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UNIDADE I – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 1. Considerações iniciais: - Introdução ao federalismo: foedus = união - Estado unitário: poder central - Estado federalista: dois poderes, central e regional - Estado co-federalista: intermediário. - Independência dos EUA > tratado internacional > confederação > todos os Estados eram soberanos e podiam sair da confederação em qualquer momento que quisessem > federalismo > constituição > não há mais o direito de secessão - Entes federativos ou entes federados: gênero - UF - EM - DF - M - Características do federalismo: - legislação que passa pelos Estados membros (representação, deputados e senadores) - vínculo indissolúvel - mecanismo que garante o vínculo indissolúvel: lei de segurança nacional (crime atentar contra o pacto federativo) + constituição art. 37, VII (ADInterventiva) - Supremo Tribunal Federal (tribunal responsável pelas lides relativas ao pacto federativo) - Pacto federativo: cláusula pétrea da constituição 1988, art. 60, §4º, I. [ Estudar tipos de governo ] 1.2. União Federal: trata-se de pessoa jurídica de direito público interno dotada de autonomia caracterizada pelo exercício da auto-organização, auto-governo e auto-administração sendo que, no plano internacional exerce a soberania do Estado brasileiro (característica da dupla personalidade jurídica) - Dupla personalidade jurídica (Pedro Lenza): internamente só tem autonomia, mas no plano internacional exerce a soberania do Brasil representada pelo presidente da república. (Conceito do professor) A união federal possui dupla personalidade jurídica na medida em que no plano interno é detentora de autonomia, mas exerce no plano internacional a soberania que é característica do Estado Federal. - Presidente: - Chefe de Estado: representa o país - Chefe de governo: governo o país OBS: Qual a distinção entre União Federal e Estado Federal? - União federal: pessoa jurídica de direito público interno, detém autonomia e é apenas um dos entes federativos. - Representa o Estado federal no âmbito internacional - Estado federal: pessoa jurídica de direito público internacional, detém a soberania e é formado pela reunião de todos os entes federativos (Brasil) 1.2.1. Características [da autonomia]: a) Auto-organização: refere-se ao poder que a união federal possui de estabelecer as regras que irão disciplinar seus agentes públicos, órgãos e entidades devendo sempre observar os comandos previstos na constituição federal. b) Autogoverno: diz respeito ao poder de realizar, por exemplo, eleições no plano federal para o poder executivo federal e o poder legislativo federal, sem estar submissa a vontade dos demais entes federados. c) Autoadministração: tríplice competência – legislativa (capacidade de criar normas), executiva (material administrativa | executa as leis) e tributária (capacidade de produzir suas próprias receitas). 1.2.2. Bens da União: art. 20 (XI) I – tudo que ela pertence e tudo o que vier a pertencer II – terras fronteiriças III – [...] LER [ Regra básica dos bens: Esse bem tem a relevância do interesse nacional? proteção do interesse nacional? ] 1.2.3. Possibilidade de criação de regiões de desenvolvimento: art. 43 - região criada para gerar o desenvolvimento, reduzir desigualdades... | A união federal com o objetivo de reduzir as desigualdades socais e propiciar o desenvolvimento de uma região pode criar, para fins administrativos, uma região de desenvolvimento por meio da edição de lei complementar. No entanto, essa região de desenvolvimento não possui autonomia, uma vez que não se trata de um novo ente federativo. 1.3. Estados-Membros: é pessoa jurídica de direito público interno, possuidor de autonomia caracterizada pelo exercício da auto-organização, autogoverno e da auto-administração que possui população e território menor do que a União Federal. OBS: Qual a distinção entre Estado-Membro e Estado Federal? - Estado-Membro: pessoa jurídica de direito interno, autonomia e apenas um dos entes federativos - Estado Federal: pessoa jurídica de direito internacional, soberania e é formado pela reunião de todos os entes federativos. 1.3.1. Características a) Auto-organização: capacidade de criar sua própria constituição (poder constituinte decorrente) e as suas próprias leis estaduais. b) Autogoverno: diz respeito ao poder de realizar, por exemplo, eleições no plano Estadual para o poder executivo Estadual e o poder legislativo Estadual, sem estar submissa a vontade dos demais entes federados. c) Autoadministração: tríplice competência – legislativa (capacidade de criar normas), executiva (material administrativa | executa as leis) e tributária (capacidade de produzir suas próprias receitas). 1.3.2. Bens dos Estados: art. 26 (IV) – se não é um bem federal, é um bem estadual. Interpretação por exclusão. - São definidos por exclusão - Regra básica dos bens: Esse bem tem a relevância do interesse regional? proteção do interesse regional? [não é absoluta essa regra] 1.3.3. Possibilidade de criação de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões: art. 25, §3º. O objetivo da criação é facilitar o planejamento, organização e execução de funções públicas de interesse público. | Os Estados-membros, mediante lei complementar, podem criar regiões metropolitanas, microrregiões ou aglomerados urbanos que se caracterizam como um conjunto de municípios limítrofes (encangados) que tem por objetivo garantir a organização, integração, planejamento e execução de atividades de interesse comum. Todavia, tais regiões não são novos entes federativos já que não possuem autonomia. 1.3.4. Formação de novos Estados-Membros a) Fusão/incorporação entre si*: ocorre quando dois ou mais entes federativos se unem formando um novo ente federativo que passará a ter personalidade jurídica própria, ou seja, terá território e população ampliados. Além disso, os entes federativos originários que deram o ensejo a criação de um novo ente federativo deixam de existir. - * A incorporação ocorre quando um ou mais entes se incorporam a um ente já existente, nesse caso os entes incorporados deixam de existir enquanto que o ente incorporador passa a ter população e território ampliado. b) Cisão/subdivisão: ocorre quando um ente federativo subdivide-se dando origem a dois ou mais novos entes federativos sendo que cada um deles terão personalidade jurídica própria, população e território específicos. Já o ente originário deixa de existir uma vez que perde a sua personalidade jurídica. c) Desmembramento: c.1) Desmembramento-anexação: ocorre quando um ente federativo perde parte de sua população e de seu território que passam a se anexar a um ente federativo já existente. Nesse caso o ente federativo originário continuará existindo, embora com população e território reduzido. c.2) Desmembramento-formação: ocorre quando um ente federativo perde parte de sua população e de seu território que passam a formar um novo ente federativo dotado de personalidade jurídica própria. Nesse caso o ente originário não desaparece apenas tem reduzida sua população e seu território. OBS: Quais são os requisitos para a formação de novos Estados-Membros? (art. 18, §3º; cumulado com lei 9.709/88, art. 4) - 1º) Plebiscito (mecanismo de consulta popular antes de uma tomada de uma decisão) com a população interessada (art. 7, da lei 9.709/88); - Se favorável, segunda fase. (Vinculapara o seguimento/continuidade do processo) - Se não favorável, arquivam-se os autos do processo. - 2º) Projeto de lei complementar federal criando um novo Estado-membro; - Gera um impacto nacional, portanto é legislação federal. - 3º) Oitiva (consulta) das assembleias legislativas Estaduais envolvidas; - Emitem um parecer meramente opinativa. Não vincula a decisão (art. 48, VI da Constituição Federal cumulado com o art. 4, lei 9.709/88) - 4º) Lei complementar federal criando um novo Estado-membro. - Pode vetar a formação do novo Estado-membro, já que no congresso nacional abrange o impacto que geraria em âmbito nacional (vontade do povo representativa). 1.4. Municípios: são entes federativos dotados de autonomia caracterizada pelo exercício da auto-organização, autogoverno e autoadministração que tem por objetivo atender a interesses de impacto local. Pessoa jurídica de direito público interno. - Lei orgânica é a matriz legislativa do município. 1.4.1. Características: a) Auto-organização/autolegislação: os municípios podem criar suas próprias leis, orgânicas ou municipais. b) Autogoverno: possuem autonomia para realizar suas próprias eleições para os cargos legislativos-executivo c) Autoadministração: se administram através das leis locais e sua capacidade de executá-las. 1.4.2. Bens dos municípios: critério de exclusão. Os bens que não forem da União ou do Estado-membro, pertencerão ao município. 1.4.3. Formação de novos municípios: (art. 18, §4º) - A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual [ordinária – nos termos de lei] (4º etapa), dentro do período determinado por Lei Complementar Federal (1º etapa), e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos (3º etapa), após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei (2ºetapa). - 1º) Lei complementar federal: estabelece o prazo para a criação de novos municípios; - 2º) Apresentação de Estudos de Viabilidade Municipal nos termos de lei ordinária; - 3º) Plebiscito com as populações dos municípios interessados (vincula o prosseguimento do processo); - 4º) Lei ordinária estadual. Municípios inconstitucionais *----------------------------------------------*---------------------------------------------*----------------- ----CF/88 – liberdade para criação de novos municípios | EC 15/96 – restrição a criação de novos municípios | 09/05/2007 Julgamento STF* * – ADIO 3682-3/MT – O STF deu o prazo de 18 meses para o congresso nacional criar a lei complementar federal – ADI 2240/BA – Inconstitucionais, contudo, foram lhes dados o prazo de 24 de meses para se regularizarem. ----*--------------------------------------------*------------------ 18/10/2009 - EC 57/09 (art. 96 da ADCT)* 09/11/2009 (fim do prazo para o congresso criar a EC, a lei não foi criada) * Todos os municípios, no período tido quando eram declarados inconstitucionais, foram declarados constitucionais. - Ação direta de inconstitucionalidade por omissão: inconstitucionalidade pela ausência de ato normativo OBS2: Municípios são entes federativos? - Primeira corrente José Afonso da Silva e outros: Municípios não são entes federativos sobre os seguintes argumentos: [DOUTRINA MINORITÁRIA] - Federalismo mundo a fora só existe no plano Federal e Estadual. - Não possui representatividade no congresso nacional. - Os municípios não possuem um poder judiciário municipal/local. - Segunda corrente (art. 1; art. 18, caput; art. 29; art. 30 e 34, VII, c): são sim entes federativos por gozam de autonomia. [DOUTRINA MAJORITÁRIA] 1.5. Distrito Federal: pessoa jurídica de direito público interno dotado de autonomia caracterizada pela auto-organização, autogoverno e autoadministração e que possui natureza híbrida, uma vez que acumula atribuições inerentes aos municípios e também dos Estados. 1.5.1. Características a) Auto-organização/legislação: se dá através de sua legislação, leis orgânicas (art. 32). b) Autogoverno: capacidade de instituir eleições para o governador e os deputados distritais. c) Auto-administração: podem criar suas próprias leis e executá-las, como também criar e arrecadar seus próprios tributos. Brasília: sede do governo do distrito federal e do Estado federal Brasília é a capital federal, contudo é possível em situações pontuais e de forma temporária deslocar a sede administrativa do governo federal. - Art. 49, VI OBS: O Distrito Federal possui autonomia plena? - Apesar do Distrito Federal possuir autonomia está não é absoluta, já que o governo federal mantém diversas instituições do Distrito Federal, como por exemplo Poder Judiciário, Ministério Público, polícia militar, corpo de bombeiros, etc. - EC 69/2012: Defensoria pública passa a ser mantida pelo Distrito Federal e não mais pela União. 1.6. Territórios federais: não são entes federativos, pois não possuem autonomia. Na verdade, trata-se apenas de uma descentralização administrativa territorial, uma vez que são apenas uma extensão territorial da união federal. (art. 18, §2º) [como se fosse uma autarquia federal que pertence a união federal] - Hoje não temos nenhum território federal; tivemos no passado, exemplo Acre, Amapá, Fernando de Noronha, Roraima etc. (art. 14 e 15 do ADCT) - Com o advento da Constituição de 88, o Acre, Amapá e Roraima passaram a ser tratados como Estados-membros. - Fernando Noronha foi incorporado ao Estado-membro de Pernambuco, sendo o único caso de distrito estadual que temos no Brasil. - O parágrafo 2º e 3º do art.18 permite a criação de territórios federais através do mesmo procedimento para a criação de Estado-membro. OBS: É possível a criação de novos territórios? Sim, desde que cumpra os requisitos constitucionais. 2. DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS: 2.1 Considerações iniciais: trata-se especificamente da auto-administração. Três grandes categorias: competência legislativa, executiva e tributária. - Competência é o poder jurídico conferido a entidades, órgãos ou a agentes públicos que lhes permitem exercer suas atribuições. OBS: O que significa o princípio da preponderância do interesse? Para saber qual ente federativo pode legislar sobre assunto A, a primeira coisa que deve ser levado em conta é o impacto que gera, se é no âmbito nacional, regional ou local. Conceito: é uma técnica que permite aferir de início qual ente federativo goza de poderes para exercer determinadas competências, isto é, em se tratando de assunto de interesse local, competência municipal; em se tratando de interesse regional, competência Estadual; por fim, em se tratando de interesse nacional, competência federal. 2.2. Competência legislativa: é o poder jurídico que permite inovar na ordem jurídica, ou seja, possibilita a criação, modificação ou extinção de leis. 2.2.1. Competência exclusiva: é um poder que pertence a alguém, excluindo todas as demais. É meu. - Municípios: art. 30 - Distrito federal: possui as mesmas competências exclusivas dos municípios 2.2.2. Competência privativa: é meu, mas posso delega-lo para outrem. É um poder reconhecido a alguém, mas permite que haja a delegação para outra pessoa. Os únicos que podem receber a delegação são os Estados (Estados-membros e Distrito Federal). - União: art. 22 (I – c a p a c e t e p m) OBS: Requisitos para delegação das matérias de competência privativa da União. - Só os Estados e o Distrito Federal participam nessa competênciaI) Explícitos: art. 22, §ú (ex. de bibliografia: Alexandre de Morais) I.I) Formal: lei complementar I.II) Material: questões/assuntos específicas previstos no art. 22 - Ex.: lei criada por um país do norte sobre direito penal e o direito ambiente no que condiz a destruição das vitórias régias. II) Implícitos: art. 19, III. A união não pode discriminar a delegação, tendo que delegar a todos os Estados, evitando qualquer tratamento desigual. 2.2.3. Competência concorrente: art. 24.Trabalho em equipe/conjunto entre a União, Estados e Distrito Federal. - §1º e §2º: aquele estabelece normas gerais, este estabelece norma específicas. - §3º: competência suplementar complementar - se a União federal for omissa, autorizará os Estados de forma subsidiária/suplementar legislar normas gerais e específicas. - §4º: suspende a eficácia da norma geral Estadual com a lei federal que legisla sobre a mesma matéria concorrente. Ressaltando que necessita-se da contrariedade da norma Estadual para com a Federal, suspendendo apenas a parte contrária. [uma norma complementa a outra] | Diante da superveniência de lei federal que cria normas gerais, a lei estadual criada anteriormente para suprir a omissão da União ficará suspensa, contudo apenas naquilo que lhe for contrária (efeito repristinatório). Essa é uma competência que se denomina competência suplementar supletiva. - Revogação: morreu maria preá. Extingue-se a o vigor da lei no ordenamento jurídico. - Suspender: apenas paralisa os efeitos da norma enquanto a norma federal estiver em vigor ou enquanto ela não for declarada inconstitucional. (Efeito repristinatório) 2.2.4. Competência remanescente, reservada ou residual: os Estados. §1º, art. 25. 2.2.5. Competência suplementar: art. 30, II. - Competência concorrente através de interpretação sistemática, em que os municípios legislam sobre matéria específica de interesse local. 2.3. Competência material/administrativa/executiva: poder para executar as leis. Princípio da preponderância do interesse e, em regra, o mesmo ente que criou a norma é aquele que irá aplicar. 2.3.1. Competência exclusiva: - União: art. 21 - Municípios: art. 30, III parte b em diante. 2.3.2. Competência reservada, remanescente ou residual: - Estados e do Distrito Federal 2.3.3. Competência comum: art. 23. Todos são igualmente responsáveis pelo todo. OBS: Qual(is) a(s) diferença(s) entre competência exclusiva, concorrente e comum? _ Competência exclusiva/horizontal/remanescente = competência horizontal (cada um faz a sua parte) Competência concorrente = competência vertical (há uma relação verticalizada, team work) 2.4. Competência tributária: a) União: art. 153; 154, I b) Estados-Membros: art. 155 c) Municípios: art. 156 3. INTERVENÇÃO FEDERATIVA: trata-se de uma medida excepcional, de afastamento temporário da autonomia de um determinado ente federativo baseada em uma das hipóteses taxativas previstas na Constituição Federal que tem por objetivo garantir a manutenção do vínculo indissolúvel, ou seja, garantindo a soberania do Estado Nacional e a autonomia dos demais entes federativos. 3.1 Considerações iniciais: Surge inicialmente nos Estados Unidos No Brasil surgiu em 1921 (Constituição republicana) A finalidade é manter a higidez do pacto federativo - Regras: - Ato político e, portanto, só pode ser praticado pelo chefe do poder executivo. - A intervenção federativa ocorre do ente mais amplo para o menos amplo - Só é possível a decretação de intervenção se estiver taxatividade prevista na Constituição 3.2. Intervenção Federal: 3.2.1. Espontânea: é toda aquela em que a autoridade competente, de forma ex officio, determina a intervenção, ou seja, independe da vontade de quais tipos de solicitação. a) Defesa da unidade nacional (art. 34, I e II) b) Defesa da ordem social (art. 34, III) c) Defesa das finanças públicas (art. 34, V) 3.2.2. Provocada: é aquela em que a autoridade competente é estimulada a intervir, isto é, recebe um pedido para intervir. a) Por solicitação: O presidente tem o juízo de discricionariedade/liberdade. Não vincula o chefe do poder executivo. a1) Poder Legislativo local: art. 34, IV c/c 36, I a2) Poder Executivo local: art. 34, IV c/c 36, I b) Por requisição: vincula o chefe do poder executivo. b1) STF para garantir o livre exercício do Poder Judiciário (art. 34, IV c/c 36, I): b2) STF, STJ ou TSE para garantir o cumprimento de suas decisões ou ordens judiciais (art. 34, VI c/c 36,II) [Esses órgãos judiciários não estão tendo suas decisões cumpridas] OBS: O que acontece se a decisão descumprida for do Tribunal Superior do Trabalho (TST) ou do Superior Tribunal Militar (STM)? Se for uma decisão de outro tribunal que não está sendo cumprida, vai para o STF para que ele decida sobre o assunto. c) Por representação do Procurador-Geral da República ao STF: tem que ter, necessariamente, um processo judicial. c1) Garantia da execução de lei federal (art. 34, VI c/c 36, III): ação de executoriedade de lei federal. c2) Defesa dos princípios sensíveis (art. 34, VII c/c 36, III): ADInterventiva 3.2.3. Etapas: a) Iniciativa: 1ª fase do game a1) Presidente da República: Espontânea a2) Poder Legislativo local: Provocada por solicitação a3) Poder Executivo local: Provocada por solicitação a4) STF para garantir o livre exercício do Poder Judiciário: Provocada por requisição a5) STF, STJ ou TSE para garantir o cumprimento de suas decisões ou ordens judiciais: Provocada por requisição a6) Procurador-Geral da República através de representação ao STF: Representação OBS: Antes de decretar a intervenção o Presidente da República pode consultar quais órgãos? Esse parecer produzido por esses órgãos obrigam o Presidente da República a decretar a intervenção? - Conselho da República e Conselho de Segurança Nacional, sendo que tais pareceres não é vinculante, isto é, não obriga o Presidente da República a segui-los. (art. 90, I; 91, II CF/88) - Devendo ser realizado, mediante uma interpretação constitucional sistemática, que ambos os Conselhos devam ser ouvidos antes do decreto. [José Afonso da Silva] Expressamente a Constituição não diz. b) Decreto interventivo (art. 36, §1º): Prazo (quanto tempo), Amplitude (parcial ou total) e Condições de execução (o que o interventor precisar, ...) (P-A-C) OBS: Na expedição do decreto interventivo sempre será nomeado um interventor? - Não obrigatoriamente, apenas se necessário for. - Ex.: Art. 36, §3º: Decreto presidencial que suspende ato impugnado OBS2: O que acontece com as autoridades afetadas após o término da intervenção federativa? - Retomam suas atividades normais, desde que não haja impedimento legal. c) Controle político: realizado pelo Congresso Nacional (art. 49, IV) (deputados federais e senadores federais) ou Assembleias Legislativas. OBS: Sempre haverá o controle político? - Não. Em casos de intervenção provocada por representação, não haverá controle político. d) Fase judicial nos casos de representação: a fase judicial torna-se a segunda nas etapas, enquanto o decreto presidencial passa a ser o último. b1) Por representação do Procurador-Geral da República ao STF para garantia da execução de lei federal: b2) Por representação do Procurador-Geral da República ao STF para garantia dos princípios sensíveis: - §3º do 36: basta suspender a execução do ato ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento danormalidade. Vai realizar um decreto presidencial que suspende o decreto governamental. OBS: Sempre haverá a fase judicial no procedimento da intervenção? - Somente ocorrerá nas situações de intervenção provocada por representação do PGR. 3.3. Intervenção Estadual: OBS: UNIDADE II – PODER LEGISLATIVO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: - Há diversas formas de poder trabalhado na CF/88 - Todo poder emana do povo - Aristóteles > três fontes principais de poder - (1) o poder é exercido por aqueles que tem o condão de criar normas gerais e abstratas (legislativo) - (2) aquele que tem o poder/competência de aplicar as normas (judiciário e executivo) - (3) aquele que detém a competência para resolver os conflitos em uma sociedade (judiciário) - O poder, com o passar do tempo, foi concentrado nas mãos do soberano. Sem haver limites, podendo gerar limites. (Estado absolutista) - Foi destrinchado o poder centralizado em diversas atribuições (PL-PE-PJ) para evitar que houvesse abuso. (Ideais iluministas) - Livro: O Espírito da Lei de Montesquieu - “Cadê as panelas? Caso da Argentina, etc, que protesta contra as ações do Estado que não é do interesse da população em geral” 1.1. Atribuições do Órgão Legislativo a) Típicas: aquelas inerentes a essência de um determinado poder, ou seja, são as funções principais/primordiais exercidas por um determinado poder. (primária) - Legislar, função básica genérica. - Inovar na ordem jurídica (criar, modificar ou extinguir leis) - Fiscalizar - Econômico-financeira (legislativo exerce com o auxílio do tribunal de contas) - Político-administrativo: CPI (art. 58, §2º, CF/88) - Historicamente, a primeira função do legislativo não foi legislar. Mas sim, foi a fiscalizar. b) Atípicas: são as atribuições secundárias exercidas por um determinado poder, isto é, referem-se as atribuições típicas de outros poderes. (secundária) - O legislativo também administra/executa (art. 51, III, CF/88 – cria e executa seu regime interno) - O legislativo também exerce funções judiciais (art. 52, I, II, §ú, CF/88) 1.2. Atribuições do Órgão Executivo a) Típica: executar no dia a dia as normas visando a aplicação de políticas públicas em atendimento aos direitos e garantias fundamentais b) Atípicas: - legislar: - Medidas provisórias, tem força de lei - Decreto autônomo - Julga: - Não tem o condão de dar trânsito em julgado da discussão. - Processos administrativos - PADI (Projeto administrativo disciplinar) - Processo administrativo fiscal - Trânsito, recorrer a multa. - Ex.: entrega da multa dois meses depois > houve recorrência > CTN (a multa deve ser recebida, desde a data da infração, em até 30 dias) 1.3. Atribuições do Órgão Judiciário a) Típica: tem por função típica substituir as partes para de forma imparcial solucionar conflitos de interesses de forma definitiva e em respeito aos direitos e garantias fundamentais. - A decisão do judiciário põe fim a discussão. Enseja a ocorrência do trânsito em julgado. b) Atípicas: - Executar/ Administrar: - Art. 96, I, CF/88 – elaborar e executar o regimento interno - Legislar: - Art. 96, I, a, CF/88 - elaborar e executar o regimento interno OBS: Por que a doutrina critica a expressão Tripartição de Poderes? - O poder é uno, por emanar de uma única fonte, o povo. - São órgãos que pertencem à União (legislativo, executivo e judiciário), e não poderes. - A crítica reside no fato de que não são apenas três poderes, havendo dentro dos poderes o exercício, de forma atípica, da competência de outros. _ - Porque daria a entender que só existem três poderes quando na verdade o poder ele é uno e decorre do povo, sendo que o que há na verdade é o exercício precípuo (principal) de cada poder juntamente com suas funções secundárias. Assim, o que se pretende é a limitação dos poderes através do sistema de freios e contra freios - pesos e contra presos (checks and balances). - Cada um dos poderes acabam limitando o outro poder na medida que exercem parcelas de poderes inerentes de outro órgão. - Intervenção federal > decreto realizado pelo presidente > controle político > para evitar abusos/excessos 2. ÓRGÃO LEGISLATIVO FEDERAL: - Art. 44: Congresso Nacional, que é a Câmara dos Deputados (art. 45) e o Senado Federal (art. 46). - Sistema parlamentar federal é bicameral (bicameralismo), enquanto nos outros Entes só a uma única câmera (unicameralidade) - Bi-federalismo - Deputados federais representam o povo - Senadores representa os Estados-membros 2.1. Formas de manifestação do Legislativo da União [Adiamento até o processo legislativo] a) Através da Câmara dos Deputados sem a participação do Senado Federal e do Presidente da República: b) Através do Senado Federal sem a participação da Câmara dos Deputados e do Presidente da República: c) Através do Congresso Nacional sem a participação do Presidente da República: d) Através da Câmara dos Deputados e depois do Senado Federal e vice-versa com a participação do Presidente da República: e) Através Poder Legislativo da União investido do Poder Constituinte Derivado Reformador: 2.2. Disposições gerais sobre o Poder Legislativo a) Legislatura x Sessão Legislativa x Período Legislativo a1) Legislatura: período de quatro anos em que os parlamentares exercem seus mandatos (art. 44, §ú) - São quatro Sessões Legislativas a2) Sessão legislativa: período de um ano em que os parlamentares irão exercer suas atribuições (art. 57) - Possui dois períodos legislativos a2.1) Sessão legislativa ordinária: período delimitado na CF/88, ordinariamente dentro do qual os parlamentares exercem suas atribuições. a2.2) Sessão legislativa extraordinária: período fora do delimitado na CF/88 - Ou seja, trabalhar fora do horário normal estipulado na CF/88 - EC 50/2006: foi vetado o pagamento indenizatório aos parlamentares que trabalham em sessão extraordinária. - Art. 57, §7º, CF/88 - Art. 57, §6º: rol taxativo (Quem pode convocar e as hipóteses) - Presidente do Senado Federal - Decretação de Estado de defesa ou de intervenção federal - Pedido de autorização para a decretação de estado de sítio - Para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- Presidente da República - Presidente da República, Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou o requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas - Caso de urgência - Caso de interesse público relevante - Nessas hipóteses necessitam passar pelo crivo (aprovação) da maioria absoluta de cada uma das casas do Congresso Nacional. a2.3) Sessão legislativa preparatória: art. 57, §4º. - 1º de Fevereiro, do primeiro ano de legislatura. - Finalidade: posse dos membros e eleição das respectivas mesas - Mandato de dois anos (duas sessões legislativas) vedado a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. - A segunda eleição ocorrerá durante uma sessão legislativa ordinária. (02/02) - No que se refere as sessões legislativas preparatórias, que ocorrer exclusivamente na primeira sessão legislativa (primeira legislatura), para a posse e eleição dos membros da mesa diretora e demais parlamentares é realizada durante uma sessão legislativa ordinária sendo vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente e que ocorre a cada dois anos, independentemente de ser na mesma ou em legislatura distinta.Contudo, no âmbito Estadual e/ou Municipal está vedação não se trata de normas de reprodução obrigatória (normas que devem estar contidas na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica Municipal), ou seja, diante da autonomia destes outros entes pode-se estabelecer normas com conteúdo distinto da Constituição Federal. - A sessão legislativa preparatória é considerada, pela doutrina, como uma sessão ordinária, por ter previsão constitucional a2.4) Sessão conjunta: ocorre com a presença tanto de deputados quanto de senadores. Pode ser dentro do período da sessão legislativa ordinária ou da sessão legislativa extraordinária. - Art. 57, §3º, CF/88 (rol exemplificativo) - Para inaugurar a sessão legislativa - Normas internar elaboradas em conjunto pelas duas Casas - Para receber o compromisso do Presidente e do Vice- presidente (art. 57, §6º, I, CF/88) - Análise do veto dado pelo Presidente a um projeto de lei. a3) Período legislativo: 1º Semestre e o 2º Semestre. - 1º Semestre: 02/02 – 17/07 - 2º Semestre: 01/08 – 22/12 b) Teoria das maiorias [PROCESSO LEGISLATIVO] b1) Maioria simples: b2) Maioria absoluta: b3) Maioria qualificada: c) Número de Parlamentares: Art. 45, §1º - Deputados-federais [current number 513]: o número total será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, tendo um limite entre 8 e 70 Deputados. - Lei complementar número 78/93 - Número máximo de deputados federais: 513 - Número máximo de deputados federais por Estado: 70 - Número mínimo de deputados federais por Estado: 8 - Distribuição das cadeiras – critério populacional: um ano anterior das eleições, haverá um senso feito pelo IBGE para definir a quantidade da população (brasileiros natos e naturalizados, estrangeiro e apátridas) e assim determinar quantos deputados irão representar o povo (brasileiro nato e naturalizado | Conceito jurídico | Um dos elementos do Estado) daquele Estado. - Renovação do mandato: abre-se a possibilidade que seja renovado o total [513] - Idade mínima: 21 anos (art. 14, §3º, VI, b, CF/88) - Senadores [81]: representam os Estados - Cada Estado mais o Distrito-federal possui direito a 3 Senadores - Mandato de 8 anos - História: Em Roma os senadores exerciam seu mandado de forma indefinido, indo de encontro com os ideias de república, definiram que os Senadores não iriam ter mandatos vitalícios, mas um maior (8 anos). - O Senador permanece a defender o interesse do Estado, mesmo que haja outro presidente. Já que foi garantido que o Senador passaria mais tempo cumprindo suas atribuições, enquanto o Presidente – que poderia causar alguma represália aos Senadores – passa menos tempo. Os Presidentes se vão, os Senadores ficam. [Segurança política] - Renovação do Mandato: há uma alternância de 1/3 (27) e 2/3 (54) em quarto e quatro anos. - Na metade do mandato do 1/3, é feito as eleições do 2/3. Quando o 2/3 está na metade do seu mandato, o 1/3 finaliza seu mandato. Na metade do mandato do 2/3, é feito as eleições do 1/3. [E o ciclo continua] - Suplência: a Constituição garante (art. 56, §3º) - Enquanto os titulares estão no exercício do mandato, os suplentes não recebem nada, ou seja, só recebem no exercício do mandato. - Idade mínima: 35 anos (art. 14, §3º, VI, a, CF/88) _ - Mesas diretoras: é o órgão de direção responsável pela condução dos trabalhos legislativos que possuem poderes administrativos inerentes a casa legislativa respectiva. - Poderes: - Legitimados para propor ação direita de inconstitucionalidade (art. 103, II e III) - Apenas as mesas da Câmara e do Senado - Promulgação de Emendas Constitucionais (art. 60, §3º) - Apenas as mesas da Câmara e do Senado - - Senado Federal: Presidente do Senado - Câmara dos deputados: Presidente da Câmara dos Deputados - Congresso Nacional: Presidente do Senado (art. 57, §5º - alternação de cargos entre Senadores e Deputados) - A configuração da mesa do Congresso Nacional é composta nos termos do §5º do art. 57. (Presidente – Senador; Primeiro vice: Deputado; Segundo vice: Senador...) - A mesa diretora possui mais benefícios, sendo um cargo de maior visibilidade. 3. ÓRGÃO LEGISLATIVO ESTADUAL: Assembleia Legislativa 3.1. Características: a) Unicameral: só há uma casa legislativa b) Mandato: uma legislatura (quatro anos) c) Número de deputados estaduais: art. 27, CF - 1º regra: nº de D.E = 3x D.F - Ex.: 10 D.F [ 3x10 = 30 ] - 30 D.E - Só pode usar essa regra até a quantidade de 12 deputados Federais (deputados estaduais 36) . - 2º regra: nº de DE = (nº DF – 12) + 36 => nº DE = nº DF + 24 - Ex.: nº DE = 13 + 24 = 37 4. ÓRGÃO LEGISLATIVO MUNICIPAL: 4.1. Características: a) Unicameral: uma única casa b) Mandato: uma legislatura (quatro anos) c) Número de vereadores: art. 29, IV - Número máximo, podendo ter uma quantidade menor. 5. ÓRGÃO LEGISLATIVO DISTRITAL: Distrito Federal 5.1. Características: a) Unicameral: há apenas uma casa legislativa [câmara legislativa] b) Mandato: uma legislatura (quatro anos) c) Número de deputados distritais: segue a mesma lógica dos deputados estaduais 6. ÓRGÃO LEGISLATIVO TERRITORIAL: 6.1. Características a) Unicameral: apenas uma casa legislativa [câmara territorial] b) Mandato: uma legislatura (quatro anos) c) Número de deputados territoriais: 4 deputados (art. 45, §2º) 7. COMISSÕES: Art. 58, §2º - Comissões simples: só Deputados ou só Senadores - Comissões mistas: Deputados e Senadores (art. 166, §6º; 62, §9º) 7.1. Permanentes: aquela criada para discutir assuntos de interesses públicos constantes, duradouros, contínuos, do dia a dia. - Comissão da Saúde - Comissão da Educação - Comissão do Meio Ambiente 7.1.1. Competência das Comissões Permanentes a) Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa. - Processo legislativo - Uma comissão pode aprovar um projeto de lei diretamente, podendo haver recurso de um décimo dos membros da Casa. b) Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil - Traz experts para debater sobre o assunto juntamente com os parlamentares, e.g. c) Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições. - Caso Cid Gomes, ministro da educação no mandato Dilma. d) Receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas. - Comunicar sobre algumas insatisfações enviada para as comissões e) Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão. f) Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. - Caso Copa e construção de Estádios 7.2. Temporárias: criada para atender uma finalidade, sendo extinta ao atingir seu objetivo. Pode ser fixada um lapso temporal. - Comissão da Copa do mundo - Comissão das Olimpíadas - Temporárias simples ou mista - Interna: aquelas realizadas dentro do parlamento - Aquela realizada dentro das Câmaras legislativas - Externa: aquelas realizadas fora do parlamento - Representação brasileira em comissões internacionais 7.2.1. Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)! - São temporárias; possui um prazo pré-estabelecido para realizarsuas atribuições - Art. 58, §3º - Pode ser mista (COMI) ou simples. - Leis que regulam a CPI: - CF: art. 58, §3º - Lei 1579/50 - Lei 10001/00 - LL ou LC 105/01 - Regimes internos das Casas legislativas 7.2.1.1. Requisitos para formação da CPI 1. Requerimento de 1/3 (mínimo) de parlamentares: a. Câmara dos Deputados: 171 b. Senado Federal: 27 - O parlamentar só pode remover seu nome antes de ser feito o protocolo junto à mesa de trabalhos da Casa (entendimento jurisprudencial) - Se for uma CPMI, precisa-se de um 1/3 de cada casa. - Vantagem da CPMI: mostra que o fato é tão grave que um trabalho em conjunto; mostra que a situação está sofre o enfoque do parlamento nacional. Possui mais um caráter simbólico. - Pode haver CPI’s isoladas para tratar sobre a mesma temática nas diferentes casas. 2. Espécies de CPI: CPI Simples: só Senadores ou só Deputados CPI mista ou conjunta (CPMI): composta por Senadores ou Deputados OBS: Porque se diz que a CPI é um instrumento das minorias parlamentares? - Porque para sua instauração requer-se apenas a assinatura de um terço dos parlamentares, ou seja, pode ser aberta mesmo contra a vontade da maioria e isso nada mais é do que a observância do princípio democrático em sua dimensão substancial. - Democracia - Formal: maioria vence - Material: maioria deve respeitar o direito de minoria - Democracia não se entende apenas como o vencimento da maioria - A maioria vence sempre, como regra, em uma democracia, exceto se houver algum direito das minorias. - Legislativo e o Executivo se preocupam mais com o interesse da maioria; enquanto o Judiciário têm a discricionariedade em ser contra ou a favor da vontade da maioria. 7.2.1.4. Apuração de fato determinado: é todo aquele que pode ser objetivamente delimitado, especificado com o intuito de direcionar as investigações que serão conduzidas pela CPI. - Ex.: CPI da Petrobras “CPI não é instrumento de fofoca” - Objetivo: deve buscar investigar um fato específico, determinado. OBS: É possível que no decorrer dos trabalhos outros fatos apareçam e os mesmos sejam agregados à mesma CPI? - Sim, dependendo se o fato que surgiu venha a ter relação/nexo com o fato determinado pela CPI. Caso não haja, não investiga-se o fato que surgiu posteriormente naquela respectiva CPI; abre-se outra. OBS: A maioria dos parlamentares contrários a abertura da CPI pode acrescentar novos fatos a serem investigados pela CPI requerida pela minoria? (CPI da Petrobras) - Situação, que era maioria, não queria a CPI. Enquanto a minoria, oposição, abriu a CPI. - Argumento dado pela maioria: não poderia investigar, em uma CPI, diversos fatos. Poderia ser apenas UM fato, singular. - Decisão do STF: pode-se investigar FATOS, desde que haja correlação entre eles. - Situação perdeu, então buscou aderir ao pedido da CPI novos fatos para ser investigado, isto é, fatos de corrupção que ocorreram no Gov. de SP que era da oposição. - Resposta final: maioria não pode frustrar direito das minorias. A maioria não pode aumentar o rol investigativo deliberado pela minoria, pois geraria tumulto no andamento dos processos devido a descentralização do foco primário das investigações tendo em vista o grande número de tópicos posteriormente adicionados. - Resposta do Professor: Não, sobre pena de violação dos direitos das minorias. Nesse caso, o que a maioria deve realizar é instaurar a abertura de uma nova CPI, justamente para não tumultuar e nem desfocar as investigações conduzidas pela minoria. [ainda sobre os requisitos] Repercussão pública: ou seja, não se restringe a esfera individual sem qualquer apelo público. Dentro das atribuições da casa legislativa: ou seja, a CPI só pode investigar fatos que estejam dentro de suas competências. - Deputados do Ceará querendo realizar uma CPI para investigar casos de corrupção no Piauí Estabelecimento de prazo certo: - O regime interno da Câmara dos Deputados art. 35, §3º: 120 dias podendo ser renovado na metade (60): 180 dias, no máximo. - O regime interno do Senado Federal art. 76, §§1º e 4º: uma legislatura - Decisão do STF: Constituição não diz o período que deve se findar a CPI, não havendo problema que as casas definam os períodos. Contudo, devido a discrepância dos lapsos temporais definidos e visando garantir a segurança jurídica, foi determinado que o período máximo era aquele definido no Senado (uma legislatura). - O prazo foi definido através da Jurisprudência do Senador, dessa forma, dependendo da questão a ser discutida, varia-se a resposta. Sendo condicionada a qual aspecto a pergunta é fundamentada, ou seja, tendo como parâmetro o regime interno das Casas ou a decisão Jurisprudencial. OBS: Porque não existe CPI permanente? - Porque a condução de uma investigação por si só já gera desconfortos aos investigados bem como pode gerar danos psíquicos capaz de prejudicar o investigado que seja submetido a essa situação por tempo indeterminado não à toa que a Constituição estabelece um prazo determinado onde ultrapassado esse prazo a CPI não poderá mais investigar. - Geraria insegurança jurídica, transtornos, violação do princípio da inocência. - Livro: O processo, de Fraz Kafka OBS2: As constituições estaduais podem trazer outros requisitos para a constituição de uma CPI? - Caso Constituição de São Paulo: antes de haver a protocolação, era necessário que o requerimento passasse pelo crivo do plenário, ou seja, maioria. - As Constituições Estaduais não podem dificultar a abertura de CPIs, isto é, é inconstitucional o estabelecimento de outros requisitos para a abertura de uma CPI que não estejam previstos na Constituição Federal sobre pena de frustrar o direito das minorias. OBS3: A CPI será inviabilizada se os partidos não indicarem representantes para comporem a CPI? - A Constituição é clara sobre os requisitos para que uma CPI seja instaurada, assim, cumprindo os requisitos deve-se dar provimento a investigação. - Caso não haja a indicação de parlamentares para a condução de trabalhos na CPI o presidente da Casa Legislativa deverá indicar os parlamentares que irão compor a CPI, já que se trata de direitos das minorias; caso o presidente não o faça, sofrerá crime de responsabilidade. 7.2.1.2. Composição da CPI: art. 58, §1º - Representatividade proporcional dos partidos ou blocos partidários, os maiores partidos ou blocos partidários possuem mais cadeiras em uma CPI. O maior partido irá definir o presidente, quando o segundo maior irá indicar o relator. - Quanto mais Deputados ou Senadores tem o partido ou bloco partidário, mais cadeiras terá dentro de uma CPI. - Regimento: o partido ou bloco partidário que tem mais cadeiras irá indicar o presidente, enquanto o segundo maior irá definir o relator. 7.2.1.3. Atos de autoridade própria da CPI: Poderes que ela pode praticar, sem necessidade de haver anuência de outro poder. O que ela pode ou não pode. Art. 58, §3º. - Poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimes internos das respectivas Casas. a) Ouvir investigado (indiciado) OBS: Investigado tem o direito constitucional ao silêncio? - O indiciado possuem o direito de permanecer calado previsto no art. 5, LXIII, bem como em face do princípio de inocência também prevista na Constituição no art. 5, LVII. b) Notificar testemunhas e determinar sua condução coercitiva OBS: É possível a condução coercitiva de índio? - Doutrina:apesar de haver divergência, prevalece o entendimento que só com autorização do Congresso Nacional a remoção do índio de sua tribo. - Art. 231, §5º. OBS2: Como se dá a oitiva de testemunha pobre que não tem condições de ir até Brasília? - Excepcionalmente, podem ser enviados alguns parlamentares externamente para ouvir a testemunha; havendo também a possibilidade de ter o custeio das depesas. OBS3: Juiz ou promotor podem ser testemunhas na CPI? - CPI pode convocar autoridades como um todo, isto é, médicos, juízes, promotores etc. - Juízes e promotores podem determinar o dia em que poderão se dispor para prestar o esclarecimento. Ou seja, a CPI não escolhe a data. - CPI não pode questionar ao Juiz a razão por ter decidido sobre determinada maneira. Podendo apenas perguntar se houve coação em sua decisão entre outras perguntas que não venha a adentrar nas competências do judiciário. - Iria violar o princípio da separação dos poderes se viesse a adentrar no mérito das decisões do judiciário OBS4: Testemunha tem o direito constitucional ao silêncio? - Testemunha assina um termo afirmando que só irá dizer a verdade. - Se ela falar e mentir poderá ser presa em flagrante. - Ela também pode ficar calada. c) Determinar a prisão em flagrante durante a seção: - A CPI pode declarar a prisão em flagrante durante a seção d) Determinar a realização de vistorias, perícias, exames etc: - A CPI pode não ter o conhecimento específico sobre determinada matéria, dessa forma, ela pode buscar um parecer de alguém habilitado para o fazer. - Ex.: tribunal de contas auxiliando nos casos de desvio de renda pública e) Afastar o sigilo bancário [contra cheque, extratos, saldos], fiscal e de dados [telefônicos, ...] do investigado independentemente de autorização judicial: OBS: CPI pode obter registros telefônicos? - Sim. No entanto não pode vir a ouvir a conversa, pois violaria princípios fundamentais. - Caso queira ouvir o conteúdo dos registro telefônicos, a CPI deverá pedir uma autorização judicial para que o conteúdo venha a ser liberado, podendo ser ex tunc ou ex nunc. OBS2: O que a CF quer dizer verdadeiramente quando diz em seu art. 58, § 3º que a CPI possui poderes de investigação próprios das autoridades judiciais? - Segundo a doutrina, o constituinte brasileiro se equivocou ao importar da Constituição italiana a parte do dispositivo que diz que as CPIs terão poderes de investigação próprios de juiz, uma vez que no Brasil adota-se o sistema acusatório, ou seja, o juiz não pode ao mesmo tempo investigar e julgar, sobre pena de violação ao princípio da imparcialidade. Nesse sentido, o termo adequado seria poderes de instrução – há maiores garantias do investigado nessa fase. 7.2.1.4. Atos que não podem ser praticados diretamente pela CPI sem a participação do Poder Judiciário a) Expedir ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito: - Ela não pode expedir ordem dos demais tipos de prisão, exceto no caso de flagrante delito. b) Determinar a realização de diligências de busca domiciliar: - Violaria o princípio da inviolabilidade domiciliar. Dessa forma, só pode ocorrer através de ordem judicial. OBS: Qual o conceito de casa? - É todo e qualquer compartimento habitado, individual ou coletivo, em que alguém exerce a sua intimidade, inclusive abrangendo locais não abertos ao público em que alguém exerce atividade ou profissão. - Ex.: [exercício da atividade profissional] sala do escritório, consultório, etc. - Para fins de garantias constitucional, vai para além dos significados do direito civil, assim se enquadra tanto o domicílio e residências. - Código Penal, art. 150, §4º. c) Determinar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica): - Não pode determinar a interceptação telefônica d) Impedir que o cidadão deixe o território nacional, bem como determinar a apreensão de seu passaporte: - Medidas assecuratórias (cautelares): medidas para assegurar a efetividade de algo. Medidas que visam resguardar um resultado final. - Entrega de passaporte, impedir que deixe o território nacional, sequestro [de bens], arresto, hipoteca e) Determinar constrições judiciais: - Espécies de constrições: sequestro [de bens, paralisação], arresto e hipoteca OBS: O que é reserva [limitação] constitucional de jurisdição? - São situações que só podem ser realizadas pelo juiz - Medidas assecuratórias - São condutas cuja primeira, única e última palavra, são atribuídas exclusivamente ao poder judiciário, isto é, não podem ser praticadas por nenhum dos outros poderes. 7.2.1.5. O advogado na CPI x princípio da unilateralidade da investigação parlamentar: - Seja em uma investigação realizada por qualquer pessoa, o advogado pode participar, tendo em vista ainda que o fato da não presença do advogado durante a investigação não anula o ato. - O advogado pode participar na defesa de seu cliente durante a investigação parlamentar orientando-o durante todo o procedimento, desde que não tumultue as investigações. Contudo, a participação do advogado nesse procedimento não é obrigatória tanto que a ausência de causídico [presença do advogado] na fase de investigação não anula o processo [não é caso de nulidade processual]. 7.2.1.6. Relatório da CPI: - última etapa no procedimento investigatório em uma CPI, realizada pelo relator, depois de recolher todos os elementos realizados durante o processo. - É o ato final da CPI onde serão relatados todos os passos que foram dados dentro da investigação parlamentar, que obviamente fica a cargo do relator. - Depois do Relator, o relatório será enviado para o colegiado da CPI para que venha a ser submetido a decisão pelo quórum de maioria simples. - O relatório ele será submetido ao crivo do colegiado da CPI que poderá aprova-lo ou não por meio do quórum de maioria simples. OBS: A CPI deve obrigatoriamente enviar o relatório ao Ministério Público? - Pode ser submetido ao MP para que venha a responsabilizar os agentes civil e criminalmente. - Art. 58, §3º da CF OBS2: CPI impõe penalidades ou sanções? - Não, CPI não tem o poder de impor penalidades tendo em vista o sistema acusatório, sobre pena da violação do princípio da imparcialidade. OBS3: CPI deve motivar suas decisões? - As CPIs devem fundamentar todas as suas decisões, já que pratica atos que são inerentes aos juízes e que afetam direitos de terceiros, além de servir como instrumento de publicidade e fiscalização das decisões parlamentares. OBS4: O que se entende por princípio da colegialidade na CPI? - As decisões são tomadas por todos, em quórum de maioria simples. 7.2.1.7. Providências que a CPI pode adotar além do envio do relatório ao Ministério Público: - Realizar recomendações - sobre o aumento de penalidades de determinados crimes, etc. - Apresentar propostas - de leis [que venha a inovar o ordenamento jurídico em matéria relativa da CPI] - Realizar uma representação política - em face, por exemplo, de algum parlamentar envolvido em desvio de dinheiro que pode resultar em cassação do mandato. 7.2.1.8. Instrumentos judiciais contra atos da CPI e competência: - Habeas corpus > violação à liberdade de locomoção (ir e vir) - Vai ocorrer - Mandato de segurança > direito líquido e certo - Indícios - Julgamento feito pelo STF em caso de federal, TJ em caso de Estadual e Juiz da vara em caso de municipal. 7.2.1.9. CPI estadual e distrital: - Pode as mesmas coisas que aCPI federal pode, também não pode as mesmas coisas da CPI federal. - Especificidade: determinar se o Estado tem competência para realizar tal ato - Os instrumentos são os mesmos, sendo julgada pelo TJ. 7.2.1.10. CPI municipal: - Goza de praticamente de todos os poderes que uma CPI federal e estadual possui. - Não pode obter dados bancários, fiscais e telefônicos pelos seguintes motivos: - Fundamento político: relativizar-se-ia muito o direito a intimidade uma vez que muitas pessoas teria acesso a essa informação, o que seria ainda mais prejudicial em municípios pequenos. - Defensor: Joaquim Barbosa - Fundamento jurídico: CPI não possui tal poder uma vez que não há no congresso nacional representatividade dos municípios, razão pela qual não pode ter os mesmos poderes que uma CPI Federal ou Estadual - Defensor: Pedro Lenza
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