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Direito Administrativo - Agências reguladoras
PUC-GOIÁS
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sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado; k) expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado; Revista de Informação Legislativa156 l) expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações quan- to aos equipamentos que utilizarem; m) expedir ou reconhecer a certifi- cação de produtos, observados os pa- drões e normas por ela estabelecidos; n) expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a ope- ração integrada e a interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais; o) deliberar, na esfera administra- tiva, quanto à interpretação da legis- lação de telecomunicações e sobre os casos omissos; p) reprimir infrações dos direitos dos usuários; q) rever periodicamente os planos gerais de metas e outorgas; e r) promover interação com os países do Mercosul. A Lei nº 9.478/97 dotou a ANP de com- petência específica para promover a regula- ção, a contratação e a fiscalização das ativi- dades econômicas integrantes da indústria de petróleo, cabendo-lhe, principalmente68: a) implementar a política nacional de petróleo e gás natural, com ênfase na garantia do suprimento de deri- vados de petróleo em todo o território nacional e na proteção dos interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos; b) promover estudos visando à delimitação de blocos para efeito de concessão das atividades de explora- ção, desenvolvimento e produção; c) regular a execução dos serviços de geologia e geofísica aplicados à prospecção petrolífera, visando ao levantamento de dados técnicos, destinados à comercialização, em bases não exclusivas; d) elaborar os editais e promover as licitações para a concessão de exploração, desenvolvimento e produ- ção do petróleo e dos seus derivados, celebrando os contratos delas decor- rentes e fiscalizando a sua execução; e) autorizar a prática das ativi- dades de refinação, processamento, transporte, importação e exportação; f) estabelecer critérios para o cálculo de tarifas de transporte duto- viário e arbitrar seus valores; g) fiscalizar diretamente, ou me- diante convênios com órgãos dos Estados e do Distrito Federal, as atividades integrantes da indústria do petróleo, bem como aplicar as sanções previstas em lei, regulamento ou contrato; h) instruir processo com vistas à declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação e instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à exploração, desenvolvi- mento e produção de petróleo e gás natural, construção de refinarias, de dutos e de terminais; i) fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional de petróleo, dos derivados e do gás natural e de preservação do meio ambiente; j) estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias na exploração, produção, refino e processamento; k) organizar e manter o acervo das informações e dados técnicos relativos às atividades da indústria do petróleo; l) consolidar anualmente as infor- mações sobre as reservas nacionais de petróleo e gás natural transmitidas pelas empresas concessionárias e permissionárias, responsabilizando- se por sua divulgação; m) fiscalizar o adequado funciona- mento do sistema Nacional de Esto- ques de Combustíveis e o cumprimento do Plano Anual de Estoques Estraté- gicos de Combustíveis, de que trata o art. 4º da Lei nº 8.176, de 8 de fevereiro de 1991; n) articular-se com os outros ór- gãos reguladores do setor energético Brasília a. 36 n. 141 jan./mar. 1999 157 sobre matérias de interesse comum, inclusive para efeito de apoio técnico ao CNPE; o) regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento na- cional de combustíveis, fiscalizando-as diretamente ou mediante convênios com outros órgãos da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios; e p) exercer as atribuições do Depar- tamento Nacional de Combustíveis, relacionadas com as atividades de distribuição e revenda de derivados de petróleo e álcool. 3.1. Delegação de atribuições à agência reguladora O poder concedente dos serviços públi- cos – sejam de competência da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município –, enquanto titular de tal competência, outorgada constitucionalmente, responde pela efetiva prestação desse serviço público, realizando-o diretamente, por meio dos órgãos da administração pública, ou indire- tamente, delegando-o a empresas particula- res, por meio dos institutos da concessão, permissão ou autorização. Delegando a prestação de serviço de sua competência à empresa privada, incumbe ao poder concedente, por intermédio dos órgãos que compõem a sua estrutura admi- nistrativa, zelar pelo controle da qualidade do serviço e da sua regularidade, mediante mecanismos fiscalizatórios, além de asse- gurar aos usuários o atendimento a seus direitos ao serviço adequado e a uma tarifa módica (ou no mínimo razoáveis). Buscando tal fim, são constituídas as agências reguladoras, dotadas de estrutura funcional independente – autarquias espe- ciais –, entidades integrantes da adminis- tração indireta do titular da competência, legitimadas, na forma da lei, para o desem- penho das funções reguladoras, de controle e de fiscalização dos serviços concedidos. Um aspecto jurídico que tem sido deba- tido diz respeito à possibilidade de um ente político (União, Estado ou Município), ao qual a Constituição atribuiu a competência para a prestação de determinado serviço público, delegar à entidade regulatória criada por outro ente político o exercício das funções reguladoras e fiscalizadoras da atividade que tem a seu cargo. Com efeito, em princípio, conforme antes salientado, as competências outorgadas pela Constituição são suscetíveis de dele- gação ou de cessão, pelas pessoas jurídicas investidas daqueles poderes. A doutrina69 ressalta a natureza jurídica do convênio e a sua diferença em relação ao contrato. Mediante o convênio, ato adminis- trativo complexo, da modalidade pública do gênero acordo, uma entidade pública coopera com outra para satisfação de um interesse público. Aliás, no direito consti- tucional brasileiro, já tivemos o reconhe- cimento da validade dos convênios firmados entre vários municípios para determinados fins (art. 23, parágrafo único, da CF/88). São acordos de colaboração ou parceria que podem ocorrer entre entidades que integram a administração da mesma pessoa de direito público70 ou que pertencem ou estão vincu- ladas a pessoas de direito público diferentes, do mesmo nível71 ou de nível distinto72. É até possível a realização de convênios entre entidades administrativas de dois países diferentes, que não se confundem com os tratados internacionais73. Assim sendo, parece-nos juridicamente viável que uma agência reguladora federal celebre convênio com o Estado no qual os serviços concedidos serão prestados, para as atividades complementares, inerentes à regulação, controle e fiscalização de serviços pelo primeiro concedidos ou permitidos. Tal mecanismo afigura-se útil em face da proximidade espacial da autoridade esta- dual para controlar e fiscalizar um serviço concedido pela União, executando misteres complementares que possibilitam o instru- mental necessário ao desempenho eficiente dessas atribuições do poder concedente, que, todavia, não implica renúncia de sua com- petência constitucional ligada à concessão de serviços públicos. Revista de Informação Legislativa158 Os contratos administrativos e convênios apresentam diferenças estruturais, funcio- nais, teleológicas e patrimoniais, conforme assinala a doutrina. A distinção estrutural se refere ao conteúdo da vontade expressa pelas partes: enquanto no contrato as partes visam a objetivo diverso, no acordo ambas pretendem alcançar o mesmo fim. Como distinção