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Fisiologia - Excretor

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FISIOLOGIA RENAL 
RINS: desempenham muitas funções homeostáticas importantes: 
Excreção de produtos indesejáveis do metabolismo e de substâncias químicas estranhas; 
Regulação do balanço da água e dos eletrólitos; 
Regulação da osmolaridade dos líquidos corporais e de [eletrólitos]; 
Regulação da PA;
Regulação do balanço acidobásico;
Secreção, metabolismo e excreção de hormônios;
Gliconeogênese;
A CIRCULAÇÃO RENAL:
Os rins representam 0,5% do peso corporal total e recebem cerca de 20% do débito cardíaco (1200 ml/min de fluxo sanguíneo ou 600 ml/min de fluxo plasmático); 
A artéria renal dá origem a um ramo ventral e um ramo dorsal, esses ramos dão origem a artérias lobares, que passam entre as pirâmides renais; na base das pirâmides renais, elas dão origem às artérias arqueadas, que por sua vez dão origem às artérias interlobulares, que dão origem as arteríolas aferentes que entram na capsula de Bowman, onde se ramificam e dão origem aos capilares glomerulares. 
Esses capilares convergem pra uma arteríola eferente. Essa arteríola dá origem a uma segunda rede de capilares que são chamados de peritubulares. 
Os capilares peritubulares dos néfrons justamedulares são chamados de vasos retos. E estes fazem a nutrição da medula. 
Os capilares peritubulares e os glomerulares fazem a nutrição do córtex.
AS FUNÇÕES RENAIS BÁSICAS: 
Filtração glomerular: através desse mecanismo, uma grande fração do plasma (20%) é filtrada para o interior da cápsula de Bowman. 
O filtrado glomerular formado apresenta a mesma composição química do plasma, mas é essencialmente livre de proteínas plasmáticas.
Reabsorção tubular: é a transferência de uma substância que foi filtrada, do lúmen tubular para o capilar peritubular.
Secreção tubular: é a transferência de uma substância, do capilar peritubular ou do interior da célula epitelial para o lúmen tubular.
HEMODINÂMICA RENAL: 		
As intensidades com que as diferentes substâncias são excretadas na urina representam a soma de 3 processos renais: 
(1) Filtração glomerular; 
(2) Reabsorção de substâncias dos túbulos renais para o sangue; 
(3) Secreção de substâncias do sangue para os túbulos renais. 
A formação da urina começa quando grande quantidade de líquido praticamente sem proteínas é filtrada dos capilares glomerulares para o interior da cápsula de Bowman. 
A maior parte das substâncias no plasma (exceto as proteínas) é livremente filtrada. 
Conforme o líquido filtrado flui pelos túbulos, é modificado pela reabsorção de água e solutos, de volta para os capilares peritubulares ou por secreção de outras substâncias dos capilares peritubulares para os túbulos. 
A filtração glomerular, primeira etapa para a formação da urina, é um processo eminentemente circulatório, dependente da pressão arterial, do tônus das arteríolas renais, da permeabilidade dos capilares glomerulares e do retorno venoso renal;
DINÂMICA DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR: 
O plasma é filtrado do capilar glomerular, seguindo a mesma força propulsora que determina o movimento de fluidos através dos capilares sistêmicos, ou seja, o balanço entre as pressões hidrostática e oncótica transcapilares, as chamadas forças de “Starling”.
Pressão de Filtração nos capilares glomerulares: PF = (PHG +πCB) – (PHCB + πG) PF = PHG – (PHCB +πG)
PHG: pressão hidrostática glomerular; 
PHCB: pressão hidrostática na cápsula (espaço) de Bowman; 
πCB: pressão oncótica na cápsula (espaço) de Bowman; 
πG: pressão oncótica no capilar glomerular.
PHG: pressão hidrostática glomerular 
Os capilares glomerulares constituem um leito capilar de elevada pressão hidrostática, com valores estimados de cerca de 60 mm Hg. 
Arteríolas possuem uma parede muscular forte. E a arteríola eferente tem um diâmetro menor ainda do que a aferente, oferendo assim uma resistência maior ainda ao fluxo. Devido a essa resistência, os capilares glomerulares constituem um leito de elevada pressão hidrostática.
PERMEABILIDADE DOS CAPILARES GLOMERULARES – O COEFICIENTE DE FILTRAÇÃO (Kf): 
O coeficiente de filtração (Kf) está relacionado com a permeabilidade efetiva da parede capilar (k) e com a superfície total disponível para a filtração (S) através da expressão: 
Kf = 12 ml. Min-1. mmHg de pressão de filtração -1
A permeabilidade é maior porque o endotélio é fenestrado; 
Esse Kf é um valor médio – ele não pode ser medido diretamente, mas é estimado experimentalmente pela divisão da intensidade da filtração glomerular pela pressão efetiva de filtração.
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR: 
É o volume de filtrado formado pelos dois rins (em ml) por minuto, e depende, portanto, do Kf e da PF de acordo com a equação:
Fração de filtração: a relação entre o ritmo de filtração glomerular e o fluxo plasmático renal é denominada de fração de filtração: 
FF = TFG/FPR x 100 FF=120/600 x 100 = 20% 
Normalmente, a FF corresponde a 20% (TFG = 120 ml/min e FPR = 600 ml/min). Ou seja, somente 20% do plasma que chega aos rins são filtrados nos glomérulos. Alterações nas resistências das arteríolas que afetem a relação entre a TFG e o FPR modificam a FF.
FATORES QUE INTERFEREM COM A TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR: TFG = Kf x PF 
Por produzirem alterações no Kf: o A angiotensina II causa contração das células mesangiais, aproximando a lâmina basal do epitélio fenestrado e diminuindo a permeabilidade dos capilares glomerulares; isto é, a angiotensina II diminui a TFG por diminuir o Kf; 
O PAN (peptídeo atrial natriurético) causa relaxamento das células mesangiais, aumentando o Kf e a TFG.
A pressão hidrostática aumentada na cápsula de Bowman diminui a TFG: - 
O inverso também é verdadeiro: diminuição da PH na cápsula de Bowman > aumento da TFG; 		
No entanto, alterações na pressão na cápsula de Bowman normalmente não servem como meio primário de regulação da filtração glomerular; 
A elevação da PH na cápsula de Bowman pode ser observada em determinadas condições patológicas – ex.: presença de cálculos no trato urinário.
A pressão coloidosmótica capilar aumentada reduz a TFG:
À medida que o sangue passa da arteríola aferente ao longo dos capilares para as arteríolas eferentes, a [proteínas plasmáticas] aumenta por cerca de 20% - isso ocorre porque 1/5 do líquido nos capilares passa por filtração para o interior da cápsula de Bowman, concentrando as proteínas plasmáticas glomerulares que não são filtradas; - 
Dois fatores que influenciam a pressão coloidosmótica nos capilares glomerulares: 
Pressão coloidosmótica no plasma arterial; 
Fração de plasma filtrada pelos capilares glomerulares (fração de filtração);
A pressão hidrostática glomerular aumentada eleva a TFG: 
Serve como o modo primário para a regulação fisiológica da TFG; 
- Aumentos da PH glomerular elevam a TGF, enquanto que diminuições da PH glomerular reduzem a TFG; 
- A PH glomerular é determinada por 3 variáveis, cada uma das quais sob controle fisiológico: 
Pressão arterial;
Resistência arteriolar aferente; 
Resistência arteriolar eferente;
Obs.: A pressão hidrostática glomerular pode variar dinamicamente. Já a pressão hidrostática da cápsula de Bowman e a pressão coloidosmótica não devem variar.
MECANISMOS DE CONTROLE DO FLUXO SANGUÍNEO RENAL, DA PHG E DA TFG: - 
Da mesma forma que nos capilares sistêmicos, existem mecanismos intrínsecos e extrínsecos que estão envolvidos no controle do diâmetro das arteríolas aferentes e eferentes; 
- No caso dos capilares sistêmicos: Quanto maior a taxa metabólica > são produzidos fatores químicos locais > que causam vasodilatação; 
Aumentos de pressão arterial > as arteríolas contraem; - As arteríolas renais não conseguem variar a sua resistência na dependência de alterações químicas locais. 
Ao contrário de todos os outros órgãos, os rins não conseguem variar seu diâmetro a fim de aumentar seu aporte de oxigênio. Os rins já recebem um fluxo sanguíneo consideravelmente alto, 20% do fluxo sanguíneo. Assim, os mecanismos de controle são:
Mecanismo intrínseco de controle de fluxo – autorregulação de fluxo sanguíneorenal: o Impede variações no fluxo plasmático renal e na TFG, em função de alterações na pressão arterial;
Mecanismos extrínsecos de controle: nervosos e hormonais 
Os mecanismos extrínsecos são acionados em resposta à atuação de barorreceptores, receptores volêmicos ou a variações na ingestão de agua e de sais e produzem respostas antagônicas àquelas desencadeadas pelo mecanismo intrínseco.
AUTORREGULAÇÃO DA FILTRAÇÃO GLOMERULAR: 
É um fenômeno renal intrínseco, que se manifesta quando a pressão de perfusão renal arterial é alterada. O fenômeno da autorregulação ainda não está completamente explicado. Muitos investigadores acreditam que envolva dois processos: o mecanismo miogênico e o balanço tubuloglomerular.
TEORIA MIOGÊNICA: envolve uma propriedade intrínseca do músculo liso arterial, por meio da qual o músculo contrai ou relaxa em reposta a um respectivo aumento ou queda da tensão da parede vascular. Existe uma resposta imediata e transitória (poucos segundos), durante a qual uma elevação na pressão de perfusão renal é seguida por um aumento do raio vascular, determinando que o fluxo sanguíneo se eleve. 
Porém, quase que imediatamente após, o resultante estiramento da parede do vaso provoca contração vascular, de modo que dentro de 30s após o aumento da pressão, o fluxo volta praticamente ao valor controle.
BALANÇO TUBULOGLOMERULAR: esse mecanismo envolve um sistema de feedback: o fluxo de fluido intratubular e alguns de seus componentes são detectados pela mácula densa do aparelho justaglomerular, que passa a regular o ritmo de filtração do glomérulo.
MECANISMOS EXTRÍNSECOS DE CONTROLE: Normalmente, o fluxo sanguíneo renal e o ritmo de filtração glomerular são mantidos constantes pela autorregulação. 
Porém, durante perturbações fisiológicas ou patológicas – estresse emocional ou hemorragia – a autorregulação desaparece e ocorrem profundas modificações na circulação renal. Em conjunto, o SN simpático, vários hormônios (incluindo os autacoides – agentes auto-produzidos) e fatores endoteliais alteram as resistências das arteríolas aferente e eferente, modificando o fluxo sanguíneo renal e o ritmo de filtração glomerular. 
Sistema Nervoso Simpático: 
Estimulação simpática (NORA) – receptores alfa-1-adenérgicos o Barorreceprores centrais (aórticos e carotídeos) – diminuição da PA o Receptores volêmicos- diminuição do volume sanguíneo 
O SN simpático inerva as arteríolas aferente e eferente e sua estimulação causa constrição de ambas as arteríolas; 
Em geral, a estimulação simpática moderada causa: 
Diminuição do fluxo sanguíneo renal (e consequentemente do fluxo plasmático renal);
Uma queda relativamente menor do ritmo de filtração glomerular;
Aumento na fração de filtração (lembrando que Fração de filtração = ritmo de filtração glomerular / fluxo plasmático renal);
Controle hormonal: 
O sistema renina-angiotensina II-aldosterona: a renina, hormônio secretado pelo aparelho justaglomerular, está envolvida na formação da angiotensina II. 
A angiotensina II aumenta a resistência de ambas as arteríolas; assim, ela diminui o fluxo sanguíneo renal, e, em altas [ ], também o ritmo de filtração glomerular. 
 Quem detecta essas variações? 
Barorreceptores centrais (no arco da aorta e carótida interna); 
Receptores volêmicos; 
Barorreceptores intrarrenais: diferentemente dos outros, esses receptores não se adaptam. Quem são os receptores que detectam a redução da ingestão de sais? 
O NaCl é livremente filtrado; assim, toda a carga plasmática de sódio é filtrada. Portanto, quando a oferta de sódio for maior, isso será detectado pelas células da mácula densa e pelas células justaglomerulares;
E qual a resposta do organismo à sobrecarga de sais? Como esse excesso de sais não pode ser eliminado > ocorre uma sobrecarga de volume para tentar diluir esse excesso de sais>aumento da ingestão de água e diminuição do volume urinário.
Obs.: a angiotensina II preferencialmente provoca constrição das arteríolas eferentes na maioria das condições fisiológicas: como as arteríolas eferentes são muito sensíveis à angiotensina II, o aumento dos níveis de angiotensina II eleva a pressão hidrostática glomerular enquanto reduz o fluxo sanguíneo renal. 
Deve-se considerar que a formação aumentada de angiotensina II, em geral, ocorre em circunstâncias associadas à diminuição da pressão arterial ou depleção de volume que tendem a diminuir a filtração glomerular. 
O peptídeo atrial natriurético: é liberado em situações de elevação de volume sanguíneo/expansão de volume. 
O PAN é produzido por miócitos atriais, e uma vez liberado na corrente sanguínea causa vasodilatação de arteríolas sistêmicas e renais. PAN dilatação de arteríolas aferentes e eferentes. 
CLEARANCE: é o volume de plasma que é depurado da substância por minuto;
É necessário saber qual a carga excretada da substância por minuto; 
Carga excretada: volume urinário x concentração dessa substância na urina; 
Para conhecer o clearance renal de determinada substância, basta medir a quantidade absoluta da substância excretada na urina por minuto, e relaciona-la com sua concentração plasmática: 
Urinary clearance (x) = Cx: depuração plasmática da substância x, em mililitros por minuto; 
Ux: concentração urinária da substância x, em miligramas por mililitro; 
V: fluxo urinário, em mililitros por minuto; 
Px: concentração plasmática da substância x, em miligramas por mililitro; 
Ex.: Um indivíduo possui um fluxo urinário de 2ml/min e concentração plasmáticas e urinárias de inulina de 10 e 500 mg%, respectivamente. 
MEDIDA DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (TFG): a filtração glomerular não pode ser medida no local em que está ocorrendo; assim, é necessário lançar mão de um método indireto, e o que se usa, obedece a um princípio bastante simples; utiliza-se uma substância que é livremente filtrada nos capilares glomerulares, mas que passa inerte pelos túbulos, isto é, não é reabsorvida e nem secretada por ele. 
Para uma substância com essas características, sua carga filtrada será igual à sua carga excretada: 
FG . Px = Ux . V 
Obs.: Renina: age sobre uma alfa-2-globulina plasmática, liberando angiotensina I. Esta, em presença de uma enzima de conversão existente principalmente nos pulmões (ECA), é convertida em angiotensina II. A angiotensina II além de ser um potente vasoconstritor, também estimula a secreção de aldosterona pelo córtex da suprarrenal. Esse é um sistema em cascata, que primeiro tem que afetar as células justaglomerulares. Em 3 situações as células justaglomerulares são sensibilizadas e aumentam a produção de renina: 
Quedas de PA 
Quedas de volume 
Redução da ingestão de sais
Nesse caso, todo plasma filtrado fica depurado da substância; sua depuração plasmática corresponde, pois, à filtração glomerular (FG) do indivíduo. 
Assim, o clearance de uma substância que seja apenas filtrada (não sendo reabsorvida nem secretada) e a filtração glomerular do indivíduo possuem o mesmo valor, dado em ml/min. Obs.: Rotineiramente, a substância utilizada é a creatinina
A creatinina é um subproduto do catabolismo proteico. Duas desvantagens em relação ao seu uso: - 
Ela é secretada pelos túbulos: clearance seria maior do que TFG; - No entanto, existem substâncias no plasma que interagem com a creatinina: o clearance seria menor que a TFG. Assim, é como se um efeito anulasse o outro.
CLEARANCE DE DIVERSAS SUBSTÂNCIAS: 
Substância reabsorvida pelos túbulos renais: quando a substância é totalmente reabsorvida pelos túbulos renais, sua carga excretada é zero e sua concentração urinária é nula. Não ocorrendo excreção urinária da substância, o plasma do indivíduo não fica depurado da substância, ou seja, seu clearance é zero. 
Ex.: glicose e aminoácidos; 
Substâncias que são reabsorvidas parcialmente pelos túbulos renais apresentam um clearance menor do que o de substâncias que são apenas filtradas, pois elas voltam, em parte ao sangue após serem filtradas; 
Uma substância que se liga parcialmenteàs proteínas plasmáticas apresentará o mesmo resultado; 
Substância secretada pelos túbulos renais: 
O volume de plasma depurado de tal substância por minuto (através da filtração glomerular e da secreção tubular) é maior que o volume de plasma depurado de inulina (passa inerte pelos túbulos renais – é apenas filtrada) nesse mesmo tempo. Ou seja, substância que é secretada através dos túbulos apresenta clearance maior que o da inulina; 
No caso em que a substância, além de ser filtrada, é totalmente secretada pelos túbulos, o seu clearance corresponde ao fluxo plasmático renal (esse é o valor máximo para de clearance, pois o rim não pode depurar mais plasma do que o total que circula por ele). 
Um exemplo de substância quase que totalmente extraída pelo rim é o PAH (paraamino-hipurato de sódio), sendo seu clearance usado em clínica para indicar uma medida aproximada do fluxo plasmático renal;
CAPACIDADES REABSORTIVAS E SECRETORAS DOS DIFERENTES SEGMENTOS TUBULARES :
TÚBULO PROXIMAL: 
Pode ser dividido morfologicamente em 3 segmentos: S1, S2 e S3. Suas porções mais iniciais possuem maior área de membrana apical e maior número de mitocôndrias, apresentando, pois uma maior taxa de reabsorção de solutos. 
O túbulo proximal reabsorve entre 60-70% de água e sais filtrados. A energia para toda essa reabsorção proximal é derivada da bomba de Na+/K+, localizada na membrana basolateral;
Mecanismos básicos de transporte existentes na ML da célula epitelial tubular proximal (transportes ativos secundários): o Cotransporte de sódio eletrogênico com glicose ou com aminoácidos; o Transporte de sódio acoplado (cotransporte) com ânions inorgânicos (H2PO4-) ou orgânicos (lactato, piruvato, acetoacetato); o Cotransporte eletroneutro de sódio e cloreto; o Transporte de sódio não acoplado e difusão paracelular de cloretos; o Contra-transporte de sódio e hidrogênio
A secreção proximal de hidrogênio não se destina à eliminação de excesso de ácidos. A eliminação de excesso de ácidos ocorre apenas nos segmentos distais, quando os íons hidrogênio secretados reagem com outros tampões tubulares, tampões este que, uma vez titulados, permanecem confinados no lúmen tubular. 
Neste segmento, a secreção de hidrogênio tem como finalidades: 
(1) reabsorver a quase totalidade de íons bicarbonato filtrados (75%) os quais, de outra forma, seriam excretados (somente no epitélio tubular proximal e em nenhum outro segmento, a enzima anidrase carbônica está associada à membrana luminal); 
(2) reabsorver íons Na+, uma vez que, uma das vias de acesso do Na+ para o interior da célula epitelial, a partir da membrana luminal, é um sistema antiporte que troca Na+ por H+; e 
(3) reabsorver íons fosfato, que existem sob duas formas, monobásica (H 2PO4-) e dibásica (HPO4=), a primeira sendo mais facilmente reabsorvida. 
REABSORÇÃO DE SOLUTOS E ÁGUA NO TÚBULO PROXIMAL:
Fluxo osmótico de água: a água pode passar através de canais que são as aquaporinas. 
Além disso, como as células epiteliais têm junções muito frouxas, a agua também flui pela via paracelular. 
Secreção proximal de amônia: 
Glutamina>amônia>passivamente secretada.
A amônia é o mais importante tampão tubular. À medida que o indivíduo vai entrando em acidose, a produção de glutamina vai aumentando, para poder permitir a eliminação do excesso de ácidos. 
A secreção tubular proximal de hidrogênio causa a reabsorção de bicarbonato a partir da membrana basolateral: 
A reabsorção proximal de bicarbonato é de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio ácido-básico dos líquidos corporais. 
De fato, os rins deparam-se com dois problemas envolvendo a manutenção do equilíbrio ácido-basico: 
(1) Os íons bicarbonato, componentes básicos do tampão bicarbonato são transportados livres no plasma sendo, portanto, livremente filtrados; cabe aos rins reabsorverem toda a carga filtrada deste bicarbonato, um íon grande demais para ser reabsorvido por vias paracelulares e para o qual não existem sistemas transportadores específicos. 
(2) O metabolismo celular induz à formação de um excesso de ácidos, os quais são transportados principalmente combinados com a hemoglobina, de forma que não podem ser eliminados por filtração, devendo ser secretados ao longo dos túbulos renais. As Células Tubulares Renais são ricas em enzima Anidrase Carbônica
MECANISMOS DE TRANSPORTE NO NÉFRON DISTAL: ALÇA DE HENLE: 
Segmento fino descendente + Segmento fino ascendente + Segmento espesso ascendente (diluidor) 
Segmento Fino Descendente: o epitélio possui poucas mitocôndrias e microvilosidades, é incapaz de apresentar mecanismos de transporte ativo, transportando os solutos passivamente via canais. É altamente permeável à agua e moderadamente permeável a solutos (NaCl e ureia) e está exposto a um interstício medular hipertônico. 
Sendo bastante permeável à água e estando exposto a um interstício medular hipertônico, esse segmento reabsorve cerca de 20% da água que é filtrada em resposta à hipertonicidade do interstício. 
Devido às diferenças de pressão osmótica criadas, o fluido tubular que por ele caminha em direção à papila se concentra por reabsorção de água e secreção de soluto, indo de uma osmolaridade próxima a 300 mOsm, no seu início, até cerca de 1400 mOsm na região da dobradura da alça.
Segmento Fino Ascendente: logo após a dobradura da alça, existe ainda uma pequena porção ascendente de segmento tubular de epitélio fino. Tal segmento é praticamente impermeável à água e ureia e altamente permeável ao NaCl. 
O segmento fino ascendente da alça de Henle começa a percorrer o caminho de volta ao córtex renal, encontrando interstício medular progressivamente menos hipertônico. 
A reabsorção de Na+ e Cl- é possivelmente, inteiramente passiva; 
A ureia é secretada passivamente para o interior do túbulo;
O fluido que atinge a dobradura da alça é bastante concentrado e, à medida que caminha pela porção ascendente, dilui-se por perda de soluto, tornando-se cerca de 200mOsm mais diluído em relação ao interstício que o envolve.
Segmento Grosso Ascendente: o epitélio dessa porção do néfron mostra muitas mitocôndrias. Esse segmento constitui um importante local de reabsorção de Na+; 
Na ML do segmento grosso ascendente existe uma proteína transportadora que se liga a 2Cl-:1Na+:1K+ (a energia para esse processo provém do gradiente de concentração de Na+ entre o fluido tubular e o citoplasma celular – a baixa [Na+]celular é mantida pela ATPase Na+/K+ situada na MBL);
Para sair da célula, o Na+ precisa ser transportado ativamente pela ATPase Na+/K+, enquanto o K+ e o Cl- saem passivamente para o fluido peritubular. Boa parte do K+ também retorna por um canal específico presente na ML;
O trocador Na+/H+, responsável pela acidificação do fluido tubular, também é encontrado na ML desse segmento;
O ramo grosso ascendente é altamente impermeável à água; Este segmento, também conhecido como segmento diluidor, é praticamente impermeável à agua, de forma que o fluido tubular torna-se diluído em relação ao plasma, pela contínua reabsorção ativa de NaCl através da MBL, onde está localizada a bomba de sódio-potássio. 
Desta forma, ao final do segmento diluidor, a osmolaridade do fluido tubular é de cerca de 100mOsm/l . O transporte de solutos a partir da ML se dá através de um sistema que faz transporte acoplado de Na+, K+, 2Cl -.
TÚBULO DISTAL: sua última porção, denominada túbulo distal final é responsável pela reabsorção ativa de 5 a 10% do sódio filtrado. O cloreto segue por difusão eletrogênica. 
A permeabilidade deste segmento à água, na maioria das espécies, depende da presença do hormônio ADH: na ausência deste hormônio, o túbulo distal final é praticamente impermeável à água, mas torna-se altamente permeável na presença de ADH.
DUCTO COLETOR: É o ultimo segmento do néfron, capaz de produzir os mais importantes gradientes de concentração, observados durante a formação da urina final. Assim, é ao longo do ducto coletor, que ocorrem as mais amplas variaçõesna composição e volumes finais da urina, de acordo com o papel regulador renal;
Os ductos coletores são formados pela coalescência de dois ou mais túbulos distais finais. 
À medida que se aprofunda na medula, o ducto coletor torna-se mais calibroso e modifica-se progressivamente, estrutural e funcionalmente; de tal forma que é possível identificar nitidamente neste segmento, dois extremos com características funcionais diferentes: o ducto coletor cortical e o medular interno ou papilar;
Possuem predominantemente dois tipos de células: o 
Células principais: reabsorvem Na+ e água (ADH) e secretam K+ de acordo com as necessidades corporais.
Células intercalares (α eβ): citoplasma rico em enzima anidrase carbônica.
α: secretam H+ e reabsorvem K+ β: secretam HCO3-
Reabsorção de ureia pelo ducto coletor: o transporte de ureia neste segmento é sempre passivo e resulta da concentração da ureia como resultado da reabsorção de agua (na presença de ADH). 
Ainda que o ducto coletor cortical seja praticamente impermeável à ureia, o ducto coletor papilar apresenta elevada permeabilidade à ureia, permeabilidade esta que ainda é elevada em cerca de 50% pela presença de ADH.
MECANISMOS DE CONCENTRAÇÃO URINÁRIA: 
Concentração urinária: a maior parte da carga de água filtrada no rim é reabsorvida passivamente no túbulo proximal, a favor de um gradiente osmótico criado pela reabsorção de NaCl.
 Esse mecanismo de reabsorção de fluido isotônico mantém o volume de fluido extracelular. Além disso, o rim contribui para a estabilidade da osmolaridade plasmática pela possibilidade de reabsorção de água, independente de soluto, no ducto coletor – essa função é mediada pela presença do hormônio ADH (com consequente conservação de água pelo organismo e aumento da osmolaridade urinária), ou pela ausência do hormônio (com elevação da excreção renal de água e queda da osmolaridade urinária). 
A propriedade que o rim apresenta de poder variar tão amplamente o volume e a [ ] urinária é devido a: 
(a) Formação da hipertonicidade medular; 
(b) Equilíbrio osmótico entre o fluido do túbulo coletor e o interstício peritubular; 
(c) Conservação da hipertonicidade medular. 
Formação da Hipertonicidade Medular: a formação da hipertonicidade medular deve-se a duas propriedades do ramo ascendente (tanto fino como grosso): reabsorção de NaCl e impermeabilidade à água. 
O mecanismo de reabsorção de NaCl sem reabsorção de água pela porção ascendente é chamado de: efeito unitário do sistema contracorrente.
Em uma situação inicial: o fluido isotônico proveniente do túbulo proximal que caminha pelas alças descendente e ascendente, assim como pelo interstício peritubular, teria uma osmolaridade inicial de 300mOsm . Em um segmento do ramo ascendente, o transporte de NaCl reduziria a sua [ ] luminal, por exemplo, a 200 mOsm, enquanto a do interstício se elevaria de 300 para 400mOsm, criando assim um gradiente de 200mOsm,que é o efeito unitário.
Isso é observado na ausência de fluxo tubular. Na presença de fluxo tubular ocorre a multiplicação do efeito unitário.
A criação de gradiente de tonicidade na medula renal entre o interstício tubular e o lúmen tubular – é a segunda condição depois da presença do ADH que permite a excreção de uma urina concentrada.
Segmento grosso da alça de Henle: a partir da MBL ocorre transferência de sódio para o interstício através da bomba de sódio/potássio. 
Isso gera o gradiente para o transporte acoplado de Cl- e K+ que ocorre na ML, e que contribui para diluir o fluido do lúmen e concentrar o fluido intersticial. 
O efeito unitário – é a transferência de soluto sem água a partir de segmento grosso da alça de Henle que gera um gradiente horizontal entre o fluido tubular (200mOsm) e o interstício (400mOsm.) 
Supondo que o efeito unitário corresponda a um gradiente de 200mOsm , e que em virtude do fluxo tubular, a osmolaridade do fluido tubular, em um dado nível do interior da alça ascendente de 300mOsm passa para 100mOsm em um nível mais acima, e ao interstício passa de 500mOsm para 300mOsm no nível mais acima. 
Ao mesmo tempo, o ramo descendente, ao entrar em contato com interstício mais concentrado nesse nível, tende a se equilibrar com este, perdendo água para o interstício e ganhando deste NaCl, até atingir 500mOsm. 
Assim, no momento em que o fluido hipertônico deixa a porção descendente, a porção ascendente recebe um fluido mais concentrado sobre o qual o mesmo efeito unitário é exercido e assim continuamente. Há, então, a multiplicação do efeito unitário, até que se alcance a situação de equilíbrio.
O que acontece se o fluxo for muito elevado? Não vai dar tempo do fluido se equilibrar com o interstício, o gradiente corticopapilar diminui e isso diminui a capacidade de concentrar a urina.
Quanto maior o volume de filtrado glomerular >> maior o fluxo tubular.
Existem pelo menos dois fatores que interferem com a taxa de filtração glomerular: angiotensina II e PAN; 
Substâncias que elevam a TFG, aumentam a velocidade de fluxo tubular, reduzindo o gradiente corticopapilar e a capacidade de concentrar a urina – é o caso do PAN: o PAN: faz dilatação de arteríolas aferente e eferente, aumentando assim a PH; além disso, ele relaxa as células mesangiais. 
Substâncias que reduzem a TFG, reduzem a velocidade de fluxo tubular, aumentam o gradiente corticopapilar e a capacidade de concentrar a urina – é o caso da ANG II: o ANG II: constrição de arteríola aferente e eferente diminui PH; e faz contração das células mesangiais, diminuindo a permeabilidade dos capilares.
Equilíbrio Osmótico entre o Fluido Tubular do Coletor e o Interstício que o envolve: a partir do ducto coletor, a osmolaridade do fluido tubular vai depender do nível de ADH circulante. 
Em condições em que há liberação de ADH, o ducto coletor torna-se permeável à água. Esta é então reabsorvida passivamente, a favor do gradiente de [ ] entre o interstício e a luz tubular, possibilitando que o fluido tubular se equilibre com o interstício que o envolve. Assim, ao longo desse segmento, a osmolaridade intratubular vai aumentando, podendo atingir até 1400mOsm no final do coletor.
SECREÇÃO DO ADH: REGULAÇÃO HIPOTALÂMICA DA REABSORÇÃO DE ÁGUA PELOS RINS: 
O ADH é sintetizado nos núcleos supra-óptico e paraventricular hipotalâmicos, transportado nos axônios até a neuro-hipófise e então liberado na corrente sanguínea; 
Dois mecanismos controlam a secreção de ADH por esses núcleos:
Ações do ADH no rim: O ADH tem duas funções primárias no rim: 
Estimula reabsorção de NaCl pelo ramo grosso ascendente da alça de Henle;
Aumenta a permeabilidade do ducto coletor à água e ureia (o efeito sobre a ureia é limitado à porção do coletor situada na medula interna); Mecanismo intracelular do ADH:
O ADH atinge as células tubulares pela porção basal, através dos vasos retos. Liga-se na MBL a receptores, que estão ligados ao sistema adenilato ciclase por uma proteína G excitatória, assim, ocorre um aumento nos níveis de AMPc intracelulares. O AMPc, causa a incorporação de vesículas contendo canais de água na ML (aquaporinas 2) isso aumenta a permeabilidade da ML à água.
Obs.: aquaporinas-3 também estão presentes na MBL – esses canais não são sensíveis ao ADH;
O efeito do ADH no aumento da permeabilidade do coletor medular à ureia é também mediado pelo AMPc. Por mecanismo ainda não definido, o aumento do AMPc intracelular ativa transportadores intramembranares para ureia. 
O que acontece quando excretamos uma urina diluída:
Túbulo proximal: é indiferente à presença do ADH. Existe uma grande capacidade de reabsorção de solutos. Ele também é permeável à água, que é reabsorvida por osmose. Osmolaridade de 300mOms.
Alça de Henle: penetra na medula até a papila renal e depois retorna até o córtex. Na ausência de ADH, o fluido que vai descendo na medula, vai encontrando uma medula cada vez mais hipertônica e vai equilibrando-se com esse interstício. 
Na ausência de ADH a osmolaridade na dobradura da alça atinge 700mOsm. Isso ocorre porque oque constrói o gradiente corticopapilar nessa ocasião é somente o efeito unitário e a sua multiplicação;
Túbulo distal: o fluido tem uma osmolaridade de 150mOsm.
Ducto coletor: na ausência de ADH não ocorre transferência de água. O fluido pela maior remoção de solutos chega ao final com uma osmolaridade de 50mOsm.
MECANISMO DE AÇÃO DOS DIURÉTICOS:
Classificação dos diuréticos: 
Ação proximal – acetazolamida 
De alça – Furosemida
Distal – Tiazídicos (TDF) e Amiloride (TC)

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