Buscar

Alongamento Musc. Isquiotibiais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE A SENSAÇÃO DE DESCONFORTO E A 
TENSÃO APLICADA AOS MÚSCULOS ISQUIOTIBIAIS DURANTE O 
ALONGAMENTO. 
 
Rúben de Faria Negrão Filho1, Viviane Rodrigues Branco1; Fábio Mícolis de Azevedo1; 
Carlos Roberto Padovani2; Neri Alves1, Augusto Cesinando de Carvalho1. 
 
1Laboratório de Fisioterapia Aplicada ao Movimento Humano da FCT/UNESP, Presidente Prudente 
- SP. 2 Depertamento de Bioestatística, IB/UNESP, Botucatu - SP. 
 
 
Abstract: Muscle stretching is on of the most important 
resources used by physical therapists to prevent and 
rehabilitate muscle skeletal diseases. However, there 
isn’t an agreement about how to perform the maximum 
efficiency intensity of stretching. The purpose of this 
study was to comprehend the relation between stretch 
intensity and volunteer subjective information during a 
static passive stretching applied on hamstring muscle. 
Were selected 20 subjects, separated in two groups: the 
group 1, stretching program; the group 2, control. Both 
groups were submitted to 3 tests to quantify the range of 
motion, the load of stretch and biceps femoris EMG. 
This study revealed that subject’s information of 
stretching subjective sensation is trustful and efficient 
when the limit is the discomfort tension without pain, 
further, stretching can be done above this limit, once the 
space until pain emergence may provide an increase of 
flexibility. 
Key-words: stretching, hamstrings, biomechanics, 
electromyography. 
 
Introdução 
 
Dentre os diversos recursos empregados pelos 
fisioterapeutas no tratamento e prevenção de patologias 
músculo-esqueléticas, destaca-se o alongamento 
muscular, por ser largamente utilizado. No entanto, 
ainda não há um consenso de como executá-lo de forma 
a garantir sua máxima eficiência. Isto se deve às dúvidas 
geradas a partir da diversidade de técnicas, número de 
repetições, freqüência, tempo de duração e, 
principalmente, sobre a intensidade de tensão que deve 
ser aplicada ao músculo durante o alongamento. 
De acordo com a literatura, a intensidade de tensão 
no alongamento deveria ser aplicada até o sujeito referir 
um “incômodo”, “desconforto”, “tensão sem dor”, “leve 
sensação de alongamento” ou até o terapeuta sentir uma 
“rigidez” ou “restrição ao movimento”. Em um estudo 
envolvendo pessoas com lesão medular observou-se que 
os fisioterapeutas tendem a aplicar diferentes 
intensidades de tensão durante o alongamento, quando 
não são guiados pela sensação de tensão e de 
desconforto do paciente [1]. Este estudo ressalta a 
importância da sensação informada pelo paciente, ainda 
que subjetiva, durante o alongamento. Com o intuito de 
quantificar essa sensação subjetiva se propôs o uso de 
uma escala de Borg modificada (de 0 a 10) para 
classificar a sensação do individuo a cada repetição de 
alongamento [2]. Em outro estudo, os participantes 
indicaram a existência e nível de desconforto sentido 
através de uma escala analógica visual com índices de 
zero a dez indicando nenhum e o máximo desconforto 
[3]. Outros autores estudaram a relação entre o torque e 
a informação subjetiva durante o alongamento passivo, 
e observaram que, para um programa de curta duração, 
o efeito do alongamento passivo no ganho de ADM 
deve ser atribuído ao aumento da tolerância do 
indivíduo ao desconforto [4]. 
Como o limite de intensidade de tensão aplicada, 
encontrado nos estudos, é sempre determinado por 
informações subjetivas do paciente, nenhum autor 
conseguiu estabelecer uma intensidade adequada de 
estiramento em que o indivíduo deva permanecer para 
promover um alongamento efetivo. Na prática clínica, é 
freqüente a indagação sobre a quantidade de tensão que 
deve ser aplicada durante um alongamento em relação à 
sensação do paciente. Deve-se isso, como já foi citado, à 
subjetividade das sensações e a diferença de 
sensibilidade entre cada indivíduo [5,6]. 
Portanto, considerando que de todas as variáveis 
empregadas no alongamento muscular, a intensidade de 
tensão a ser aplicada é a que apresenta maior 
dificuldade de análise, pretende-se com esse trabalho 
compreender melhor a relação entre essa tensão e as 
informações subjetivas do indivíduo a respeito da 
sensação de desconforto gerada durante o alongamento. 
 
Materiais e Métodos 
 
Foram selecionados 20 voluntários, sendo 10 
homens e 10 mulheres, sem história de patologias 
músculo-esqueléticas envolvendo o quadril e o joelho. 
Os voluntários apresentaram idade média de 20 ±2,25 
anos, não tendo experiência prévia em programas de 
alongamentos musculares ou qualquer tipo de prática de 
alongamento. 
 Foram incluídos no estudo somente voluntários que 
a partir de um teste de flexibilidade dos músculos 
isquiotibiais, apresentaram perda na extensão ativa do 
joelho maior que 30º [1]. Os vinte voluntários 
selecionados apresentaram encurtamento médio de 
37,15 ±10,18 graus. 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
 
 
Após a seleção os voluntários foram divididos em 
dois grupos. O grupo 1 (G1) que foi submetido a um 
programa de alongamento dos músculos isquiotibiais da 
perna dominante e o grupo 2 (G2), que não praticou 
nenhum tipo de alongamento. 
O programa de alongamento durou seis semanas e 
era composto por três sessões semanais. Em cada sessão 
eram realizados três alongamentos com duração de 30 
segundos cada, e intervalo de 10 segundos. O momento 
em que o voluntário relatava estar sentindo desconforto, 
sem dor, foi considerado como o limite para a aplicação 
de tensão nos alongamentos. 
Para a execução do alongamento, o voluntário era 
posicionado em decúbito dorsal sobre uma prancha de 
estabilização, contendo 3 faixas de velcro para 
estabilizar o quadril e a perna não-dominante. O joelho 
da perna dominante era estabilizado em extensão 
através do uso de uma órtese. Ainda na perna 
dominante, uma tornozeleira especialmente projetada 
foi utilizada para que no momento do alongamento, 
fosse fixado a ela um puxador e um cabo preso a um 
sistema de pesos e polia que auxiliava o movimento e 
facilitava a aplicação de tensão, pelo pesquisador, 
durante o alongamento (figura 1). 
 
 
 
Figura 1: Voluntário na prancha de estabilização 
durante a execução de um alongamento. 
 
Na sétima semana, após o término do programa de 
alongamento, os voluntários de ambos os grupos foram 
submetidos a três avaliações: duas no mesmo dia com 
um intervalo de 15 minutos entre elas (t1 e t2) e a 
terceira (t3) com um intervalo de 24 horas da primeira 
avaliação. 
Durante as avaliações foram coletados os seguintes 
dados: momento da sensação de desconforto (SD), 
momento da sensação de desconforto com dor (SDD), o 
ângulo da articulação coxofemoral na SD e SDD e o 
sinal EMG do músculo bíceps femoral, também em 
ambos os momentos. 
A medida de tensão nos momentos SD e SDD foram 
feitas através de uma célula de carga para ensaios de 
tensão e compressão, tipo strain-gage, da marca 
KRATOS. As posições angulares da articulação 
coxofemoral em ambos os momentos, foram obtidas 
através de um elétrogoniometro constituído por um 
potenciômetro linear de 10 KΩ. Os sinais EMG do 
músculo bíceps femoram foram obtidos através de um 
eletrodo ativo pré-amplificado, com sítios de captação 
de Ag/AgCl, retangulares, com 10mm2 de área 
separados entre si por 10mm. 
Todos os sinais foram sincronizados, amplificados e 
amostrados a uma freqüência de 1000Hz, em um 
condicionador de sinais modelo MSC 1000 da marca 
Lynx. 
Para efeito de padronização, considerou-se a SD 
como o momento em que o voluntário sentia 
desconforto na região alongada, porem não sentia dor. A 
SDD foi definida como o momento em que o voluntário 
sentia uma sensação de desconforto, porém com a 
presença de dor. 
A sinalização por parte do voluntário, dos momentos 
relativos a SD e a SDD, foifeita verbalmente e através 
do acionamento de um dispositivo localizado em sua 
mão. Este dispositivo, composto por um sensor de 
pressão, também foi acoplado ao condicionador de 
sinais e sinalizava em um de seus canais os momentos 
relativos a SD e a SDD. 
Após a aquisição os sinais foram selecionados a fim 
de serem processados para a obtenção das variáveis de 
interesse. 
Do sinal EMG foram selecionadas três janelas de 
100ms no repouso, na SD e na SDD, respectivamente. 
Foram calculados os valores de RMS do sinal referente 
a cada trecho sendo que o RMS da SD e SDD foi 
normalizado em função do RMS da Contração 
Isométrica Voluntária Máxima (CVIM). 
 Também de ambos os momentos foram extraídos os 
valores de tensão aplicada e posição angular da 
articulação coxofemoral. Estas variáveis foram 
aplicadas a um modelo biomecânico que serviu para 
calcular os valores de torque, gerado pela ação passiva 
dos isquiotibiais, no sistema submetido ao alongamento 
(figura 2) [4]. 
A partir do diagrama e considerando que o sistema 
se encontrava em equilíbrio estático, ΣF=0 e Στ=0, em 
ambos os momentos, SD e SDD. Obteve-se o torque 
passivo gerado pelos isquiostibiais através da equação 1. 
 
 
 
τH = (D3 . Fa ) – (D1 . Pc . cosθ) - (D2 . Pp . cosθ) (1) 
 
 
 
Os valores normalizados do sinal EMG foram 
submetidos a análise de variância não paramétrica 
(ANOVA) para um modelo com dois fatores 
considerados repetidos. 
 
 
 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FA
 
Figura 2: Diagrama do sistema formado por quadril, joelho e 
tornozelo, mostrando a distribuição das forças que agem na 
coxa e na perna e sendo: θ o ângulo de flexão da articulação 
do quadril; FA a tensão aplicada ao tornozelo do voluntário; D1 
a distância do eixo de rotação ao centro de gravidade da coxa; 
D2 a distância do eixo de rotação ao centro de gravidade da 
perna; D3 a distância do eixo de rotação ao maléolo lateral do 
tornozelo; PC e PP o peso da coxa e da perna, respectivamente; 
CGC e CGP o centro de gravidade da coxa e da perna, 
respectivamente. 
 
Para a análise dos valores de torque, obtidos nos 
momentos SD e SDD, utilizou-se a análise de variância 
multipariada (MANOVA) para medidas repetidas em 
dois grupos independentes. 
Considerou-se para todos os testes um nível de 
significância de 5%. 
 
Resultados 
 
Inicialmente, após as 6 semanas de alongamento 
muscular, observou-se que todos os voluntários 
apresentaram ganho de amplitude em média de 
14,5 ±4,3 graus. 
 
Observa-se que o resultado do teste estatístico para 
o terceiro teste (t3) revela valores próximos de torque 
para os grupos 1 e 2 (p > 0,05), enquanto que o 
comportamento desses valores nos dois primeiros testes 
(t1 e t2) apresentou diferenças entre os grupos (p < 0,05 
e p < 0,01). Assim, têm-se para o momento SDD grupos 
com diferentes perfis médios. 
A tabela 1 mostra o resultado da análise de 
variância do torque passivo gerado pelos isquiotibiais 
no momento SD. Foram comparados as três avaliações 
(t1, t2 e t3) para ambos os grupos de voluntários (G1 e 
G2). 
Verifica-se que para os valores de torque entre os 
grupos, existem diferenças significantes nos três 
momentos em que os testes foram realizados (P<0.01). 
Já com relação às três avaliações para cada grupo, nota-
se que não existe diferença significativa entre elas 
(P>0.05). Pode-se considerar que os voluntários de cada 
grupo sinalizaram a sensação de desconforto (SD) com 
valores aproximados de tensão muscular durante as 
avaliações realizadas em 3 momentos diferentes. 
 
Tabela 1 – Médias (n = 10) e desvios-padrão do momento SD, 
segundo grupos e momentos avaliados. 
CGP
 
 Testes de Alongamento 
Grupo t1 t2 t3 
G 1 121,4 ±39,1 
b A 
131,1±40,2 
b A 
123,8 ±38,8 
b A 
 
G 2 41,5 ±17,1 
a A 
46,3 ±14,1 
a A 
59,9 ±39,8 
a A 
* Duas médias com uma mesma letra minúscula não apresentam 
diferença (P>0.05) quanto aos grupos, fixado o momento do teste de 
alongamento. 
 * Duas médias com uma mesma letra maiúscula não apresentam 
diferença (P>0.05) quanto ao momento do teste de alongamento, 
dentro do grupo. 
 
A tabelas 2 mostra o resultado da análise de 
variância do torque passivo gerado pelos isquiotibiais 
no momento SDD. Foram comparadas as três diferentes 
avaliações (t1, t2 e t3) para ambos os grupos de 
voluntários (G1 e G2). 
 
Tabela 2 – Médias (n = 10) e desvios-padrão do momento 
SDD, segundo grupos e momentos avaliados. 
 
*Duas médias com uma mesma letra minúscula não apresentam 
diferença (P>0.05) quanto aos grupos, fixado o momento do teste de 
alongamento. 
* Duas médias com uma mesma letra maiúscula não apresentam 
diferença (P>0.05) quanto ao momento do teste de alongamento, 
dentro do grupo. 
 
Já com relação às três avaliações em cada grupo, 
nota-se que não existe diferença estatisticamente 
significante entre eles (P>0.05); ou seja, os voluntários 
de cada grupo informaram, durante o teste de 
alongamento, sensação de desconforto e dor com 
mesmo valor de tensão, mostrando que houve 
reprodutibilidade dos dados obtidos nos três testes de 
alongamento. 
As análises também revelam que, a informação da 
sensação de desconforto e dor ao alongamento máximo 
foi diferente entre os Grupos 1 (programa de 
alongamento) e o Grupo 2 (sem programa de 
alongamento) nos dois primeiros testes, com o G1 
mostrando maiores valores de torque do que o G2; 
 Testes de Alongamento 
Grupo t1 t2 t3 
G 1 192,4 ±2,3 
b A 
203,7±65,5 
b A 
182,1 ±61,8 
a A 
G 2 119,9 ±62,8 
a A 
123,6±44,1
a A 
137,4 ±90,1 
a A 
θ 
θ
PPCG
θ P
D1
D2 
D3
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
 
 
entretanto, no terceiro teste os valores não mostraram 
diferença estatisticamente significante. 
Com relação aos sinais EMG observou-se que as 
diferenças entre as medianas referentes a ativação 
muscular não foram grandes o suficiente; de forma que, 
não existem diferenças estatisticamente significantes 
entre os dois grupos e entre as três avaliações para cada 
grupo (p > 0,05). Portanto, como os valores de EMG do 
músculo bíceps femoral não apresentam diferenças 
estatisticamente significantes entre repouso, SD e SDD, 
verifica-se que durante o teste de alongamento não se 
observou atividade elétrica muscular. 
 
Considerações Finais 
 
Os resultados da análise estatística mostraram que 
no momento SD, embora os valores de torque revelem 
haver diferença estatística significante entre os grupos 
(o que era esperado em função do maior ângulo de 
flexibilidade permitido e da maior força de tração 
aplicada no grupo submetido ao programa de 
alongamento – G1), os dois grupos estudados 
apresentaram perfis semelhantes em relação à 
informação subjetiva de sensação durante os testes de 
alongamento, já que estas informações foram 
estatisticamente semelhantes nos diferentes momentos 
das avaliações (t1, t2, t3). Portanto, os resultados deste 
estudo apontam que a informação de desconforto sem 
dor ao alongamento (SD), embora subjetiva, é um 
parâmetro individual confiável e reproduzível para 
determinação de quantidade de tensão a ser aplicada 
pelo terapeuta durante alongamento muscular. Cabe 
lembrar, que neste trabalho a SD foi utilizada no 
programa de alongamento para o G1 e que após 6 
semanas de alongamento resultou em aumento na 
flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Os resultados 
encontrados neste trabalho estão de acordo com outros 
que também utilizaram como limite de intensidade de 
alongamento a sensação de desconforto sem dor para 
análise dos efeitos do tempo e freqüência do 
alongamento estático na flexibilidade dos músculos 
isquiotibiais e também observaram ganho de ADM[7, 
8, 9]. 
Com relação ao comportamento dos valores de 
torque entre os grupos, além da diferença estatística 
entre G1 e G2 apontada pela análise, em que o primeiro 
grupo apresentou valores de torque maiores que o 
segundo grupo, outro achado diz respeito à segunda 
avaliação de alongamento, na qual o G1 apresentou 
valores mais elevados de torque, comparado a primeira 
e terceira avaliação. Embora este comportamento não 
tenha sido relevante estatisticamente, acredita-se que ele 
seja devido à adaptação do indivíduo à sensação de 
alongamento, uma vez que o teste de alongamento da 
segunda avaliação foi realizado apenas 15 minutos após 
o teste da primeira. O mesmo comportamento não 
ocorreu no G2 possivelmente devido ao despreparo dos 
indivíduos quanto à sensação de alongamento [2]. 
Os resultados para o momento SDD revelaram que, 
embora a análise comparativa dos valores de torque, 
entre os grupos para este momento, demonstre haver 
diferença estatística significante entre G1 e G2, com o 
primeiro grupo apresentando valores de torque maiores 
que o segundo, em razão da maior flexibilidade obtida 
durante o programa de alongamento, os dois grupos 
apresentaram perfis distintos em relação à informação 
de sensação subjetiva. No momento t3 as informações 
de sensações subjetivas foram estatisticamente 
semelhantes entre os grupos. Observando os resultados, 
nota-se que a média dos valores de torque para o G1 no 
momento SDD da terceira avaliação diminuiu, enquanto 
a média dos valores de torque no momento SDD para o 
G2 aumentou nesta mesma avaliação. 
Considerando que os mecanoceptores e 
proprioceptores musculares e articulares são em grande 
parte responsáveis pelo aumento da tolerância ao 
alongamento, por apresentarem redução de disparo após 
uma única manobra de alongamento, a redução da 
SDDpara o G1 indica que, um intervalo de 24 horas 
entre um alongamento e outro é tempo suficiente para 
que os receptores musculares e articulares de um 
indivíduo sejam novamente estimulados [2]. No entanto, 
o mesmo comportamento não se observa no G2, que ao 
contrário do esperado, apresentou maiores valores de 
torque, sugerindo aumento da resistência à SDD. Porém, 
uma análise mais detalhada dos valores de torque de 
cada indivíduo do G2, em relação às avaliações 
realizadas, revela que os crescentes valores de torque 
não estariam relacionados ao aumento da tolerância do 
indivíduo em relação ao alongamento e sim ao 
despreparo desses em informar a sensação subjetiva 
durante o alongamento resultando assim em alto valor 
de desvio padrão. Portanto, na terceira avaliação, a 
semelhança entre os valores de torque obtidos para o 
momento de SDD, pode ser relacionada com a redução 
da tensão de dor suportada pelo G1, associada ao 
aumento do valor médio de torque do G 2 em razão do 
alto desvio padrão ocorrido. 
Com relação ao comportamento dos valores de 
torque entre as três avaliações dentro de um mesmo 
grupo, não se observou diferenças estatisticamente 
significantes, mostrando que as informações subjetivas 
de sensação ao alongamento da SDD se reproduziram 
nos momentos testados (t1, t2, t3). Desta forma, os 
resultados deste estudo apontam que, a informação de 
desconforto com dor ao alongamento (SDD) é um 
parâmetro subjetivo, individual, reprodutível e 
diretamente relacionado com o preparo do indivíduo em 
relação às sensações provocadas pelo alongamento. 
Os valores, de torque, obtidos neste estudo indicam 
que indivíduos acostumados à prática de alongamento 
tendem a suportar maiores valores de torque e que, 
embora a bibliografia sugira que o valor de torque ideal 
para alongamento dos músculos isquiotibiais seja entre 
20 N.m e 60 N.m, os dados aqui observados revelam 
que, para indivíduos acostumados à pratica de 
alongamento, é possível aplicar torques acima de 60 
N.m sem riscos de provocar lesão muscular. 
 Alguns autores utilizaram como parâmetro de 
intensidade o momento de sensação desagradável de 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
 
 
alongamento muscular indicado pelo voluntário, 
também descrita como sendo a primeira sensação de 
dor, em estudos sobre alongamento passivo repetido, 
não relatando caso de lesão muscular durante a 
realização do programa de alongamento [10,11,4]. 
Portanto, este trabalho sugere que intensidade ideal 
de se aplicar o alongamento passivo seria um pouco 
além da tensão de desconforto, uma vez que o intervalo 
encontrado entre esta tensão e o aparecimento da dor é 
amplo e seguro o suficiente para que se possa utilizá-lo 
durante o alongamento e dessa forma maximizar o 
ganho de ADM. 
A análise dos resultados da atividade 
eletromiográfica não revelou diferenças significativas 
entre os dois grupos, nos diferentes momentos testados 
(t1, t2, t3). O baixo grau de atividade eletromiográfica 
encontrado reflete a capacidade de relaxamento do 
sistema neuro-muscular, uma vez que todos os 
indivíduos foram instruídos a não resistir ativamente 
durante o alongamento [4]. Em um de seus estudos, 
Osterning et al12 sugerem que quando o alongamento 
estático é contínuo por um longo período, sinais 
inibitórios eventualmente superam os impulsos 
excitatórios resultantes da tensão de alongamento e 
dessa forma proporcionam o relaxamento [12]. Os 
resultados deste estudo estão de acordo com a 
bibliografia encontrada e revelam que a atividade 
eletromiográfica presente durante o alongamento 
muscular é muito baixa e pouco significativa 
[3,4,10,11]. 
De uma forma geral este estudo permitiu observar 
que a informação do indivíduo em relação à sensação 
subjetiva de alongamento é confiável e eficiente, 
quando o alongamento é realizado no limite de tensão 
de desconforto sem dor. No entanto, o intervalo 
existente entre a tensão sem dor e o surgimento da dor é 
amplo o suficiente para permitir que o alongamento seja 
realizado entre estes dois limites de tensão, visando, 
dessa forma, maximizar o ganho de flexibilidade. 
Notou-se ainda, que houve reprodutibilidade das 
informações da sensação subjetiva de desconforto e de 
dor suportada pelo sujeito, nos três testes realizados de 
forma que o intervalo de tempo entre uma avaliação de 
alongamento e outra não induziu adaptação sensorial no 
indivíduo. 
Quanto à possibilidade da presença de atividade 
elétrica muscular durante o alongamento, verificou-se 
que, o nível de atividade eletromiográfica observada não 
foi significativo. Dessa forma, pode-se afirmar que a 
presença de atividade eletromiográfica durante 
alongamento estático passivo sugeriria incapacidade do 
indivíduo em manter-se relaxado durante a realização da 
técnica. 
 
Agradecimentos 
 
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São 
Paulo, FAPESP, pelo suporte financeiro através do 
processo n° 03/12239-6. 
 
Referências 
 
[1] HARVEY, L.A.; McQUADE, L.; HAWTHORNE, 
S.; BYAK, A. Quantifying the magnitude of torque 
physiotherapist apply when stretching the hamstring 
muscle of people with spinal cord injury, Archives of 
Physical Medicine and Rehabilitation, v. 84, n. 7, p. 
1072-1075, jul. 2003. 
 
[2] BJÖRKLUND, M.; HAMBERG, J.; CRENSHAW, 
A.G. Sensory adaptation after a 2-week stretching 
regimen of the rectus femoris muscle, Archives of 
Physical Medicine and Rehabilitation, v. 82, p. 1245-
1249, sep. 2001. 
 
[3] AZEVEDO, C.C.F.; RUZZANTE, D.M.; LOSS, 
J.F.; MARTINEZ, F. Resposta eletromiográfica durante 
alongamento passivo estático: uma analise preliminar, X 
Congresso Brasileiro de Biomecânica, v. II, p. 340-343, 
2003. 
 
[4] WIEMANN, K.; HAHN, K. Influences of strength, 
stretching and circulatory exercises on flexibility 
parameters of human hamstring. Int. J. Sports. Med, 
v18, p.340-346, 1997. 
 
[5] ACHOUR Jr, A. A flexibilidade: teoria e prática. 
1.ed. Londrina: Atividade Física & Saúde, 1998. 
 
[6] ALTER, M.J. Ciência daflexibilidade. 2.ed. Porto 
Alegre: Artes Médicas Sul. 1999. p.76. Tradução: 
M.G.F. Silva. 
 
[7] BANDY, W.D.; IRION, J.M.; BRIGGLER, M. The 
effect of time and frequency of static stretching on 
flexibility of the hamstring muscles. Physical Therapy, 
v.77, n.10, p.1090-1096, oct. 1997. 
 
[8] BANDY, W.D.; IRION, J.M.; BRIGGLER, M. The 
effect of static stretch and dynamic range of motion on 
the flexibility of the hamstring muscles. JOSPT, v.27, 
n.4, p.295-300, April. 1998. 
 
[9] HERMES, H.J. et al. The SENIAM – Project: 
Surface electromyography for non-invasive assessment 
of muscles. In:___. Congresso ISEK. Áustria, 2002. 
CD-ROM. 
 
[10] HALBERTSMA, J.P.K. et al. Repeated passive 
stretching: acute effect on the passive muscle moment 
and extensibility of short hamstrings. Archives of 
Physical Medicine and Rehabilitation, v.80, p.407-414, 
apr. 1999. 
 
[11] MAGNUSSON, S.P. et al. A Mechanism for 
altered flexibility in human skeletal muscle. Journal of 
Physiology, n 497, p. 291-298, 1996. 
 
[12] OSTERNING, L.R. et al. Muscle activation during 
proprioceptive neuromuscular facilitation (PNF) 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
 
 
stretching techniques. American Journal of Physical 
Medicine, v.66, n.5, p.298-307, 1987. 
 
Endereço para contato: 
 
Rúben de Faria Negrão Filho, Departamento de 
Fisioterapia da FCT/UNESP, Rua Roberto Simonsen n° 
305 CEP: 19060-900 Presidente Prudente – SP 
Telefone: (18)229-5388 Fax: (18)223-2227 
 
ISBN # Page# 
XICBB'2005

Outros materiais