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Milena é baleada
Na noite do dia 14 de setembro, depois de trabalhar no Hospital das Clínicas, em Vitória, a médica Milena Gottardi e uma outra médica seguem para o estacionamento e são abordadas por um homem, anunciando um assalto. Elas não reagem, mas Milena é baleada na cabeça.
Milena morre
Após ser socorrida em estado gravíssimo e passar quase um dia internada, a médica teve a morte cerebral confirmada às 16h50 do dia 15 de setembro. A família autorizou a doação das córneas.
Amigos e familiares se despedem de Milena
Ao liberar o corpo de Milena no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, o ex-marido dela, Hilário Frasson, tem a arma e o celular apreendidos pela polícia. O velório e enterro aconteceram em Fundão, onde Milena nasceu. Emocionados, parentes e amigos se despedem e prestam homenagens à médica. O ex-marido não participou.
Primeiros suspeitos são presos
A hipótese de latrocínio é descartada pela polícia e os dois primeiros suspeitos começam a ser presos no dia 16 de setembro. Dionatas Alves Vieira confessa ter atirado contra a médica para receber R$ 2 mil; e Bruno Rodrigues é preso suspeito de roubar a moto usada no crime. O veículo também é apreendido.
Sogro e intermediário são presos
Às 5h do dia 21 de setembro, o sogro de Milena, Esperidião Carlos Frasson, é preso, suspeito de ser o mandante do crime. O lavrador Valcir da Silva também é detido, suspeito de ser o intermediário. Em depoimento, Valcir diz que foi procurado por Hilário, porque queria “eliminar” a ex-mulher.
Carta deixada por médica revela medo de morrer (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Uma carta escrita pela médica Milena Gottardi Tonini Frasson, morta a tiros na saída do Hospital das Clínicas, na última quinta-feira (14), relata que o ex-marido, o policial civil Hilário Frasson, disse que “declararia guerra e se mataria”, caso ela se separasse dele. Ao longo da carta, Milena descreveu o comportamento agressivo de Hilário e afirmou que a separação seria a busca por paz.
A médica oncologista pediátrica Milena Gottardi Tonini Frasson foi baleada no estacionamento do Hospital das Clínicas, em Vitória, na noite de 14 de setembro. Inicialmente, o crime foi tratado como uma tentativa de assalto, mas agora a investigação é feita sob sigilo policial. O secretário estadual da Segurança Pública, André Garcia, afirmou que o crime tem características de feminicídio.
O advogado da família da médica, Renan Salles, confirmou ao G1 a veracidade da carta, mas não comentou a repercussão da divulgação do que há nela escrito e se disse supreso com a divulgação. "Como parte integrante do inquérito, seria sigilosa", afirmou.
Uma pessoa próxima à Milena, que preferiu não ser identificada, contou que sabia da carta e confirmou a situação vivida pela médica com o policial civil.
“Quando a Milena iniciou o processo de separação, ela estava se sentindo muito insegura. Tentava fazer um acordo com o marido, mas acabava em brigas e discussões. Então, quando resolveu tomar uma decisão, ainda que fosse contra a vontade dele, ela resolveu escrever, relatar o que ela estava passando e toda a angústia que ela tinha, pois ela tinha medo de acontecer alguma coisa com ela. Então, escreveu essa carta e disse que ia reconhecer firma em cartório e deixar em lugar seguro. Caso acontecesse alguma coisa com ela, essa carta ia relatar o que ela estava passando”, disse.
Para ela, a carta soa como o grito de socorro de uma mãe. “Essa carta hoje nos soa como uma despedida e um grito de socorro, porque pede que as filhas fiquem amparadas e todo o temor que ela sentia na relação conjugal”, completou.
O tio de Milena, Geraldo Gottardi disse que não sabia da existência da carta e que ela somente foi divulgada após autorização da polícia. “Só fui saber depois da morte dela. Mesmo assim, não sabíamos com quem estava. Foi entregue na advogada. Quando o delegado autorizou, ela foi divulgada”, afirmou.
Segundo ele, a pessoa que guardou a carta manteve segredo. “A pessoa procurou nos preservar, preservar a família”, disse.
Para o advogado de Hilário e presidente da OAB-ES, Homero Mafra, o que foi descrito na carta não reflete a verdade em sua totalidade. Ele também negou qualquer tipo de violência contra as filhas, mas disse que existem reações momentâneas ao processo da separação.
“Ele não queria sair de casa, estava se recusando do processo de separação. Ele nunca praticou violência contra os filhos. Quando você, no começo de um processo de separação, rejeita a ideia, há uma resistência e ele pode ter resistido a essa possibilidade de separação. Ele fez um drama da separação, que é normal de quando um dos dois não quer. É normal dentro desse processo”, declarou. O advogado afirma que o cliente não está sendo investigado.
Veja trechos da carta
“[Hilário] Reage com agressividade em algumas situações, porém sem agressão física. A agressividade é feita através de palavras.”
“Em relação às meninas, sempre foi um bom cuidador, porém, principalmente com a X* usava também de palavras agressivas e castigos físicos [...]. A nossa relação sempre foi de posse. Ele sempre demonstrou muita obsessão à minha pessoa, mesmo antes do namoro.”
“Diante de todos esses fatos, hoje sairei dessa casa com minhas filhas por determinação judicial uma vez que estou desde o dia 5 de março de 2017 tentando convencê-lo a sair de casa ou aceitar pacificamente a separação. No entanto, não obtive êxito nas inúmeras tentativas.”
“As conversas ele sempre partiam para o lado das ameaças. Falava que não sairia de casa, nem deixaria as meninas, que se um dia me separasse ele declararia guerra, e se mataria (falou isso perto de X dentre outras falas). Me sinto uma refém dentro da minha própria casa. Está insuportável! Não quero brigar com ele, mas também não consigo ter uma conversa, um diálogo. Ele não permite isso.”
“Por isso, venho através desta carta expor a minha vontade que se acontecer algo de ruim comigo, por exemplo, se Hilário Antônio Fiorotti Frasson me matar, e pode ser que tente se matar também, eu desejo que minhas filhas X e Y fiquem sob a guarda do meu irmão Douglas Gottardi Tonini com a supervisão de minha mãe Zilda Maria Gottardi porque assim ficarei em paz. Sei que eles têm plenas condições de seguir com os ensinamentos e afeto para com as minhas filhas da forma que eu mesma faria. Bem como de utilizar todos os benefícios financeiros a favor da educação das minhas filhas.”
*Os nomes das filhas da vítima foram preservados
Prisão do sogro
O pai do policial civil Hilário Frasson, Esperidião Carlos Frasson, de 71 anos, foi preso por volta das 5h desta quinta-feira (21), em Fundão, Grande Vitória, segundo o advogado Homero Mafra. A Sesp foi procurada, mas não confirmou a informação.
O advogado de Esperidião, Hiran Silva, disse que vai entrar com pedido de habeas corpus, para que o cliente seja solto.
Por causa disso, Mafra esteve na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para verificar a existência de mandado de prisão contra o policial civil e, segundo ele, o delegado disse que não havia.
Hiran confirmou a informação de que o pai de Hilário teve mandado de prisão temporária cumprido no sítio dele, em Timbuí, Fundão. Segundo o advogado, o suspeito Dionathas Alves Vieira, preso na sexta-feira (15), prestou depoimento e disse que o intermediário que o contratou apontou o pai do policial civil como mandante do crime.

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