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O Livro De Acupuntura Do Imperador Amarelo

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O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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O livro de acupuntura (ou tratado de acupuntura) do 
Imperador Amarelo (Huan Ti Nei Su Wen) é reconhecido como 
um dos mais antigos relatos sobre acupuntura e MTC 
existentes. Sua origem é muito antiga, e os estudiosos não 
tem um concenso sobre a data exata em que foi escrito. 
Ele é uma obra inteira baseada na filosofia do yin e do yang e 
nos cinco elementos. 
Trago agora para vocês, queridos leitores e acompanhantes 
do Zhen Jiu, uma das muitas traduções desta obra, que para 
muitos é totalmente incompreensível, enquanto que para os 
estudiosos da acupuntura e da MTC, é um dos pilares 
onde apoiam nos seus estudos. Ele é, no mínimo, uma leitura 
muito interessante: 
Tratado sobre a Verdade Natural nos Tempos Antigos 
O Imperador Amarelo foi dotado de talentos divinos, nos 
tempos antigos em que nasceu: na primeira infância já sabia 
falar, muito jovem ainda era dotado de entendimento e 
sagacidade, em adulto foi sincero e compreensivo e quando 
atingiu a perfeição ascendeu ao Céu. 
Uma vez, o Imperador Amarelo dirigiu-se a T’ien Shih, o 
mestre divinamente inspirado, no seguintes termos: 
- Ouvi dizer que nos tempos antigos as pessoas viviam mais 
de um século e mesmo assim permaneciam ativas e não se 
tornavam decrépitas nas suas atividades. Hoje em dia, porém, 
as pessoas só vivem metade desses anos e mesmo assim 
tornam-se decrépitas e débeis. É porque o Mundo muda de 
geração para geração? Ou será porque a espécie humana 
está negligenciando as Leis da Natureza? 
E Ch’i Po respondeu: 
- Antigamente, essas pessoas que compreendiam o Tao 
moldavam-se de acordo com o Yin e o Yang e viviam em 
harmonia com as artes da adivinhação. 
Havia temperança no comer e no beber. As suas horas de 
levantar e recolher eram regulares e não desordenadas e ao 
acaso. Graças a isso, os antigos conservavam os seus corpos 
unidos às suas almas, a fim de cumprirem por completo o 
período de vida que lhes estava destinado, contando cem 
anos antes do passamento. 
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Hoje em dia, as pessoas não são assim; uilizam o vinho como 
bebida e adotam a temeridade e a negligência como 
comportamento habitual. Entram na câmara do amor em 
estado de embriaguez; as paixões exaurem-lhes as forças 
vitais; o ardor dos desejos dissipa-lhes a verdadeira essência; 
não são hábeis na regulação da sua vitalidade. Devotam toda 
atenção ao divertimento dos seus espíritos, desviando-se 
assim das alegrias da longa vida. Levantam-se e deitam-se 
sem regularidade. Por tais razões só chegam a metade de 
cem anos e degeneram. 
Na antiguidade mais remota os ensinamentos dos sábios 
eram seguidos pelos que se encontravam abaixo deles. Os 
sábios diziam que a fraqueza, as influências insalubres e os 
ventos nocivos deviam ser evitados em ocasiões específicas. 
Sentiam-se tranquilamente satisfeitos no nada e a verdadeira 
força vital acompanhava-os sempre, preservavam dentro de si 
o vigor primitivo. Assim, como podia a doença acometê-los? 
Reprimiam a vontade e reduziam os desejos; os seus corações 
estavam em paz e sem qualquer medo; os seus corpos 
labutavam e, contudo, não sentiam fadiga. 
O seu espírito respeitava a harmonia e a obediência, estava 
tudo de acordo com os seus desejos e conseguiam o que quer 
que desejassem. Achavam excelente qualquer espécie de 
comida e qualquer espécie de vestuário os satisfazia. 
Sentiam-se felizes em todas as circunstâncias. Para eles, não 
importava que um homem ocupasse na vida uma posição 
elevada ou inferior. A homens assim se pode chamar puros de 
coração. Não há desejo capaz de tentar os olhos destas 
pessoas puras e sua mente não pode ser desencaminhada 
pelos excessos nem pelo mal. 
Numa sociedade assim, quer os homens sejam sensatos, quer 
idiotas, quer virtuosos, quer maus, não tem medo de nada, 
estão de harmonia com o Tao, O Caminho Certo. Por isso, os 
antigos viviam mais de um século e permaneciam ativos e 
sem se tornarem decrépitos, porque a sua virtude era perfeita 
e nada jamais a punha em perigo. 
O imperador perguntou: 
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- Quando as pessoas envelhecem, não podem mais ter filhos. 
É por terem esgotado a sua força na depravação ou por sorte 
natural? 
Ch’i Po respondeu: 
- Quando uma menina tem sete anos, as emanações dos seus 
rins tornam-se abundantes, começa a mudar os dentes e seu 
cabelo fica mais comprido. Quando completa o décimo quarto 
ano começa a menstruar, pode engravidar e o movimento do 
pulso da grande artéria é forte. A menstruação ocorre em 
períodos regulares e assim a moça pode dar à luz uma 
criança. 
Quando a moça atinge a idade de vinte e um anos, as 
emanações dos seus rins são regulares, o último dente saiu e 
está completamente desenvolvida. Quando a mulher atinge a 
idade de vinte e oito anos, os seus músculos e ossos são 
fortes, o seu cabelo atingiu o comprimento máximo e o seu 
corpo está vigoroso e fecundo. 
Quando a mulher atinge a idade de trinta e cinco anos, o 
pulso que indica a região da “Luz Solar” deteriora-se, o rosto 
começa a enrugar-se e o cabelo a cair. 
Quando atinge a idade de quarenta e dois anos, o pulso das 
três regiões do Yang deteriora-se na parte superior do corpo, 
o rosto enruga-se todo e o cabelo começa a embranquecer. 
Quando atinge a idade de quarenta e nove anos já não pode 
engravidar e a circulação do pulso da grande artéria diminui. 
A menstruação acaba, as portas da menstruação deixam de 
estar abertas; o corpo deteriora-se e a mulher deixa de poder 
gerar filhos. 
Quando um rapaz tem oito anos, as emanações dos seus rins 
(testículos)estão completamente desenvolvidas: o cabelo 
cresce mais e começa a mudar os dentes. Quando tem 
dezesseis anos, as emanações dos seus testículos tornam-se 
abundantes e começa a segregar sêmen. Tem uma 
abundância de sêmen que procura expelir, e se nessa altura o 
elemento masculino e o elemento feminino se unem em 
harmonia, pode ser concebida uma criança. 
Na idade de vinte e quatro anos, as emanações dos testículos 
são regulares, músculos e ossos estão firmes e fortes, nasceu 
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o último dente e o homem atingiu a altura máxima. Aos trinta 
e dois anos, músculos e ossos estão no apogeu, a carne é 
saudável e o homem é robusto e fecundo. 
Na idade de quarenta anos, as emanações dos testículos 
diminuem, o cabelo começa a cair e os dentes a apodrecer. 
Aos quarenta e oito anos, o vigor masculino está reduzido ou 
esgotado, aparecem rugas no rosto e o cabelo das têmporas 
embranquece. Aos cinquenta e seis anos, a força do fígado 
deteriora-se, os músculos deixam de funcionar devidamente, 
a secreção de sêmen esgota-se, a vitalidade diminui, os 
testículos deterioram-se e a força física do homem chega ao 
fim. Aos sessenta e quatro anos, perde os dentes e o cabelo. 
Os rins do homem regulam a água que recebe e armazena a 
secreção das cinco vísceras (coração, pulmão, fígado, rins e 
estômago) e dos seis intestinos (vesícula biliar, estômago, 
intestino grosso, intestino delgado, bexiga e o San Chiao 
(triplo aquecedor)). Quando as vísceras estão 
abundantemente cheias, encontram-se aptas a segregar: mas 
quando, nesse estágio, as cinco vísceras estão secas, os 
músculos e os ossos declinam, as secreções reprodutoras 
exaurem-se e, por isso, o cabelo do homem embranquece nas 
têmporas, o corpo torna-se pesado, a postura deixa de ser 
ereta e ele torna-se incapaz de procriar. 
O imperador perguntou: 
- Mas homens que, apesar de velhos em anos, geram filhos. 
Como é possível? 
Ch’i Po respondeu: 
- Trata-se de homens cujo limite natural de idade é mais 
elevado. O vigor do seu pulso permanece ativo e há um 
excedente de secreção dos seus testículos (rins). No entanto, 
se tiverem filhos, os homens não passarão dos sessenta e 
quatro anos e asfilhas não ultrapassarão os quarenta e nove, 
pois nessa altura a essência do Céu e da Terra estará 
esgotada. 
O imperador perguntou: 
- Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, e atingem assim a 
idade de cerca de cem anos, podem gerar filhos? 
Ch’i Po respondeu: 
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- Os que seguem o Tao, o Caminho Certo, podem escapar à 
velhice e conservar o corpo em perfeitas condições. Embora 
velhos em anos, continuam capazes de gerar filhos. 
Huang Ti disse: 
- Ouvi dizer que em tempos antigos houve os chamados 
Homens Espirituais, que dominaram o Universo e controlvam 
o Yin e o Yang. Respiravam a essência da vida, eram 
independentes por preservarem o espírito e os seus músculos 
e a sua carne permanecia imutável. podiam, portanto, gozar 
uma longa vida, pois não há fim para o Céu e a Terra. Tudo 
isso resultava da sua vida de harmonia com o Tao, o Caminho 
Certo. 
“Nos tempos medievos existiam os Sapientes, que 
preservavama virtude e defendiam (infalivelmente) o Tao, o 
Caminho Certo. Viviam de acordo com o yin e o Yang e em 
harmonia com as quatro estações. Afastavam-se deste mundo 
e renunciavam à vida mundana, poupavam as energias e 
preservavam o espírito intacto. Viajavam por todo o Universo 
e eram capazes de ver e ouvir para além dos oito espaços 
distantes. Graças a tudo isso aumentavam e fortaleciam a sua 
vida e, por fim, atingiam o estágio do Homem Espiritual. 
“Sucederam-lhes os Sábios, que alcançaram a harmonia com 
o Céu e a Terra e respeitaram estritamente as leis dos oito 
ventos. Eram capazes de conciliar os seus desejos com os 
assuntos mundanos e o seu coração não conhecia o ódio nem 
a cólera. Não desejavam separar as suas atividades das 
atividades do Mundo e conseguiam ser indiferentes ao hábito. 
Não esforçavam excessivamente o corpo no trabalho físico 
nem esforçavam excessivamente a mente em meditações 
extenuantes. Não se preocupavam com coisa alguma, 
consideravam fundamentais a felicidade e a paz interiores e a 
satisfação a mais elevada das realizações. Nada podia 
molestar-lhes o corpo nem atrapalhar as faculdades mentais. 
Assim conseguiam chegar à idade de cem anos ou mais. 
“Sucederam-lhes os Homens de Excelente Virtude, que 
obedecim às regras do Universo e emularam o Sol e a Lua, 
além de descobrirem a disposição das estrelas. Podiam prever 
o funcionamento do Yin e do Yang e obedecer-lhe, e 
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aprenderam a distinguir as quatro estações. Respeitaram os 
tempos antigos e tentaram manter-se em harmonia com o 
Tao. Fazendo-o, aumentaram a duração da sua vida, até uma 
idade avançada. 
Grande Tratado sobre a Hamornia da Atmosfera das Quatro 
Estações com o Espírito Humano 
Os três primeiros meses da Primavera chamam-se o período 
do princípio e do desenvolvimento da vida. As exalações do 
Céu e da Terra estão preparadas para gerar; assim tudo se 
desenvolve e floresce. 
Após uma noite de sono as pessoas devem levantar-se de 
manhã cedo, caminhar vivamente pelo pátio, soltar o cabelo e 
tornar mais lentos os movimentos do corpo. Procedendo 
assim podem realizar o seu desejo de viver saudavelmente. 
Durante este período o corpo deve ser encorajado a viver e 
não a ser morto; devemos ceder-lhe livremente e não lhe tirar 
nada; devemos recompensá-lo e não castigá-lo. 
Tudo isso está em harmonia com a exalação da Primavera e 
tudo isso é o método de proteção da nossa vida. 
Os que desrespeitam as leis da Primavera serão punidos com 
mal do fígado. A esses o Verão seguinte reservará arrepios e 
mudanças más. Assim terão pouco com que apoiar o seu 
desenvolvimento no Verão. 
Os três meses de Verão chamam-se o período do crescimento 
luxuriante. As exalações do Céu e da Terra misturam-se e são 
benéficas. Está tudo em flor e começa a dar frutos. 
Após uma noite de sono as pessoas devem levantar-se de 
manhã cedo. Não se devem cansar durante o dia nem 
consentir que o seu espírito se irrite. 
Devem permitir que as melhores partes do seu corpo e do seu 
espírito se desenvolvam; devem permitir que o seu hálito se 
comunique com o mundo exterior, e devem proceder como se 
amassem tudo quanto existe exteriormente. 
Tudo isso está de harmonia com a atmosfera do Verão e tudo 
isso é o método de proteção do nosso desenvolvimento. 
Os que desrespeitam as leis do Verão serão punidos com mal 
do coração. A esses o Outono trará febres intermitentes. 
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Assim, trão pouco apoio para as colheitas outonais e sofrerão 
de doença no solstício de inverno. 
Os três meses de Outono chamam-se período de tranquilidade 
da nossa conduta. a atomosfera do Céu é intensa e a 
atmosfera da Terra é desanuviada. 
As pessoas devem deitar-se cedo e levantar-se cedo, com o 
cantar do galo. Devem ter o espírito em paz, a fim de 
minimizar a punição do Outono. Alma e espírito devem unir-se 
para que a exalação do Outono seja tranquila, e pra 
conservarem os pulmões puros as pessoas não devem dar 
expansão aos seus desejos. 
Tudo isso está em harmonia com a atmosfera e tudo isto é o 
método de proteção da nossa colheita. 
Os que desrespeitam as leis do Outono serão punidos com um 
mal pulmonar. A esses o Iverno trará indigestão e diarréia e, 
assim, terão pouco apoio para o armazenamento do Inverno. 
Os três meses do Inverno chamam-se o período de fechar e 
armazenar. A água gela e a terra estala e abre fendas. Não 
devemos perturbar o nosso Yang (no inverno, que é a estação 
Yin, o Yang está adormecido). 
As pessoas devem deitar-se cedo e levantar-se tarde, esperar 
que o Sol nasça. Devem reprimir e ocultar os seus desejos, 
como se não tivessem nenhum objetivo interior, como se 
estivessem em tudo satisfeitas. As pessoas devem tentar fugir 
ao Frio e procurar Calor, não devem transpirar pela pele e 
devem privar-se da exalação do frio. 
Tudo isso está em harmonia com a atmosfera do Inverno e é o 
método de proteção do nosso armazenamento. 
os que desrespeitam as leis do Inverno sofreao de um mal dos 
rins (testículos); a eles a Primavera trará impotência e 
produzirão pouco. 
O hálito do Céu é puro e leve. O Céu mantém sempre a sua 
virtude primitiva e, por isso, nunca se desmorona. Se o Céu se 
abrisse por completo, o Sol e a Lua nunca seriam luminosos, o 
mal chegaria durante este período de vazio, a atmosfera de 
Yang fechar-se-ia e a Terra perderia a sua luminosidade, 
nuvens e nevoeiro não poderiam sofrer mudanças e, 
consequentemente, o orvalho branco não cairia e a circulação 
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dos elementos naturais não se comunicaria à vida de tudo na 
Criação. A esta situação chamaria-se “não doadora” e, como 
consequencia de sua “não doação”, toda vegetação pereceria. 
Além disso, o ar nocivo não desapareceria, vento e chuva não 
seriam harmoniosos, não cairia orvalho branco e a vegetação 
jamais voltaria a florescer. Haveria sempre ventos violentos e 
chuvadas súbitas, e o Céu, a Terra e as quatro estações 
seriam incapazes de se proteger entre si, perderiam o Tao e 
não tardariam a ser destruidas. 
Os sábios respeitavam as leis da natureza e, por isso, o seu 
corpo estava isento de doenças estranhas; não perdiam nada 
do que tinham recebido da Natureza e o seu espírito de vida 
nunca se esgotava. 
Aqueles que não procedem de conformidade com o hálito da 
Primavera não trarão vida à região do Yang inferior. A 
atmosfera do seu fígado modificar-lhes-á a constituição. 
Aqueles que não procedem de conformidade com a atmosfera 
do Verão não desenvolverão o seu Yang superior. A atmosfera 
do seu coração tornar-se-á vazia. 
Aqueles que não procedem de conformidade com a atmosfera 
do Outono não colherão o seu Yin superior. A atmosfera dos 
seus pulmões ficará bloqueada, isolada do seu espaço de 
combustão inferior. 
Aqueles que não procederem de conformidade com a 
atmosferado Inverno não abastecerão o seu Yin inferior. A 
atmosfera dos seus testículos (rins) ficará isolada e diminuida. 
Destarte, a interação das quatro estações e a interação do Yin 
e do Yang, os dois princípios da Natureza, são os alicerces de 
tudo quanto existe na Criação. Daí que os sábios tenham 
concebido e desenvolvido o seu Yang na Primavera e no Verão 
e concebido e desenvolvido o seu Yin no Outono e no Inverno, 
a fim de respeitarem a regra das regras; e assim, juntamente 
com tudo o mais na Criação, os sábios mantiveram-se no 
limiar da vida e do desenvolvimento. 
Os que se rebelaram contra as regras básicas do Universo 
cortam as próprias raís e destroem a sua verdadeira 
personalidade. O Yin e o Yang - os dois princípios da Natureza 
- e as quatro estações são o princípio e o fim de tudo e são 
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igualmente a causa da vida e da morte. Os que desobedecem 
às leis do Universo dão origem a calamidades e provações, 
enquanto os que respeitam as leis do Universo permanecem 
isentos de doenças perigosas, pois a eles foi concedido o Tao, 
o Caminho Certo. 
O Tao era praticado pelos sábios e admirado pelos ignorantes. 
A obediência às leis do Yin e do Yang significa vida; a 
desobediência, significa morte. Os obedientes dominarão, 
enquanto os desobedientes viverão em desordem e confusão. 
Tudo quanto é contrário à harmonia com a Natureza é 
desobediência e equivale a rebelião contra a Natureza. 
Por isso, os sábios não tratavam aqueles que já estavam 
doentes e instruiam aqueles auqe ainda não estavam 
doentes. Não queriam guiar aqueles que já eram rebeldes; 
guiavam aqueles que ainda não eram rebeldes. É este o 
significado de toda discussão precedente. Administrar 
remédios a doenças que já se desenvolveram e reprimir 
revoltas que já eclodiram, é comparável ao comportamento 
daquelas pessoas que começam a abrir um poço depois de 
terem sede, ou daquelas que começam a fundir armas depois 
de já terem se lançado na batalha. Não chegarão estas ações 
demasiado tarde? 
Tratado Sobre a Relação da Força da Vida Com o Céu 
O Imperador Amarelo disse: 
- Desde os tempos mais remotos que a relação com o Céu 
tem sido o próprio fundamento da vida, fundamento que 
existe entre o Yin e o Yang e entre o Céu e a Terra e dentro 
dos seis pontos (os quatro pontos cardeais, o nadir e o zênite). 
A exalação celestial prevalece nas nove divisões (as nove 
divisões da China, estabelecida por Yü, o Grande), nos nove 
orifícios (os olhos, os ouvidos, as narinas e a boca, 
correspondendo ao Princípio Masculino (Yang), e os dois 
orificios inferiores, o ânus e a uretra, correspondendo ao 
feminino (Yin)), nas cinco vísceras e nas doze articulações; 
todos eles são permeados pela exalação do Céu. 
A vida tem o número cinco: a exalação tem o número três. Se 
as pessoas procedem contrariamente a esses fatores, 
influências nocivas prejudicarão a espécie humana. A boa 
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conduta, neste sentido, é o alicerce da longa vida. Assim 
como a exalação do céu azul é calma, assim a vontade e o 
coração dos puros conhecerão a paz e a exalação do Yang 
será estável naqueles que se mantiverem de harmonia com a 
Natureza. Mesmo que existam espíritos nocivos, não poderão 
molestar os que obedecerem às leis das estações. Portanto, 
os sábio preservaram o espírito natural e mantiveram-se de 
harmonia com a exalação do Céu, ficando assim em 
comunicação direta com o Céu. 
Os que não mantiveram essa comunicação ficarão com os 
nove orifícios fechados do interior; o desenvolvimento dos 
seus músculos e da sua carne será obstruído do exterior, e o 
hálito de proteção perder-se-á para eles. A isso chama-se, 
pois, “prejudicar o próprio corpo e destruir a própria força 
vital”. 
A atmosfera do Yang é similar para o Céu e para a o Sol. Os 
que perdem esta atmosfera encurtam a vida e não a 
prolongam. Os movimentos do Céu são iluminados pelo Sol. O 
Yang sobe para proteger o corpo do homem externamente. 
No frio do Inverno, devemos nos mexer com muito cuidado, e 
se nos comportarmos, movermos e descansarmos como se 
estivessemos assustados, o nosso espírito e exalação de vida 
se tronarão instáveis. 
No calor do Verão, se a transpiração é irregular, as pessoas 
ofegam ruidosamente; mas quando se acalmam tornam-se 
confusas. O seu corpo assemelha-se então a carvões acesos e 
a doença só pode ser afastada pela transpiração. 
No tempo úmido do Outono as pessoas tem a sensação de 
que a sua cabeça está envolta em ligaduras apertadas, o calor 
do corpo é expelido e, consequentemente, os grandes 
músculos contraem-se, enquanto os pequenos músculos se 
tronam frouxos e alongados. A contração causa cãibras; a 
frouxidão e o alongamento, paralisia. 
Em tempo de vapores quentes e úmidos ocorrem inchaços e 
os quatro elementos de ligação do corpo (músculos, ossos, 
sangue e carne) sofrem sucessivamente em consequência 
disso e exaurem a força do Yang. Quando a força do Yang se 
esgota sob a pressão do excesso de trabalho e da fadiga, a 
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essência do corpo reduz-se e as aberturas do corpo são 
obstruidas e as secreções retidas. Isto causa doença e 
angústia, no Verão. Depois os olhos das pessoas cegam e elas 
não podem ouvir. Sentem-se confusas, como se estivessem 
num estado de colapso completo, e a sua vontade enfraquece 
continuamente. Este estado é irreversível, não se pode conter. 
Se a atmosfera do Yang é exposta a grande cólera, a força 
vital do corpo interrompe-se e o sangue sobe violentamente e 
causa vertigens. 
Quando as pessoas contraem uma doença muscular, os 
músculos tornam-se frouxos, como se deixassem de existir. 
Se as pessoas transpiram apenas parcialmente, contraem 
uma paralisia parcial. 
Quando a respiração se torna visível e se mistura com a 
umidade, verificam-se erupções cutâneas e o estado geral 
enfraquece. Se uma pessoa transpira quando está fisicamente 
fatigada, torna-se sensível a ventos maus, que causam 
erupções na pele, erupções que, irritadas, se transformam em 
chagas. 
A essência da força do Yang protege o espírito; a sua 
suavidade protege os músculos. Se a atmosfera do Yang não 
se pode abrir e fechar livremente, o ar frio advirá e o 
resultado será uma grande deformidade (corcunda). O pulso 
profundo provoca úlceras que são transmitidas à carne, e a 
exalação dos dutos enfraquece e determina uma propensão 
para as pessoas se assustarem facilmente. Se a atmosfera 
dos principais dutos não está em harmonia com o sistema da 
carne, haverá ulcerações e inchaços. Nessas circusntâncias, a 
transpiração do espírito animal não consegue chegar ao 
exterior, o corpo debilita-se, a força vital dissolve-se, os 
pontos acupunturais fecham-se e sobrevem gases e febres 
intermitentes. 
Os ventos são causa de uma centena de doenças. Quando as 
pessoas estão calmas e limpas, a sua pele e a sua carne estão 
fechadas e protegidas. Nem mesmo um forte temporal, 
aflições ou venenos conseguem molestar as pessoas que 
vivem de acordo com a ordem natural. 
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Se uma doença se prolonga durante muito tempo, existe o 
perigo de que alastre e, então, as partes superior e inferior do 
corpo não podem se comunicar; em tais casos, nem mesmo 
os médicos hábeis conseguem ajudar o doente. 
Se o Yang se acumula em excesso, a pessoa morre da doença 
disso resultante. Se a força do Yang é bloqueada, torna-se 
necessário desfazer a obstrução. Se a pessoa não a drena por 
completo e não se liberta da matéria perniciosa, haverá 
destruição. A força do Yang deve deslocar-se todos os dias no 
sentido do exterior. 
Ao nascer do dia, a exalação do homem anima-se; ao meio-
dia, a exalação do Yang é mais abundante; quando o Sol se 
desloca para o Ocidente, o Yang declina, a sua força torna-se 
insubstanciale a porta da exalação fecha-se. Por isso, a 
atmosfera do Yang deve ser protegida contra más influências, 
para que estas não possam prejudicar os músculos e a carne, 
e as pessoas não devem expô-los ao orvalho e à névoa do 
anoitecer. Se uma pessoa procede contrariamente a estas 
três divisões do tempo, o seu corpo exaure-se e enfraquece. 
Ch’i Po disse: 
- O Yin acumula essência e prepara-a para ser usada. O Yang 
atua como protetor contra perigos exteriores e deve, 
portanto, ser forte. Se o Yin não é igual ao Yang, o pulso 
torna-se fraco e doentio e causa loucura. Se o Yango não é 
igual ao Yin, as exalações contidas nas cinco vísceras entram 
em conflito umas com as outras e a circulação cessa no 
âmbito dos nove orifícios. Por essa razão os sábios arranjaram 
maneira de o Yin e o Yang estarem em harmonia. Fizeram 
com que seus músculos e os seus pulsos estivessem em 
harmonia, fortaleceram os ossos e a medula e tornaram o 
hálito e o sangue obedientes à lei da Natureza, para que os 
órgãos internos e externos fossem harmoniosos entre si e as 
influências nefastas não pudessem fazer nada que causasse 
mal. Assim, os ouvidos e os olhos ouvem e veem bem e a 
força vital do homem permanece no seu estado primitivo. 
Se o vento entra no corpo e esgota a exalação do homem, a 
sua essência perder-se-á e as más influências irão lhe 
prejudicar o fígado. Se o homem se aquece em demasia, os 
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músculos e as pulsações desmoronam-se e os seus intestinos 
adoecem e expelem sangue. Se o homem bebe em demasia, 
a sua força vital torna-se desregrada. Aqueles que se 
entregam a excessos sexuais prejudicam as forças dos rins e 
das costas. O princípio essencial do Yin e do Yang consiste em 
preservar o elemento Yang e torná-lo forte. Se os elementos 
não se harmonizam e unem, então será como se a Primavera 
não tivesse Outono e como se o Inverno não tivesse o Verão. 
Mas se se harmonizam e unem, a esta harmonia chama-se “o 
sistema dos sábios”. 
 
O Yang de uma pessoa pode ser forte, mas se não for 
perfeitamente preservado a exalação do Yin irá se esgotar. 
Quando o Yin se encontra num estado de tranquilidade e o 
Yang perfeitamente preservado, o espírito de uma pessoa 
está em perfeita ordem. Se o Yin e o Yang se separam, a 
essência e a força vital são destruídas. Se, então, o orvalho e 
o vento vespertinos tocam numa pessoa, causam febre e 
arrepios. É assim que o vento prejudica, e depois as 
influências nefastas permanecem no corpo e provocam um 
derrame. 
Se uma pessoa é lesada no Verão pelo calor, no Outono 
contrai febre intermitente. 
 
Se uma pessoa é lesada no Outono pela umidade, esta sobe à 
parte superior do corpo e causa tosse, que se transforma em 
paralisia (impotência). Se uma pessoa é lesada no Inverno 
pelo frio rigoroso, sofre da doença do calor na Primavera. A 
exalação das quatro estações lesa as cinco vísceras de formas 
variadas. 
 
O que é produzido pelo Yin tem origem nos cinco sabores: os 
cinco órgãos (cinco sentidos) que regulam as funções do 
corpo são lesados pelos cinco sabores. Assim, se a acidez 
exceder os outros sabores, o fígado será forçado a produzir 
secreção (bile) em excesso e a força do baço será reduzida. 
Se o salgado exceder os outros sabores, os ossos grandes 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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ficarão fatigados, os músculos e as carnes se tornarão 
deficientes e o espírito desanimará. 
Se o doce exceder os outros sabores, a respiração do coração 
será asmática e cheia, o aspecto negro e a força dos rins 
desequilibrada. 
 
Se o amargo exceder os outros sabores, a atmosfera do baço 
se tornará seca e a do estômago densa. Se o acre (sabor 
picante) exceder os outros sabores, os músculos e o pulso se 
tornarão frouxos e o vigor desaparecerá. 
 
Portanto, se as pessoas prestarem atenção aos cinco sabores 
e os misturarem bem, os seus ossos permanecerão direitos, 
os seus músculos flexíveis e jovens, a sua respiração e o seu 
sangue circularão livremente, os seus poros apresentarão 
uma textura perfeita e, consequentemente, a essência da 
vida encherá a sua respiração e os seus ossos. 
Se, além disso, as pessoas respeitarem cuidadosamente o Tao 
como se fosse uma lei, terão uma vida longa. 
 
Tratado sobre a Verdade da Caixa Dourada 
 
Huang Ti perguntou: 
 
- Há oito ventos no Céu e há cinco espécies diferentes de 
ventos nas artérias. Como se pode explicar isso? 
Ch’i Po respondeu: 
 
- Quando há um mal resultante dos oito ventos, esse mal se 
torna o vento das veias e afeta as cinco vísceras: esse mal 
causará doença. 
A chamada regra da regulação das quatro estações consiste 
em que a Primavera regula o Verão Tardio. O Verão Tardio 
regula o Inverno, o Inverno regula o Verão, o Verão regula o 
Outono e o Outono regula a Primavera. É esta a chamada 
regulação das quatro estações. 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
16
O vento leste sopra na Primavera; a sua doença localiza-se no 
fígado e verificam-se perturbações na garganta e no pescoço. 
O vento sul sopra no Verão; a sua doença localiza-se no 
coração e verificam-se perturbações no peito e nas costelas. 
O Vento oeste sopra no Outono; a sua doença localiza-se nos 
pulmões e verificam-se perturbações nos ombros e nas 
costas. O vento norte sopra no Inverno; a sua doença localiza-
se nos rins e verificam-se perturbações nos lombos (área 
lombar) e nas coxas. No centro fica a Terra; a sua doença 
localiza-se no baço e verificam-se perturbações na espinha. 
Assim, a doença resultante da atmosfera da Primavera 
localiza-se na cabeça; a doença resultante da atmosfera do 
Verão localiza-se nas vísceras; a doença resultante da 
atmosfera do Outono localiza-se nos ombros e nas costas; e a 
doença resultante da atmosfera do Inverno localiza-se nos 
quatro membros do corpo. 
Uma doença característica da Primavera é sangrar pelo nariz; 
uma doença característica do meio do Verão localiza-se no 
peito e nas costelas; uma doença característica do verão 
Tardio é uma descarga das cavidades e um resfriado no 
centro; uma doença característica do Outono é a febre 
intermitente, e uma doença característica do Inverno é a 
paralisia (convulsões). 
Por isso, no Inverno as pessoas deviam comportar-se de tal 
modo que na Primavera não sangrassem pelo nariz. Assim, 
não adoeceriam na Primavera do pescoço e da garganta, não 
adoeceriam no meio do Verão do peito e das costelas, durante 
o Verão Tardio não teriam uma descarga das cavidades e um 
resfriamento no centro, não teriam febre no Outono nem 
sofreriam de paralisia no Inverno. 
A essência constitui os alicerces do corpo. Portanto, se a 
essência for bem contida no interior das vísceras, na 
Primavera não surgirá a doença do calor; se as pessoas não 
transpirarem livremente no Verão, terão febre intermitente no 
Outono. Estas são as regras do pulso e aplicam-se a toda a 
gente. 
Diz-se que existe Yin e Yang no Yang. Destarte, do princípio 
da alvorada até o meio dia prevalece o Yang do Céu, que é 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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Yang no Yang. Do meio dia até o crepúsculo, prevalece o Yang 
do Céu, que é o Yin no Yang. A partir do momento em que a 
noite envolve a Terra até o primeiro cantar do galo, prevalece 
o Yin do Céu, que é o Yin do Yin. Do cantar do galo até o 
princípio da manhã, prevalece o Yin do Céu, que é o Yang no 
Yin. 
Portanto, a espécie humana deveria respeitar o seguinte 
sistema: o Yin e o Yang do homem foram concebidos de modo 
que o exterior existe Yang e no interior existe Yin. I Yin e o 
Yang do corpo humano forma concebidos de modo que o Yang 
esta atrás e o Yin esta dentro da parte da frente. O Yin e o 
Yang das cinco vísceras e dos seis intestinos foram 
concebidos de modo que as vísceras são Yin e os órgãos ocos 
são Yang. Todas as cinco vísceras – fígado, coração, baço 
pulmões erins – são Yin; todos os seis órgãos ocos – vesícula 
biliar, estômago, intestinos inferiores, bexiga e os três 
espaços de combustão – são Yang. 
Devemos conhecer a regra do Yin no Yin e a regra do Yang no 
Yang, porque as doenças do Inverno estão localizadas na 
região do Yang e as doenças do Verão na região do Yin; as 
doenças da Primavera estão localizadas na região do Yin e as 
doenças do Outono na região do Yang. Devemos conhecer a 
localização de todas estas doenças para o fim da acupuntura. 
Assim, as costas são a região do Yang e o Yang no Yang é o 
coração. As costas são a região do Yang e o Yin no Yang são 
os pulmões. A frente é a região do Yin e o Yin no Yin são os 
rins. A frente é a região do Yin e o extremo Yin é o baço. 
Está tudo assim ordenado para que o Yin e o Yang se 
complementem na frente e nas costas, no interior e no 
exterior, como elemento feminino e elemento masculino, e 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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para que se sirvam e reajam entre si, a fim de se 
harmonizarem com o Yin e o Yang do Céu. 
Huang Ti perguntou: 
 Como as cinco vísceras se correlacionam com as quatro 
estações, cada uma delas recebe alguma influência? 
Ch’i Po respondeu: 
 Recebe. O verde é a cor do Leste, impregna o fígado, 
mantém os olhos abertos e retém as substâncias essenciais 
do fígado. A sua doença é nervosa, o seu sabor ácido, o seu 
elemento erva e árvores, o seu animal os frangos, o seu 
cereal o trigo. Adapta-se às quatro estações e corresponde ao 
planeta Júpiter, a estrela do ano. Assim, a respiração da 
Primavera está localizada na cabeça. O seu som é chio; seu 
número é oito. Compreende-se, pois, que as suas doenças 
estejam localizadas nos músculos; o seu cheiro é repugnante 
e fétido. 
O vermelho é a cor do Sul, impregna o Coração, mantém os 
ouvidos abertos e retém as substâncias essenciais no coração. 
A sua doença está localizada nas cinco vísceras, o seu gosto 
amargo, o seu elemento é o fogo, os seus animais os 
carneiros e o seu cereal o painço paniculado glutinoso. 
Adapta-se às quatro estações e corresponde ao planeta Marte. 
Compreende-se, pois, que as suas doenças estejam 
localizadas no pulso. O seu som é chih; o seu número é sete, e 
cheira a queimado. 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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O amarelo é acordo centro, impregna o baço, mantém aberta 
a boca e retém as substâncias essenciais no baço. A sua 
doença está localizada na raiz da língua, o seu gosto é doce, o 
seu elemento a terra, o seu animal o boi e o seu cereal o 
painço paniculado. Adapta-se às quatro estações e a sua 
estrela é o planeta Saturno. Compreende-se, pois, que a sua 
doença esteja localizada dentro da carne. O seu som é kung; 
o seu número é cinco, e o seu cheiro fragrante e doce. 
O branco é a cor do Oeste, impregna os Pulmões, mantém 
aberto o nariz e retém as substâncias essenciais nos pulmões. 
A sua doença está localizada nas costas, o seu gosto é acre, o 
seu elemento o metal, os seus animais os cavalos e o seu 
cereal o arroz. Adapta-se às quatro estações e corresponde a 
Vênus, a estrela vespertina. Compreende-se, pois, que as 
doenças estejam localizadas na pele e no cabelo. O seu som é 
shang; o seu número é nove e o seu cheiro é impuro e 
pútrido. 
O preto é a cor do Norte, impregna os Rins, mantém abertos 
os dois orifícios inferiores – que pertencem ao Yin – e retém as 
substâncias essenciais nos rins. A sua doença está localizada 
nas cavidades, o seu gosto é salgado, o seu elemento a água, 
os seus animais os porcos e o seu cereal os feijões. Adapta-se 
às quatro estações e corresponde à estrela da manhã. 
Compreende-se, pois, que sua doença esteja localizada nos 
ossos. O seu som é yü; o seu número é seis, e o seu cheiro 
poder e mau. 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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Portanto, a pessoa adepta da investigação do pulso deve 
examinar cuidadosamente a ordem das cinco vísceras e dos 
seis órgãos ocos, relativamente a conformidade e oposição, 
relativamente a Yin e Yang, relativamente ao elemento 
feminino e elemento masculino. Deve ter isso em mente e pô-
lo de harmonia com o seu espírito superior. Não o ensinar a 
quem não convém e nunca dizer ou praticar uma mentira: eis 
ao que se chama a realização do Tao. 
Grande Tratado sobre a Interação do Yin e do Yang 
O Imperador Amarelo disse: 
 O princípio do Yin e do Yang – os elementos masculino e 
feminino da Natureza – é o princípio básico de todo o 
Universo. É o princípio de tudo quanto existe na Criação. 
Efetua a transformação para a paternidade; é a raiz e a fonte 
da vida e da morte, e também se encontra nos tempos dos 
deuses. 
A fim de tratar e curar doenças, há que investigar a sua 
origem. 
O Céu foi criado por uma acumulação de Yang, o elemento da 
luz; a Terra foi criada por uma acumulação de Yin, o elemento 
das trevas. 
O Yang representa paz e serenidade; o Yin, temeridade e 
desordem. O Yang representa destruição; o Yin, conservação. 
O Yang provoca evaporação; o Yin dá forma às coisas. 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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O frio extremo provoca intenso calor (febre) e o calor intenso 
provoca frio extremo (arrepios). O ar frio engendra lama e 
corrupção; o ar quente engendra claridade e sinceridade. 
Se o ar que envolve a Terra é claro, os alimentos são 
produzidos e ingeridos tranquilamente. Se o ar é impuro, 
causa inchaços hidrópicos. 
Através dessa interações das suas funções, o Yin e o Yang, os 
princípios negativo e positivo da Natureza, originam doenças 
que se abatem tanto sobre aqueles que se rebelam contras as 
leis da Natureza, como contra aqueles que a elas se 
submetem. 
O puro e resplandecente elemento da luz representa o Céu e 
o turvo elemento das trevas representa a Terra. Quando os 
vapores da Terra ascendem, formam nuvens; quando os 
vapores do Céu descem, formam chuva. Assim, a chuva 
parece ser o clima da Terra e as nuvens parecem ser o clima 
do Céu. 
O puro e resplandecente elemento da luz manifesta-se nos 
orifícios superiores; o turvo elemento das trevas manifesta-se 
nos orifícios inferiores. 
O Yang, elemento da luz, tem origem nos poros; o Yin, o turvo 
elemento das trevas, move-se dentro das cinco vísceras. 
O Yang, elemento resplandecente da vida, está 
verdadeiramente representado pelas quatro extremidades; o 
Yin, o turvo elemento das trevas, restaura o poder dos seis 
tesouros da Natureza. 
O LIVRO DE ACUPUNTURA DO IMPERADOR AMARELO 
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A água representa Yin; o fogo representa Yang. O Yang cria o 
ar e o Yin cria os sabores. Os sabores pertencem ao corpo 
físico. Quando o corpo morre, o espírito etéreo é restituído ao 
ar, depois de ter sofrido uma metamorfose completa.

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