sobre o mesmo conteúdo.
a) Revogação tácita: o novo diploma normativo não menciona expressamente que está alterando o diploma normativo anterior. Cabe ao jurista desenvolver uma interpretação adequada para constatar a revogação.
b) Revogação expressa: É quando um novo diploma normativo modifica expressamente e textualmente o diploma normativo anterior.
c) Revogação total: Quando um novo diploma normativo modifica todos os dispositivos de um diploma normativo anterior, não permanece nada. (Exemplo: Constituição Federal de 1988 revogou a de 1967).
d) Revogação parcial: Quando um novo diploma normativo modifica apenas alguns dispositivos de um diploma normativo anterior.
- Repristinação: é a restauração dos efeitos jurídicos de uma dada norma por força da revogação de uma norma revogadora, passando assim a norma revogada a produzir consequências no mundo do direito. (O Direito brasileiro admite a ocorrência da repristinação de forma expressa).
Vigência não deve ser confundida com incidência, pois incidência exprime a relação entre o momento de publicação e o início da vigência de uma dada norma jurídica.
- Incidência imediata é quando a vigência se inicia no momento da publicação.
- Incidência mediata é quando a vigência ocorre em momento posterior a publicação. O intervalo entre a publicação e a vigência chama-se VACATIO LEGIS.
“Se a lei não dispuser expressamente sobre sua incidência, restará a aplicação do Artigo 1º da LINDB: 45 dias de vacatio legis para território brasileiro e três meses para o exterior (ou seja, no silêncio do legislador, a incidência é mediata).”
Vigor: É a força vinculante de uma norma jurídica. Neste sentido, a norma jurídica vincula aquelas situações fáticas ocorridas durante a sua vigência, mesmo que ela deixe de estar vigente. Aplica-se em matéria de vigor, o princípio do direito intertemporal: “o tempo rege o ato.”.
EXEMPLO: (Código Civil de 1916): José celebra com Maria um contrato de locação que não é cumprido --- Move-se ação judicial em 2001, ainda durante a vigência do CC-1916 --- o Novo Código Civil passa a vigorar em 2003 --- A decisão judicial ocorre em 2004, porém de acordo com os diplomas contidos no CC-1916.
Retroatividade: No Direito Penal a lei retroage para beneficiar o infrator, relativizando assim o princípio de que o tempo rege o ato. (Exemplo: Descriminalização do adultério).
Eficácia: Possibilidade concreta de produção de efeitos jurídicos. Divide-se em aplicabilidade e efetividade. 
Aplicabilidade ou Eficácia Técnica: se verifica toda vez que uma norma jurídica não necessita de outra para a produção dos seus efeitos. Caso a norma jurídica dependa de outra, não apresentará aplicabilidade.
Efetividade ou Eficácia Social: é o atributo normativo que exprime adequação das normas jurídicas aos fatos sociais, em face do cumprimento dos preceitos normativos pelos agentes sociais.
Legitimidade: Designa a adequação da norma jurídica ao valor do justo. Norma jurídica legítima é aquela considerada por parcela expressiva da sociedade, justa, num dado contexto social. (Não se deve confundir legitimidade com efetividade). Existem normas legítimas que não são efetivas, como por exemplo, o Estatuto do Idoso, bem como normas jurídicas efetivas sem legitimidade.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
Quanto ao sistema:
- Normas estrangeiras: normas jurídicas produzidas no âmbito da comunidade internacional, fora dos limites do Estado soberano (Exemplo: Tratado de Assunção).
- Normas internas: são normas integrantes do Direito Nacional de cada país soberano. (Exemplo: CF-1988).
Quanto à relação de vontade entre as partes:
- Normas cogentes: são normas obrigatórias, geralmente de Direito Público, cujos preceitos não podem ser afastados pela vontade das partes. (Exemplo: Artigo 14 da Constituição que trata da obrigatoriedade do voto).
a) Imperativas: quando estabelecem diretamente obrigações.
b) Proibitivas: quando veta e realização de dada conduta
- Normas dispositivas: normas que admitem a modulação de efeitos pelos particulares, geralmente de Direito Privado, cujos preceitos podem ser condicionados pela vontade dos agentes sociais. (Exemplo: Contratos).
a) Permissivas: Facultam a realização de uma conduta pelos sujeitos de direito.
b) Supletivas: Suprem a eventual ausência de manifestação da vontade entre as partes.
Quanto à relação das normas entre si:
- Normas primárias ou de conduta: se dirigem diretamente ao comportamento humano (Exemplo: Artigo 121 do Código Penal)
- Normas secundárias ou de organização: disciplinam o modo de criação, interpretação, e aplicação de outras normas jurídicas, nesse caso, são normas que tratam de outras normas, alcançando a conduta humana de forma indireta (Exemplo: LINDB).
Quanto à sistematização legal:
- Normas codificadas: as normas jurídicas contidas nas codificações, geralmente dotadas de grande generalidade e racionalidade, disciplinando amplos setores da convivência humana em sociedade.
- Normas consolidadas: integram as consolidações que podem ser entendidas como a justaposição de leis esparsas preexistentes que versavam sobre um mesmo assunto. (Exemplo: Consolidação das Leis do Trabalho).
- Normas extravagantes ou esparsas: integram leis específicas que tratam de determinados temas no âmbito social. (Exemplo: Lei Maria da
Penha).
Quanto à estrutura normativa:
- Regras: são normas jurídicas que descrevem situações específicas e determinadas de modo fechado, estabelecendo marcos de segurança jurídica e previsibilidade para as relações jurídicas. A aplicação das regras não requer grande e esforço interpretativo dos juristas. (Exemplo: Artigo 13 da Constituição Federal que determina que o nosso idioma seja o Português).
- Princípios: são normas que possuem grande abertura semântica potencializando a realização da justiça. A aplicação dos princípios requer um grande esforço interpretativo dos juristas, visto que demanda o desenvolvimento de uma atividade onde se envolvem valores e apreciação dos fatos sociais. (Exemplo: Artigo 1º, inciso III, Princípio da Dignidade Humana).
Quanto ao grau de aplicabilidade:
- Normas de aplicabilidade plena: são aquelas normas que produzem seus efeitos jurídicos independentemente da criação de outra norma jurídica.
- Normas de aplicabilidade limitada: são normas jurídicas que produzem seus efeitos dependendo da posterior criação de outra norma jurídica, sem a qual estará comprometida a aplicabilidade.
- Normas de aplicabilidade contida: são aquelas que produzem num primeiro momento, amplos efeitos jurídicos, e num segundo momento, reconhecem a possibilidade de restrição da sua eficácia por força da criação de uma posterior norma jurídica.
- Normas de aplicabilidade exaurida: são aquelas cujos efeitos já se consumaram, permanecendo na ordem jurídica como reminiscência histórica. Já esgotaram a produção dos seus efeitos jurídicos.
Quanto aos tipos de sanção jurídica:
- Normas mais que perfeitas: são aquelas normas que preveem, como expedientes sancionatórios, a nulidade do ato jurídico e uma punição ao agente transgressor.
- Normas perfeitas: são aquelas que preveem um expediente sancionatório na exata proporção da ilicitude, impedindo que o ato ilícito produza qualquer efeito jurídico, mediante declaração da sua nulidade.
- Normas menos que perfeitas: se afiguram como normas jurídicas cuja violação do dever normativo implica somente uma punição ao agente transgressor, sem que se configure a nulidade do preceito normativo descumprido.
- Normas imperfeitas: apresentam-se como normas jurídicas cuja violação de seus comandos não implica a imposição de qualquer consequência jurídica, seja a nulidade da conduta ilícita, seja a punição sobre o infrator.
Quanto aos âmbitos de validade:
a) Material:
- Normas de Direito Público: são aquelas que disciplinam a relação entre o Estado e os particulares, bem como a relação entre órgãos estatais. No Direito Público prevalece a supremacia do interesse coletivo em face do individual, a maioria de suas normas, portanto, são normas cogentes.
-Normas de Direito Privado: são aquelas que disciplinam relações entre os particulares, privilegiando a autonomia da vontade e a realização do interesse individual, geralmente são de caráter dispositivo.
b) Especiais:
-Normas Gerais: válidas em todo território nacional (Exemplo: Legislação Federal).
-Normas Espaciais: válidas em parcelas territoriais específicas de um dado Estado soberano (Exemplo: Leis estaduais e municipais).
c) Pessoal:
- Normas Genéricas: se dirigem a totalidade da comunidade jurídica, logo, os destinatários são indefinidos (Exemplo: Constituição Federal de 1988).
- Normas Individualizadas: se dirigem a destinatários específicos (Exemplo: Contratos).
d) Temporal:
- Normas de vigência: as de vigência determinada estão sujeitas a caducidade e estabelecem seu término de validade (Exemplo: Lei Geral da Copa), enquanto as de vigência indeterminada estão sujeitas a revogação e não estabelecem previamente o término de sua validade, produzindo efeitos até que seja revogada (Exemplo: Código Penal).
- Normas de incidência: as de incidência imediata não preveem vacatio legis, as de incidência mediata estabelecem o prazo vacatio legis (Exemplo: Código Civil 2002/2003).
- Normas retroativas x irretroativas: as retroativas (ex tunc) são aquelas que alcançam situações sociais ocorridas antes de sua vigência. A maioria das normas é irretroativa (ex nunc), não alcançam situações sociais ocorridas antes da sua vigência, respeitando o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Direito adquirido: é o direito já consumado ou não, porém exigível na via jurisdicional, se não cumprido voluntariamente pelo obrigado.
Ato jurídico perfeito: é aquele já realizado, acabado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, pois já satisfez todos os requisitos formais para gerar a plenitude dos seus efeitos, tornando-se, portanto completo ou aperfeiçoado.
Coisa julgada: é a qualidade conferida à sentença judicial contra a qual não cabem mais recursos, tornando-a imutável e indiscutível.
FONTES DO DIREITO:
São os modos de manifestação da normatividade jurídica que indicam o nascedouro do fenômeno jurídico.
TIPOLOGIAS:
 Fontes Materiais: são todos aqueles fenômenos econômicos, políticos, ideológicos, que precedem o processo de criação das normas jurídicas oferecendo a matéria prima para a produção normativa do direito.
Fontes Formais: correspondem as às normas jurídicas propriamente ditas, que resultam de convergência de fatores econômicos, políticos e ideológicos. É a expressão das normas.
Fontes formais estatais: resultam diretamente do Estado.
- Legislação: todas as espécies normativas que são qualificadas como leis pela ordem jurídica. A lei é um diploma normativo abstrato, genérico e escrito, oriundo do parlamento.
- Jurisprudência: é o conjunto de decisões reiteradas que são prolatadas e produzidas pelo poder judiciário, as quais devem ser precedentes para inspirar futuros julgamentos, trata-se de uma fonte estatal do direito que possibilita a permanente atualização da ordem jurídica. O tema da jurisprudência está intimamente associado ao direito sumular. Súmulas são enunciados que sintetizam e uniformizam a jurisprudência consolidada nos tribunais.
a) Súmulas persuasivas: são as não vinculantes, que serve apenas como elemento de convicção para a tomada de decisões judiciais.
b) Súmulas vinculantes: são enunciados obrigatórios cujos preceitos devem ser necessariamente observados pelos órgãos do poder judiciário.
Fontes formais não estatais: resultam diretamente da sociedade civil.
- Costumes jurídicos: são práticas sociais reiteradas que estabelecem bilateralmente direitos subjetivos e deveres jurídicos para os indivíduos. Compõem-se, o costume jurídico de dois elementos: o elemento objetivo (repetição de condutas) e o elemento subjetivo (convicção social da necessidade jurídica). É uma fonte não escrita.
a) Secundum Legem: se verifica toda vez que a própria lei estabelece, necessariamente, a utilização de um costume para o preenchimento do significado de uma expressão legislativa.
b) Praeter Legem: é utilizado peara preencher as lacunas da lei conforme preceitua o Artigo 4 da LINDB (Na ausência da lei aplica-se o costume).
c) Contra Legem: se manifesta toda vez que as práticas sociais comprometem a efetividade da lei.
- Doutrina: é o conjunto de todas as obras e pareceres que integram a produção científica dos grandes estudiosos do direito. Trata-se da “comum opinião apresentada pelos doutores”.
- Negócios jurídicos: são acordos de vontades, escritos ou não escritos, que estabelecem direitos e deveres para os sujeitos envolvidos, por exemplo, nos contratos. Devem estar em conformidade com as normas superiores.
- Poder normativo dos grupos sociais: consiste na prerrogativa conferida às instituições não estatais de criarem seus próprios ordenamentos jurídicos, para disciplinar a sua organização interna e a sua relação com outros sujeitos de direito. (Exemplo: regulamento interno de empresas, regimento de condomínio, estatutos de associações).
Monismo x Pluralismo: os defensores do monismo jurídicos sustentam que o direito é produzido exclusivamente pelo Estado, existindo apenas fontes jurídicas estatais. Trata-se de uma concepção dogmática e positivista que
hoje está superada. O modelo mais aceito é o pluralismo jurídico, para o qual existem fontes estatais e não estatais do direito. As normas jurídicas seriam produzidas pelos diversos polos de poder da sociedade.
TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO
 A noção de sistema jurídico: a Teoria do Ordenamento Jurídico consiste numa proposta de compreensão do Direito como um sistema de normas. Entende-se por sistema, um conjunto ordenado de elementos. No Direito a visão de sistema mais aceita é a de Hans Kelsen, para o qual, o ordenamento jurídico de apresentaria como uma pirâmide de normas que se relacionariam através de laços de validade material e formal.
O problema da completude – Teoria das Lacunas Jurídicas: o problema da completude diz respeito à existência ou não de um sistema jurídico capaz de oferecer respostas para todos os problemas da vida humana em sociedade.
Argumentos em prol da completude:
O sistema jurídico seria completo porque prevaleceria o raciocínio: tudo o que não está juridicamente proibido está juridicamente permitido (não há conduta humana que não esteja disciplinada pela normatividade).
Seria completo porque o julgador não pode eximir-se de julgar alegando falta ou obscuridade da lei. O magistrado deve, necessariamente, produzir uma decisão, a qual será a resposta normativa do sistema jurídico.
A existência de instrumentos de integração (analogia, costumes, princípios gerais do direito e da equidade) torna o sistema jurídico completo.
Argumentos em prol da incompletude:
Seria incompleto, e, portanto, lacunoso, porque o direito seria incapaz de acompanhar o ritmo das transformações sociais, estando sempre em descompasso com as transformações do mundo histórico-social.
O legislador não dispõe da capacidade oracular para prever e regular todas as faltas da vida social.
O fato de o julgador preencher uma lacuna, em determinado caso concreto, não implica no desaparecimento da lacuna em outras situações sociais.
A existência de instrumentos de integração pode ser também um argumento em favor do reconhecimento de lacunas.
- Tipos de lacunas jurídicas: considerando-se o sistema jurídico aberto, incompleto – Lacunas são imperfeições que comprometem a completude da ordem jurídica nos planos normativo, valorativo é fatídico.
* Lacuna Normativa: se verifica quando não há uma norma expressa para regular um dado aspecto da vida social
* Lacuna Valorativa: ocorre quando a norma jurídica já existente não se revela justa pelo conjunto da sociedade, havendo assim, uma discrepância ente a norma e os valores sociais.
* Lacuna Fática: se manifesta sempre que uma norma jurídica vigente discrepa dos fatos sociais, perdendo assim, efetividade.
 Integração do Direito: consiste numa atividade de preenchimento das lacunas jurídicas, com o objetivo de restaurar a completude da ordem jurídica. No direito brasileiro, os instrumentos são reconhecidos pela doutrina e pela jurisprudência, bem como estão positivados em diversos dispositivos legislativos, tais como o Artigo 4 da LINDB, o Artigo 126 do Código de Processo Civil e o Artigo 8 da CLT.
Analogia: consiste na aplicação de uma norma jurídica que trata de uma dada situação social para outra semelhante que carece de uma regulação normativa expressa. (Exemplo: Lei da União Estável para casais homossexuais)
Costumes: reiteração das práticas sociais que se revela capaz de oferecer elementos para o preenchimento das lacunas jurídicas.
Princípios Gerais do Direito: são cânones ético-jurídicos expressos ou implícitos na ordem jurídica que consubstanciam os mais importantes valores da convivência social, potencializando a tomada de decisões justas.
Equidade: consiste na aplicação do sentimento de justiça do julgador diante de um caso concreto, através do qual ele se utiliza de argumentos morais para o preenchimento da lacuna jurídica.
O problema da coerência – Teorias das Antinomias Jurídicas: consiste na exigência deque um dado sistema racional não apresente contradições internas. No âmbito do Direito, chama-se antinomia jurídica a contradição entre as normas jurídicas, quando uma delas permite, e a outra proíbe um dado comportamento social, gerando assim uma situação de indecibilidade.
- Critérios de soluções das antinomias:
* Hierárquico: prioriza a norma jurídica superior em face da norma jurídica inferior, trata-se do mais importante critério de correção das antinomias jurídicas.
* Cronológico: implica a primazia da norma jurídica posterior em face da norma jurídica anterior, sendo ambas da mesma hierarquia.
* Especialidade: aplicação de uma norma especial em face de uma norma geral, sendo ambas da mesma hierarquia.
* Ponderação de Bens e Interesses: técnica hermenêutica utilizada para solução de antinomias entre os princípios jurídicos, diante da impossibilidade de utilização dos critérios tradicionais se solução das antinomias jurídicas. Nesses casos, o interprete deve estabelecer uma relação de prioridade concreta entre os princípios, observando os fatos e os valores envolvidos no conflito.
O problema da unidade – Teorema da Norma Fundamental: para que o sistema jurídico seja racional, é necessário que o mesmo apresente um ponto de unidade ou de convergência dos seus elementos. Se nós considerarmos o sistema jurídico como uma pirâmide de normas, qual será o ponto de convergência (unidade) do sistema jurídico? Nessa discussão entramos em algumas concepções:
Jusnaturalista: essa concepção sustenta que o fundamento último da norma jurídica será a ideia de justiça, pondo um valor absoluto e universal que imantaria o sistema jurídico, ou seja, todas as normas do direito positivo deveriam ser produzidas com uma ideia absoluta e universal de justiça. O problema dessa concepção PE que talvez não seja possível estabelecer um padrão único de justiça, diante da diversidade cultural entre ocidente e oriente.
Positivista Clássica: o fundamento último da ordem jurídica seria a vontade do poder constituinte originário, o qual se exprimiu na Constituição. O problema dessa concepção é que a expressão da vontade do poder constituinte comporta muitas críticas: em primeiro lugar não existe só uma vontade.
Positivista Lógica (Teoria Pura do Direito): Hans Kelsen acredita que o fundamento do sistema jurídico seria uma norma hipócrita, a qual figuraria como pressuposto lógico do sistema jurídico. Os juristas deveriam pressupor a existência de uma norma fictícia, cujo papel seria ratificar a ordem jurídica vigente impondo a sua aceitação dogmática. Ela estabeleceria o seguinte comando: “cumpra-se a ordem jurídica”.
Pós Positivista: sustenta que o fundamento último da ordem jurídica são os valores da convivência humana (dignidade, liberdade, fraternidade...), tais valores são traduzidos através de princípios constitucionais, cuja aplicação possibilita a realização de um direito mais justo.
RELAÇÃO JURÍDICA
É o vinculo intersubjetivo que polariza o titular de um direito subjetivo (sujeito ativo), e o obrigado ao cumprimento do dever jurídico (sujeito passivo), bem Omo justifica a imposição de uma sanção jurídica ao infrator diante da prática de uma ilicitude, a relação jurídica se fundamenta na bilateralidade do direito, diferentemente da unilateralidade da moral.
- Elementos:
 Fato jurídico: é todo aquele acontecimento natural ou humano, previsto e regulado pela normatividade jurídica que produz consequências no plano do direito. A expressão “fato jurídico”, em sentido amplo (latu sensu), comporta duas espécies: 1) Fato jurídico (stricto sensu) é todo e qualquer evento natural, independente da vontade humana, que cria, modifica ou extingue relações jurídicas (Exemplo: morte natural). 2) Ato jurídico é todo conhecimento humano, portanto, depende da manifestação de vontade e produz efeitos no mundo do direito (Exemplo: testamentos e contratos).
Sujeitos de direito: são entes que integram os polos da relação jurídica. Chama-se de sujeito ativo o titular de um direito subjetivo. Chama-se de sujeito passivo o ente obrigado ao cumprimento de um dever
jurídico correlato.
Direito subjetivo: consiste no conjunto das faculdades que a ordem jurídica confere aos sujeitos ativos de uma relação jurídica. Nesse sentido, o direito subjetivo possibilita ao seu titular a exigibilidade de um dever jurídico correlato a ser cumprido pelo sujeito passivo.
- Teorias dos Fundamentos do Direito Subjetivo:
* Teoria da Vontade: os direitos subjetivos decorrem da vontade humana.
* Teoria do Interesse: por trás dos direitos subjetivos havia um interesse – base positivista.
* Teoria eclética: fundamentada na vontade e no interesse.
* Teoria normativista: se baseia na norma.
* Teoria Egológica (Existencialista): o fundamento último do direito subjetivo é a liberdade, talvez seja a teoria que melhor se aplique.
* Teoria da Garantia Processual: o fundamento do direito subjetivo seria a possibilidade de exigir-se do sujeito passivo, o cumprimento do dever jurídico no âmbito do poder judiciário.
- Classificação dos Direitos Subjetivos:
* Direitos patrimoniais x direitos extrapatrimoniais: Os patrimoniais são aqueles suscetíveis de uma apreciação econômica (Exemplo: direito de crédito). Os extrapatrimoniais não possuem apreciação econômica, estão ora do universo jurídico (Exemplo: direito a vida).
* Direitos absolutos x direitos relativos: Os absolutos são exercidos em face de toda a comunidade jurídica (Exemplo: direito à propriedade e direito à vida). Neste, os deveres jurídicos são de abstenção ou omissão (toda a comunidade jurídica deve respeitar os direitos subjetivos absolutos). Os relativos são aqueles direitos exercidos contra sujeitos passivos determinados.
* Direitos subjetivos públicos x direitos subjetivos privados: Os direitos subjetivos públicos são aqueles exercidos no âmbito das relações entre Estado e particulares (Exemplo: direito de ação). Os privados são aqueles exercidos no âmbito das relações entre particulares, como os direitos trabalhistas e os direitos de família.
Dever jurídico: consiste no conjunto das obrigações assumidas pelo sujeito passivo dentro de uma relação jurídica. Existem três tipos fundamentais de obrigações jurídicas isoladas ou concomitantes: as obrigações de dar, de fazer e de não fazer. A obrigação de fazer é a obrigação de realizar um comportamento positivo, ou seja, qualquer conduta positiva (ação), como a prestação de um serviço. A obrigação de dar consiste na entrega de um bem. A obrigação de não fazer se traduz na pratica de uma omissão ou abstenção, como por exemplo, dever de sigilo profissional.
- Classificação dos Deveres Jurídicos:
* Positivos: aqueles que compreendem as obrigações de fazer e de dar.
* Negativos: aqueles que compreendem as obrigações de não fazer.
* Públicos: aqueles cumpridos no âmbito das relações entre Estado e particulares.
* Privados: cumpridos no âmbito das relações entre particulares.
* Patrimoniais: apresentam uma expressão econômica, como o pagamento de uma multa de trânsito.
* Extrapatrimoniais: obrigações sem conotação econômica ou patrimonial, como a obrigação de respeitar a vida.
* Instantâneos: se consumam num único ato, não se projetam no tempo.
* Sucessivos: aqueles cumpridos ao longo do tempo, através da sucessão de atos jurídicos, como o pagamento de pensão alimentícia. 
Ilicitude: ilícito é o comportamento positivo ou negativo contrário a ordem jurídica que advém do exercício desproporcional de um direito subjetivo (abuso de direito) ou do descumprimento de um dever jurídico. Trata-se, portanto, da mais grave forma de infração ética. No mundo social a ilicitude é sempre menos frequente que a realização de condutas imorais.
Sanção jurídica: consiste na consequência jurídica da ilicitude. Existem sanções jurídicas pessoais ou patrimoniais. As sanções jurídicas pessoais são aquelas que impõem um constrangimento físico ao infrator, como penas de morte, privação da liberdade. As sanções jurídicas patrimoniais implicam um constrangimento material ao patrimônio do infrator, como multas de trânsito, indenização por danos, entre outros. Nas sociedades orientais contemporâneas, as sanções patrimoniais são mais frequentes que as pessoais. Verifica-se também na evolução do direito ocidental, a progressiva substituição das sanções difusas pelas organizadas.
ESCOLAS DO PENSAMENTO JURÍDICO
Jusnaturalismo: É uma doutrina dos direitos naturais. Sustenta que os direitos seriam inatos, nascendo com o próprio homem. Esses direitos naturais deveriam ser observados pelo direito positivo, criado pelo Estado. Os direitos naturais derivam de um código ético de justiça, entendida como uma ideia absoluta e universal. O papel o Estado é traduzir o direito natural para o direito positivo, logo, o direito não nasce pelo Estado, e sim pelo homem.
Fases do Jusnaturalismo:
- Jusnaturalismo Cosmológico: O fundamento dos direitos naturais seria a harmonia do ser humano com o universo. As leis humanas deveriam reproduzir as leis de funcionamento da natureza.
- Jusnaturalismo Teológico: O fundamento dos direitos naturais seria a vontade de Deus. As leis humanas deveriam observar a justiça divina.
- Jusnaturalismo Racionalista: Os direitos naturais seriam a fonte de uma justiça extraída através da razão. O fundamento dos direitos naturais seria uma razão universal.
- Jusnaturalismo Contemporâneo: É retomado após a Segunda Guerra Mundial, devido as violações à dignidade humana nos regimes totalitários. O fundamento dos direitos naturais seria a internacionalização dos direitos humanos, respeitando-se, contudo, a diversidade cultural.
* Críticas Positivas: O jusnaturalismo revela a importância do debate sobre a justiça (legitimidade). Foi a primeira concepção a esboçar a noção de sistema jurídico ao hierarquizar o direito positivo (inferior) e o direito natural (superior). Contribuiu para a teoria e a prática dos direitos humanos.
* Críticas Negativas: Confunde os conceitos de validade e legitimidade. Com exceção do jusnaturalismo contemporâneo, não é atentada a diversidade cultural. A abertura semântica da expressão “direitos naturais” gera insegurança e imprevisibilidade jurídica.
Positivismo Legalista: Sustenta a identificação do sujeito com a lei. Surge com o advento das revoluções liberais burguesas dos séculos 17 e 18. A principal expressão do positivismo legalista foi a Escola de Exegese. Afirma a exclusividade da lei como fonte do direito (legalismo estrito), defende o monismo jurídico, nega a jurisprudência como fonte do direito. Afirma que o sistema legal é completo e coerente. Defende a perfeição racional do legislador e a neutralidade política do poder judiciário. Defende o princípio da legalidade e da segurança jurídica , bem como uma interpretação gramatical e literal das leis.
* Críticas Positivas: Contribuiu para o desenvolvimento da ciência jurídica, através de conceitos, classificações e teorias que ainda hoje são utilizados pela doutrina. Contribuiu para a sedimentação do Estado de Direito e do capitalismo moderno ao valorizar o princípio da legalidade. Possibilitou a observância do valor da segurança jurídica, conferindo maior possibilidade para a interpretação e aplicação do direito.
* Críticas Negativas: A lei não é a única fonte do direto. O legislador não é perfeito e, portanto, a leis apresentam lacunas e antinomias jurídicas. A interpretação literal do direito pode afastar o interprete da realidade social e resultar em profundas injustiças. A neutralização do poder judiciário impede que a jurisprudência cumpra o seu papel criativo de atualização da ordem jurídica.
Historicismo jurídico: Resgata o direito romano e o código Justiniano. É uma corrente de pensamento jurídico que ofereceu uma proposta critica de superação do positivismo legalista. Surgiu na Alemanha, no século XIX. Afirma os costumes como principal fonte do direito, e o espírito do povo como fundamento do fenômeno jurídico e base do direito costumeiro (direito como produto normativo da sociedade). Afirma que o direito é um objeto real, situado no mundo da cultura humana, logo, deixaria de ser um objeto
ideal. Valoriza a efetividade, como atributo da norma jurídica.
* Críticas Positivas: Rejeita o legalismo estrito do positivismo jurídico (recusa o idealismo). Demonstra a origem social, e não exclusivamente estatal do direito.
* Críticas Negativas: Os costumes são fontes jurídicas de difícil delimitação, geram insegurança e imprevisibilidade para as relações sociais. O conceito de “espírito do povo” é semanticamente vago e impreciso possibilitando o seu desvirtuamento ideológico e autocrático, além de que, traduz uma falsa identidade, pois esconde contradições existentes na sociedade.
 Sociologismo Jurídico: (EUA, Rússia, Itália, Alemanha Inglaterra, França e Brasil – Século XX). Movimento intelectual que se propõe a estudar o direito do ângulo fático da sociologia. Critica o positivismo jurídico, surgida no fim do século XIX. Enfatiza a efetividade como atributo da norma. O direito passa a ser entendido como um conjunto de fatos sociais, como um objeto real e não mais ideal (dever ser). Defende o pluralismo jurídico e uma interpretação prospectiva do fenômeno jurídico através do uso do método sociológico. Valoriza a jurisprudência como fonte do direito capaz de captar um direito vivo e concreto.
* Críticas Positivas: Demonstra a insuficiência do legalismo estreito, sustentando a incompletude e incoerência do sistema legislativo. Dá importância a eficácia social, a fim de evitar que a ordem jurídica perca o contato com a realidade.
* Críticas Negativas: Confunde os atributos de validade e efetividade. A jurisprudência pode dar margem à uma ditadura dos juízes, ou uma ditadura contra legem (ditadura das massas). Compromete a autonomia da ciência jurídica ao subordiná-la no enfoque sociológico.
 Teoria Pura do Direito: Manifestação mais refinada do positivismo lógico. Visa restaurar a autonomia da ciência jurídica, comprometida pelo jusnaturalismo, pelo historicismo e pelo sociologismo, a partir de uma purificação do direito. O seu maior expoente foi Hans Kelsen. Afirma a norma como estruturas do dever ser. Afirma o direito como um conjunto puro de normas (ciência normativa), além de defender a primazia da validade como atributo jurídico, desprezando a efetividade e legitimidade das normas. Cria a pirâmide normativa, onde põe normas com diferentes graus de generalidade numa pirâmide hierarquizada. Separa-se o direito da moral. Afirma dogmas da completude, coerência e unidade do sistema jurídico.
* Críticas Positivas: Contribuiu para o avanço dogmático e a autonomia da ciência jurídica.
* Críticas Negativas: Distancia o direito dos fatos e valores sociais. Legitima qualquer regime político (democracia ou autocracia).
 Pós Positivismo Jurídico: Surge após a Segunda Guerra Mundial procurando conciliar as teses do jusnaturalismo com as do positivismo (respeito pelo direito positivo e realização da justiça). Valoriza uma abordagem tridimensional (normativa, fática e valorativa). Afirma o direito como ciência cultural, e compreende a norma jurídica de forma integrada (validade, efetividade e legitimidade). Dá maior relevância aos princípios e afirma que o sistema jurídico é aberto, lacunosos e incoerente. Defende a Teoria dos Círculos Éticos Secantes. Valoriza os estudos da hermenêutica e da teoria da argumentação, bem como os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana como pilares do Estado Democrático de Direito. Valoriza o ativismo judicial (postura criativa e construtiva do poder judiciário).
* Críticas Positivas: Resgata a preocupação com a efetividade e legitimidade da ordem jurídica. Sustenta a relevância do Estado Democrático de Direito como organização política destinada a tutela dos Direitos Fundamentais. Redescobre os princípios como uma espécie normativa e vetores interpretativos dos direitos.
* Críticas Negativas: O ativismo judicial conduz a formação de um governo dos juízes (decisionismo judicial baseado nos princípios). A aplicação dos princípios traz insegurança e imprevisibilidade para a solução dos litígios.

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