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Resumo Teórico Ótica Geométrica Química Industrial 1º Ano 2017/2018 2 Elementos de Física II Índice 1. CONCEITO GERAL 4 1.1 AMPLITUDE 6 1.2 COMPRIMENTO DE ONDA 7 1.3 PERÍODO E FREQUÊNCIA 7 1.4 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO 10 2. LUZ 12 2.1 PROPAGAÇÃO DA LUZ 13 2.1.1 VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DA LUZ 16 2.1.2 ÍNDICE DE REFRAÇÃO 17 2.2 REFLEXÃO E REFRAÇÃO DA LUZ 19 2.2.1 REFLEXÃO DA LUZ 19 2.2.2 IMAGEM 22 2.2.3 PONTOS FOCAIS DOS ESPELHOS ESFÉRICOS 28 2.2.4. IMAGENS PRODUZIDAS POR ESPELHOS ESFÉRICOS 31 3 Elementos de Física II 2.3 REFRAÇÃO 34 2.3.1. LEI DE SNELL DESCARTES 34 2.3.2. PROFUNDIDADE APARENTE 37 2.4 REFRAÇÃO EM SUPERFÍCIES ESFÉRICAS 38 2.4.1 EQUAÇÃO DO DIOPTRO 43 2.4.2 PROPRIEDADES FOCAIS 44 2.5 LENTES DELGADAS 47 2.5.1 PONTO FOCAL DE UMA LENTE BICONVEXA 50 4 Elementos de Física II 1. Conceito Geral Ótica geométrica é um ramo da ótica que é baseado principalmente na noção de um feixe de luz. Esta abordagem simples permite a construção das imagens geométricas que dão o seu nome. A ótica geométrica baseia- se em três princípios: • Propagação Retilínea Da Luz - Em um meio homogêneo, transparente e isotrópico, a luz se propaga em linha reta. Cada uma dessas "retas de luz" é chamada de raio de luz. • Independência Dos Raios De Luz - Quando dois raios de luz se cruzam, um não interfere na trajetória do outro, ou seja, cada um se comporta de forma independente. • Reversibilidade Dos Raios De Luz - Se revertermos o sentido de propagação de um raio de luz ele continua a percorrer a mesma trajetória, em sentido contrário. Existem duas naturezas consideráveis para a luz: 5 Elementos de Física II • Teoria Ondulatória – Que é o modelo mais utilizado para explicar as propriedades da luz, ou seja, a luz comporta-se como uma onda. • Teoria Corpuscular – Que diz que a luz é constituída por partículas denominadas de fotões. Para estudarmos melhor a natureza ondulatória da luz, é possível que se faça uma analogia, como a propagação de ondas num meio liquido: • Frentes de onda esféricos. • Linhas retilíneas perpendicular ás frentes de onda. Se um distúrbio é criado em algum ponto do meio, as partes que se movimentam atuam sobre as partes vizinhas, transmitindo parte desse movimento e fazendo com que essas partes se afastem temporariamente de sua posição de equilíbrio. Dessa maneira, o distúrbio é transmitido para novas porções do meio, criando uma propagação do movimento. A isto denominamos de propagação de uma onda. 6 Elementos de Física II Ou seja, uma onda nada mais é que uma perturbação num certo material (água, vidro, ar, etc). Para entendermos as ondas, necessitamos de relembrar conceitos e propriedades das mesmas. 1.1 Amplitude A amplitude (𝑦𝑚 ) de uma onda como a Fig. 1.1 é o módulo do deslocamento máximo sofridos pelos elementos a partir da posição de equilíbrio, quando a onda passa por eles. Como a amplitude é um modulo, independentemente da forma como foi medida, o valor será sempre positivo. A fase da onda é o argumento 𝑘𝑥 − 𝜔𝑡. Quando a onda passa por o elemento da corda em uma dada posição 𝑥 , a fase varia linearmente com o tempo 𝑡 . Isso significa que o seno também varia, oscilando entre +1 e -1. Figura 1.1 – Cinco instantes e uma onda que está a propagar-se em uma corda no sentido positivo de um eixo 𝑥 A amplitude 𝑦𝑚 está indicada. Um comprimento de onda λtípico, medido a partir de uma posição arbitrária 𝑥1 , também está indicado. 7 Elementos de Física II 1.2 Comprimento De Onda O comprimento de onda (λ) de uma onda é a distancia, paralela á direção de propagação da onda, entre repetições da forma de onda, ou seja, é a frente de ondas esférico separadas por duas “cristas” ou “vales” consecutivas/os. 1.3 Período e Frequência A Fig. 1.3 mostra um gráfico do deslocamento 𝑦 em função do tempo 𝑡 , dada pela equação: 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦𝑚 sin(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡), Figura 1.2 – Na figura em cima é possível visualizar uma perturbação, ao que denominamos de onda. Podemos também visualizar as diferentes componentes constituintes da onda, como comprimento de onda, amplitude, período e direção de propagação. (1.0) 8 Elementos de Física II sendo o ponto 𝑥 = 0. Ao observar a corda de perto, verificávamos que o elemento da corda que está nessa posição move-se para cima e para baixo em um movimento harmônico simples dado pela Eq. (1.0) com 𝑥 = 0: 𝑦(0, 𝑡) = 𝑦𝑚 sin(− 𝜔𝑡) = = − 𝑦𝑚 sin( 𝜔𝑡) (𝑥 = 0) A Fig. 1.3 é um gráfico da equação da Eq. (1.1); a curva não mostra a forma de onda. Definimos período 𝑇 como o intervalo de tempo que é necessário para que um ponto vibrante percorra um ciclo completo. (1.1) (1.2) Figura 1.3 – Gráfico do deslocamento do elemento da corda situado em 𝑥 = 0 em função do tempo, quando a onda senoidal da Fig. 1.1 passa pelo elemento. A amplitude 𝑦𝑚 está indicada. Um período 𝑇 típico, medido a partir de um tempo 9 Elementos de Física II Nota: Frequência Angular O parâmetro ω é chamado de frequência angular da onda, onde a sua unidade de SI é o radiano por segundo. É definida pela seguinte equação: ω = 2π T A frequência 𝑓 de uma onda é definida como 1 𝑇⁄ e está relacionada á frequência angular através da equação: 𝑓 = 1 𝑇 = 2π T Concluindo assim, que a frequência é o numero de oscilações por intervalo de tempo. (1.3) (1.4) 10 Elementos de Física II 1.4 Velocidade De Propagação A figura 1.4 mostra dois momentos instantâneos da onda, separados por pequenos intervalos de tempo 𝛥𝑡. Ambas se estão a propagar no sentido positivo do eixo dos 𝑥, com toda a forma de onda a deslocar-se com uma distância 𝛥𝑥 uma da outra, propagando-se ambas na mesma direção. A razão 𝛥𝑥 𝛥𝑡⁄ é a velocidade 𝑣 da onda. Usando a equação seguinte: 𝑘 = 2π λ , Sendo 𝑘 o número de onda, podemos escrever a velocidade da onda na forma: Figura 1.4 – Dois instantes da onda da Fig. 1.1, nos instantes 𝑡 = 0 e 𝑡 = 𝛥𝑡. Quando a onda se move para a direita com velocidade 𝑣Ԧ , a curva inteira desloca-se de uma distância 𝛥𝑥 durante um intervalo de tempo 𝛥𝑡. O ponto 𝐴 “viaja” com a forma de onda, mas os elementos da corda deslocam-se apenas para cima e para baixo. (1.5) 11 Elementos de Física II 𝑣 = ω 𝑘 = λ 𝑇 = λf De acordo com a equação 1.6, a velocidade da onda é igual a um comprimento de onda por período. A onda desloca-se de uma distância igual a um comprimento de onda em um período de oscilação. (1.6) 12 Elementos de Física II 2. Luz Recapitulando, a luz é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda se inclui num determinado intervalo dentro do qual o olho humano é a ela sensível. Trata-se, de outro modo, de uma radiação eletromagnética que se situa entre a radiação infravermelha e a radiação ultravioleta. As três grandezas físicas básicas da luz são herdadas das grandezas de toda e qualquer onda eletromagnética: • Intensidade ou amplitude • Frequência • Polimerização No caso específico da luz, a intensidade se identifica com o brilho e a frequência com a cor. 13 Elementos de Física II 2.1 Propagação Da Luz A grande contribuição de JamesClerk Maxwell, foi mostrar que um raio luminoso nada mais é que que a propagação no espaço de campos elétricos e magnéticos, ou seja, ondas eletromagnéticas, concluindo assim que a ótica, é um ramo do eletromagnetismo. Como dito anteriormente, a luz é dual, ou seja, admite duas naturezas: A forma de partícula e a forma de onda. Como estamos a discutir a ótica geométrica, iremos falar na forma de partícula, que são, nada mais que os fotões. Figura 1.5 – A luz tem um comportamento dual, ou seja, pode assumir duas naturezas: Natureza geométrica e a natureza ondulatória, ou seja, pode ser tanto um “raio” luminoso retilíneo como uma frente de onda curvilínea. 14 Elementos de Física II Nota: Fotão O fotão é a partícula elementar mediadora da força eletromagnética. O fotão também é o quantum da radiação eletromagnética (incluindo a luz). Quando a luz é considerada uma partícula, seus estudos são feitos a partir do conceito de raios de luz. Os raios de luz são segmentos de reta que representam a direção e o sentido de propagação da luz. Eles podem ser emitidos por dois tipos de fontes: • Fontes Primárias – Emitem luz própria (Ex.: o sol, a chamada de uma vela ou uma lâmpada). • Fontes Secundárias – Refletem a luz que recebem de uma fonte primária (Ex.: a lua que reflete a luz que recebe do sol, ou um livro, que só é visto se refletir a luz que recebe de uma lâmpada). De acordo com Christiaan Huygens, cada ponto de uma frente de onda possui a funcionalidade de uma nova fonte pontual. Ou seja, a cada instante de tempo, a própria frente de onda gera infinitesimais novas ondas, a partir 15 Elementos de Física II de cada um de seus pontos, dando origem a uma nova frente de onda no instante seguinte. Ele também supôs que apenas as propagações que seguem a direção inicial da onda têm energia suficiente para gerar uma onda secundária. Isso impede, por exemplo, que a luz se propague para trás iluminando locais escondidos por objetos. Caso contrário, não haveria sombra. A esta ideia denominamos o Principio de Huygens. Este principio, é capaz de provar as leis da reflexão e refração, mas não sabe explicar o fenómeno da difração que será visto mais á frente. Resumindo o principio: • A luz propaga-se na forma de onda. • Este principio aborda o conceito de Ótica Ondulatória. • Num dado instante a frente de onda de uma onda luminosa que se propaga toma a forma de um envelope esférico de pequenas 16 Elementos de Física II perturbações esféricas que emergem de cada ponto da frente de onda. • Leis da Reflexão e Refração. • Luz, como raio luminoso, refere-se a Ótica Geométrica. • Luz, como frente de onda que se propaga, refere-se a Ótica Ondulatória. 2.1.1 Velocidade De Propagação Da Luz Sendo a luz um fenómeno ondulatório, tem uma determinada velocidade de propagação. Esta velocidade depende do meio material onde a luz se propaga (Ex.: água, vidro, ar, etc). Sabe-se que a luz faz parte de um grupo de ondas, chamado de ondas eletromagnéticas, sendo uma das características que reúne este grupo a sua velocidade de propagação. A velocidade da luz no vácuo, mas que na verdade se aplica a diversos outros fenômenos eletromagnéticos como 17 Elementos de Física II raios-X, raios gama, ondas de rádio e TV, é caracterizada pela letra 𝑐, e tem um valor aproximado de 300 mil quilômetros por segundo, ou seja: 𝑐 = 3 ∙ 108 𝑚 𝑠⁄ (𝑆𝐼) No entanto, nos meios materiais, a luz se comporta de forma diferente, já que interage com a matéria existente no meio. Em qualquer um destes meios a velocidade da luz 𝑣 é menor que 𝑐. Em meios diferentes do vácuo também diminui a velocidade conforme aumenta a frequência (Ex.: a velocidade da luz vermelha é maior que a velocidade da luz violeta). 2.1.2 Índice De Refração Para que se consiga entender completamente a refração da luz, é necessário apresentar uma nova gradeza que relacione a velocidade da radiação monocromática no vácuo e em meios materiais. A esta (1.7) 18 Elementos de Física II grandeza denominamos de índice de refração da luz monocromática no meio apresentado, sendo expressa da seguinte forma: 𝑛 = 𝑐 𝑣 Onde 𝑛 é o índice de refração absoluto no meio, sendo uma grandeza adimensional. É importante observar que o índice de refração absoluto nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade possível num meio é 𝑐, se o meio considerado for o próprio vácuo. (1.7) Figura 1.6 – Índices de refração de diferentes meios. 19 Elementos de Física II 2.2 Reflexão E Refração Da Luz 2.2.1 Reflexão Da Luz A reflexão da luz é um fenômeno ótico que ocorre quando a luz incide sobre uma superfície e retorna ao seu meio de origem. Os espelhos são os principais instrumentos utilizados com base nesse fenômeno. A reflexão pode ser classificada em: • Reflexão Difusa - Ocorre quando a luz incide sobre uma superfície irregular e esta a reflete. Os raios de luz refletidos propagam-se em várias direções diferentes. • Reflexão Regular – Os raios refletidos ficam paralelos uns aos outros. É esse tipo de reflexão que forma a imagem de superfícies altamente polidas (Ex.: os espelhos, metais ou a superfície de um lago). 20 Elementos de Física II Se a superfície refletora é muito lisa, a reflexão de luz que ocorre é chamada de reflexão especular ou regular. A reflexão é explicada através de duas leis, de conhecimento geral. Para enunciá- las, é preciso antes definir alguns conceitos: • A normal é a semirreta perpendicular á superfície refletora. • Ângulo de Incidência é o ângulo formado entre o feixe de luz que incide sobre o objeto e a normal. • Ângulo de Reflexão é o ângulo que a direção de um feixe de luz refletida faz com a normal. Concluindo, o raio incidente, a reta normal e o raio refletido são coplanares, ou seja, estão no mesmo plano. O ângulo de incidência é igual ao ângulo Figura 1.7 – Está representado a reflexão de um feixe de luz. O ângulo que o raio incidente faz com a normal, 𝑖 é igual ao ângulo que o raio refletido faz com a normal, 𝑟. 21 Elementos de Física II de reflexão. Para perceber em detalhe a reflexão da luz, necessitamos de estudar o Principio de Fermat ou Principio do Tempo Mínimo. Este principio diz que a luz propaga-se de um ponto ao outro seguindo uma trajetória que minimiza o tempo do percurso, mesmo que para isso tenha que desviar-se da reta que une esses dois pontos. Para calcular 𝐿 aplicamos o Teorema de Pitágoras: 𝐿 = √𝑑2 + 𝑥2 + √𝑑′2 + (𝑙 − 𝑥)2 A distância mínima é obtida derivando 𝐿 em ordem a x, tal que: 𝑑𝐿 𝑑𝑥 = 𝑥 √𝑑2 + 𝑥2 + 𝑙 − 𝑥 √𝑑′2 + (𝑙 − 𝑥)2 = 0 Figura 1.8 – É possível determinar o comprimento do feixe, 𝐿, através do teorema de Pitágoras. Basta considerar a distância em 𝑥 do objeto e da imagem e a distância em 𝑦 do objeto e da imagem. (1.8) (1.9) 22 Elementos de Física II Considerando os ângulos 𝜃1 𝑒 𝜃2 temos: sin 𝜃1 = sin 𝜃2 Ou 𝜃1 = 𝜃2 2.2.2 Imagem O sistema visual, que começa na retina e termina no córtex visual, localizado na parte posterior do cérebro, processa automaticamente as informações contidas nos raios luminosos. Esse sistema identifica arestas, orientações, texturas, formas e cores e oferece á consciência uma imagem (representação obtida dos raios luminosos). O sistema visual executa esse processamentomesmo que os raios luminosos não venham diretamente do objeto, mas sejam antes refletidos por um espelho ou refratados pelas lentes de um binóculo. Nesse caso, o (1.8) (1.9) 23 Elementos de Física II objeto é visto na direção onde se encontra o espelho ou lente e a distância percebida pode ser muito diferente da distância real. Assim, por exemplo, se os raios luminosos forem refletidos por um espelho plano, o objeto parece estar atrás do espelho, já que os raios que chegam ao olho vêm nessa direção. Naturalmente não existe nenhum objeto atras do espelho. A este tipo de imagem denominamos de imagem virtual, onde existe apenas no cérebro, embora faça parecer que existe também na vida real. Uma imagem real, por outro lado, é aquela que pode ser produzida em uma superfície, como em uma folha de papel, ou numa tela de cinema. Podemos ver uma imagem real, mas, nesse caso, a existência de imagem não depende da presença de espetadores. 24 Elementos de Física II 2.2.2.1 Espelhos Planos O espelho é uma superfície que reflete um raio luminoso em uma direção definida em vez de absorve-lo ou espalhá-lo em todas as direções. Uma superfície metálica polida comporta-se como um espelho, mas uma parede de betão não. Nesta secção serão discutidas as imagens produzidas por espelhos planos (superfície refletora plana). A figura 1.9 mostra uma fonte luminosa 𝑂 , que vamos chamar de objeto. O objeto está a uma distância 𝑝 de um espelho plano. A luz que incide no espelho esta representada por alguns raios que partem de 𝑂. A reflexão da luz está representada por raios que partem do espelho. Quando prolongamos os raios refletidos no sentido inverso (para trás do espelho), constatamos que as extensões dos raios se intercetam em um ponto que está a uma distância 𝑖 atrás do espelho. Figura 1.9 – Uma fonte luminosa pontual 𝑂, chamada de objeto, está a uma distância 𝑝 de um espelho plano. Raios luminosos provenientes de 𝑂 são refletidos pelo espelho. Se o olho do observador interceta raios refletidos, ele tem a impressão de que existe uma fonte luminosa pontual 𝑙 atrás do espelho, a uma distância 𝑖 . A fonte fictícia 𝑙 é uma imagem virtual do objeto 𝑂. 25 Elementos de Física II Quando olhamos para um espelho idêntico ao da figura 1.9, os nossos olhos recebem parte da luz refletida e temos a impressão de que estamos a olhar para um ponto luminoso situado no ponto de interseção dos prolongamentos dos raios. Esse ponto é a imagem 𝑙 do objeto 𝑂. Ele é chamado de imagem pontual, porque é um ponto e de imagem virtual porque nenhum raio passa realmente pelo ponto onde está a imagem A Fig. 2.0 mostra dois raios escolhidos entre os muitos da Fig. 1.9. Um é perpendicular ao espelho e é refletido no ponto 𝑏; o outro chega ao espelho com um ângulo de incidência de θ e é refletido no ponto 𝑎. A figura também mostra os prolongamentos dos dois raios. Os triângulos 𝑎𝑂𝑏𝑎 e 𝑎𝑙𝑏𝑎 têm um lado comum e três ângulos iguais e são, portanto, congruentes (têm a mesma forma e tamanho), de modo que os lados horizontais têm o mesmo comprimento. Assim, 𝑙𝑏 = 𝑂𝑏, Figura 2.0 – Dois raios da Fig. 1.9. O raio 𝑂𝑎 faz um ângulo arbitrário θ com a normal á superfície do espelho; o raio 𝑂𝑏 é perpendicular ao espelho. (2.0) 26 Elementos de Física II em que 𝑙𝑏 e 𝑂𝑏 são as distâncias entre o espelho e a imagem e entre o espelho e o objeto, respetivamente. De acordo com a Eq. (2.0), as distâncias entre o espelho e o objeto e o espelho e a imagem são iguais. Pro convecção, as distâncias dos objetos (𝑝) são sempre consideradas positivas e as distâncias das imagens (𝑖) são consideradas positivas para imagens reais e negativas para imagens virtuais. Assim a Eq. (2.0) pode ser escrita a forma de |𝑖| = 𝑝 ou: 𝑖 = −𝑝 2.2.2.2 Espelhos Esféricos Para construir um espelho esférico, primeiramente começa-se com um espelho plano como indica a Fig. 2.1, que está voltado para a esquerda, em direção a um objeto 𝑂 e a um observador que não aparece na figura. (2.1) Figura 2.1 – Representação de um espelho plano. Quando curvado, irá refletir os raios de luz de formas diferentes. 27 Elementos de Física II Para fazer um espelho concâvo é necessário curvar a superficie do espelho para para dentro, como podemos visualizar na Fig. 2.2. Isso modifica várias caracteristicas do espelho e da imagem que produz um objeto: 1. O centro de curvatura 𝐶 (o centro da esfera á qual pertence a superficie do espelho) estava a uma distância infinita no caso do espelho plano. No caso do espelho concâvo, está mais próximo, á frente do espelho. 2. O campo de visão (a extensão da cena vista pelo observador) diminui em relação ao espelho plano. 3. A distância da imagem aumenta em relação ao espelho plano. 4. O tamanho da imagem aumenta em relação ao espelho plano. Figura 2.2 – Quando o espelho é curvado desta forma a imagem afasta-se. 28 Elementos de Física II Para fazer um espelho convexo, é necessário curvar a superficie do espelho para fora , como podemos visualizar na Fig. 2.3. Essa curvatura, causa as seguintes modificações no espelho e da imagem que produz de um objeto: 1. O centro de curvatura agora está atrás do espelho. 2. O campo de visão aumenta em relação ao espelho plano. 3. A distância da imagem diminui em relação ao espelho plano. 4. O tamanho da imagem diminui em relação ao espelho plano. 2.2.3 Pontos Focais Dos Espelhos Esféricos No caso de um espelho plano, a distância da imagem, 𝑖, é sempre igual em módulo á distância do objeto 𝑝. Figura 2.3 – Quando o espelho é curvado desta forma, a imagem aproxima-se 29 Elementos de Física II Antes de determinar a relação entre as duas distâncias nos espelhos esféricos, vamos considerar a reflexão da luz emitida por um objeto 𝑂 que se encontra nas proximidades do eixo central de um espelho esférico, a uma grande distância do espelho. O eixo central é uma reta que passa pelo centro de curvatura 𝐶 e pelo centro 𝑐 do espelho. Quando raios paralelos que são emitidos a uma grande distância são refletidos por um espelho côncavo como o da Fig. 2.3, os raios próximos do eixo central convergem para um ponto 𝐹, ao qual denominamos ponto focal. Á distância entre o ponto focal, 𝐹 , e o centro do espelho, 𝑐 , denominamos de distância focal do espelho e representa-se por 𝑓. No caso de um espelho convexo, os raios paralelos, ao serem refletidos, divergem em vez de convergir (Fig. 2.5), mas os Figura 2.4: Em um espelho côncavo, raios luminosos paralelos incidentes convergem para um foco real situado no ponto 𝐹, do mesmo lado do espelho que os raios. Figura 2.5: Num espelho convexo, raios luminosos paralelos incidentes parecem divergir de um foco virtual situado no ponto 𝐹, do lado oposto do espelho. 30 Elementos de Física II prolongamentos dos raios para trás do espelho convergem para um ponto comum. Esse ponto, 𝐹, é o ponto focal (ou foco) do espelho convexo e a distância do mesmo ao centro, 𝑐, do espelho é a distância focal, 𝑓. Resumindo: • Espelho côncavo → Foco real, 𝑓 > 0. • Espelho convexo → Foco virtual, 𝑓 < 0 A relação entre a distância focal, 𝑓 e o raio de curvatura, 𝑟, do espelho é dada por: 𝑓 = 1 2 𝑟 Em que, para manter a coerência com os sinais da distância focal, o raio, 𝑟, é considerado positivo no caso do espelhocôncavo e negativo no caso de um espelho convexo. (2.2) 31 Elementos de Física II 2.2.4. Imagens Produzidas Por Espelhos Esféricos Uma vez definido o ponto focal dos espelhos esféricos, é possivel determinar a relaçao entre a distância da imagem , 𝑖 , e a distância do objeto, 𝑝 , para espelhos côncavos e convexos. Começamos por imaginar que o objeto, 𝑂, está situado entre o ponto focal, 𝐹, e a superficie de um espelho concavo (Fig. 2.6). Neste caso, é produzida uma imagem virtual; a imagem parece estar atrás do espelho e tem a mesma orientação que o objeto. Quando afastamos o objeto, 𝑂 , do espelho, a imagem também se afasta até deixar de existir quando o objeto é posicionado no ponto focal (Fig 2.7). Quando o objeto está exatamente no ponto, 𝐹, os raios refletidos são paralelos e, portanto, não se se forma uma imagem, já que nem os raios refletidos pelo espelho nem os prolongamentos dos raios se intercetam. Figura 2.6: Um objeto, 𝑂 , mais próximo de um espelho côncavo que o ponto focal, e a sua imagem virtual, 𝐼. Figura 2.7: O objeto no ponto focal, 𝐹. 32 Elementos de Física II Se o objeto, 𝑂, está mais longe do espelho côncavo que o ponto focal, os raios refletidos convergem para formar uma imagem invertida do objeto (Fig. 2.8) á frente do espelho. Se afastarmos mais ainda o objeto do espelho, a imagem se aproxima do ponto focal e diminui de tamanho. A esta aproximação denominamos de focalização. A imagem, 𝑖, de uma imagem real é um numero positivo, enquanto a distância de uma uagem virtual é um número negativo. Nota: Imagem As imagens reais forma-se do mesmo lado do espelho em que se encontra o objeto, enquanto as imagens virtuais forma-se no lado oposto. Quando os raios luminosos de um objeto fazem apenas pequenos ângulos com o eixo central de um espelho esférico, a distância do objeto, 𝑝 , a distância da imagem, 𝑖, e a distância focal, 𝑓, estão relacionadas através da seguinte equação: 1 𝑝 + 1 𝑖 = 1 𝑓 (2.3) 33 Elementos de Física II O tamanho de um objeto ou imagem, medido perpendicularmnte ao eixo central do espelho, é chamado de altura do objeto ou imagem. Seja ℎ a altura de um objeto e ℎ′ a altura da imagem correspondente. A razão entre ℎ′/ ℎ é dneominada de ampliação lateral do espelho e é representada pela letra 𝑚. Por conveção, a amplitude lateral é um número positivo quando a imagem tem a mesma orientação que o objeto e um número negativo quando a imagem tem a orientação oposta. Por essa razão, a expressão 𝑚 é escrida da seuinte forma: |𝑚| = ℎ′ ℎ Ou |𝑚| = − 𝑖 𝑝 (2.4) (2.5) 34 Elementos de Física II 2.3 Refração A luz sofre, além da reflexão, o fenômeno da refração, que é um acontecimento ótico que ocorre com a luz quando ela muda de meio de propagação. É importante ficar bem claro que esse acontecimento só ocorre quando o feixe de luz se propaga com velocidade diferente nos dois meios. 2.3.1. Lei de Snell Descartes Um feixe de luz ao incidir na superfície de separação dos meios 𝑛1 e 𝑛2, parte do feixe de luz é refletida e parte é refratada. O produto do seno do ângulo de incidência pelo valor do índice de refração do meio, em que se propaga o raio incidente (𝑛1), é igual ao produto do seno do ângulo de refração pelo índice de refração do meio, onde se propaga o raio refratado (𝑛2): Figura 2.8: Representação da refração da luz, quando passa de um meio para o outro. 35 Elementos de Física II 𝑛1 sin(𝜃1) = 𝑛2sin (𝜃2) A luz, ao ser refratada, pode ter dois tipos de comportamento: • Aproxima-se da normal • Afasta-se da normal Estes dois aspetos, têm a ver com a densidade do meio e velocidade da luz no mesmo. Se o meio um (𝑛1), for menos denso que o meio 2 (𝑛2), ou seja, se 𝑛1 < 𝑛2 = 𝜃𝑟 < 𝜃𝑖 , o raio refratado aproxima-se da normal, pois a velocidade de propagação no meio 2 é menor que no meio 1. Analogamente, se o meio um (𝑛1), for mais denso que o meio 2 (𝑛2), ou seja 𝑛2 < 𝑛1 = 𝜃𝑖 < 𝜃𝑟, o raio refratado afasta-se da normal, pois a velocidade de propagação do meio 1 é maior que no meio 2. (2.6) Figura 2.9: Representação da refração da luz, com o raio luminoso a aproximar-se da normal. Figura 3: Representação da refração da luz, com o raio luminoso a afastar-se da normal 36 Elementos de Física II Existe um caso excecional, que é quando o raio refratado faz um ângulo de 90º com a normal. Na passagem de um raio luminoso de um meio mais denso para um menos denso pode ocorrer para um ângulo de incidência 𝜃𝑖 = 𝜃𝑟 que o raio refratado tenha uma trajetória rasante à interface ótica. Assim a equação de Snell (Eq.: 2.6), para este caso fica da seguinte forma: 𝜃𝑖 = sin −1 ( 𝑛1 𝑛2 ) A este fenómeno, denominamos de ângulo critico. Além disso também é possível, dependendo do meio, velocidade e ângulo de incidência que parte do feixe luminoso, ou até mesmo, o feixe na totalidade, ser refletido de volta para o meio no qual incide. Ao fenómeno de refletir totalmente a luz para o meio no qual é incidente, denominamos de reflexão interna total (RIT). É devido a este principio geral, que por exemplo, a fibra ótica funciona. (2.7) Figura 3.1: Na figura está representado o ângulo critico, que é quando o raio luminoso, tem o mesmo sentido e direção da normal. 37 Elementos de Física II 2.3.2. Profundidade Aparente Devido á refração da luz, ocorre o fenómeno da profundidade aparente. Os raios luminosos provenientes de um objeto imerso na água sofrem um desvio, fazendo com que o observador percecione uma imagem a uma profundidade diferente da profundidade real. Existem dois conceitos que é necessário reter: • Se os raios passarem de um meio mais denso (maior índice de refração), para um meio menos denso (menos índice de refração), os mesmos sofrem um desvio no sentido de se afastar da normal. • Se os raios passarem de um meio menos denso (menor índice de refração) para um meio mais denso (maior índice de refração), os mesmos sofrem um desvio no sentido de se aproximar da normal. Usando a lei de Snell (Eq.2.6), e generalizando, obtemos: ℎ′ ℎ = 𝑛1 𝑛2 (2.8) 38 Elementos de Física II 2.4 Refração Em Superfícies Esféricas Vamos agora examinar as imagens formadas pela refração dos raios luminosos na interface de duas substâncias transparentes, como ar e vidro. Limitaremos a discussão a interfaces esféricas de raio 𝑟 e curvatura 𝐶. A luz será emitida por um objeto pontual 𝑂 num meio de índice de refração 𝑛1 e incidirá numa interface esférica com um meio de índice de refração 𝑛2. Figura 3.2: Na figura demonstrada, estão representados seis resultados de uma refração esférica. Seis modelos pelo qual a imagem pode ser formada por raios luminosos refratados numa superfície esférica de raio 𝑟 e centro de curvatura 𝐶. A superfície separa um meio de índice de refração 𝑛1 de um meio de índice de refração 𝑛2. O objeto pontual, 𝑂, está sempre no meio do índice de refração 𝑛1, á esquerda da superfície. A substância sombreada é a que possui maior índice de refração. Imagens reais são formadas nos casos (a) e (b). Nas outras quatro situações são formadas imagens virtuais. 39 Elementos de Física II Na figura ao lado está representado dois meios óticos. O meio que está a sombreado representa o de maio índice de refração (Ex.: vidro, água). Note que neste trata-se de uma superfícieconvexa, logo: 𝑛2 > 𝑛1 Para contruir a imagem, aplica-se a Lei de Snell (Eq.: 2.6) na interface ótica esférica, a um dos raios para determinar a imagem, posto que o objeto está sobre o eixo ótico. É de salientar que a normal passa pela curvatura 𝐶 e coincide com a direção do raio 𝑟. O raio incidente no ponto da refração passa de um meio menos refringente, 𝑛1, para um mais refringente, 𝑛2, pelo que o raio refratado vai se aproximar da normal. O raio refratado interseta o eixo ótico pelo que a imagem é real. Figura 3.3: A figura seguinte representa um exemplo de refração em superfícies esféricas, onde conseguimos visualizar que a o meio 1, menos denso e o meio 2, mais denso. Concluímos também que a imagem é real. 40 Elementos de Física II Nota: As imagens formadas por refração em uma interface são virtuais quando do mesmo lado do objeto e reais quando estão no lado oposto do objeto. Na figura ao lado, estão representados dois meios óticos. O meio ótico a sombreado representa o meio com maior índice de refração (Ex.: vidro, água). Estamos presentes uma superfície côncava, logo: 𝑛1 > 𝑛2 Para construir a imagem, aplica-se a lei de Snell (Eq.: 2.6) na interface ótica esférica, a um dos raios para determinar a imagem, posto que o objeto está sobre o eixo ótico. É de notar que a normal, passa pelo centro de curvatura 𝐶 e coincide com a direção do raio 𝑟. O raio incidente no ponto de refração passa de um meio mais refringente, 𝑛1, para um menos refringente, 𝑛2, pelo que o raio refratado vai se afastar da normal. O raio refratado interseta o eixo ótico pelo que a imagem é real. Figura 3.4: Na figura ao lado está representada um tipo de refração em superfícies esféricas, onde a imagem é real. 41 Elementos de Física II Na figura ao lado dois meios óticos. O meio ótico a sombreado representa o meio com maior índice de refração (Ex.: vidro, água). Estamos presentes uma superfície convexa, logo: 𝑛2 > 𝑛1 Para construir a imagem, aplicamos a lei de Snell na interface ótica esférica, a um dos raios para determinar a imagem, posto que o objeto está sobre o eixo ótico. É de notar que a normal passa pelo centro de curvatura 𝐶 e coincide com a direção do raio 𝑟. O raio incidente no ponto de refração passa de um meio menos refringente, 𝑛1 para um mais refringente 𝑛2, pelo que o raio refratado vai se aproximar da normal. Neste caso, é o prolongamento do raio refratado, que interseta o eixo ótico, pelo que a imagem formada é virtual. Figura 3.5: Na figura ao lado está representado um tipo de refração em superfícies esféricas, onde a imagem é virtual. 42 Elementos de Física II Na figura ao lado, estão representados dois meios óticos. O meio ótico a sombreado representa o meio com maior índice de refração (Ex.: vidro, água). Estamos presentes uma superfície côncava, logo: 𝑛1 > 𝑛2 Para construir a imagem, aplicamos a lei de Snell na interface ótica esférica, a um dos raios para determinar a imagem, posto que o objeto está sobre o eixo ótico. É de notar que a normal passa pelo centro de curvatura 𝐶 e coincide com a direção do raio 𝑟. O raio incidente no ponto de refração passa de um meio mais refringente, 𝑛1 , para um menos refringente, 𝑛2 , pelo que o raio refratado tende a afastar-se da normal. Neste caso, é o prolongamento do raio refratado, que interseta o eixo ótico, pelo que a imagem formada é virtual. Figura 3.6: Na imagem em cima está representado um exemplo de refração em superfícies esféricas, onde a imagem é virtual. 43 Elementos de Física II 2.4.1 Equação do Dioptro Utilizando a Lei de Snell (Eq.: 2.6) e a aproximação paraxial (quando os ângulos são muito pequenos), sabendo ainda que a soma do ângulo externo de um triângulo é igual á soma dos ângulos internos opostos, e relacionando o arco 𝐴𝑉 com os ângulos 𝛼, 𝜃1, 𝜃2, obtemos de uma forma simplificada a seguinte equação: 𝑛1 𝑠 + 𝑛2 𝑠′ = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 Por convenção, a distancia 𝑠 é sempre positiva e a distância 𝑠′ depende se for virtual ou real: • Se for real, 𝑠′ é positiva. • S for virtual, 𝑠′ é negativa. (2.9) Figura 3.7: A figura representa a esquematização de todos os ângulos e triângulos necessários para calcular a equação do dioptro. 44 Elementos de Física II Além disso, quando sabemos também que: • Quando o objeto está em frente a uma superfície convexa, a distância ao centro, 𝑟 é positiva. • Quando o objeto está em frente a uma superfície concava, a distância ao centro, 𝑟 é negativa. 2.4.2 Propriedades Focais Na aproximação paraxial, um feixe de raios paralelos que incide num meio ótico, significa que são raios luminosos emitidos por um objeto que está situado a uma distância muito grande, ou seja, considerado infinito. Estes raios são refratados pelo dioptro de forma a convergirem num único ponto no eixo ótico ao qual denominamos de ponto focal secundário, 𝐹′. Figura 4: A figura representa raios que são emitidos a distâncias muito grandes, ao qual dependendo do tipo de superfície, encontram- se todos num determinado ponto, que pode ser real se a superfície for convexa, ou virtual se a superfície for concava. 45 Elementos de Física II A distância entre o vértice e o foco denomina-se distância focal secundária, 𝑓′. Estes pontos focais secundários, podem ser reais ou virtuais: 𝑛1 ∞ + 𝑛2 𝑠′ = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 → 𝑛2 𝑓′ = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 Na aproximação paraxial, um feixe de raios paralelos que emergem num dioptro, significa que são raios luminosos que vão formar imagem no infinito. Estes raios são resultado da refração de um conjunto de raios provenientes de um único ponto situado no eixo ótico: o primeiro ponto focal, 𝐹 ou foco principal. A distância entre o vértice e o foco denomina-se distância focal principal, 𝑓. Estes pontos focais podem ser reais ou secundários: 𝑛1 𝑠 + 𝑛2 ∞ = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 → 𝑛2 𝑓 = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 (3.0) (3.1) Figura 4.1: Na figura acima está representada a emissão de raios paralelos e o comportamento desses mesmos raios, vindos de dentro do dioptro, dependendo do tipo de superfície esférica 46 Elementos de Física II É comum definir a quantidade, ou seja, a potência do dioptro em dioptrias, 𝐷 com a seguinte equação: 𝑃 = 𝑛1 𝑓 = 𝑛2 − 𝑛1 𝑟 Alguns conceitos devem ser retidos na construção dos raios em superfícies refrativas esféricas: • O prolongamento de raios que incidem no dioptro paralelos ao eixo, passam pelo segundo ponto focal, 𝐹′. • O prolongamento de raios emerge do dioptro paralelos ao eixo, passam pelo primeiro ponto focal, 𝐹. • Raios que incidem no dioptro passando pelo vértice emergem do dioptro sem sofrer desvio. A relação existente entre as alturas da imagem e objeto é denominada de ampliação lateral, 𝑚: |𝑚| = ℎ′ ℎ ⇔ 𝑚 = − 𝑛1 𝑛2 𝑠′ 𝑠 (3.2) (3.3) 47 Elementos de Física II Sendo: • 𝑚 > 1, imagem ampliada • 𝑚 < 2, imagem reduzida • 𝑚 = 1, ampliação unitária 2.5 Lentes Delgadas Uma lente é um corpo transparente limitado por duas superfícies refratoras com um eixo central em comum. Quando a lente está imersa no ar, a luz é refratada ao penetrar a lente, atravessa a lente, é refratada uma segunda vez e volta a propagar-se no ar. As duas refrações podem mudar a direção dos raios luminosos.Uma lente que faz com que os raios luminosos inicialmente paralelos ao eixo central se aproximam do eixo é chamada de lente convergente; uma lente que faz com que os raios se afastem do eixo central é chamada de lente divergente. Quando um objeto é colocado diante de uma lente 48 Elementos de Física II convergente ou divergente, a difração dos raios luminosos pela lente pode produzir uma imagem do objeto. Vamos considerar apenas o caso especial das lentes delgadas, ou seja, lentes nas quais a distância do objeto 𝑠, a distância da imagem, 𝑠′, e os raios de curvatura 𝑟1 e 𝑟2 das superfícies da lente são muito maiores que a espessura da lente. Vamos também apenas considerar raios que fazem ângulos pequenos com o eixo central. A relação entre a distância 𝑠′ da imagem e a distância 𝑠 do objeto é dada por: 1 𝑓 = 1 𝑠 + 1 𝑠′ Numa lente de índice de refração, 𝑛 imersa no ar, a distância focal, 𝑓 é dada por: 1 𝑓 = (𝑛 − 1) ( 1 𝑟1 − 1 𝑟2 ) Conhecida por a equação do fabricante. (3.4) (3.5) 49 Elementos de Física II Figura 4.2: (a) Raios luminosos inicialmente paralelos ao eixo central de uma lente convergente são desviados pela lente e convergem para o ponto focal real, 𝐹2. A lente é mais fina que no desenho, na verdade, supomos que todo o desvio ocorra em um único plano, representado na figura por uma reta vertical passando pelo centro da lente. (b) Ampliação da parte superior da lente representada em (a); as linhas tracejadas são as normais á superfície nos pontos de entrada e saída de um raio luminoso. Observa que os desvios que o raio sofre ao entrar e ao sair da lente são no mesmo sentido e tendem a aproximá-lo do eixo central. (x) Os mesmos raios paralelos divergem depois de passar por uma lente divergente. Os prolongamentos dos raios divergentes passam por um ponto focal virtual, 𝐹2. (d) Ampliação da parte superior da lente representada em (c). Observa que os desvios que o raio sofre ao entrar e ao sair da lente são no mesmo sentido e tendem a afastá-lo do eixo central. 50 Elementos de Física II 2.5.1 Ponto Focal De Uma Lente Biconvexa A figura ao lado demonstra uma lente biconvexa. Um feixe de raios paralelos sofre duas refrações, a primeira refração na superfície frontal e a segunda refração na superfície posterior. A dupla refração, faz os raios convergirem para m ponto comum, 𝐹2, denominado de ponto foca. A distância do vértice ao ponto focal, é denominada, distância focal. Neste caso, trata-se de uma lente convergente, e os raios ao intercetarem o eixo ótico, formam uma imagem real. Quando os raios paralelos incidem do lado oposto, convergem no ponto 𝐹1 á mesma distância do vértice, 𝑉. Figura 4.3: Representação da lente convexa, convergindo os raios luminosos num único ponto. Figura 4.4: Representação de uma lente convexa e da passagem de um raio luminoso pela mesma. 51 Elementos de Física II Nota: Tal como no dioptro esférico, as imagens reais são positivas, ou seja, distância focal positiva em lentes convergentes. O ponto focal da lente é real, logo, 𝑓 > 0 e o lado esquerdo da (Eq.: 3.5) é positivo. Vejamos o que se passa no 2º membro da equação. O índice de refração de um vidro ou de qualquer material é sempre maior que 1, logo esta quantidade é sempre positiva: (𝑛 − 1) Como o objeto colocado na frente da lente (muito distante), encontra a primeira superfície de raio de curvatura, 𝑟1 que é convexa. De acordo com a convecção da equação do dioptro, 𝑟1 é positivo, pois como essa parte da lente é convexa, o raio é positivo: ( 1 𝑟1 − 1 𝑟2 ) 52 Elementos de Física II Seguidamente encontramos a superfície côncava de raio de curvatura 𝑟2 que de acordo com a mesma convenção, 𝑟2 é negativo, pelo que o termo do lado direito da (Eq.: 3.5) é sempre positivo. Com isto provámos que os sinais estão corretos e que a equação funciona. A figura seguinte representa uma lente bicôncava. Um feixe de raios paralelos sofre duas refrações, sendo a primeira refração na superfície frontal e a segunda refração na superfície posterior. A dupla refração, faz os raios divergirem, ou seja, trata-se de uma lente divergente. O prolongamento dos raios refratados intersetam um ponto comum, denominado ponto focal. A distância do vértice ao ponto focal é denominada distância focal, 𝒇. Como são os prolongamentos a intersetarem o eixo ótico, logo concluímos que o ponto focal é virtual. Figura 4.5: Representação de uma lente biconvexa, onde o ponto focal é virtual. 53 Elementos de Física II Nota: Tal como no dioptro esférico, imagens virtuais são negativas, logo, distância focal negativa em lentes divergentes. É necessário, reter alguns conceitos relativamente á construção da imagem de lentes convergentes: • Raios que incidem na lente paralelos ao eixo convergem para o segundo ponto focal, 𝐹2. • Raios que incidem na lente passando pelo primeiro ponto focal, 𝐹1, emergem da lente paralelos ao eixo ótico. • Raios que incidem na lente passando pelo vértice emergem da lente sem sofrer desvio. Figura 4.6: Representação dos três raios principais. 54 Elementos de Física II • Raios que incidem na lente, de maneira que o seu prolongamento passa pelo primeiro ponto focal, 𝐹1 emergem da lente paralelos ao eixo ótico. Figura 4.7: Representação dos raios necessários para construir a imagem É necessário também reter alguns conceitos, no que conta a contruir imagens em lentes divergentes: • Raios que incidem na lente paralelos ao eixo, divergem de tal maneira que o seu prolongamento passa pelo segundo focal, 𝐹2 • Raios que incidem na lente, de maneira que o seu prolongamento passa pelo primeiro ponto, 𝐹1 emergem da lente paralelos ao eixo ótico 55 Elementos de Física II • Raios que incidem na lente passando pelo vértice, emergem da lente sem sofrer desvio. Figura 4.8: Representação dos raios necessários para construir uma imagem em lentes divergentes.
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