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�� � Teoria Geral e Crítica do processo – Simone Daudt 1° Bimestre 1- Conceito de Teoria Geral do Processo: Para iniciar, o conceito de “teoria” significa um conjunto de conceitos sistematizados que permitem conhecer determinado domínio da realidade. A teoria Geral do Processo pode ser definida por um grupo de conceitos organizados que servem aos juristas para conhecer os diferentes ramos do processo. 2- Objeto: São os conceitos gerais do direito processual. 3- Âmbito de aplicação: No processo judicial e no extrajudicial. 4- Crise do processo: Descaso, falta de vontade de resolver fora da justiça, o fato das leis e do processo não conseguirem acompanhar a evolução da tecnologia e da sociedade. 5- Ações coletivas: a) Lei 4717/65 → ação popular: Visa defender qualquer ameaça ou lesão ao patrimônio público, tem legitimidade para promover a ação popular; b) Lei 6938/81 → política nacional de proteção ao meio ambiente: Trouxe a possibilidade de responsabilização civil dos poluidores do meio ambiente; c) Lei 7347/85 → da ação civil pública (LACP): Ampliação do objeto; estabeleceu que fosse cabível sempre que houvesse dano ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico a infração da ordem econômica e ainda ao consumidor. Ela criou a possibilidade do MP realizar inquérito civil, que seria a verificação se é verdade, ou ainda se é necessário entrar com ação. Ampliou a legitimidade ativa para a propositura da ação; d) CF/88 → artigo 129, III: → Estimulou as ações coletivas; → Direito difuso = é aquele em que é ligado de fato um grupo de pessoas de número indeterminado; �� � → Direitos ou interesses coletivos, são aqueles de um grupo, categoria ou classe de pessoas que estão ligadas entre si por uma relação jurídica básica (número determinado); e) Lei 8078/90 – CDC: contribui para as ações coletivas trazendo normas processuais específicas para os processos coletivos, também trouxe complemento à lei 7347/85, e esta o complementa; 6- Barreiras: 1°- Por parte dos juízes que são extremamente form alistas com relação à legitimidade ativa e ao objeto das ações; 2°- Próprio governo, o qual cria leis restringindo o modo de atuação do processo coletivo. Exemplo: artigo 1°, parágrafo ún ico, CPC; 7- Perspectivas: 1°- Que exista uma mudança, ou seja, alterações do sistema recursal brasileiro diminuindo o número de processos; 2°- Aumentar o poder dos juízes do 1° grau. Sociedade e sistema jurídico: 1- Sociedade e Direito: Não há sociedade sem direito, pois este é responsável em regular as condutas. Uma forma de controle social, pois impõe condutas a serem vigiadas e suas respectivas sanções. Desempenha uma função coordenadora na sociedade. 2- Função do Estado: • Objetivo: artigo 193, CF; • Legislativo: criar normas de caráter genérico e abstrato, estabelecendo o que é lícito e/ou ilícito; • Executivo: compete administrar, governar e ainda podem vetar ou sancionar as leis; • Jurisdicional: compete a resolução dos conflitos através da aplicação das normas abstratas e genéricas ao caso concreto, nessa função, passam a ser específicas ou individuais ao caso concreto. 3- Funções do direito: �� � 1°- direção de condutas (função preventiva): O dire ito tem a função de convencer a sociedade de que os modelos previstos pelas normas são os mais adequados para a harmonia da sociedade. Cabe ao direito não impor as normas, é preciso que as pessoas sejam conduzidas pelo direito, convencidas de que isto seja útil. Exerce uma função regulativa, pois descreve a conduta cuja observância é obrigatória a fim de evitar uma sanção; 2°- tratamento de conflitos: Quando falha a direção de condutas nasce o direito assim compete ao direito solucioná-lo, isto é uma intervenção posterior. 4- Modos de solução de conflitos: Os conflitos nascem da razão de uma pretensão insatisfeita ou de várias. Os conflitos atualmente são solucionados, como regra geral, através do poder judiciário, porque o Estado entende que esta é uma tarefa que o compete solucionar. *Evolução: a) Autonomia: Autoregular-se; quando as próprias partes resolvem os seus conflitos, sem a interferência de um terceiro. a.1) Autotutela: Vingança privada, justiça com as próprias mãos, ou seja, a parte resolve o seu conflito, utilizando todos os meios necessários, inexiste um juiz, e a parte mais forte impõe a decisão a outra parte. A vingança privada não representa uma decisão justa, pois prevalece o interesse do mais forte e nem sempre este é que tem razão. É incompatível com a paz social, sendo praticamente abolido, considerado crime, salvo em casos previstos em lei (artigo 345, CP). Exemplo: Legítima defesa pessoal ou de terceiros. a.2) Autocomposição: Quando as partes resolvem o conflito através do acordo, podendo ocorrer de três formas: → Submissão: quando a parte que tem contra si uma pretensão se submete a vontade da outra. → Desistência: Ocorre quando a parte renuncia a sua pretensão. → Transação: Quando ambas as partes sedem chegando a um consenso. �� � 1°* Jurisdição: Quando os juízes atuam em substitui ção a vontade das partes em solução do conflito. Ela só atua se é provocada, é inerte, aguardando a iniciativa das partes através do processo. 2°* Processo: Instrumento através do qual os órgãos jurisdicionais atuam a fim de pacificar as pessoas conflitantes, eliminando o conflito e fazendo cumprir o preceito jurídico no caso concreto. b) Heteronomia: Quando há um terceiro imparcial para solucionar o conflito, sendo de dois modos: → jurisdição de juízes estatais; → arbitragem. 5- Meios alternativos de solução de controvérsias: → Conciliação: artigo 125, IV, CPC; artigo 331, CPC; lei 9099/95: juizado especial civil (JEC). Não é possível a conciliação quando se tratar de direitos indisponíveis, exceto no direito penal; → Mediação: Quando um terceiro aproxima as partes; → Arbitragem: Questões: 1) Como se convenciona a arbitragem? Conforme o artigo 3° da lei 9307 de 1996, as partes interessadas podem determinar algum juiz arbitral por convenção própria. 2) Diferencie cláusula compromissória e compromisso arbitral: No compromisso arbitral as partes submetem um litígio não somente a arbitragem de uma pessoa como também de mais de uma ou ainda judicial ou extrajudicial. 3) Quais os requisitos do compromisso arbitral? Deve conter nome, profissão e estado civil das partes; nome, profissão e domicílio do(s) árbitro(s) e a identificação ás quais as partes delegaram a indicação de árbitros; a matéria que será objeto da arbitragem, e, por fim, lugar onde será proferida a sentença arbitral. 4) Explique se há regra específica para convenção de arbitragem nos contratos de adesão: Nestes tipos de contratos, para se ter efeitos é necessário que o adepto aceite a iniciativa de instruir a �� � arbitragem, através de documento anexo ou em negrito, com assinatura. 5) Quem pode utilizar a arbitragem? Pessoas capazes de exercer as atividades civis. 6) Quais direitos podem ser submetidos à arbitragem? Os relativos a direitos patrimoniais disponíveis. 7) Quem pode ser árbitro? Pessoas capazes de exercer as atividades civis que tenham a confiança das partes. 8) Existe o impedimento ou a suspeição de um árbitro? Existem os dois. 9) A sentença arbitral precisa de homologação judicial? Não, somente as sentenças arbitrais extra-nacionais. 10) Quais os requisitos da sentença arbitral? Nome das partes, resumo do litígio, os fundamentos da decisão, estando expressamente se fora conforme a equidade, o dispositivo que o(s) árbitro(s) utilizou para a fundamentação da resolução da lide e o local onde foi proferida a sentença e a data desta.11) A sentença arbitral pode ser revista pelo judiciário? Em caso positivo, explique as citações? Somente quando a sentença arbitral for nula. 12) Quais os efeitos de sentença arbitral? Os mesmos da sentença proferida pelo poder judiciário. Ciência Processual: 1) Teoria dos planos: a) Plano do direito material: Inicia-se com um Direito subjetivo (incide a regra abstrata sobre determinado fato), após isso, pode-se ter pretensão material (direito alcançado ou violado), e, por fim, resulta numa ação material (é o agir do titular do direito subjetivo é o recurso para o inadimplemento da pretensão material). b) Plano do direito material: Tem-se o direito a tutela jurisdicional (é a garantia do acesso a justiça, uma vez que o Estado impediu o �� � exercício do direito material), depois se tem a tutela jurídica (é o fator de exigibilidade do direito subjetivo, ou ainda as expectativas de direito), e por fim, há a ação processual (é o veículo através do qual ocorre a satisfação do direito material). 2) Direito substancial e direito processual: O primeiro, também chamado de material, é o conjunto de normas que disciplinam as condutas sociais referentes a bens e utilidades da vida, são normas abstratas que trazem comandos que estabelecem as condutas consideradas relevantes para o convívio em sociedade, tais como o CC, CP, entre outras leis. Já a segunda, são as normas e princípios que regulamentam o processo, estabelecem como conduzir o processo, além de organizar e estruturar da função judiciária. 3) Fase evolutiva do direito processual: a- Sincretismo: Nesse período o processo era considerado parte integrante do direito material, o direito de ação era simplesmente a reação do direito material a uma violação. b- Autonomista/Conceitual: Buscava-se responder a seguinte pergunta: Sempre que o Estado é acionado por intermédio do processo está presente o direito material?”. A maioria entendeu que nem sempre o direito material esta presente, surgiu a teoria dualista e com ela separação entre direito material e processual. c- Instrumentalista: Fase atual onde se analisa o processo pela ótica do resultado, sendo ele um importante instrumento a serviço da sociedade, e em razão disso, deve ser realizado de maneira a responder os anseios da sociedade. 4) Enquadramento do Direito Processual: Enquadra-se no ramo público. 5) Divisão do Direito Processual: Processo civil, penal e do trabalho (fins didáticos). 6) Conteúdo do Direito Processual: 1°- Normas de organização, que estabelece a estrutu ra organizacional da função judiciária, como o regimento interno do STF, dos tribunais, e normas de competência, as quais dispõem sobre a competência territorial em razão da matéria e da funcionalidade dos julgadores. �� � 2°- Normas de processo: aquelas que disciplinam o p rocesso e a situação jurídica dos envolvidos no processo. O Direito processual sob a perspectiva constitucional: 1) Processo e constituição: a) Estrutura dos órgãos jurisdicionais: A fim de garantir a justiça e a efetividade do processo. b) Princípios processuais: Os princípios informadores do processo são trazidos pela constituição, os quais são influenciados por movimentos históricos, sociais, políticos, que servem como instrumento ético e técnico para a efetividade da justiça. 2) Direito processual constitucional: Conjunto de normas que traçam o perfil constitucional da jurisdição que tem relação direta com o direito processual. a) Princípio de organização judiciária: a.1) Princípio da desconcentração: Diz respeito a divisão entre as funções do poder judiciário; a.2) Princípio da territorialidade: Os órgãos que compõe o poder judiciário estão em todo o território nacional, cada um com uma circunscrição, ou seja, cada um julga em sua comarca; a.3) Princípio da adequação: Diz respeito a matéria do litígio para determinar qual órgão do poder judiciário tem competência para conduzir e julgar os processos; a.4) Princípio do duplo grau: Garante um novo exame da matéria (direito a recurso). Críticas a este princípio: *1°- Retira o poder dos juízes de 1° grau; *2°- Protela o feito contribuindo para a morosidad e do processo; b) Tutela constitucional do processo: A constituição preocupa-se em regular o direito de ação, defesa e as garantias constitucionais; b.1) Acesso a justiça: Artigo 5°, XXXIV, CF; b.2) Garantia do devido processo legal: Artigo 5°, LIV, CF. � � Deste decorrem outros princípios como o juiz natural, o contraditório, ampla defesa, igualdade processual, dever de fundamentação das decisões, liberdade provisória, direito de permanecer calado, da inocência, entre outros; c) Jurisdição constitucional: Refere-se pelo controle de constitucionalidade exercido pelo poder judiciário e as ações constitucionais; c.1) Controle de constitucionalidade: *1°- Preventivo: Artigo 103, CF. O legislativo cria, enquanto o executivo aprova; *2°- Repressivo: Realizado pelo poder judiciário, sendo duas formas: A) Difuso: Feito por qualquer juiz, sendo que a sentença gera efeitos somente entre as partes envolvidas; B) Concentrado: é aquele em relação a Constituição realizado pelo STF, pelas Ações Diretas de Inconstitucionalidade ou Ação Declaratória de Constitucionalidade. Estas sentenças possuem efeitos vinculantes. c.2) Remédios constitucionais: São ações constitucionais. → Habeas Corpus – Artigo 5°, LVXIII, CF; → Mandado de Segurança – Artigo 5°, LXIX, CF; → Mandado de Injunção – Artigo 5°, LXXI, CF; → Ação Popular – Artigo 5°, LXXIII, CF; → Ação Civil Pública – Artigo 129, III, CF; → Habeas Data – Artigo 5°, LXXII, CF. Princípios Informativos: São aqueles que norteiam todos os outros princípios, são normas ideais e orientadoras. a) Lógico: O processo segue uma sequência coordenada em lógica de fatos, sendo esta predeterminada; � � b) Econômico: Estabelece a economia de custos e tempo bem como a de atos de eficiência. Esta prevista no artigo 154 do CPC; c) Político: É a participação do cidadão através do processo para realização dos direito individuais e sociais; d) Jurídico: Entendido como o princípio da igualdade, da isonomia. Este pressupõe que todos os indivíduos estão numa situação real, fática e concreta de igualdade; e) Instrumental: Garante o pleno acesso ao poder judiciário, buscando a satisfação efetiva do direito material violado; f) Efetivo ou Efetividade: Estabelece a supremacia do interesse público e social no processo, busca-se uma justiça social. Como exemplos têm-se a proteção ao meio ambiente, a função social da propriedade. Princípios da Jurisdição e Juiz: a) Juiz natural: Estabelece que ninguém será sentenciado ou condenado se não pela autoridade competente, além de não ser criado juízo ou tribunal de exceção; b) Inércia da jurisdição: A jurisdição só atua se for provocada ela é inerte aguardando a iniciativa da parte, porém ela não é inócua, pois uma provocada cabe ao juiz movimentar-la. Esta prevista no artigo 262 do CPC; Observações: Algumas exceções: - Artigo 989 do CPC; - Artigo 1129 do CPC; - Na justiça do trabalho as execuções iniciam de ofício; - Artigo 654, § 2° do CPP; Em matéria civil só a parte ou interessado pode provocar a jurisdição (artigo 2°, CPC), enquanto que em matéria penal, é outorgada, como regra geral, ao MP o direito de provocar a jurisdição, o ofendido fica duplamente impedido de agir; c) Independência: A jurisdição não pode sofrer interferências de fatores externos nem mesmo de órgãos superiores do poder judiciário, o juiz ��� � tem que ser livre para formar o seu convencimento, e para isso, é garantido na constituição vários direitos ao mesmo; d) Imparcialidade:O juiz não pode ter interesses pessoais em relação às partes em litígio, nem tirar proveito da ação (artigos 134 e 135 do CPC); e) Inafastabilidade do poder judiciário: Não pode ser criado qualquer obstáculo para a apreciação pelo poder judiciário de lesão ou ameaça a direito (artigo 5°, XXXV, CF). A crítica a este princípio é a onipresença do poder judiciário em todas as situações da vida em sociedade. f) Gratuidade judiciária: Garante a justiça gratuita tanto na isenção do pagamento de custos quanto no patrocínio por advogado gratuito; g) Investidura: Só pode julgar processo judicial a pessoa que for regularmente investida no cargo de juiz, pois isto é uma atividade inerente a um dos poderes do Estado; h) Aderência ao território: Cada juiz só exerce a sua jurisdição no limites territoriais fixados em lei. Exceção: Quando um imóvel se achar em mais de um estado ou comarca, prorroga-se a competência tornando-se prevento o juiz que primeiro receber o processo (artigo 107, CPC); i) Indelegabilidade: É vedado ao juiz delegar funções, a Constituição estabelece as atribuições do poder judiciário, logo, não pode a lei nem qualquer um de seus membros alterarem esta distribuição. Exceção: Cartas Precatória (âmbito nacional), Rogatória (âmbito extra nacional) e de ordem (quando os juízes pedem aos juízes menores que se façam diligencias); j) Indeclinabilidade: O juiz não pode deixar de julgar alegando lacuna ou omissão da lei, a jurisdição é poder/dever (artigo 4° da LICC); k) Inevitabilidade: A jurisdição se impõe por poder próprio, uma vez provocada terna-se inevitável; l) Independência da jurisdição civil e penal: Significa que um mesmo fato pode ser objeto de um julgamento tanto na esfera civil quanto na esfera criminal. Sem incidência plena, pois o juiz do processo civil pode suspender o andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal (artigo 110, CPC); ��� � m) Perpetuação da jurisdição: Em se tratando de competência relativa, uma vez fixada não será alterada (quando mais de um juiz tem competência para julgar, o primeiro é quem julgará); n) Recursividade: Garante o reexame da matéria podendo ser realizado pelo mesmo juiz; como exemplo tem os embargos de declaração (recurso ao mesmo juiz por haver em sua decisão omissão, obscuridade e/ou contrariedade). Princípios da Ação e Defesa: a) Acesso a justiça: Vem garantido na Constituição, não se afastando do poder judiciário nenhuma lesão ou ameaça de lesão a um direito, e para que o acesso seja viável é preciso observar alguns requisitos: 1°- Representação legal daqueles com insuficiência de recurso; 2°- Proteção aos interesses difusos valorizando-se ações coletivas; 3°- Simplificação de atos e procedimentos de forma a ternar mais célere a prestação da tutela jurisdicional; *4°- Orientação dos direitos existentes; b) Demanda: É do cidadão e não do juiz a iniciativa de movimentar a jurisdição, cabe a parte ou interessado acionar o poder judiciário, enquanto o princípio da inércia é visto pelo lado passivo, a jurisdição aguarda a iniciativa da parte; c) Autonomia da ação: O direito de provocar o poder judiciário não está submetido a qualquer condição, pois a ação é autônoma em relação ao direito material postulado; d) Do dispositivo: As partes têm plena liberdade de limitar a ação do juiz aos fatos e pedidos que entenderem necessários para a composição do litígio não existindo margem para a curiosidade do juiz, porém as partes não podem limitar o juiz quanto ao valor das provas (artigo 128, CPC). O juiz é livre para determinar a realização de todas as provas que entender adequadas para a solução do litígio ainda que não requeridas pelas partes (artigo 130,CPC); ��� � e) Ampla defesa: A parte tem o direito de alegar e provar o que alega tendo também o direito de não se defender (artigo 5°, LV, CF); f) Defesa global: Compete ao réu alegar em defesa toda a matéria que tiver, mesmo que as razões sejam incompatíveis com as outras. g) Da eventualidade: As partes têm a obrigação de produzir de uma só vez todas as alegações e requerimentos nas fazes processuais correspondentes, ainda que incompatíveis umas com as outras, sendo inobservado este princípio acarreta na preclusão (perda do direito em razão de não o requerer no tempo adequado). Cabe ao autor alegar todos os fatos e demonstrar seu direito na petição inicial, e para o réu cabe impugnar os fatos modificativos extintivos ou constitutivos da pretensão do autor; h) Estabilidade objetiva da demanda: O autor não poderá alterar o pedido ou a causa de pedir após a citação, exceto com a concordância do réu; i) Estabilidade subjetiva da demanda: Feita a citação, estabiliza-se os sujeitos que formam a relação processual, não sendo possível alterá-los, salvo nos casos previstos em lei, assim como se da o falecimento de uma das partes, logo será substituído por seu espólio ou herdeiros; j) Inocência: Previsto no artigo 5°, LVII, da constituição. Princípios do Processo e Procedimento: a) Devido processo legal: Ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. b) Impulso oficial: Cabe ao juiz impulsionar o processo, realizando todos os atos para finalizá-lo; c) Boa-fé: Diz respeito à conduta ética a ser observado pelas partes. Exemplos: - Pena de litigância de má-fé (pena pecuniária que o juiz impõe para a parte que interpor recurso manifestamente protelatório); - Quando a parte alterar a verdade dos fatos - Deduzir pretensão ou defesa contra texto de lei ou fato incontroverso; - Quando a parte opuser injustificada ao andamento do processo; ��� � d) Contraditório: Estabelece a estrutura dialética do processo, por este princípio há a garantia da outra parte manifestar-se a respeito de todos os fatos, documentos e provas produzidas no processo. Exigi-se o contraditório para o réu que não se defenda. e) Representação por advogado: O advogado é indispensável à administração da justiça, como regra geral, só ele tem capacidade postulatória. Alguns casos em que não se precisa de advogado: Habeas Corpus, juizados criminais civis (até 20 salários mínimos); f) Publicidade: Todos os julgados dos órgãos do poder judiciário são públicos, podendo a lei limitar a presença, as partes e aos advogados ou somente a estes quando a defesa da intimidade ou do interesse social exigir; g) Finalidade: Se o ato atingir a sua finalidade e não prejudicar a parte ainda que praticado de maneira diversa da prevista em lei, ele não será nulo; h) Causalidade: Anulado um ato, reputam-se todos os subsequentes que dele dependerem; i) Licitude das provas: Todas as provas obtidas por meio lícito são hábeis para o processo; j) Livre admissibilidade das provas: Qualquer meio lícito pode ser utilizado para provar os fatos deduzidos em juízo; k) Ônus da prova: Estabelece quem tem o dever de produzir a prova, como regra geral, cabe ao autor comprovar os fatos constitutivos do seu direito e ao réu os fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor. A regra geral excetuada nos casos em que há inversão do ônus da prova e nas relações das provas; l) Comunhão das provas: As provas pertencem ao juízo independente de quem as realizou; m) Concentração: Os atos processuais devem ser realizados o mais próximo possível um dos outros, para evitar que importantes elementos sejam perdidos; n) Adstrição do juiz ao pedido: É defeso ao juiz proferir sentença além do pedido, fora, ou ainda, menor do que foi requerido (artigo 460, CPC); ��� � o) Identidade física do juiz: O juiz que colher a prova é quem deve julgar, salvo nas situações previstas em lei, tais como: estar o juiz em licença, for promovido, removido, aposentado (artigo132, CPC); p) Prejuízo: Não há nulidade sem prejuízo, ou seja, só será decretada a nulidade se causar prejuízo, salvo quando a nulidade for causada pela própria parte prejudicada, nesses casos o juiz não decretará a nulidade de ofício; q) Livre convencimento: As provas não possuem um valor fixo, sendo que o juiz é livre para apreciá-las (artigo 131, CPC); r) Motivação: O juiz deverá indicar na decisão os motivos que formaram o seu convencimento, ele deve expressar um motivo valorativo; s) Imutabilidade da sentença: Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la para corrigir erro material (erro de digitação), de calculo ou através de embargos de declaração (ter omissão, obscuridade e/ou contrariedade); t) Duplo grau de jurisdição: Garante o reexame da matéria por um grau de hierarquia superior, como regra geral é voluntária. Exceções: sempre que uma sentença for proferida contra: - União; - Estados; - Autarquias estatais; - Quando julgar procedente os embargos contra a fazenda pública; u) Verdade real e a formal: A primeira busca a verdade absoluta, sendo utilizada no processo penal, pois o objetivo é descobrir a verdade a fim de punir os que são efetivamente culpados; como exemplo tem-se a exposição dos motivos no CPP. Já na segunda, o processo contenta-se com a aparência de verdade quando impossível, difícil ou inconveniente de alcançar a verdade absoluta, no processo civil não se exige certeza, o juiz decidirá ainda que tenha dúvidas sobre a ocorrência ou não de determinada hipótese; como exemplos têm-se a confissão do réu e a revelia (presumir verdadeiro os fatos alegados pelo autor); v) Persuasão racional: O juiz é livre para formar o seu convencimento devendo atender aos fatos e as circunstancias constantes nos autos, assim como motivar o seu convencimento. ��� � No tribunal do júri existe o sistema da íntima convicção, pois não importa a razão ou por emoção que haja levado o jurado pelo sim ou pelo não. Fontes: É dividida em fontes reais, sendo as causas, motivos, fatores econômicos, políticos e sociais pelo qual as leis foram criadas, respondem ao porque da norma, e em fontes formais, que consistem na maneira através da qual as regras se manifestam, ou seja, leis em sentido amplo, tais como a Constituição Federal, Leis complementares (lei orgânica da magistratura) e Ordinárias (CPC, CC, CPP, CP, entre outras), regimes internos dos tribunais, tratados, súmulas (tanto as vinculantes quanto as “comuns”), Constituições estatais e as fontes subsidiárias (princípios gerais, costumes e analogia). Interpretação: 1) Conceito: Atribuir um sentido a um conceito é aprender um conteúdo que está ligado a uma forma; 2) Métodos: 2.1) Quanto aos elementos: a) Gramatical: Busca o sentido literal do texto procurando determinar o significado linguístico da lei; b) Lógico: Busca-se reconstituir o pensamento e a vontade do legislador; c) Sistemática: Utiliza todo o ordenamento jurídico aplicando as legislações pertinentes ao caso concreto; 2.2) Quanto aos resultados: a) Restritiva: Usa o sentido literal do texto; b) Extensiva: Estabelece um sentido mais amplo ao texto; 2.3) Quanto aos sujeitos: a) Legislativa: É aquela autêntica, pois realizada pelo legislador, vale como norma geral; ��� � b) Judicial: É aquela realizada pelos juízes no caso concreto, a partir das circunstancias dos autos, vale como norma individual entre as partes envolvidas; c) Doutrinária: Interpretação dos juristas; 2.4) Teleológica: Prevista na Constituição, no artigo 3°, estabelece ndo os objetivos a serem alcançados através do direito, ela procura articular o direito com a finalidade a que a norma se destina, busca a função social do direito na sociedade.
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