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Apostila-de-Estratigrafia-Geral

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
 INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
 DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
ESTRATIGRAFIA 
GERAL 
 
 
Código da disciplina – GEL005 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alexandre Uhlein 
Prof. Henri Dupont 
Guilherme Labaki Suckau 
Júlio Carlos Destro Sanglard 
 
 2 
SUMÁRIO 
01 – Introdução, definição e relação com outros ramos da geologia....................................................03 
 1.1 - Desenvolvimento e Evolução da Estratigrafia Moderna....................................................................03 
 1.2 - Relação com Outras Disciplinas........................................................................................................04 
 1.3 - Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias.....................................05 
02 – Revisão sobre Ambientes e Fácies Sedimentares........................................................................07 
2.1 – Ambiente Sedimentar.......................................................................................................................07 
2.2 – Fácies Sedimentar............................................................................................................................09 
2.3 - Sistemas deposicionais.....................................................................................................................10 
2.4 - Tratos deposicionais..........................................................................................................................11 
2.5 – Seqüências deposicionais................................................................................................................12 
2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas Sedimentares..............................14 
03 – Noções de classificação estratigráfica...........................................................................................16 
 3.1 - Unidades litoestratigráficas...............................................................................................................16 
 3.2 – Unidades bioestratigráficas..............................................................................................................17 
 3.3 – Unidades cronoestratigráficas..........................................................................................................18 
04 – Estratigrafia tradicional (litoestratigrafia) e estratigrafia genética (ou de seqüências 
deposicionais)........................................................................................................................................19 
05 – Perfis estratigráficos......................................................................................................................21 
5.1 – Representação gráfica do perfil estratigráfico..................................................................................21 
5.2 - Seções Estratigráficas de Sub-Superfície.........................................................................................24 
5.3 - Estudo estratigráfico de uma bacia sedimentar................................................................................26 
06 – Eventos de sedimentação.............................................................................................................27 
 6.1 - Transgressões e regressões.............................................................................................................27 
 6.2 - Sedimentação episódica...................................................................................................................28 
 6.3 - Interrupções na sedimentação: discordâncias e hiato......................................................................29 
07 – Litoestratigrafia e as variações laterais em sequências transgressivas, regressivas ou 
progradantes..........................................................................................................................................34 
08 – Correlações estratigráficas............................................................................................................39 
8.1 – Conceito............................................................................................................................................39 
8.2 – Tipos.................................................................................................................................................39 
8.3 – Exemplos..........................................................................................................................................40 
09 – Sismoestratigrafia..........................................................................................................................42 
 9.1 – Metodologia......................................................................................................................................42 
9.2 - Relação entre refletores e limites de seqüências, na interpretação dos perfis sísmicos..................44 
 9.3 – Fácies sísmica..................................................................................................................................45 
 9.4 – Geometria da unidade sísmica ........................................................................................................47 
10 – Estratigrafia de seqüências............................................................................................................50 
 10.1 - Conceito..........................................................................................................................................51 
 10.2 - Controles.........................................................................................................................................51 
 10.3 - Arquitetura deposicional em bacias costeiras.................................................................................51 
 10.4 - Seqüência deposicional e limites (tipo 1, tipo 2).............................................................................55 
 10.5 - Tratos de sistemas..........................................................................................................................57 
 10.6 – Parassequências............................................................................................................................63 
10.7 - A curva eustática de Vail................................................................................................................65 
11 – Bacias sedimentares.....................................................................................................................68 
 11.1 – Tectônica de placas........................................................................................................................73 
11.2 - Tipos de subsidência.......................................................................................................................74 
 11.3 - Classificação de bacias sedimentares............................................................................................75 
11.4 – Bacias em Margens divergentes....................................................................................................78 
11.5 – Bacias em Margens convergentes.................................................................................................82 
11.6 - Bacia intraplaca (cratônica).............................................................................................................89 
12 – Bacias sedimentares do Brasil........................................................................................................................90 
 12.1 Bacias cratônicas Proterozóicas........................................................................................................90 
 Cráton Amazônico. 
 Crátondo São Francisco. 
 12.2 Bacias Fanerozóicas do Brasil..........................................................................................................91 
 Bacias cratônicas (Paleozóicas – Mesozóicas). 
 Bacias de margem passiva (Mesozóicas – Cenozóicas). 
 
 3 
01. INTRODUÇÃO, DEFINIÇÃO E RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DA 
GEOLOGIA 
 
A estratigrafia estuda as rochas sedimentares, metasedimentares e as 
intercalações vulcânicas, considerando os aspectos da deposição, do empilhamento, 
da geometria dos corpos e da idade relativa ou absoluta de cada unidade 
sedimentar. 
 Nas dez milhas (16km) superiores da litosfera continental, as rochas 
sedimentares constituem apenas 5% do volume. Constituem, porém, a maior parte 
(75%) da superfície dos continentes (Pettijhon : Sedimentary rocks, p. 7) 
 A característica principal das rochas sedimentares é certamente a estrutura 
que as apresenta em camadas superpostas. As camadas são também chamadas 
estratos e a disposição em camadas superpostas é a estratificação. 
 Etimologicamente, estratigrafia vem do latim stratum que significa “coisa 
estendida” e do grego graphein que significa “descrever”. 
 As definições são tão variadas quanto os autores que trataram do assunto. A 
definição de Weller, apesar de ser um pouco antiga, ainda é bastante atual (Weller, 
1960, Stratigraphic principles and practice). 
 
Weller, 1960. 
A estratigrafia é o ramo da geologia que estuda as rochas estratificadas e 
sedimentares, considerando, para as diversas unidades estratigráficas, a descrição 
da seqüência vertical e horizontal, as correlações e o mapeamento. 
 
Esta definição distingue o aspecto mais teórico ou científico - estudo e 
interpretação - do aspecto mais prático e rotineiro - descrição das seqüências, 
correlações e mapeamento - da estratigrafia. 
 A definição implica também que todas as rochas estratificadas não são 
necessariamente sedimentares e que todas as rochas sedimentares não são sempre 
estratificadas. Nos estudos estratigráficos, são incluídos também as correntes de 
lavas e os depósitos de material piroclástico, acumulados sobre a superfície da 
litosfera. Com relação às rochas vulcânicas, é importante poder reconhecer as 
soleiras (sills) que foram injetadas entre duas formações sedimentares mais velhas e 
não se depositaram na superfície. 
 Alguns depósitos sedimentares como os de geleiras ou tilitos e o loess, 
mostram pouca estratificação. O loess é um depósito periglacial detrítico e eólico 
não estratificado e de granulometria silte-argila. 
 
 
1.1 - Desenvolvimento e Evolução da Estratigrafia Moderna 
 
Fase Tradicional 
• PRÉ 1950. 
• Descrição. 
• Correlação. 
• Nomenclatura. 
• Cronoestratigrafia / litoestratigrafia. 
• Paleontologia estratigráfica. 
• Interpretação geral dos fenômenos deposicionais. 
 
 
 4 
Fase dos Modelos do Holoceno (3d) 
• 1950 
• Relaciona: ambiente, processo, litofácies. 
• Executa sondagens rasos em fácies recentes. 
• Estabelece modelos de deposição de siliciclásticos e carbonatos (fluvial, 
deltáico, costeiro, planícies de marés, recifes...) 
• A estratigrafia tradicional orienta-se mais em direção a sedimentologia. 
Fase dos Sistemas Deposicionais 
• 1960/1970 
• Relaciona análogos recentes e antigos. 
• Infere processos para fácies antigos. 
• Define sistemas deposicionais antigos a partir das relações tridimensionais 
entre fácies. 
• Desenvolvimento dos sistemas deposicionais. 
• Infere a paleogeografia e prevê reservatórios de hidrocarbonetos e camadas 
impermeáveis. 
Estratigrafia Sismica. 
• 1970/1980 
• Interpreta a litoestratigrafia a partir da sísmica. 
• Define limites entre seqüências: são as descontinuidades importantes na 
sedimentação. 
• Reconhece os componentes das fácies sísmicas (configuração ou tipo de 
estratificação, continuidade da estratificação, forma externa ou geometria). 
• Introduz o conceito de trato deposicional (system tract). 
• Identifica variações do nível do mar. 
Estratigrafia Seqüencial 
• 1980/1990 
• Tratos deposicionais relacionados com as variações do nível do mar. 
• Ciclicidade das seqüências. 
• Relaciona as variações da lâmina d'água com a tectônica e a eustasia, e com 
a fonte do sedimento. 
• Controvérsia com relação a globalidade dos fenômenos. 
 
Análise de Bacia Integrada. 
• 1990. 
• Integração entre geotectônica e sedimentação. 
• Arcabouço de seqüências desde 1ª até 5ª ordem. 
• Crítica dos conceitos anteriores. 
 
 
1.2 - Relação com Outras Disciplinas 
 
• Geotectônica. Tipo de bacia de sedimentação. 
• Geologia estrutural. Levantamento de perfis estratigráficos. Estabelecimento 
da seqüência vertical cronológica. 
• Paleontologia. - Cronologia relativa dos depósitos. - Ambiente sedimentar. 
• Geofísica. Sismoestratigrafia. 
 5 
• Sedimentologia, petrologia sedimentar. Descrição dos sedimentos e rochas 
sedimentares (textura e estruturas sedimentares), diagnóstico do ambiente de 
sedimentação, estudo da diagênese que é relacionada com a evolução da 
bacia (soterramento e soerguimento). 
• Geoquímica. Idade absoluta pelo estudo dos isótopos radioativos. Variações 
de ambiente ou de clima definidos pelo estudo de alguns isótopos estáveis. 
Estudo da matéria orgânica (em geologia do petróleo) informa sobre a 
evolução térmica da bacia. 
• Geologia Econômica, do Petróleo, e Hidrogeologia. Aproveita-se bastante de 
um bom conhecimento das bacias sedimentares (boa análise de bacia). 
 
 
1.3 - Aplicações Práticas e Econômicas das Análises Estratigráficas de Bacias 
 
 As rochas sedimentares e estratificadas têm um papel de primeira linha na 
exploração e na produção mineral. 
 As rochas sedimentares hospedam a maior parte dos minerais energéticos: 
minerais radioativos, carvão, petróleo e gás natural. 
 Muitos minerais ferrosos e não ferrosos são também hospedados em fácies 
específicas de rochas sedimentares e vulcano-sedimentares (Fe, Mn, Cu, Pb, Zn, 
Ag). 
As maiores jazidas de ouro primário são ligadas a níveis definidos das pilhas 
vulcano-sedimentares dos "Greenstone Belts" do Arqueano (Minas de Nova Lima) e 
aos paleoplaceres precambrianos oriundos da erosão dos "greenstone belts" (Minas 
do Witwatersrand na Africa do Sul, conglomerados Moeda do Quadrilátero Ferrífero 
ou conglomerados de Jacobina na Bahia) 
 Os conglomerados do Espinhaço de MG, da Chapada Diamantina na Bahia 
ou do Grupo Roraima, todos de idade precambriana, são portadores de diamantes e 
fontes para os aluviões recentes e atuais, também diamantíferos. 
 Muitos minerais e rochas industriais como calcários, dolomitos, evaporitos, 
argilas, fosfatos, são rochas sedimentares. 
 Em prospecção hidrogeológica de terrenos sedimentares, uma boa 
compreensão da estratigrafia dentro de um arcabouço estrutural correto ajuda a 
encontrar reservas de água subterrânea e a avaliar o potencial de uma região. 
 Com 70 % da superfície da Terra sendo coberta por oceanos, as águas doces 
constituem apenas uma pequena parte das águas do planeta. Do total das águas 
doces facilmente aproveitáveis pela humanidade, as águas subterrâneas constituem 
a maior parte, enquanto as águas dos rios são bem mais limitadas. 
 
• Águas salgadas nos oceanos e mares : 97,4 % 
• Águas doces : 2,6 % divididos da seguinte maneira : 
 Gelo nos círculos polares e geleiras : 77 % 
 Águas subterrâneas : 22 % 
 Lagos, rios, plantas, animais : 1 %. 
( ver: Manual Global de Ecologia, p.157, Editora Augustus, 1993). 
 
A fusão das calotas polares e geleiras, apesar de representar apenas um 
pouco mais de 2 % do volume da água dos oceanos, provocaria uma subida de 
aproximadamente 80 m do nível dos mares. Por isto, a humanidade está 
preocupada com o aumento do teor em gas carbônico na atmosfera e um eventual 
aumento conseqüente da temperaturado Planeta. Uma boa parte dos cinco bilhões 
 6 
de habitantes atuais da Terra deveriam transferir-se para áreas mais elevadas, o 
que não deixaria de provocar graves problemas econômicos, sociais e políticos. 
 Por outro lado, porém utópico, este imenso volume de água doce congelada 
corresponde a um consumo potencial diário, de 150 litros por habitante do Planeta, 
durante 100.000 anos. (Ver: C. Lorius, Glaces de l 'Antarctique, ed. Odile Jacob, 
1991, p. 86.). 
 Algumas instituições científicas, como a SEPM (Society for Sedimentary 
Petrology), incentivam o aproveitamento do conhecimento das bacias sedimentares 
para o estudo dos lençóis de água subterrânea e a prevenção dos vários tipos de 
poluição. 
 O maior aqüífero (camada subterrânea rica em água) chama-se Aqüífero 
Guarani, constitui-se de um arenito eólico poroso, da Formação Botucatu (Bacia do 
Paraná). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS 
 
ENSELE, G. 1992 – Sedimentary Basins. Springer Verlag, 628 pg. 
 7 
02. REVISÃO SOBRE AMBIENTES E FÁCIES SEDIMENTARES 
 
 Os sedimentos que durante o tempo geológico transformam-se em rochas 
sedimentares são caracterizados por vários parâmetros cujo conjunto é chamado de 
fácies sedimentar. Evidentemente a fácies sedimentar é dependente do ambiente 
onde ocorre a sedimentação. Na superfície da Terra, a qualquer momento da 
história geológica, existem áreas de acumulação (sedimentação), áreas fonte de 
sedimento (onde ocorre erosão) e áreas sem deposição nem erosão, onde o 
sedimento apenas transita (áreas de transporte). É fácil compreender que a fácies 
do sedimento que se depositará finalmente em uma área específica, dependerá 
também das características das áreas fontes e das áreas de transporte. Em outras 
palavras, as fácies sedimentares são dependentes das áreas fontes, das áreas de 
transporte e das áreas de sedimentação. Porém não podem ser confundidas as 
noções de fácies sedimentar e de ambiente sedimentar. 
 
 
2.1 - Ambiente Sedimentar 
 
Local geográfico onde ocorre a sedimentação (parte da superfície terrestre, 
diferente das áreas adjacentes). Caracterizado por parâmetros físicos (clima, 
temperatura, vento, correntes, profundidade), químicos (composição da atmosfera, 
salinidade, pH, Eh) e biológicos (flora, fauna, cobertura vegetal). Os ambientes 
podem ser subdivididos em continentais, transicionais e marinhos. 
 Um ambiente sedimentar (ou ambiente do ponto de vista sedimentar) é uma 
parte da superfície da Terra fisicamente e / ou quimicamente e / ou biologicamente 
diferente das áreas adjacentes. Os ambientes situam-se na interface litosfera / água 
ou litosfera / atmosfera. Sensu largo eles podem ser: de erosão, de não deposição e 
/ ou transporte e de deposição. Assim, os ambientes, mesmo que não sejam 
especificamente de deposição, são caracterizados por parâmetros físicos, químicos 
e biológicos. 
 
 Região específica da superfície da Terra, com parâmetros físicos, químicos e 
biológicos específicos. 
 
Ambientes continentais: erosão, transporte, deposição (rara). 
Ambientes marinhos: transporte, deposição (dominante). 
Parâmetros Físicos 
 No continente. Posição geográfica. 
 Clima, meteorologia. 
 Radiação solar. 
 Temperatura. 
 Precipitações. 
 Ventos. 
 
 No mar. Posição geográfica. 
 Clima, meteorologia, oceanografia. 
 Radiação solar. 
 Temperatura. 
Ondas e marés, 
 Correntes marinhas. 
 Profundidade da água. (Varia no tempo geológico). 
 8 
Parâmetros Químicos 
 Composição da atmosfera. Variação de composição há escala geológica ou 
histórica. 
 Composição da água. Sais em solução. Gases em solução. Matéria orgânica 
particulada e em solução. Zonas de mistura de águas (estuários). pH, Eh. 
 
Parâmetros Biológicos 
 Flora. Cobertura vegetal. Fauna. Microorganismos. 
 
Todas essas variáveis estão relacionadas umas com as outras. Uma 
variação de uma delas deve ocasionar reajustes de outras. 
 Exemplo. Um aumento do teor em CO2 da atmosfera aumenta o efeito estufa. 
Pode acarretar um aumento suficiente da temperatura da Terra e provocar o degelo 
das calotas polares, provocando a inundação das cidades litorâneas. A atmosfera é 
constituída de 78 % de nitrogênio, 21 % de oxigênio e 1 % de outros gases. O CO2 
representa 55% dos gases de efeito estufa. Em 1955 tinha apenas 320 ppm de CO2 
e em 1985 o teor alcançou 350 ppm, ou um aumento de 10 % em 30 anos. 
Ainda é muito discutida a correlação direta entre o aumento do CO2 na 
atmosfera e um suposto aquecimento na superfície da Terra. As temperaturas 
flutuam muito, tanto geograficamente, quanto no decorrer do ano, assim é muito 
mais difícil de caracterizar um aumento médio da temperatura que um aumento 
médio de CO2 na atmosfera. A postura política mais adequada, atualmente, frente a 
essa indefinição científica, é, então, de cautela e sugere que seja limitada a emissão 
antrópica de CO2 na atmosfera. 
 A tabela 1 apresenta um resumo dos vários ambientes de 
intemperismo/erosão, transporte em equilíbrio e deposição nas áreas continentais e 
marinhas. 
 
 
INTEMPERISMO 
e / ou 
EROSÃO 
TRANSPORTE 
em 
EQUILÍBRIO 
 
DEPOSIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
CONTINENTAL 
AÉREO 
Dominante: 
- Nas montanhas 
- Nos desertos (deflação) 
- Nas costas rochosas 
(falésias) 
- Intemperismo químico 
libera elementos e 
compostos em solução. 
Os resíduos são solos 
diversos. Desenvolvimento 
de voçorocas 
 
 
 
 
 
- Nos desertos, migração 
de dunas. 
- Regiões continentais 
baixas e planas estão em 
equilíbrio. 
 
 
 
 
 
Rara. 
Ambiente eólico: 
- Dunas 
- Loess 
 
 
CONTINENTAL 
AQUÁTICO 
Fluvial 
-Vale fluvial 
-Terraço = resto de 
aluvião não erodido. 
As redes fluviais são os 
principais caminhos para 
transporte de material 
sólido e em solução, do 
continente para o mar. 
 
 
 
Fluvial 
Lacustre 
 
MARINHO 
Rara 
-canions no talude 
 continental. 
Zonas de condensação. 
“Hardgrounds” nas 
plataformas. 
Nódulos de manganês, nos 
oceanos. 
 
 
DOMINANTE 
Tabela 1. 
 9 
 
 Na figura 1, aparece bem, na superfície topográfica dos blocos diagramas, a 
grande variedade de ambientes sedimentares, que podem ser, tanto de deposição, 
mais também de erosão ou de transporte. Nos cortes verticais dos blocos, nos 
locais de deposição, aparece claramente o resultado da acumulação vertical dos 
sedimentos. Esta representação, bem simples, já permite observar os conceitos de 
sedimentação isócrona, linha (ou superfície) de tempo e variação lateral de fácies. 
Estes conceitos são bem visíveis, tanto no bloco de cima representando 
sedimentação principalmente siliciclástica, quanto no bloco de baixo representando 
ambientes carbonáticos. 
Estes conceitos serão aprofundados no item do curso dedicado ao estudo da 
litoestratigrafia e das seqüências transgressivas e regressivas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 - Fácies Sedimentares 
 
Conceitos 
Conjunto de feições que caracteriza uma rocha sedimentar. É o produto da 
deposição em um determinado ambiente sedimentar, caracterizado por vários 
FONTE: Walker, 1984. Facies Models. 
Fig. 1 
 10 
parâmetros. Sensu stricto, uma fácies sedimentar deve apresentar uma certa 
homogeneidade. 
 
É o produto da deposição em um determinado ambiente sedimentar. 
 Ambiente (local geográfico) Processos sedimentares Fácies sedimentar 
 
Uma fácies sedimentar é então um determinado volume de sedimento,com 
características semelhantes, depositado em um ambiente sedimentar definido. 
Fácies sedimentar é também o conjunto dos parâmetros que caracterizam melhor o 
volume considerado de sedimento. 
 
Tradicionalmente, a fácies sedimentar é definida pelos seguintes parâmetros: 
• Litologia; 
• Textura (granulometria); 
• Estruturas sedimentares; 
• Geometria deposicional; 
• Espessura; 
• Fósseis; 
• Padrão de Paleocorrentes. 
 
As fácies, corretamente identificadas e descritas, fornecerão uma noção sobre 
os processos sedimentares (físicos, químicos e biológicos) que atuaram, os quais 
permitem inferência sobre o ambiente de sedimentação, onde a fácies se formou. 
 
 
2.3 – Sistemas Deposicionais 
 
 É bem evidente para qualquer observador que um ambiente sedimentar, que 
seja fluvial, deltáico, litorâneo etc., é composto de uma associação de sub-
ambientes relacionados geneticamente. Apenas um sub-ambiente estritamente 
definido fornecerá uma fácies estritamente homogênea. Na prática, um ambiente 
fluvial, ou deltáico, ou litorâneo será o local de deposição de várias fácies 
geneticamente relacionadas. Este conjunto de fácies é chamado sistema 
deposicional. Assim poderão ser estudados sistemas deposicionais fluviais, ou 
lacustres, ou deltáicos ou litorâneos. A sedimentologia estuda os produtos da 
deposição (ou sedimentos) em determinadas áreas. A estratigrafia, preocupa-se da 
associação das fácies, tanto lateralmente - na horizontal, quanto verticalmente - na 
sucessão do tempo geológico. Depois de ter lembrado estas noções de fácies 
sedimentares e de sistemas deposicionais, precisamos ainda introduzir um conceito 
novo, relativa à uma escala maior de volume sedimentar - o trato de sistemas 
deposicionais ou trato de sistemas (depositional systems tract). 
 Um ambiente sedimentar é constituído por sub-ambientes, que será o local de 
deposição de diversas fácies geneticamente relacionadas. Este conjunto de fácies 
geneticamente relacionadas é o sistema deposicional. 
• Ambiente sedimentar → diversos processos sedimentares; 
• Sistema deposicional → associação de fácies (produtos). 
Exemplos: Sistemas deposicionais fluviais, lacustres, deltáicos, litorâneo, marinho, 
etc. 
 
 
 
 11 






















 FÁCIES 
 F1 – argila (Planície de Inundação) 
Ambiente fluvial meandrante F2 – silte (Planície). Sistema 
(local geográfico), processos F3 – areia (Barra Pontal) deposicional 
 F4 – conglomerado (Canal) fluvial meandrante 
 
 FÁCIES 
 F1 – argila (pró-delta) 
Ambiente deltaico F2 – areia (frente deltáica) 
 (Processos) F3 – areia/pelito planície 
 F4 – carvão deltáica 
 
 
 
Associação de fácies 
• Identificar as fácies que ocorrem juntas ou próximas, numa sucessão 
sedimentar. 
• Observar, também, a freqüência da ocorrência de uma determinada fácies na 
sucessão. 
• A associação de fácies vai permitir a identificação do sistema deposicional e, 
conseqüentemente, confirmar a interpretação ambiental. 
 
Por exemplo 
Arenito com estratificação cruzada acanalada (fácies) pode ocorrer em vários 
ambientes como fluvial, deltáico, planície de maré, praia, glacial, como resultado da 
passagem de correntes sobre um fundo arenoso. Somente a associação de fácies é 
que determinará o ambiente com segurança. 
 
FÁCIES ASSOCIAÇÃO DE FÁCIES SISTEMA DEPOSICIONAL 
 
• Sistemas deposicionais são depósitos sedimentares em visão tri-dimensional. 
O conjunto de fácies geneticamente relacionado é chamado sistema 
deposicional. 
 
 
2.4 – Tratos de Sistemas Deposicionais 
 
 Um trato de sistemas deposicionais é simplesmente a sucessão lateral dos 
sistemas deposicionais depositados no mesmo intervalo de tempo. Pode ser 
constituído de uma sucessão de sistemas continentais, transicionais, de plataforma, 
de talude continental e de oceano profundo. 
 
(Brown & Fisher, 1977) 
Sucessão lateral dos sistemas deposicionais depositados num mesmo intervalo de 
tempo. Associação de sistemas deposicionais contemporâneos. 
 
• Sistemas deposicionais contemporâneos e geograficamente interligados. 
• Formam a subdivisão da Seqüência Deposicional. 
 12 
1. São interpretados com base em critérios sismoestratigráficos (padrões 
de empilhamento e terminações estratais), posição dentro da 
seqüência e tipos de superfícies limitantes. 
2. O timing de tratos de sistemas é relacionado à curva de variação do 
nível do mar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ex: Progradação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
T1, T2 = linhas de tempo 
Tratos de sistemas de mar baixo 
Baseado na Lei de Fácies de Walther 
 
 
2.5 - Seqüência deposicional (Sloss, 1963; Posamentier & Allen, 1999) 
 
É uma unidade cronoestratigráfica, limitada por discordância e suas 
concordâncias relativas, formada por estratos contemporâneos ou geneticamente 
relacionados. 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Mitchum, 1977) - “Sucessão de estratos relativamente concordantes, geneticamente 
relacionados, limitada por discordâncias ou suas conformidades correlativas”. 
 
 
• Reunião de diferentes tratos de sistemas deposicionais. 
• Conjunto de tratos de sistemas associados a um ciclo de variação do nível 
relativo do mar. 
• Corresponde a um ciclo estratigráfico completo marcado por mudanças nos 
trends deposicionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Fávera, 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. 
 14 
2.6 - Classificação dos Ambientes Sedimentares e Fácies / Sistemas 
Sedimentares 
 
 Voltando na figura 1, é fácil levantar a lista de ambientes e fácies / sistemas 
sedimentares, que é apresentada a seguir. 
 
Ambientes Continentais 
• Fluviais. 
• Leque aluvial. 
• Eólico. 
• Glacial. 
• Lacustres. 
 
Ambientes Transicionais 
• Deltaicos (Lobos) 
• Lineares (litorâneos): Terrígenos 
 Terrígenos/carbonatados. 
 Carbonatados. 
 
Ambientes Marinhos 
• Plataformas continentais (até aprox. 200m) 
 Terrígenos 
 Terrígenos/carbonatados 
 Carbonatados. 
• Taludes continentais e oceano próximo. 
 Depósitos por gravidade, leques submarinos, turbiditos. 
• Marinho profundo/oceânico. 
 
Os ambientes são geralmente subdivididos em função do tipo principal de 
energia envolvido. 
 
• Deltas Energia do rio (sedimento). 
 Energia das marés. 
 Energia das ondas. 
 
• Litoral linear Energia das marés. 
 Energia das ondas. 
 Energia das tempestades. 
 
• Plataformas Energia das marés. 
 Energia das ondas 
 Energia das tempestades. 
 Energia das correntes oceânicas intrusas. 
 
Observação relativa à ambientes / fácies glaciais e eólicos 
 
 Os ambientes / fácies listados acima são exclusivos com relação ao espaço 
geográfico. É óbvio que uma fácies fluvial pode ter sido depositada apenas sobre 
uma área continental e que uma fácies plataformal estava coberta por uma 
determinada lâmina de água do mar no momento da sedimentação. Em oposição, 
 15 
fácies glaciais resultam de processos climáticos especialmente frios, durante os 
quais a água se transforma em gelo e regiões tanto continentais quanto marinhas 
podem registrar estes episódios de processos climáticos frios. 
 No mesmo sentido, fácies eólicas podem encontrar-se tanto em um deserto 
afastado de centenas de km do mar, ao longo das praias ou em certas partes de 
áreas deltáicas.LEIA PARA SABER MAIS 
 
1. FÁVERA, J.C.D. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Eduerj, 
263p. 
2. WALKER, R.G. & JAMES, N.P. 1992 – Facies Models: response to sea level 
change. Geological Association of Canada, 454p. 
3. MIALL, A.D. 1990 – Principles of sedimentary basin analysis, 2ed. Springer 
Verlag. 
 16 



03. NOÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO ESTRATIGRÁFICA 
 
Sistematizar as rochas em unidades estratigráficas e estabelecer ordem de 
formação. 
• International Stratigraphic Guide, 1976; 
• Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica, 1982 (Petri et al., 1986). 
Categorias de unidades estratigráficas 
• Unidades litoestratigráficas → variações de caracteres litológicos; 
• Unidades bioestratigráficas → variação no conteúdo fossilífero; 
• Unidades cronoestratigráfica → parâmetros geocronológicos. 
 
 
3.1 – Unidades litoestratigráficas 
 
Estrato ou conjunto de estratos, geralmente mas não invariavelmente 
interacamadados (layered) e tabulares, distinguidos e delimitados com base em 
características litológicas e posição estratigráfica (North American Commission on 
Stratigraphic Nomenclature – 1983). 
 
(Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica – 1986) – Petri et al. (1986) 
Conjunto de rochas que se distinguem e se delimitam com base em seus caracteres 
litológicos, independente da sua história geológica ou de conceitos cronológicos. 
 
São estabelecidas com base em caracteres litológicos. São formadas de 
rochas sedimentares, metassedimentares, ígneas efusivas, metavulcânicas, 
associação de rochas. 
 
Ordem Hierárquica 
 Supergrupo 
 Grupo → união de 2 ou mais formações; 
 Formação→ unidade fundamental; 
 Membro → Parte de uma formação; 
 Camada(s) 
 
Classes: Supergrupo, Grupo, Subgrupo, Formação, Membro, Camada, Complexo, 
Suíte, Corpo. 
A formação é a unidade fundamental da classificação. Caracteriza-se pela relativa 
uniformidade litológica, formando um corpo de preferência contínuo, mapeável em 
superfície e/ou subsuperfície. 
 
Formação (requisitos) 
• Apresenta elevado grau de homogeneidade litológica; 
• Mapeável na escala 1:25.000 
• Extensão lateral significativa; 
• Expressão fisiográfica; 
• Espessura variável, mas com representatividade em seções geológicas; 
• Limites basal e superior da Formação devem corresponder a mudanças 
litológicas expressivas; 
• Deve-se indicar uma seção-tipo; 
• Para o nome, utiliza-se um referencial geográfico importante (rio, cidade, etc.). 
 17 
 
 
 
Problema dos limites da Formação: contato 
gradativo. 
 
 
 
 
 
3.2 – Unidades bioestratigráficas (biozonas) 
 
 Correspondem a rochas sedimentares separáveis por critérios 
paleontológicos. 
 
Critérios: amplitude de distribuição de uma ou mais entidades taxionômicas, 
peculiaridades morfológicas, abundância relativa de uma determinada entidade 
taxionômica. 
Ordem hierárquica: superzonas / zonas / subzonas. 
Tipos de biozonas: 
 
1. Zona de associação 
 (Cenozonas); 
2. Zona de amplitude; 
3. Zona de concorrência; 
4. Zona de intervalo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zona de associação 
Unidade bioestratigráfica onde o grupo de fósseis 
difere dos grupos situados acima e abaixo. 
 
 
 
 
Zona de amplitude 
 Distribuição espacial total do fóssil. 
 18 
3.3 – Unidades cronoestratigráficas 
 
 Corpos de rochas gerados em intervalos de tempo bem delimitados. Limites 
de unidades cronoestratigráficas correspondem a superfícies isócronas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diferença entre unidade cronoestratigráfica e litoestratigráfica 
• Unidade cronoestratigráfica → limitada por linha de tempo (superfícies 
isócronas I, II); 
• Unidade litoestratigráfica → são delimitadas por interfaces litológicas 
(contatos) e tem caráter diácrono – cortam as linhas de tempo. 
 
Unidades cronoestratigráficas Unidades geocronológica 
Eonotema Éon 
Eratema Era 
Sistema Período 
Série Época 
Andar – rochas formadas na idade (sufixo “ano”) Idade 
Cronozona – menor unidade Crono 
 
Exemplos: 
Éon → Arqueano, Proterozóico, Fanerozóico; 
Era → Paleozóica, Mesozóica, Cenozóica; 
Período → Ca, O, Si, De, Ca, Pe (Paleoz.); Terciário, Quaternário (Cenoz.); 
Época → Pa, E, O, Mi, Pli (Terciário); Holoceno, Pleistoceno (Quaternário); 
Andar→ Cenomaniano (K sup.), Albiano, Aptiano (K inf.). 
 
 
 
 
LEIA MAIS 
 
1. MENDES, J.C.M. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp, 566p. 
2. PETRI, S. et al. 1986a. Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica. 
Rev. Bras. Geociências 16(4): 372-376. 
3. PETRI, S. et al. 1986b. Guia de Nomenclatura Estratigráfica. Rev. Bras. Geoc. 
16(4): 376-415. 
4. ROHN. R. 2004. Uso estratigráfico dos fósseis e tempo geológico. In: 
Carvalho, I.S. (Ed.). Paleontologia., pg. 61-73, Rio de Janeiro, 
Interciência. 
 19 
04. ESTRATIGRAFIA TRADICIONAL (LITOESTRATIGRAFIA) E ESTRATIGRAFIA 
GENÉTICA (OU DE SEQUÊNCIAS DEPOSICIONAIS) 
 
Estratigrafia tradicional: Supergrupo, Grupo, Formação, Membro. 
Estratigráfica genética: fácies, sistemas deposicionais, tratos, seqüências 
deposicionais. 
• Estratigrafia tradicional baseia-se no princípio da superposição de camadas, 
com visão tabular e homogênea das formações (layer cake). 
• Estratigrafia genética baseia-se na Lei de Fácies de Walther, com unidades 
horizontais e verticais e compreensão da bacia sedimentar. 
 
 
 Estratigrafia Tradicional Estratigrafia Genética 
Unidades 
estratigráficas 
Unidade lito, bio e 
cronoestratigráficas. 
Sistemas deposicionais 
Seqüências deposicionais. 
Unidade 
fundamental: 
critério de 
definição 
Litológico: Conjunto de estratos 
homogêneos revestidos de 
operacionalidade de 
mapeamento. 
Genético: Associação de fácies de 
uma mesma província fisiográfica. 
Princípios 
básicos 
Ênfase na lei da superposição 
de camadas. Ênfase na Lei de Fácies de Walther. 
Concepção da 
sedimentação 
Sedimentação controlada 
maiormente por eventos 
tectônicos locais. 
Sedimentação controlada maiormente 
por variações relativas do nível do 
mar. 
Metodologia 
Levantamento seções 
estratigráficas; correlação 
litológica; estabelecimento 
unidades formais; mapeamento 
de grupos, formações, etc. 
Desconsideração unidades formais; 
levantamento seções estratigráficas; 
correlação crono-
litológica;reconhecimento seqüências 
deposicionais; análise de fácies; 
interpretação sistemas deposicionais; 
mapeamento sistemas deposicionais. 
Objetivo final Eleição de um modelo conceitual de sedimentação. 
Reconstrução paleogeográfica da 
bacia sedimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FÁCIES 
Visão da Layer Cake 
Stratigraphy 
Visão Correta 
(Lei de fácies Walther) 
 
 
A fácies F2 é mais nova que 
F1 e mais velha que F3 em 
toda a bacia. O ambiente A2 
é mais novo que A1 e mais 
velho que A3. Portanto, visão 
histórica. 
 
 
A fácies F2 é mais nova que F1 e 
mais velha que F3 neste 
afloramento. Os ambientes A1, 
A2 e A3 coexistiram nos tempos 
T1, T2 e T3 em escala de bacia. 
Portanto, visão ambiental. 
 
 20 
Exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS: 
 
MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia, Edusp, 566p. 
FÁVERA, J.C.D. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Eduerj, 263p. 
GAMA JR, E.G. 1989 – Concepções estratigráficas em análise de bacias. a) 
estratigrafia tradicional. Geociências 8:1-10. 
GAMA, JR, E.G. 1989 - Concepções estratigráficas em análise de bacias. c) 
estratigrafia genética. Geociências 8:21-36.21 
05. PERFIS ESTRATIGRÁFICOS 
 
Conceitos 
Representação gráfica em forma de coluna com litofácies, indicando granulometria, 
estruturas sedimentares, geometria, espessura, conteúdo fossilífero, etc. 
 
Levantamento de seção estratigráfica (coleta de dados) 
• Trabalho de campo; 
• Reconhecer litofácies e registrar na caderneta; 
• Coleta de amostras; 
• Medir altitude e atitude da camada; 
• Avaliar espessura. 
 
1 – Perfil a pé / veículo, depende da escala do trabalho. 
 1:10.000 / 1:25.000 → a pé; 
 1:100.000 / 1:250.000 → veículo. 
2 – Reconhecer litofácies, identificar atributos sedimentares (granulometria, litologia, 
estruturas sedimentares, paleocorrentes, fósseis) e registro em caderneta. 
3 – Coleta de amostras (martelo). Medir altitude (altímetro) e atitude da camada 
(bússola). 
4 – Identificação dos contatos / geometria de corpos sedimentares. 
 Contatos: brusco, gradativo, erosivo (com evidência de erosão); 
 Geometria: camada, lente, cunha, leque. 
5 – Identificação de espessura (distância entre base e topo de camada ou de 
unidade estratigráfica). 
 
Camadas horizontais; Camadas inclinadas; 
 
 
 
Camadas verticais. 
 
 
Topografia inclinada e camadas com mergulho: 
 
 
 
 
 
5.1 – Representação gráfica do perfil estratigráfico 
 
Escolha da escala vertical → boa visão das variações litológicas em função da 
espessura. 
• Afloramento ± 20 m 1:50 ou 1:100 (1 cm = 1m); 
• Seção vários km 1:25.000 (1 cm = 250 m ). 
 22 
Representação das litologias, estruturas sedimentares, texturas, contatos, 
paleocorrentes, fósseis (ver exemplos). 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo de seção colunar 
Escala vertical; 
Litologia; 
Estruturas sedim. 
Textura; 
Contatos; 
Fósseis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
5.2 - Seções Estratigráficas de Sub-Superfície 
 
1 – Sondagem amostras de calha; 
 testemunhos. 
Sonda rotativa → haste oca, giratória, que movimenta broca diamantada que, tritura 
ou corta as rochas. O material é recuperado com auxílio de corrente de lama. 
Amostra de calha → pedaços de rocha triturada; 
Amostragem em forma de cilindros de rocha com 5 a 10 cm de diâmetro → 
testemunho. 
Permitem determinação de porosidade, permeabilidade, construção de seção 
colunar, reconhecimento de texturas, estruturas e fósseis, etc. 
 
2 – Perfilagem de poço → obtenção de diagrama / perfis – registro em forma gráfica 
obtido por métodos de investigação geofísica. 
Exemplos: Diagrafia elétrica resistividade; 
 Potencial espontâneo. 
 Diagrafia de radioatividade raios gama. 
• Resistividade → dificuldade que um material opõe à passagem de corrente. 
Depende da natureza das rochas e quantidade de fluidos. A resistividade é baixa 
nas rochas impermeáveis (argilitos) e alta nas permeáveis (arenitos). Ex: um 
arenito com fluido salgado (bom condutor) apresentará resistividade inferior a de 
um arenito com os poros ocupados por petróleo / gás (não condutor). 
• Radioatividade: raios gama → relaciona-se à presença de isótopos radioativos e 
sais radioativos nos fluidos dos poros dos sedimentos. Informa sobre porosidade, 
conteúdo de fluido e densidade das rochas. 
 
3 – Sísmica gravimétrica Reflexão; 
 Refração. 
Sísmica → produção de ondas elásticas que refletem em superfícies de densidades 
diferentes (refletores). A velocidade de propagação destas ondas varia com a 
natureza das camadas. Geofones captam as ondas refletidas na superfície e são 
registradas em sismogramas. 
 
 
SONDAGEM 
 
 
 
1 – Revestimento do poço; 
2 – Coluna de perfuração; 
3 – Broca; 
4 – Bomba de lama; 
5 – Lama ascendente com amostras; 
6 – Tanque de lama; 
7 – Coletor de gás; 
8,9 – Peneira p/ amostras de calha; 
10 – Controle da operação. 
 25 
PERFILAGEM DE POÇO DE FURO DE SONDAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo de 
 perfilagem 
 de poço: 
 
 resistividade 
 e 
 raios gama. 
 
 
 
 
 
 
 26 
5.3 - Estudo Estratigráfico de Bacia Sedimentar 
 
 Mapa Seção Paleoambientes; 
Geológico estratigráfica Amostras Geocronologia; 
 de superfície Estudos diagenéticos; 
 Estudos paleontológicos 
 (bioestratigrafia). 
 Locação de Amostras de 
 furos de calha, testemunhos 
 sondagens 
 Perfilagem de Seções de 
 poço de sondagem sub-superfície 
 
Seções sísmicas, gravimetria Seção 
 (geometria da bacia) sísmica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS: 
MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp. 566p. 
 27 







06. EVENTOS DE SEDIMENTAÇÃO 
 
 
6.1 - Transgressões e Regressões 
1 – Subsidência tectônica; 
4 variáveis controlam os padrões 2 – Variação eustática do nível do mar; 
de distribuição de fácies nas bacias 3 – Suprimento (volume de sedimento); 
sedimentares. 4 – Clima. 
 
Eustasia é o movimento de elevação ou queda global das águas oceânicas. 
• Transgressão → avanço do mar sobre a área continental; 
• Regressão → recuo do mar com progradação de sedimentos continentais. 
 
Transgressão Regressão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Causas: 
• Subsidência → afundamento da crosta devido a tectônica, contração térmica 
da crosta, sobrecarga sedimentar; 
• Glaciações / deglaciações → umidade é retirada do oceano pela evaporação 
e o clima torna-se árido glacial. 
• Movimento de placas tectônicas → geração de basaltos na cadeia meso-
oceânica (T); subducção / orogênese (R). 
 
Evento transgressão / regressão → ciclo sedimentar completo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seqüência simétrica com transgressão e depois regressão, sem interrupções 
(erosão). 1,2,3 = fácies; S = sup. Isócrona. 
 
 
 
 
 28 
6.2 – Sedimentação episódica 
 
Histórico: 
 
Uniformitarismo 
Hutton, Lyell 
x Catastrofismo 
Cuvier 
• Explica o passado através do 
presente; 
• Gradualismo; 
• Leis naturais invariáveis no 
espaço e no tempo. 
 • Quebras bruscas no registro 
estratigráfico; 
• Extinções em massa; 
• Sedimentação episódica – 
Kenneth HSü, Robert Dott Jr. 
 – década de 1970. 
 
 
O REGISTRO ESTRATIGRÁFICO É FORMADO POR EPISÓDIOS DE 
SEDIMENTAÇÃO ALTERNADOS POR PERÍODOS DE NÃO – DEPOSIÇÃO. 
 
Evidências sedimentológicas da deposição episódica no registro estratigráfico. 
Fenômenos ligados a correntes de turbulentas. 
1. Turbidito → pulsos de corrente de turbidez; 
2. Inunditos → inundações em ambiente fluvial; 
3. Tempestitos → depósitos formados por ondas de tempestades; 
3.1. Tsunamitos → ondas produzidas por terremotos; 
4. Sismitos → depósitos com fluidizações, convoluções produzidas por abalos 
sísmicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Fávera, 2001. Fundamentos de Estratigrafia Moderna. 
 29 
6.3 - Interrupções na Sedimentação: Discordância e Hiato 
 
Discordância: descontinuidade no registro sedimentar devido à erosão ou não 
deposição. 
Hiato: intervalo de tempo sem deposição no registro estratigráfico. 
 
 Origem da discordância: 
• Reativação da área fonte; 
• Abaixamento do nível do mar. 
 
 
 
 
 
 
A deposição contínua de uma 
seqüência transgressiva - regressiva 
representaum intervalo limitado de 
tempo geológico. Uma sucessão 
sedimentar espessa é normalmente 
constituída do empilhamento de várias 
seqüências separadas por intervalos 
de tempo sem registro estratigráfico. 
Estes intervalos sem registro 
estratigráfico representam as lacunas 
sedimentares ou discordâncias. Estas 
lacunas podem representar a maior 
parte do tempo geológico. No 
Grand Canyon do Colorado, centenas 
de metros de sedimentos do 
Paleozóico são testemunhos de 
apenas 30% dos 280 milhões de anos 
decorridos entre a deposição da 
primeira seqüência no Cambriano e da 
última no Permiano. Esta coluna é 
dividida em 8 seqüências maiores, de 
deposição contínua. 
No Grand Canyon, as oito seqüências paleozóicas mostram um claro 
paralelismo dos estratos. Apenas a seqüência basal do Cambriano inferior repousa 
sobre camadas inclinadas dos grupos Chuar e Unkar precambrianos. 
Em geologia de campo, estamos acostumados a diferenciar 4 tipos de 
discordâncias. 
 
Classificação das discordâncias 
1 – Discordância paralela (paraconformity) 
Superfície plana, com falta importante no registro, sem sinal de erosão; 
2 – Discordância erosiva (disconformity) 
 Superfície irregular, com evidência de erosão; 
3 – Discordância angular (angular unconformity) 
Superfície plana ou irregular separando camadas com mergulho diferente; 
4 – Discordância litológica (nonconformity) 
 30 
Superfície de contato entre rochas do embasamento e rochas sedimentares mais 
jovens. 
 
 Discordância: 
 Superfície de erosão ou não 
 deposição, que separa estratos 
 mais jovens de antigos e repre-
 senta um hiato significativo. 
 
 Discorâncias podem se asso- 
 ciar lateralmente a concordân- 
 cias (conformidades). 
 Conformidade é uma superfície 
 de acamamento que separa 
A – Disc. erosiva; B – Disc. paralela; estratos mais jovens de estra- 
C – Disc. angular; D – Disc. litológica. tos antigos, sem evidências de 
 erosão ou não deposição. 
 
1 - Discordância paralela ou paraconformidade (paraconformity) 
 Representa uma falta importante de registro 
estratigráfico, sem sinal de erosão no contato. Pode ser 
comprovado, apenas, por estudo paleontológico, ou do perfil 
sismoestratigráfico. Uma falta mínima do registro estratigráfico é 
chamada DIASTEMA. 
 
2 - Discordância erosiva (disconformity) 
É caracterizada por um contato erosivo separando duas 
seqüências com paralelismo entre os estratos. 
 
3 - Discordância angular (angular unconformity) 
Contato erosivo separa, abaixo, um pacote com camadas 
inclinadas e, acima, camadas depositadas horizontalmente. 
Precisa tomar cuidado com a conotação descritiva ou genética 
desta designação. A inclinação da seqüência inferior pode ter 
ocorrido por distenção e basculamento, por compressão, ou 
mesmo por deslizamento sinsedimentar (slumping). 
 
4 - Discordância litológica (nonconformity) 
É o contato entre rochas do embasamento e rochas 
sedimentares mais jovens. 
 
 
 
Seguindo lateralmente o contato entre duas seqüências, a discordância pode 
passar sucessivamente de uma discordância litológica, para uma discordância 
angular, para uma discordância erosiva, para uma paraconformidade, para um 
diastema, e finalmente desaparecer, bacia adentro. Neste momento, existe 
continuidade na sedimentação. Estamos vendo então que os quatro blocos 
diagramas acima não representam fenômenos isolados, mais uma seqüência lateral 
contínua e evolutiva. O perfil abaixo representa esta possível evolução lateral de 
uma discordância. 
 31 
 
Evolução lateral de uma discordância. 
 
Analisando a evolução lateral da discordância representada acima, precisa-se 
aceitar que o intervalo de tempo geológico embutido na discordância diminui 
lateralmente, entre um intervalo mâximo na discordância litológica, até uma 
continuidade de sedimentação na parte mais marinha da bacia. 
 Decorre que nos estudos refinados de estratigrafia, uma discordância deve 
ser investigada como uma variação lateral de um intervalo de tempo geológico, sem 
registro sedimentar. O estudo deve permitir também inferir se a falta de registro 
sedimentar deve-se a não deposição ou hiato (non depositional hiatus), a erosão ou 
vazio erosional (erosional hiatus), ou ainda na combinação dos dois processos. 
Resumindo, considerando uma pilha de sedimento, podem existir as seguintes 
situações: 
 
1. Continuidade na sedimentação (conformity). 
 
2. Discordância ou lacuna sedimentar (unconformity). 
• Hiato (non depositional hiatus), corresponde a uma discordância paralela 
ou paraconformidade. 
• Vazio erosional (erosional hiatus) mais Hiato (non depositional hiatus), 
corresponde a discordância erosiva ou discordância angular. É difícil 
imaginar na realidade, uma discordância consistindo apenas em vazio 
erosional, sem a presença de um hiato. 
 
O perfil abaixo mostra três seqüências superpostas, separadas por duas 
discordâncias: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No perfil abaixo, constituído de três seqüências superpostas, a discordância 
A-A é dividida em duas partes separadas por um trecho curto, no centro, onde 
ocorre continuidade na sedimentação (conformity). O trecho de discordância da 
 32 
esquerda corresponde a erosão (vazio erosional) na base (camadas 5 até 10) e não 
deposição ( hiato) no topo ( camadas 11, 12 e parte de 13). 
A discordância B-B ocorre a esquerda do perfil e passa para a continuidade 
de sedimentação na sua parte direita. A discordância representa não deposição 
(hiato). Esta não deposição pode ser subdividida em duas partes. Na base, faltam 
as camadas 18 e 19 da seqüência central, e no topo, faltam as camadas 20 até 24 
da seqüência superior. 
Abaixo, está apresentado o perfil original e sua transformação “distância / 
tempo”. O segundo perfil, chamado também de cronoestratigráfico (distância - tempo 
geológico) consegue representar além da posição lateral das discordâncias, a 
variação lateral dos seus intervalos de tempo geológico e o tipo de falta de registro 
geológico (por erosão ou por não deposição). Esta técnica cresceu muito com o uso 
rotineiro dos perfis sísmoestratigráficos, na década de 80. 
 
 
 
 
 33 
ESTRATOS X TEMPO 
 
ESPESSURA NÃO É PROPORCIONAL AO TEMPO 
A relação espessura x tempo é complexa devido a: 
• Variações na taxa de sedimentação; 
• Gaps no registro estratigráfico (erosão ou não deposição). 
 
 
 
O REGISTRO ESTRATIGRÁFICO SE ACUMULA EPISODICAMENTE 
 
 
 
IMPORTÂNCIA DOS HIATOS E DISCORDÂNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS 
 
1. MENDES, J.C.M. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp, 566p. 
2. FÁVERA, J.C.D. 2001 – Fundamentos de Estratigrafia Moderna. Eduerj, 
263p. 
3. MIALL, A.D. 1997 – The geology of stratigraphic sequences. Springer Verlag. 
433p. 
 
 34 
07. LITOESTRATIGRAFIA E AS VARIAÇÕES LATERAIS EM SEQUÊNCIAS 
TRANSGRESSIVAS, REGRESSIVAS OU PROGRADANTES. 
 
 Um dos princípios mais importantes na estratigrafia consiste em que os 
processos e mecanismos de transporte e sedimentação observados atualmente 
devem ajudar a entender e interpretar o registro estratigráfico conservado nas bacias 
sedimentares. Atualmente os mais diversos sedimentos depositam-se nos mais 
diversos ambientes continentais ou marinhos. Os sedimentos ou rochas 
sedimentares antigos devem ser estudados até chegar na reconstituição de seu 
provável ambiente de deposição. Assim, o presente deve ser usado como uma 
chave para a interpretação do passado. Neste raciocínio científico deve ser tomada 
em consideração a evolução geológica da Terra e do sistema Terra, Sol e Lua e não 
procurarcegamente, hoje, equivalentes para fácies ou sistemas deposicionais do 
passado. 
 Consideramos o empilhamento sedimentar, simétrico, de três litologias 
(arenito, lutito e calcário) com uma espessura total variando entre 300 e 500 metros 
(fig.3.1.). Os contatos entre as litologias são gradativos e fosseis marinhos são 
encontrados em toda a coluna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3.1 
 
A figura 3.2. mostra as correlações litológicas traçadas entre três seções 
estratigráficas apresentando a mesma seqüência da figura 3.1. As colunas A e B são 
distantes de 20 km e B e C de 30 km. As correlações litológicas mostram a 
superposição da Formação A (arenito), seguida das Formações B (lutito), C 
(calcário), D (lutito) e E (arenito). Esta superposição de sedimentos alóctones 
(arenito e lutito) e autóctones (calcário) poderia ser interpretada como provindo de 
uma fonte temporária para a deposição do arenito e do lutito. Com a exaustão da 
fonte de siliciclásticos, se depositaria o calcário autóctone da Formação C. A 
deposição das Formações D (lutito) e E (Arenito) poderiam resultar de um 
rejuvenescimento tectônico no continente, proporcionando uma nova fonte de 
siliciclásticos. Os siliciclásticos mais grossos são mais espessos na coluna C e os 
calcários são mais espessos na coluna A. Estas observações permitem inferir que o 
continente, fonte dos siliciclásticos devia estar a leste e a plataforma marinha devia 
estender-se para oeste. A interpretação parece muito lógica, em frente aos dados 
disponíveis. É chamada: Estratigrafia em camadas de bolo (ou estratigrafia 
Calcário 
Lutito 
Arenito 
 35 
tradicional – layer cake). Nesta interpretação parecem coincidir os limites litológicos 
e os limites de tempo (isócronos). Esta interpretação não explica porém porque os 
siliciclásticos mostram uma granulometria decrescente na base da seqüência e uma 
granulometria crescente no topo. 
 
 
 
Confrontando a seqüência em estudo com o que se sabe da sedimentação 
atual (baseada na Lei de Fácies de Walther), a interpretação muda. A figura 3.3. 
apresenta um perfil muito simplificado de uma situação comum em sedimentação 
atual. A extensão horizontal pode corresponder a algumas dezenas de km. O perfil 
mostra a transição gradual da areia da praia, passando para argila em águas um 
pouco mais profundas e para calcário, com o afastamento maior do litoral. Os 
calcários não são necessariamente depositados em águas mais profundas que a 
argila; são apenas desenvolvidos fora do alcance da poluição dos siliciclásticos 
alóctones. Esta fina camada de sedimento com três litologias diferentes está 
depositando-se no mesmo tempo T1. Neste momento, a praia encontra-se no ponto 
P1. 
 Imaginamos agora uma subida relativa do nível do mar (Fig. 3.4) até atingir 
uma linha de praia situada em P2. A seqüência horizontal das três litologias será 
deslocada em direção á nova linha de praia e assim, a argila recobrirá a areia e o 
calcário recobrirá a argila depositada no tempo T1. O deslocamento da linha de 
praia em direção ao continente, ou transgressão, continua até atingir um ponto 
máximo P Max (Fig. 3.5) correspondendo ao tempo Tn. Neste momento, o nível do 
mar para de subir. No continente, porém, o fornecimento de sedimento, pelos rios, 
continua. A lâmina d’água sendo constante, ocorre um deslocamento da linha de 
praia em direção ao mar Pn+1... Pn+2. Desta maneira, os sedimentos vão se 
recobrir formando uma seqüência, no sentido oposto do ocorrido durante a 
transgressão. A areia recobre a argila que acaba recobrindo o calcário. Este avanço 
DATUM: topo do arenito. A B C 
 
Formação E 
 
Formação D 
 
Formação C 
 
Formação B 
 
 
Formação A 
W E 
P1 
T1 
areia 
Argila 
calcário 
Fig. 3.2. 
Fig. 3.3. 
 36 
progressivo da linha de praia em direção ao mar é chamado progradação, porque o 
nível do mar fica constante durante o processo. Com um rebaixamento progressivo 
do nível do mar depois da transgressão máxima, ocorreria uma regressão que 
resultaria na mesma sucessão vertical calcário - argila - areia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O fenômeno completo de transgressão e progradação, na figura 3.5, mostra 
as três litologias formando cunhas embutidas que apontam em direção ao 
continente. Neste esquema que mostra a extensão lateral global do fenômeno, 
observa-se claramente a existência de linhas de tempo e de linhas de fácies, 
distintas, que, 
em três 
dimensões, 
correspondem 
a superfícies 
de tempo e 
superfícies de 
transição de 
fácies. 
 
 
 
 
 
 
Conseguimos escapar da estratigrafia em camadas de bolo (layer cake). 
Também, os três perfis de campo da figura 3.2., podem ser colocadas neste 
desenho. Eles constituem apenas a parte central do esboço, onde as cinco litologias 
estão presentes verticalmente. Os dois conjuntos de linhas, de tempo e de transição 
de fácies, formam um arranjo simétrico de cada lado da linha de tempo Tn 
correspondendo á transgressão máxima. Evidentemente, a escala vertical é muito 
exagerada. Na realidade, o perfil da figura 4.5 pode representar uma distância 
horizontal de até 500 km e uma espessura de sedimento de 300 até 500 m. 
Desenhando a escala real, teríamos na horizontal 500 cm e na vertical apenas entre 
Argila
Calcário P2
Linha (superfície) de tempoLimite de fácies
Fig. 3.5 Relação entre linhas de tempo e limites de fácies durante um evento transgressivo / regressivo 
T1
Nível do mar n+2 Pn
Pn+1Pn+2
P1
T2
Tn
Tn+
1
Tn+2
Areia
Areia
Argila
A B C
Areia
Perfis de campo
Areia
ArgilaCalcário
P 1
P2
Linha (superfície) de tempoLimite de fácies
Fig. 3.4 Relação de fácies entre os tempos T1 e T2
T1
T2
Nivel do mar 1
Nivel do mar 2
 37 
 
1 e 3 milímetros de espessura. Com este exagero vertical, os ângulos entre as 
linhas de tempo e os limites de fácies são muito exagerados, também. Eles, na 
realidade, têm apenas uma pequena fração de grau. 
Este tipo de perfil espaço X espessura pode ser transformado em perfil onde 
a horizontal corresponde ao espaço geográfico e a vertical ao tempo geológico. No 
caso as linhas de tempo passam a ser paralelas, horizontais e eventualmente 
eqüidistantes, quando os intervalos de tempo geológico são iguais. Esta 
representação cronoestratigráfica será bastante útil quando serão desenhadas 
várias seqüências superpostas e separadas por lacunas sedimentares. 
Pode perguntar-se se as linhas de tempo são sempre obliquas com relação 
às linhas de transição de fácies. Mais uma vez é bom lembrar que esses dois 
conjuntos isócronos e de limite de fácies são na verdade superfícies que se cruzam. 
Uma seção perpendicular às antigas linhas de praia mostrará o cruzamento entre os 
dois conjuntos de superfícies, enquanto uma seção paralela às paleopraias mostrará 
o paralelismo entre os dois tipos de linhas. 
Este caso de transgressão-progradação é um exemplo da lei de Walther, 
formulada, por ele, em alemão, em 1894. 
 
“Ao empilhamento vertical de uma seqüência gradativa de litofácies, 
correspondia, durante cada fase da sedimentação, a mesma sucessão 
horizontal de litofácies”. 
 
A estratificação, que representa paradas curtas na sedimentação é paralela 
às linhas de tempo e cruza, evidentemente, os limites de fácies. À escala de detalhe, 
as variações laterais de fácies podem ocorrer pela indentação de camadas das duas 
litologias bem definidas terminando em pontas, lateralmente, ou camadas contínuas 
passando lateralmente de uma litologia para outra. 
Neste estágio do curso, já sabemos que os estratígrafos têm a disposição três 
tipos de perfis para suas representações gráficas.O primeiro tipo (Fig. 3.6.) representa a distância horizontal e a espessura 
vertical, medidas em metros. As escalas horizontais e verticais precisam ser iguais. 
Caso contrário, ocorrem distorções que fazem variar a espessura das unidades 
estratigráficas e aumentam os ângulos de mergulho das camadas. O desenho do 
perfil em subsuperfície pode ser executado usando técnicas de desenho geológico, 
como o método de Busk que será estudado no próximo capítulo. Quando existem 
sondagens profundas, suas descrições são usadas para traçar os limites entre 
unidades, em subsuperfície. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O segundo tipo de perfil (Fig.3.7.), geralmente chamado de perfil 
cronoestratigráfico, representa, na horizontal, a distância entre os pontos de 
observações e na vertical o tempo geológico. Este tipo de perfil tem como vantagem 
de representar as interrupções na sedimentação (discordâncias) não apenas por 
Fig. 3.6 
 38 
 
 
uma linha, mas por uma superfície na qual a espessura vertical indica o intervalo de 
temo durante o qual, naquela vertical, nenhum registro estratigráfico foi depositado 
ou conservado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O terceiro tipo de perfil estratigráfico (Fig. 3.8) é obtido a partir do método 
geofísico de sísmica de reflexão. Da uma boa idéia da estrutura interna de uma 
bacia sedimentar. As linhas superpostas que formam este tipo de perfil são 
superfícies de reflexão das ondas sísmicas emitidas artificialmente pelos técnicos 
que realizam o levantamento. Neste tipo de perfil, a horizontal representa as 
distâncias horizontais no campo e as distâncias verticais representam o tempo 
necessário (em segundos) para as ondas sísmicas descer até cada refletor e voltar 
na superfície. Depois de tratamento complexo, onde entra em consideração a 
velocidade de deslocamento das ondas sísmicas em cada tipo de rocha, a escala 
vertical pode ser transformada em espessura de rocha sedimentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3.8 
Fig. 3.7 
 39 
08. CORRELAÇÃO ESTRATIGRÁFICA 
 
8.1 – Conceito 
• Determinação da correspondência entre colunas estratigráficas ± afastadas 
entre si; 
• Definição da extensão e equivalência de unidades estratigráficas; 
• Permite uma visão do quadro estratigráfico regional. 
 
 
8.2 – Tipos 
• Litocorrelação → correlação entre unidades litoestratigráficas (membros, 
formações, grupos). 
Critérios → litologia, espessura, granulometria, estruturas. 
Identificação e definição de camada-guia → horizonte de fácil identificação e 
grande persistência lateral. 
Ex: conglomerado, camada de carvão, calcário com fósseis, etc. 
 
• Cronocorrelação → correlação de crono-horizontes definidos pelo conteúdo 
paleontológico / geocronológico ou ainda eventos paleoclimáticos. 
 Sistema → Cretáceo 
Unidade cronoestratigráfica Série Superior 
Andar intervalo geocronológico Inferior 
 Andares (12) 
• Biocorrelação → correlação entre unidades bioestratigráficas (biozonas). 
 
 Conteúdo definição correlação 
Paleontológico de biozonas de biozonas 
 
Variação faciológico cria diversidade 
faunística ao longo de um mesmo 
biohorizonte. 
Biozonas continentais: 
pólens, esporos, ostracodes; 
 Biozonas marinhas: 
 foraminíferos, ostracodes, 
 conodontes, nanofósseis 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS: 
MENDES, J.C. 1984 – Elementos de Estratigrafia. Edusp, 566p. 
 40 
8.3 – Gráficos de correlação – EXEMPLOS 
 
Bacia do Maranhão – Piauí (Parnaíba) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bacia do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
 
 42 
09. SISMOESTRATIGRAFIA 
 Um dos ramos mais dinâmicos da estratigrafia e da geofísica é a estratigrafia 
sísmica. Com ela, hoje é possível determinar, não apenas horizontes estratigráficos, 
mais também a geometria das seqüências e sua história deposicional, reconhecer 
discordâncias, reconstituir a história transgressiva-regressiva de uma área, e mesmo 
detectar a presença de fluidos e caracterizar acumulações de hidrocarbonetos. A 
estratigrafia sísmica permite estudos bi e tridimensionais de geologia de 
subsuperfície, com resolução entre dezenas e centenas de metros. A técnica é 
também cada dia mais acessível economicamente, e bem mais barata que de furar 
um poço exploratório. 
 
9.1 - Metodologia 
 De maneira simples, a sísmica de reflexão consiste em produzir uma onda e 
registrar os ecos. Em terra, a onda é produzida por explosão de dinamite ou por 
emissão de vibração possante a partir de instalação montada sobre caminhão - o 
sistema vibroseis desenvolvido pela Conoco é o mais conhecido. No mar, a onda 
é produzida a partir de um canhão a ar que explode uma bolha de gás debaixo 
d’água. Em terra, o retorno da onda é registrado por geofones e na água por 
hidrofones. 
 Um geofone (fig. 8.2) é constituído de uma caixinha contendo 
um imã e uma bobina suspensos por uma mola e ligados a um fio 
elétrico. O conjunto é plantado firmemente no chão. Com a volta da 
onda na superfície, o geofone movimenta-se proporcionalmente à força 
da sacudidela. O imã fica parado devido à inércia. O movimento 
relativo entre as duas partes gera uma corrente elétrica proporcional a 
força da onda refletida, que é registrada em outro caminhão laboratório 
equipado com sofisticado equipamento eletrônico. 
 A figura 8.3 mostra como é registrado um horizonte de reflexão, onde, no 
exemplo, existe um pequeno rejeito por falha de gravidade. A figura mostra como é 
registrada a posição do refletor, no ponto P, para cada posição diferente do 
vibroseis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Depois do levantamento completo do perfil sísmico, existirá, para cada ponto, 
tantos registros que o número total de posições do vibroseis. Neste momento, 
começa para cada ponto investigado, a confrontação das várias linhas obtidas, o 
 
Geofone 
 Fig. 8.3. 
Fig. 8.2. 
 43 
que representa um tremendo trabalho de computação. No final, resultará uma única 
linha vertical, sem ruído, e com o horizonte de reflexão na posição certa, na escala 
vertical. A figura 8.4 mostra as transformações ocorridas para cada linha vertical nos 
pontos de observações do perfil sísmico. 
 
 
 
Este registro pontual aparece como uma linha vertical impressa em papel, 
mostrando um desvio para a direita, na posição de cada refletor (Fig. 8.5). Para 
realçar sua localização, o desvio fica automaticamente preenchido por tinta preta. A 
escala vertical deste registro é o tempo necessário, em fração de segundo, para a 
onda bater no refletor e voltar na superfície. Esta característica dos perfis sísmicos já 
foi mencionada quando foram comparados os vários tipos de perfis usados em 
estratigrafia. A identificação de cada posição vertical de reflexão e a justaposição 
lateral da seqüência de linhas tratadas permite finalmente traçar os horizontes 
refletores (Fig. 8.6). 
 
 
 
 Fig. 8.4. 
 Fig. 8.5. Fig. 8.6. 
 44 
 Os horizontes de reflexão são, na maior parte das vezes, superfícies de 
acamamento. Conseqüentemente, são superfícies isócronas. 
Para existir reflexão, é indispensável que a superfície separe corpos de rocha 
com impedância diferentes (densidade da rocha x veloc. de propagação da onda). 
A maior impedância deve pertencer ao corpo rochoso inferior. 
 ρ2 v2 - ρ1 v1 ρ = densidade 
 Coeficientede reflexão = C. R. = 
 ρ2 v2 + ρ1 v1 v = velocidade da 
 onda 
 1 : rocha sup. 2 : rocha inferior 
 
 
 
9.2 - Relação entre refletores e limites de seqüências, na interpretação dos 
perfis sísmicos 
 
Observando uma determinada seqüência, por exemplo, a seqüência do meio 
da fig. 8.7, devem ser analisados separadamente os contatos de refletores com os 
limites inferior e superior. 
 
 
 
Para cada limite, tanto inferior quanto superior, os refletores podem ser: 
• ou concordantes 
• ou discordantes. 
 
Os refletores discordantes podem ter três origens diferentes. 
• Terminação lateral das camadas, no seu limite original de deposição: 
Lapout. 
• Truncamento por erosão. Ocorre unicamente no limite superior da 
seqüência. 
• Truncamento tectônico. Ocorre no caso de contato de seqüências por 
falhas. Devem ser incluidos também os contatos com olistostromas, de 
qualquer tamanho, inseridos por deslizamentos sinsedimentares entre 
seqüências. 
 
 
 
 
 
 Fig. 8.7. 
 45 
Limite inferior da seqüência 
 
Concordância 
 
Os refletores (camadas) estão concordantes 
com o limite inferior da seqüência. 
 
Lapout (ou Baselap). Existem dois tipos : Onlap e Downlap 
 
Onlap 
Camada originalmente horizontal termina 
contra uma superfície originalmente inclinada, ou 
camada originalmente inclinada termina, no ponto 
mais alto, contra uma superfície com inclinação 
original maior. 
 
Downlap 
Camada originalmente inclinada termina, no 
ponto mais baixo, sobre uma superfície 
originalmente horizontal ou inclinada. 
 
Evidentemente, Onlap e Downlap podem ser 
diferenciados, apenas quando não ocorrerem muitas deformações tectônicas. 
 
Limite superior da seqüência 
 
Concordância 
 
Os refletores (camadas) estão 
concordantes com o limite superior da seqüência. 
 
Toplap 
 
É um “Lapout” no limite superior da seqüência 
deposicional. Corresponde a uma progradação 
em água rasa. 
 
 
Truncamento por erosão 
 
Terminação lateral de camadas, por erosão. 
Evidentemente pode ocorrer apenas no limite 
superior da seqüência. 
 
 
9.3 - Fácies Sísmicas 
 
Uma fácies sísmica é uma unidade estratigráfica mapeável, definida por 
sísmica reflexão. É constituída de um grupo de refletores caraterizados por 
parâmetros diferentes dos grupos vizinhos. Os parâmetros considerados são: a 
 46 
configuração, a amplitude, a continuidade, a freqüência e a velocidade da onda no 
intervalo, a geometria. 
 
Configuração 
Mostra o padrão da estratificação dentro da seqüência sedimentar. Informa a 
respeito dos processos de deposição, relacionados com a paleogeografia. 
 
Paralela Divergente 
 
 
 
 
 
Progradante 
• Sigmoidal 
 
 
• Obliqua tangencial 
 
 
• Obliquo paralelo 
 
 
Caótica 
A configuração caótica representa 
deformação sinsedimentar no pacote 
investigado. 
 
Sem reflexão 
É o caso de um pacote de sedimento homogêneo, por 
exemplo argilito. 
 
Resumindo, a configuração dos refletores informa sobre: o padrão de 
estratificação, os processos de deposição, a paleogeografia. 
 
Continuidade dos refletores 
Informa a respeito da continuidade das estratificações e dos processos de 
deposição. 
 
Amplitude dos refletores. 
Corresponde a espessura das linhas. É relacionada com os contrastes de 
impedância. Depende dos conteúdos em fluidos e da espessura das camadas. 
 
Freqüência dos refletores. 
Depende dos conteúdos em fluidos e da espessura das camadas. 
 
Velocidade de propagação. 
Pode ser determinada, com aparelhagem adequada, depois de furar um poço 
de exploração. Dá uma estimativa da litologia, da porosidade e do conteúdo em 
fluidos. 
 
 47 
9.4 - Geometria da unidade sísmica 
 
Informa sobre o ambiente de deposição, a fonte do sedimento, o quadro 
geológico. Entre outras, são típicas, as geometrias dos recifes, dos leques 
submarinos (fig. 8.22). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEIA MAIS 
 
SEVERIANO RIBEIRO, H.J.P. 2001 – Estratigrafia de Seqüências: fundamentos e 
aplicações. Ed. Unisinos, 428 pg. 
- Martins, J.L. (2001). Noções do método sísmico e de resolução sísmica. 
Cap. 4, pg. 43-70 
- Severiano Ribeiro, H.J. (2001). Sismoestratigrafia. Cap. 5, pg. 73-78. 
PAITON, C. E. (Editor), 1977 – Seismic Stratigraphy – Applications to Hidrocarbon 
Exploration. Tulsa, AAPG, Memoir 26. 
Fig. 8.22. Exemplos de geometrias de unidades estratigráficas sísmicas. 
 48 
Exemplo prático. 
 Para colocar as mãos na massa, propõe-se interpretar um perfil sísmico de 
35 km de comprimento, onde refletores com boa continuidade e configuração 
paralela repousam sobre uma seqüência deformada e falhada por acidentes 
sinsedimentares (Fig. 8.23). 
 
 
10. ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS 
 
Estratigrafia seqüencial é um antigo conceito, já desenvolvido e aplicado pelo 
grande geólogo americano SLOSS, pioneiro da estratigrafia moderna. Seu livro, 
escrito junto com Krumbein (Krumbein e Sloss, 1963 - 2d ed.- Stratigraphy and 
Sedimentation) foi um marco no desenvolvimento de uma estratigrafia dinâmica, 
estreitamente ligada à sedimentologia e à tectônica de placas. Em 1963, outra 
publicação, também de Sloss, chama “seqüências”, os espessos empilhamentos 
sedimentares, separados por maiores discordâncias ou lacunas sedimentares, 
recobrindo o continente norte-americano, a partir dos lados do Pacífico e do 
Atlântico (Fig. 8.1). Do Cambriano até o Quaternário, as seis seqüências são 
chamadas : Sauk, Tippecanoe, Kaskaskia, Absaroka, Zuni e Tejas. 
Nesta época também, 
no continente europeu, a 
estratigrafia se desenvolvia, 
dividindo o registro 
estratigráfico em pacotes 
maiores, separados por 
discordâncias ou lacunas 
sedimentares. Estas 
subdivisões estratigráficas 
eram chamadas de ritmos, 
ciclos ou seqüências. 
As possíveis origens, 
eustáticas ou tectônicas, 
destas maiores 
discordâncias, já eram 
questionadas, na época. 
Em 1977, no Memoir 
nº 26 da AAPG (Seismic stratigraphy - Application to hydrocarbon exploration.), 
Mitchum, Vail e Thompson (p. 53) redefinem o termo seqüência deposicional, a 
partir do conceito de Sloss. “A depositional sequence is a stratigraphic unit 
composed of a relatively conformable sucession of genetically related strata and 
bounded at its top and base by unconformities or their correlative conformities”. 
Uma seqüência deposicional é uma unidade estratigráfica composta de uma 
sucessão de camadas, depositadas de maneira bastante contínua e geneticamente 
relacionadas. Ela é limitada na base e no topo por discordâncias ou concordâncias 
correlatas. Os autores ilustram o conceito pela figura que representamos 
novamente abaixo (Fig. 8.7). Na década de 70, a estratigrafia seqüencial pegou 
um grande embalo graças ao desenvolvimento da estratigrafia sísmica. Foi a 
estratigrafia sísmica que permitiu detalhar a estrutura interna de cada seqüência, 
graças ao fato de conseguir traçar linhas cronoestratigráficas. 
A estratigrafia de seqüência permitiu definir várias escalas de tamanho e 
relacionar as seqüências com os fenômenos responsáveis (causas das variações 
do nível do mar e da subsidência). 
Alguns pesquisadores, entre os quais Vail, tentaram estabelecer uma escala 
mundial das variações eustáticas do nível do mar, a partir do estudo das 
seqüências sismoestratigráficas, como será mostrado no final deste capítulo. 
 
 
 
Fig. 8.1. 
 51 
10.1 – Conceito 
 
 É o estudo das relações de rochas sedimentares dentro de um arcabouço 
cronoestratigráfico de estratos geneticamente relacionados, limitados

Outros materiais