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Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Administração Mercadológica (Marketing) Dickson (2001) explica que muitos livros da área de marketing apresentam o desenvolvimento histórico e filosófico do marketing por meio de eras, sendo destacadas principalmente a era da produção, a era das vendas, a era do marketing e a era do marketing de relacionamento. Esse ponto de vista tradicional retrata fases distintas em que passaram os negócios durante determinado período. Por outro lado, ponto de vista alternativo, Dickson (2001) relembra que inventar e vender produtos que os clientes necessitam e desejam, bem como fornecê-los tem sido essencial para o desenvolvimento das economias de livre mercado desde a pré-história. O autor esclarece que, na realidade, nunca houve uma era da produção ou uma era das vendas. O que ocorreu foi que as empresas se tornaram orientadas demais para a produção ou para vendas, à custa do relacionamento com o cliente, sendo de certa forma forçadas pelos concorrentes (mais orientada para o marketing) a serem mais orientadas para o cliente ou desapareceriam do mercado. Cobra (2009) explana que nos anos de 1800 a 1849 nos EUA inicia-se a “fase da produção especulativa”, em que os fabricantes produziam algumas mercadorias que acreditavam que os consumidores adquiririam. Deste período em diante, os efeitos da Revolução Industrial são sentidos na produção em massa de mercadorias a partir de máquinas e equipamentos. Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Cobra (2009) e Kotler (2000) expõem que na orientação de produção o enfoque básico era a produção de mercadorias ou serviços com alta eficiência, em escala crescente que permitisse redução de custos apoiada em produção seriada e padronizada. Neste aspecto, Kotler (2000, p.39) explica que “a orientação de produto sustenta que os consumidores dão preferência a produtos que ofereçam qualidade e desempenho superiores ou que tenham características inovadoras.” Dickson (2001) complementa explicando que a era da produção estava fundamentada na atitude filosófica de que bons produtos venderiam a si mesmos. Nesta fase, o marketing desempenhou um papel secundário. Já a orientação de vendas parte do princípio de que os consumidores geralmente não compram os produtos da organização em quantidade suficiente, sendo necessário empreender um esforço agressivo de vendas e promoção. (KOTLER, 2000). Para Dickson (2001) o foco principal da era das vendas estava em descobrir clientes para os estoques ainda não-vendidos. Durante este período, as empresas buscavam vender o que produziam em oposição a produzir o que podiam vender. O marketing ainda desempenhava um papel secundário em relação a outras áreas. Com base no conhecimento contraído por meio das falhas cometidas durante a era da produção e das vendas, as empresas passaram a levar em consideração o valor da informação de mercado como prioridade para fazer o planejamento de produção. (DICKSON, 2001). Cobra (2009) descreve que é preciso primeiramente descobrir as necessidades ou desejos dos consumidores, e a partir daí orientar uma produção mais racionalizada. “O marketing passou para a linha de frente de estratégia de negócios e satisfazer as necessidades do cliente tornou-se responsabilidade de todos na organização.” (DICKSON, 2001, p.28). De acordo com Kotler (2000) na orientação de marketing, o ponto estratégico para atingir as metas da organização está no fato de a empresa ser mais efetiva que os concorrentes na criação, entrega e comunicação de importância para o cliente de seus mercados-alvo. Dickson (2001) relata que a era atual é do marketing de relacionamento, sendo utilizado para reforçar e aumentar o foco concentrado no cliente na era do marketing. Caracteriza-se também por desenvolver relacionamentos de longo prazo, reciprocamente satisfatórios para clientes e fornecedores da organização. Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Tabela: A evolução do Marketing A Evolução do Marketing Era da Produção A filosofia dos negócios concentra na eficiência da fabricação. Era das Vendas A filosofia de negócios concentra na venda de produtos existentes. Era do Marketing A filosofia dos negócios concentra nas necessidades e nos desejos do cliente. Era do Marketing de Relacionamento A filosofia dos negócios concentra nos fornecedores e em manter os clientes existentes. Fonte: Adaptado de Dickson (2001) Além das orientações citadas, Kotler (2000, p.47) acrescenta a orientação de marketing societal, sustentada pelo princípio de que: [...] a tarefa da organização é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e fornecer as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da sociedade. Cobra (2009) lembra que o marketing é mais do que uma forma de sentir o mercado e adaptar produtos ou serviços, é um compromisso com a busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nos ano 60 e 70 houve forte expansão nos negócios tornando o mercado carregado de empresas servindo aos mesmos grupos de clientes. Para combater essa ameaça competitiva, o conceito de marketing progrediu para o conceito de mercado estratégico, sendo delineado como a missão da organização em buscar uma vantagem competitiva sustentável satisfazendo as necessidades dos clientes. (DICKSON, 2001). Em mercados de contínuas mudanças, as organizações passaram a entender a importância de se orientarem pelas necessidades e exigências do mercado. Kotler (2000, p.30) define marketing como “[...] um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros.” Seguindo este conceito de marketing, Kotler (2000, p.32) define a administração de marketing como “o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.” Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Como se pode perceber, antes as necessidades e desejos dos consumidores eram atendidos de forma simples, as empresas não se preocupavam em satisfazer seus clientes, não havia muitas organizações e a concorrência era praticamente inexistente. A tecnologia estava voltada aos poucos maquinários de produção e a publicidade e propaganda era essencialmente o boca-a-boca. As empresas estavam inseridas no mercado simplesmente para gerar lucro e sobreviver. (SCHROEDER; RODRIGUES, 2008). Entretanto, há muito tempo essa não é mais a realidade do mercado, uma empresa não mais desenvolve um produto para depois procurar compradores para ele. O marketing envolveidentificar o que o cliente quer e adaptar os produtos para satisfazer essas exigências e ao mesmo tempo trazer lucro para a empresa. Funções de marketing As quatro funções básicas do marketing, análise, adaptação, ativação e avaliação, de acordo com Cobra (2009) representam a interação das ferramentas de marketing com o seu ambiente e avaliam os resultados das operações mercadológicas em virtude dos objetivos da empresa. A função de análise visa compreender as forças vigentes no mercado e suas interações com a empresa, permitindo a identificação das oportunidades, ameaças, mudanças e tendências mercadológicas. (COBRA, 2009). A adaptação consiste na adequação das linhas de produtos ou serviços da empresa às forças vigentes no mercado para atender às necessidades e aos desejos dos consumidores. A adaptação também é importante devido ao ciclo de vida do produto. (COBRA, 2009). Na função de ativação, os profissionais de marketing devem reavaliar os meios de comunicação da empresa, para que o produto chegue ao consumidor final de maneira adequada. (COBRA, 2009). A avaliação é definida por Cobra (2009) como o controle dos resultados do esforço de marketing em conjunto e isoladamente, também chamado de auditoria de marketing. A avaliação é uma preocupação contínua do profissional de marketing em aprimorar a relação custo/benefício das atividades que estão sob seu controle. Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Mercado O mercado é constituído de compradores reais e potenciais de um produto ou serviço, que estão cada vez mais individualistas e exigentes. As pessoas estão procurando por produtos que satisfaçam suas necessidades e desejos, por isso os profissionais de marketing precisam compreender claramente o mercado envolvido para mensuração da demanda, identificando compradores com comportamentos de compra homogêneos. (COBRA, 2009; KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Kotler (1998) salienta que é importante apontar as diferenças entre necessidades, desejos e demanda. O autor explica que a necessidade humana é um estado de privação de alguma satisfação básica, já existe na delicada textura biológica e é fundamental a condição humana. Os desejos humanos são carências por satisfações específicas a fim de atender as necessidades, sendo continuamente moldados e remoldados pela sociedade. E as demandas, são desejos por produtos específicos, respaldados pela habilidade e disposição de adquirí-los. Desejos tornam-se demandas quando apoiados por poder de compra. Na concepção de Kotler e Armstrong (1998), as empresas devem mensurar a demanda corrente do mercado e prever a demanda futura com a finalidade de desenvolver estratégias efetivas para seus mercados-alvo e administrar melhor seus esforços voltados ao marketing. A demanda corrente do mercado pode ser vista em termos de demanda total do mercado ou demanda de uma área do mercado. A demanda total do mercado de um produto ou serviço é o volume total a ser adquirido por um determinado grupo de clientes, em determinada área geográfica, durante determinado tempo, em determinado ambiente de marketing, sob um determinado nível e mix de esforço de marketing praticado pelas empresas. Já a demanda de uma área do mercado, consiste em métodos utilizados para estimar a demanda dentro de determinado município, estado ou país. (KOTLER; ARMSTRONG, 1998). De acordo com Kotler e Armstrong (1998, p.154) existem dois métodos básicos para estimar a demanda de uma área do mercado, sendo: O método de construção de mercado identifica o número de compradores potenciais em cada mercado e estima suas compras potenciais. O método índice de fator de mercado é um método alternativo, que identifica os fatores do mercado que se correlacionam com o potencial do mercado e depois os combina em um índice ponderado, como o do poder aquisitivo. Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período Kotler (1998) explica que existem vários métodos de previsão de demanda futura baseados na opinião das pessoas. Um deles é por meio de pesquisa das intenções dos compradores, em que se questiona aos compradores o que eles pretendem fazer. Outro método chama-se conjunto das opiniões da força de vendas, baseando-se no fato de que os vendedores, embora na maioria das vezes limitados, estão próximos dos clientes e possuem boa visão dos pedidos futuros. Mais um método inclusive semelhante ao anteriormente citado, é a criação de um consenso de opiniões de especialistas. É possível também prever a demanda futura analisando o que as pessoas fazem, por meio de testes de mercado ou verificando o que elas fizeram no passado. Os principais métodos baseados no comportamento passado são as análises de séries temporárias, o estudo dos indicadores-guias e as análises de estatísticas da demanda. Não existe o método ideal de previsão a ser adotado, o melhor método depende da finalidade da previsão, do tipo de produto e da disponibilidade e confiabilidade dos dados. (KOTLER; ARMSTRONG, 1998). Concorrência Considerando à competitividade dos mercados, apenas compreender os clientes não é suficiente. As empresas devem estar atentas aos seus concorrentes, projetando e operando sistemas para obter informações sobre a concorrência. (KOTLER, 2000). No entendimento de Porter (2009), todos os setores possuem uma estrutura subjacente ou um conjunto de características econômicas e técnicas essenciais que geram as forças competitivas. E para que uma organização tenha sucesso em um ambiente tão hostil e competitivo, a primeira etapa a ser realizada é a análise dos concorrentes, o processo de identificar e avaliar os concorrentes potenciais. E a segunda etapa, desenvolver estratégias competitivas de marketing que posicionem consistentemente a empresa em relação aos concorrentes e lhe proporcione a maior vantagem competitiva possível. (COBRA, 2009; KOTLER; ARMSTRONG, 2007). De modo geral, podem-se identificar os concorrentes de uma empresa do ponto de vista do setor industrial e o do ponto de vista do mercado. (KOTLER, 1998). Kotler (1998) define o setor industrial como um conjunto de empresas que ofertam determinado produto ou classe de produtos que são substitutos próximos uns dos outros. Kotler Prof. Caio Santângelo Arquivo: AULA02 – MATÉRIA. doc E-mail: caio@santangelo.adm.br Portal: www.santangelo.adm.br CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Marketing Internacional 5º Período (1998, p.210) explica que “substitutos próximos são produtos com alta elasticidade cruzada da demanda. Se a demanda por um produto aumenta como resultado do aumento do preço de outro produto, os dois são substitutos próximos.” Além disso, podem-se examinar as empresas que atendem a mesma necessidade do consumidor (abordagem do mercado). A concorrência de mercado atenta a organização “[...] para um conjunto mais amplo de concorrentes reais e potenciais e estimula mais o planejamento estratégico de mercado a longo prazo.” (KOTLER, 1998, p.212). Seguindo a mesma linha de raciocínio de Cobra (2009) e Kotler e Armstrong (2007) na etapa de desenvolvimento de estratégias de marketing, Porter (2009) explica que depois de avaliaras forças que interferem a competição no setor e as respectivas causas subjacentes, o profissional responsável em delinear as estratégias possui condições de identificar os pontos fortes e fracos da empresa. Sob o aspecto estratégico, os pontos fortes e fracos, são as posturas da empresa em relação às causas subjacentes de cada força. Lembrando que, o estrategista, no empenho de posicionar a empresa para melhor enfrentar o ambiente setorial ou de influenciá-lo em favor dela, precisa compreender os fatores que determinam suas particularidades. Na visão de Porter (2009), a chave do crescimento ou até mesmo da sobrevivência de uma organização, é a demarcação de uma posição que seja menos propícia ao ataque dos concorrentes, já consolidados ou novos, e menos vulnerável ao desgaste decorrente da atuação dos compradores, fornecedores e produtos substitutos.
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