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APOSTILA DIREITO PENAL II 2011 atualizada até junho 2011 (1)

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DA SANÇÃO PENAL
Artigo 32 do Código Penal
Qual o conceito de PENA ?
Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é evitar novos delitos.
Qual a finalidade da pena ?
Tem a finalidade preventiva, no sentido de evitar a prática de novas infrações.
Como pode ser essa prevenção ?
Pode ser geral e especial.
Prevenção Geral : a finalidade da pena é de intimidar todos os destinatários da norma penal, visando a impedir que os membros da sociedade pratiquem crimes.
Prevenção Especial : a pena visa o autor do delito, retirando-o do meio social, impedindo-o de delinqüir novamente e procurando corrigi-lo.
Quais os caracteres da pena ?
É personalíssima: só atinge o autor do crime (artigo 153 CF)
A sua aplicação é disciplinada por lei
É inderrogável, no sentido da certeza de sua aplicação
É proporcional ao crime
Qual a classificação das penas, segundo o Código Penal ?
Privativas de liberdade: reclusão e detenção
Restritivas de direitos: (artigo 43 CP) prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana
Multa: pecuniária (artigo 49 e ss)
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Artigos 33 a 42 do Código Penal
Quais as espécies de regimes penitenciários que o Código Penal adota em seu artigo 33 ?
Regime fechado
Regime semi-aberto
Regime aberto
Quais as diferenças entre tais regimes ?
Regime fechado : no regime fechado a execução da pena privativa de liberdade se dará em estabelecimento de segurança máxima ou média.
Regime Semi-aberto : no regime semi-aberto a execução da pena se dará em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
Regime Aberto : no regime aberto a execução da pena se dera em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
Quais são as penas privativas de liberdade ?
Pena de detenção
Pena de reclusão
Qual a diferença entre as penas de detenção e de reclusão ?
Se diferenciam não apenas na espécie de regime, como também em relação ao estabelecimento penal de execução (de segurança máxima, média ou mínima).
Como se sabe em que regime se iniciará o cumprimento da pena?
É determinada na sentença condenatória do Juiz, observado o artigo 59 do CP: “O Juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: as penas aplicáveis dentre as cominadas; a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; o regime inicial do cumprimento da pena privativa de liberdade; a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Quais os regimes que podem ser cumpridas as penas de reclusão ?
Regime fechado ou semi-aberto ou aberto.
E quais os regimes que podem ser cumpridas as penas de detenção?
Regime semi-aberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
Qual o regime a ser começado o cumprimento da pena ?
	Pena de mais de 8 anos 
	Regime fechado
	Pena de mais de 4 anos que não exceda a 8 anos
	Regime semi-aberto
	Penas igual ou inferior a 4 anos
	Regime aberto
	Se for reincidente
	Sempre no regime fechado
Quais são as regras do regime fechado ?
São as expostas no artigo 34 do CP:
O condenado será submetido à exame criminológico de classificação para a individualização da execução
Fica sujeito ao trabalho diurno e isolamento noturno
Dentro do estabelecimento, o trabalho será em comum, de acordo com as aptidões e ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a pena.
É admissível o trabalho externo em serviços e obras públicas
Quais as regras do regime semi-aberto ?
São as expostas no artigo 35 do CP:
Pode também ser submetido a exame criminológico para a individualização da execução
Fica sujeito ao trabalho em comum durante o dia em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar
É admissível o trabalho externo, frequentar cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de 2º grau ou superior
OBS: o legislador “esqueceu-se” dos cursos de primeiro grau, da eliminação e erradicação do analfabetismo, um dos principais fatores da criminalidade.
E quais as regras do regime aberto ?
Baseia-se na auto-disciplina e senso de responsabilidade do condenado
Deverá fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar cursos ou atividade autorizada, permanecendo recolhido no período noturno e nos dias de folga
O condenado deverá ser transferido do regime aberto, se cometer fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada
E quanto às mulheres ?
As mulheres possuem um regime especial. Cumprem pena em estabelecimento próprio, observando os direitos e deveres inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, os mesmos que para os homens. 
A Lei 9046/95 dispõe que os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam amamentar seus filhos.
Quais os direitos do preso que se refere ao artigo 38 do CP ?
O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberadade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.
Alguns presídios e cadeias foram providos de urnas eletrônicas nas últimas eleições (2010), possibilitando a participação do preso na escolha do seu representante parlamentar.
O que diz o artigo 39 do Código Penal ?
Diz que o trabalho do preso será remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. 
O que acontece com o condenado que sofrer de doença mental ?
Deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, na falta, à outro estabelecimento adqueado.
O que vem a ser a detração penal ?
Detrair significa “abater o crédito de”. Detração penal é o desconto na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro (flagrante, preventiva, temporária, sentença de pronúncia ou condenatória recorrível) ou prisão administrativa e o de internação em hospital ou manicômio.
Se o agente se encontra internado em hospital comum, deve computar-se o tempo na pena ?
Embora o artigo 42 do CP não mencione o hospital comum, por analogia, deve ser compreendido na disposição.
Para a aplicação da detração, deve existir nexo da causalidade entre a prisão provisória e a pena privativa de liberdade? Porque ?
Sim. Deve haver nexo entre a prisão e a pena a ser cumprida. 
Isso ocorre para que o agente nunca tenha crédito contra o Estado (tornando-se impuníveis certas infrações posteriores). Para melhor compreensão, daremos um exemplo: Carlos está preso há seis meses preventivamente pela prática de um homicídio em Araras. Acontece que Carlos está respondendo um processo em Campinas pelo crime de Estelionato. Sendo Carlos absolvido do crime de homicídio e logo após condenado há um ano pelo crime de estelionato, este não aproveitará os seis meses que esteve preso pelo crime de homicídio.
Quando se admite o benefício da detração, em crimes diversos?
Admite-se se os delitos estiverem ligados por continência ou conexão, reunidos num só processo ou em processos diversos. Exemplo: Carlos está sendo processado por dois crimes, homicídio e lesões corporais, encontrando-se preso preventivamente em conseqüência do delito mais grave. Após cumprir quatro meses de prisão vem a ser absolvido no homicídio e condenado na lesão corporal há cinco meses de detenção. Os quatro meses devem ser computados, restando apenas um mês a ser cumprido.
Existe algum outro caso que se possa fazer uso da detração penal ?
Sim. É o caso do sujeito estar preso provisoriamente porum crime cometido depois de um outro que ainda se encontra em andamento, e o sujeito vem a ser absolvido no crime posterior (o que deu causa à prisão provisória). Exemplo: Carlos está preso provisoriamente por um crime de homicídio cometido em 2010. Após cumprir seis meses é absolvido. Após, é condenado há um ano pelo crime que cometeu em 2008 que estava em andamento. Esses seis meses deverá ser computado na pena a ser cumprida.
O CP admite a detração em relação à Medida de Segurança ?
Sim. Assim, o tempo de prisão provisória pode ser abatido no período a ser cumprida a medida de segurança.
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Artigos 43 a 48 do Código Penal
Quais são as penas restritivas de direitos ?
São as previstas no artigo 43 do CP:
Prestação pecuniária
Perda de bens e valores
Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas
Interdição temporária de direitos
Limitação de fim de semana
Porque dizem que o Código Penal adotou o sistema das penas substitutivas ?
Porque as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as penas privativas de liberdade (artigo 44 CP).
Quando é permitida a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos ?
Crime for culposo, qualquer que seja a pena aplicada
Crime doloso, pena inferior a quatro anos e o crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa
Réu não reincidente em crime doloso (com exceção, a seguir)
Se reincidente, o Juiz poderá aplicar a substituição, desde que socialmente recomendável e que a reincidência não seja do mesmo crime.
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente
Condenação igual ou inferior a um ano: substituição por multa ou restritiva de direitos
Condenação superior a um ano: substituição por multa e restritiva de direitos ou duas restritiva de direitos 
As penas restritivas de direitos podem ser cumuladas com as privativas de liberdade ?
Não.
Quando se dá a conversão obrigatória da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade ?
Quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o Juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
 O que se entende pela primeira pena restritiva de direitos: prestação pecuniária ?
Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo Juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido no montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidente os benefícios. Se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza. (artigo 45 §§ 1º e 2º CP). 
O que se entende pela segunda pena restritiva de direitos: perda de bens e valores ?
A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime.
O que se entende pela terceira pena restritiva de direitos: prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas ?
É aplicável às condenações superiores há seis meses de privação de liberdade. Consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto à entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, e programas comunitários ou estatais. Essas tarefas deverão ser atribuídas de acordo com as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. Se a pena substitutiva foi superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade aplicada.
Nas Comarcas onde não foi possível a execução da pena de prestação de serviços à comunidade, poderá o Juiz, optar pelo sursis.
O que se entende pela quarta pena restritiva de direitos: interdição temporária de direitos ?
As penas de interdição temporária de direitos estão elencadas no art 47 CP:
Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo
Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do Poder Público
Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo
Proibição de freqüentar determinados lugares
O que se entende pela quinta e última pena restritiva de direitos: limitação de fim de semana ?
A limitação de fim de semana (artigo 48 CP) consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado.
Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos ou palestras ou atribuídas atividades educativas.
Quando não for possível, pelas condições materiais da Comarca, a execução da pena de limitação de fim de semana, o Juiz deverá conceder o sursis.
A proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, se confunde com a perda de função pública, cargo, etc ?
Não. A perda de função, cargo público, etc., constitui efeito específico da condenação.
E a suspensão para dirigir veículo se confunde com a inabilitação para dirigir veículo ?
Não. A inabilitação para dirigir veículo, também constitui efeito específico da condenação por crime doloso.
DA PENA DE MULTA
Artigos 48 a 52 do Código Penal
Qual o sistema de cominação da pena de multa cominada no C.P. ? 
Entre vários critérios adotados por diversos Códigos Penais, o nosso CP adotou o sistema do dia-multa.
O que vem a ser o sistema do dia-multa ?
Leva em conta o rendimento do condenado durante um mês ou um ano, dividindo o montante por 30 ou 365 dias. O resultado equivale ao dia-multa.
Como é feito o pagamento da pena de multa ?
Antigamente, o pagamento era feito em selo penitenciário, da quantia fixada na sentença. 
Atualmente, não existindo mais selo penitenciário, a quantia da pena de multa é recolhida por guia ao fundo penitenciário (artigo 49 CP).
Como saber a quantidade do dia-multa ?
O Código não faz menção quanto a quantidade dos dias-multa, devendo esta ser fixada pelo Juiz, variando de:
No mínimo : 10 dias-multa
No máximo : 360 dias-multa
E quanto ao valor do dia-multa ?
O valor do dia-multa, também deve ser fixado pelo Juiz, NÃO podendo ser inferior a UM TRIGÉSIMO e nem superior a CINCO vezes o salário mínimo mensal de referência, vigente ao tempo do fato.
Qual o prazo para o pagamento da multa ?
A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
O que acontece se o condenado não pagar a multa ?
Estipula o artigo 51 do CP que transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
E se o pagamento da multa não for feito devido o condenado ter sofrido doença mental ?
Se sobrevier doença mental ao condenado, a execução da pena de multa ficará suspensa (artigo 52 CP).
Quais os casos em que a cobrança da multa, pode efetuar-se através de desconto do vencimento ou salário do condenado ?
Em três casos:
Quando aplicada isoladamente
Quando imposta cumulativamente com pena restritivade direitos
Quando concedido o sursis (Suspensão Condicional da Pena)
O que deve ser observado para que o pagamento da multa seja descontado do vencimento ou salário do condenado ?
Deve ser observado o seguinte:
O desconto será de no máximo ¼ (25%) e no mínimo 1/10 (10%)
O desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de direito
O responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada
Em qualquer caso, o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e da sua família
 É possível a conversão da multa em detenção ?
O disposto no artigo 51 do CP previa a conversão da pena em multa em detenção (privativa de liberdade), no caso de não pagamento.
Com a alteração dada pela Lei 9268/96 não é mais possível a conversão da pena de multa em detenção, pois após o trânsito em julgado da sentença, a multa passa a ser considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Artigos 96 a 99 do Código Penal
 Qual a diferença de pena e medida de segurança ?
Há várias diferenças:
	PENAS
	MEDIDAS DE SEGURANÇA
	Tem natureza retributiva-preventiva (readaptar socialmente o delinqüente)
	são preventivas
	São proporcionais à gravidade das infrações
	A proporcionalidade das medidas fundamenta-se na periculosidade do agente
	Ligam-se ao sujeito pelo juízo de culpabilidade (reprovação social)
	Ligam-se pelo juízo de periculosidade
	São fixas
	São indeterminadas, cessando com o desaparecimento da periculosidade
	São aplicadas aos imputáveis e semi-imputáveis
	Não podem ser aplicadas ao imputáveis
Qual o conceito de periculosidade ?
Periculosidade é a potência, a capacidade, a aptidão ou a idoneidade que um homem tem para converter-se em causa de ações danosas.
Como se faz a verificação da periculosidade ?
A verificação da periculosidade se faz por intermédio de um juízo sobre o futuro, ao contrário do juízo de culpabilidade, que se projeta sobre o passado.
Nessa verificação, o Juiz vale-se de fatores (ou elementos) e indícios (ou sintomas) do estado perigoso.
Quais os pressupostos para a aplicação da medida de segurança ?
São dois:
A prática de fato descrito como crime
A periculosidade do sujeito
O que se entende por periculosidade real ou presumida ?
Fala-se em periculosidade real quando ela deve ser verificada pelo Juiz (semi-imputáveis).
Cuida-se da periculosidade presumida nos casos em que a lei presume, independentemente da periculosidade real do sujeito (inimputáveis).
Quais são as espécies de medida de segurança ?
São duas:
A detentiva : consiste na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, na falta, em outro estabelecimento adequado.
A restritiva : consiste em sujeição à tratamento ambulatorial.
Quando deve aplicar medida de segurança ao inimputável ?
Não se aplica medida de segurança ao inimputável se o fato se encontra acobertado por causa de exclusão de antijuridicidade.
A ausência de culpabilidade, porém, não impede a aplicação, pois ela é substituída pelo juízo de periculosidade. Se a pena for de detenção, poderá submetê-lo à medida de segurança restritiva e não detentiva.
Qual o prazo da internação ou do tratamento ambulatorial ?
O prazo será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade.
O prazo mínimo será de um a três anos.
Quando deverá ser realizada a perícia médica ?
No término do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida, de ano em ano, ou a qualquer tempo por determinação do Juiz.
Como deve ser a desinternação ou a liberação ?
Deverá ser sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior, se o sujeito, antes do decurso de um ano, vier a cometer fato indiciativo da persistência da periculosidade.
O Juiz sempre pode determinar a internação do agente, durante o tratamento ambulatorial ?
Sim. Desde que necessária para fins curativos.
O que se entende pelo sistema vicariante ?
Se o agente semi-imputável, tiver cometido um crime, deverá ser aplicado o sistema vicariante: ou ele terá a pena reduzida ou será a ele imposta medida de segurança. OU um OU outro.
Desta forma, se o semi-responsável, necessitar de medida de segurança, a pena será substituída por esta e não cumulada.
Quais os direitos do internado ?
Será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento.
E se ocorrer a extinção da punibilidade ?
Se ocorrer a extinção da punibilidade, não se impõe medida de segurança. Pois, se o Estado não tem mais o direito de punir, não podendo impor pena, com mais razão não deve impor ou executar a medida de segurança.
CIRCUNSTÂNCIAS
Artigos 61 a 67 do Código Penal
Qual a diferença entre circunstâncias e elementares do crime ?
Para saber a distinção de uma elementar de uma circunstância, usa-se o critério de exclusão, de acordo com dois princípios:
1º Princípio: quando, diante da figura típica, excluindo-se determinado elemento, o crime desaparece ou surge outro, estamos em face de uma elementar. A ausência da elementar, causa dois efeitos: 
Atipicidade absoluta: a ausência da elementar exclui o crime de que se trata e não surge nenhum outro crime.
Atipicidade relativa: a ausência da elementar exclui o crime de que se trata, surgindo um outro crime. Exemplo: no crime de peculato, excluída a qualidade de funcionário público do autor, desaparece o delito considerado, aparecendo o crime de apropriação indébita.
2º Princípio: quando excluindo certo dado, não desaparece o crime considerado, não surgindo outro, estamos em face de uma circunstância. Se esta tem função de aumentar ou diminuir a pena, a sua ausência não exclui o delito e nem faz surgir outro, permanecendo o crime considerado em sua forma fundamental. Exemplo: suponha que um homicídio pratica por motivo de relevante valor moral; excluindo-se o motivo, o ripo permanece em sua forma fundamental.
O que vem a ser circunstância ?
Circunstância deriva de circum stare (estar em redor).
Tratando-se de crime, circunstância é todo fato ou dado que se encontra ao redor do delito. É um dado eventual, que pode existir ou não, sem que o crime seja excluído.
As circunstâncias são determinados dados acessórios que, agregados à figura típica fundamental, aumentam ou diminuem a pena.
As circunstâncias são accidentalia delicti e não essentialia delicti.
Como já vimos no concurso de agentes, como pode ser as circunstâncias ?
As circunstâncias podem ser:
Objetivas ou reais : são as que relacionam com os modos e meios de realização de infração penal, tempo, ocasião, lugar, objeto material e qualidades da vítima.
Subjetivas ou pessoais : são as que só dizem respeito com a pessoa do agente, sem qualquer relação com a materialidade do crime, como os motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e relações com o ofendido.
Sob outro aspecto, como podemos classificar as circunstâncias ?
Podemos classificar as circunstâncias de duas formas:
1º Circunstâncias Judiciais : 
Artigo 59 do CP : O Juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos
III – o regime inicial do cumprimento da pena privativa de liberdade
IV – a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
2º Circunstâncias Legais : se dividem em:
Gerais (comuns ou genéricas) - que estão na parte geral do Código, são três: agravantes (circunstâncias qualificativas),atenuantes e causas de aumento ou de diminuição da pena.
Especiais (específicas) – que estão na parte especial do Código, são duas: qualificadoras ou causas de aumento ou de diminuição da pena.
Quais são as circunstâncias agravantes da pena ?
As circunstância agravantes da pena, estão dispostas nos artigos 61 e 62 do Código Penal. Essas agravantes são em regra obrigatória sua aplicação, não podendo o Juiz deixar de agravar a pena, ficando o quantum da agravação a seu livre arbítrio. Vejamos a seguir as agravantes dos dois artigos:
Artigo 61: São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
A reincidência
Ter o agente cometido o crime: 
Por motivo fútil ou torpe
Para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum
Contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge
Com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica
Com abuso de poder ou violação de dever inerente ao cargo, ofício, ministério ou profissão
Contra criança, maior de sessenta anos, enfermo ou mulher grávida
Quando o ofendido esta sob imediata proteção da autoridade
Em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido
Em estado de embriaguez preordenada
Artigo 62: trata das circunstâncias agravantes aplicáveis nos casos de concurso de agentes: A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
Promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes
Coage ou induz outrem à execução material do crime
Instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal
Executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa
Quais são sãs circunstâncias atenuantes ? 
São as do artigo 65 do Código Penal. São de aplicação obrigatória. Apenas o quantum da atenuação fica a critério do Juiz. Entretanto, existe um caso em que a atenuante não têm incidência: quando a pena base foi fixada no mínimo legal. Vamos ao artigo 65:
São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
Ser o agente menor de 21 anos, no dia do fato, ou maior de 70 na data da sentença
O desconhecimento da lei
Ter o agente:
Cometido o crime por relevante valor social ou moral
Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima
Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime
Cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou
Quais são as causas de aumento ou de diminuição da pena ?
As causas de aumento e de diminuição de penas estão previstas tanto na parte geral ou na parte especial do Código Penal. 
São causas de facultativo ou obrigatório aumento ou diminuição da sanção pena em quantidade fixada pelo legislador (um terço, um sexto, o dobro, a metade, etc) ou de acordo com certos limites (um a dois terços, um sexto até metade, etc). 
As causas de aumento são obrigatórias, exceto a prevista no artigo 60 § 1º do CP (a multa pode ser aumentada até o triplo, se o Juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo).
As causas de diminuição da pena são obrigatória ou facultativas, de acordo com a determinação do código.
Quais são as circunstâncias qualificadoras da pena ?
Qualificadoras são circunstâncias legais especiais ou específicas previstas na Parte Especial do CP que, agregadas à figura típica fundamental, têm a função de aumentar a pena.
Diferem das circunstâncias qualificativas que se encontram na Parte Geral do CP (artigos 61 e 62).
Quando o Código descreve uma qualificadora, expressamente menciona o mínimo e o máximo da pena agravada, o que não acontece com a qualificativa (agravante), onde o quantum da agravação fica a critério do Juiz.
DA FIXAÇÃO DA PENA
Artigos 59 a 60 do Código Penal
Como deve ser feito a fixação da pena ?
A pena é fixada em três fases:
1ª fase: pena base (artigo 59) – circunstâncias judiciais
2ª fase: atenuantes e agravantes (art 61, 62 e 65) – circunstâncias legais
3ª fase: causas de diminuição ou aumento de pena (Parte Especial e Geral do CP)
Em seguida, deve ainda o Juiz determinar:
A fixação do regime inicial
Uma eventual substituição da pena
Uma eventual concessão do sursis
A mesma circunstância pode ser computada duas vezes ?
NÃO. A mesma circunstância não pode ser computada duas vezes (princípio do non bis in idem )
O que se entende quando a lei determina que se dê preferência aos motivos determinantes do crime, no caso de concurso entre circunstâncias agravantes e atenuantes ?
Entende-se que deve prevalecer a circunstância subjetiva (pessoal), como relevante valor moral por exemplo, ou se ambas forem da mesma espécie, as agravantes e atenuantes se anulariam reciprocamente.
No concurso de causas de aumento ou diminuição prevista na Parte Especial, pode o Juiz limitar-se a um aumento só, ou uma só diminuição ?
SIM. Prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
O mesmo não acontece nas causas elencadas na Parte Geral, cujo aumento ou diminuição são obrigatórios.
Até onde as circunstâncias judiciais, as agravantes e as atenuantes poder mexer na pena ?
As circunstâncias judiciais, as agravantes e as atenuantes não podem levar a pena abaixo do mínimo, nem acima do máximo cominado.
E as circunstâncias de aumento e de diminuição de pena ?
As causas de aumento e de diminuição de pena, porém, podem trazer a pena final abaixo do mínimo ou acima do máximo cominado.
Como deve ficar a pena, se não houver, agravantes, atenuantes e nem causas de aumento ou diminuição de pena ?
Nesse caso, a pena deve situar-se a nível do mínimo legal.
DO CONCURSO DE CRIMES
Artigos 69 a 76 do Código Penal
O que se entende por concurso de crimes (ou de penas) ?
É quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica dois ou mais delitos.
É possível que o fato apresente concurso de agentes e de crimes ?
SIM. É o caso de duas ou mais pessoas, em concurso, praticarem dois ou mais crimes.
O concurso de crimes se confunde com o conflito aparente de normas ?
NÃO. Pois o conflito aparente de normas pressupõe a unidade de fato e a pluralidade de leis definindo o mesmo fato como criminoso.
Já no concurso de crimes, existe pluralidade de ações.
 
Quais são as espécies de concurso de crimes ?
São três:
Concurso material (real)
Concurso formal (ideal)
Crime continuado
Quais são os tipos de crimes em que podem ocorrer as hipóteses do concurso de crimes ?
As hipóteses de concurso de crimes ocorrem entre crimes:
Culposos ou dolosos
Tentados ou consumados
Comissivos ou omissivos
82. Para que a pena seja graduada em face de concurso de crimes, qual o sistema adotado pelo CP ?
Depende do concurso:
Sistema do acúmulo material : adotado para o concurso material (real) e concurso formal imperfeito. Esse sistema considera que as penas dos vários delitos sejam somadas.
Sistema de exasperação da pena : adotado no concurso formal e no crime continuado. Aplica-se a pena do crime mais grave, aumentada e um quantum determinado.
O que se entende pela primeira espécie de concurso de crimes: concurso material ?
Ocorre o concurso material quando o agente,mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
O que quer dizer os termos ação ou omissão ?
Os termos ação ou omissão devem ser tomados no sentido de conduta, ou seja, para que haja concurso material é preciso que o sujeito execute duas ou mais condutas, realizando dois ou mais crimes. Isso significa que, se o sujeito entrar no pomar vizinho e furtar 12 laranjas, ele cometeu 12 atos, mas uma só conduta ou fato, respondendo por um só crime de furto.
Quais são as espécies do concurso material ?
São duas:
Homogêneo: quando os crimes são idênticos
Heterogêneo: quando os crimes são diferentes
Como deve ser imposta a aplicação da pena no concurso material ?
As penas deverão ser acumuladas. A duração da pena, entretanto, não pode exceder a trinta anos (artigo 75).
Reconhecido o concurso material e aplicada pena privativa de liberdade a um dos crimes, porém, negado o sursis, é possível a imposição de pena restritiva de direitos aos demais crimes ?
NÃO. De acordo com o artigo 44 do CP, não é possível neste caso a substituição da pena detentiva pela restritiva de direitos.
Como devem ser cumpridas as penas restritivas de direitos ?
Se forem compatíveis entre si, devem ser cumpridas simultaneamente. Exemplo: o agente pode cumprir simultaneamente uma pena de prestação de serviços à comunidade e uma de limitação de fim de semana.
Se forem incompatíveis, devem ser cumpridas, sucessivamente. Exemplo: duas penas de limitação de fim de semana.
O que se entende pela segunda espécie de concurso de crimes: concurso formal ?
Ocorre o concurso formal ou ideal quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes.
No que difere o concurso formal do material ?
A diferença está na unidade de conduta. No concurso material o sujeito comete dois ou mais crimes com duas ou mais condutas e no concurso formal o sujeito comete dois ou mais crimes com uma só conduta.
Quais as espécies de concurso formal ?
São duas, também:
Homogêneo: os crimes são iguais com pessoas diferentes
Heterogêneo: os crimes são diferentes
Como pode ser, ainda, o concurso formal ?
Pode ainda ser:
Concurso Formal Perfeito: artigo 70 1ª parte – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. 
Concurso Formal Imperfeito: artigo 70 2ª parte - as penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Pode haver concurso formal entre crime doloso e outro culposo ?
SIM. O erro de execução, em que o agente acerta a pessoa que pretende e outra, culposamente.
Quais os requisitos do concurso formal ?
O CP adotou os requisitos da teoria objetiva:
Unidade de comportamento
Pluralidade de crimes
Como é feito a aplicação da pena no concurso formal ?
O CP determina duas regras:
Penas idênticas: aplica-se uma só, aumentada de um sexto à metade.
Penas diferentes: aplica-se a mais grave, aumentada de um sexto até a metade
Como deve ser calculado esse aumento ?
O aumento varia de acordo com o número de crimes cometidos pelo sujeito. Dentro do limite máximo e mínimo o juiz pode aplicar o aumento que lhe parecer certo. Note-se que o dispositivo fala de aumento de um sexto até a metade.
O que quer dizer o § único do artigo 70: não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do artigo 69 deste Código ?
É que a dosagem da pena deve ser fixada com prudência para que o sujeito não seja prejudicado. Isso ocorre porque existem casos em que a soma das penas ficam menor que a aplicação do concurso formal. Exemplo: o agente causou um homicídio e uma lesão corporal em concurso formal. Aplicado o concurso formal a pena mínima seria de 6 anos do homicídio mais um sexto desta pena referente a lesão, somando-se 7 anos. Mas, se apenas somar as penas mínimas, veremos que o sujeito responderá por seis anos do homicídio e 3 meses da lesão, somando-se 6 anos e 3 meses.
O concurso formal imperfeito (artigo 70 2ª parte) fala em desígnios autônomos. O que significa ?
Suponha-se que o agente, com um só projétil de revólver, mate dolosamente duas pessoas. Há unidade de conduta e autonomia de desígnios (dirigidos à morte das duas pessoas).
O que se entende pela terceira e última espécie de concurso de crimes: crime continuado ?
Ocorre crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhanças, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro.
Qual a teoria que o CP adotou a respeito do crime continuado ?
O CP adotou a teoria puramente objetiva que dispensa o elemento subjetivo do agente em cometer o crime continuado, sendo suficiente apenas que os crimes da mesma espécie apresentem semelhança em seus elementos objetivos de tempo, lugar, maneira de execução, etc.
Por que o professor Damásio de Jesus prefere a teoria objetivo-subjetiva e não a puramente objetiva como adota o Código ?
Porque, diz ele que, dificilmente o juiz, para afastar o concurso material e reconhecer o crime continuado, deixará de apreciar o elemento subjetivo do agente.
Quais os requisitos do crime continuado ?
São três:
Pluralidade de condutas
Pluralidade de crimes da mesma espécie
Continuação, tendo em vista as circunstâncias objetivas
O que se entende por crimes da mesma espécie ?
São os previstos no mesmo tipo penal, ou seja, aqueles que possuam os mesmos elementos descritivos, abrangendo as formas simples, privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas.
O que dizem as várias jurisprudências e juristas a respeito do crime continuado ?
Para a configuração do crime continuado, não é suficiente a satisfação das circunstâncias objetivas homogêneas (de tempo, lugar, etc), é necessário, também, que os delitos tenham sido praticados pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação.
É imprescindível que o infrator tenha agido num único contexto ou em situações que se repetem ao longo de uma relação, que se prolongue no tempo.
Não se pode confundir delito continuado com delito repetido.
Os tribunais de São Paulo, ao se referir na conexão temporal, determinou um máximo de tempo. De quanto é esse tempo ?
Quanto à condição de tempo, os Tribunais de São Paulo exigem que os crimes não tenham sido cometidos em período superior a UM mês, entre um e outro.
E quanto ao fator espacial, qual o limite de espaço aceito pelos Tribunais de São Paulo ?
Admitem continuação de crimes cometidos entre cidades próximas (São Paulo/Osasco, Bauru/Barra Bonita, Limeira/Americana, Araras/Leme, etc).
Qual a natureza jurídica do crime continuado ?
Há três teorias a respeito:
Teoria da unidade real : os vários delitos formam crime único
Teoria da Ficção jurídica : o legislador presume a existência de um só crime
Teoria mista : vê no crime continuado um terceiro delito, negando a unidade ou a pluralidade de violações jurídicas.
Qual das teorias acima é aceita ?
Por medida de política criminal: teoria da ficção jurídica.
Devido a pluralidade de crimes, a lei presume um crime único: teoria da unidade real.
Para outros efeitos, o crime continuado é considerado forma de concurso de crimes.
De acordo com o artigo 71 do CP, como pode ser o crime continuado ?
No artigo 71 “caput” o crime continuado é simples e em seu parágrafo único, o crime continuado é qualificado.
Simples : artigo 71 “caput” – quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outros semelhantes, devem os subseqüentes ser havido como continuação do primeiro, aplica-se-lhe apena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Qualificada : artigo 71 § único – nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerado a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do § único do artigo 70 e do artigo 75 deste Código. (não excedendo o que seria cabível somando as penas no concurso material e não excedendo 30 anos).
Como se faz a aplicação da pena no crime continuado ?
Na aplicação da pena, o Código determina duas regras quanto ao tipo simples
Penas idênticas : aplica-se uma só com aumento de 1/6 a 2/3.
Penas diferentes : aplica-se a mais grave, com aumento de 1/6 a 2/3.
Qual o quantum em que o juiz pode aumentar a pena ?
Dentro do limite mínimo e máximo do amento, o juiz pode impor o acréscimo que lhe parecer correto. Note-se que o dispositivo fala em aumento de 1/6 a 2/3 e, esse aumento varia de acordo com o número de crimes.
E na forma qualificada, de quanto é o aumento ?
O aumento é de 1/6 até a metade.
No crime continuado pode haver concurso formal ?
Nada impede que entre dois ou mais crimes continuados haja concurso formal. Nesse caso incide um só aumento de pena, o do delito continuado.
Como são aplicadas as penas de multa no concurso de crimes ?
De acordo com o artigo 72 do CP, no concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
Isso quer dizer que a multa, em sua aplicação, não se sujeita às regras previstas para o concurso formal e o crime continuado, ou seja, se o sujeito pratica vários furtos em continuação, as penas de multa devem ser somadas.
Quais são os limites das penas ?
De acordo com o artigo 75 do CP, o cumprimento das penas privativas de liberdade não serão superiores a 30 anos e de acordo com o artigo 10 da LCP (Leis de Contravenções Penais), a duração das penas de prisão simples não serão superior a 5 anos.
Então quer dizer que o sujeito não pode ser condenado a mais de trinta anos de prisão ?
NÃO. Não é nada disso. O sujeito pode ser condenado por tempo superior a 30 anos, mas a duração da execução da pena é que não pode ser superior a 30 anos, pois o Código, não diz que as penas privativas de liberdade não podem ser superior a 30 anos, mas sim que seu cumprimento não pode exceder os 30 anos.
O que acontece se o sujeito for condenado a mais de 30 anos de prisão ?
O § 1º do artigo 75 diz que se o sujeito for condenado a mais de 30 anos de prisão, as penas devem ser unificadas, para atender o limite máximo legal.
No caso de unificação de penas, os benefícios serão sobre os 30 anos ?
NÃO. Esse limite não se aplica ao livramento condicional e a outros institutos, como remissão, comutação, etc. 
E se o agente, cumprindo pena de 30 anos de reclusão, vem a cometer novo delito, sendo outra vez condenado ?
O CP em seu artigo 75 § 2º, adotou que sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
Na verdade, o princípio concede impunidade ao sujeito que, condenado a 30 anos de pena privativa de liberdade, venha a cometer novas infrações no começo de seu cumprimento.
E se o crime foi cometido antes do cumprimento da pena ?
Aí faz a unificação das penas.
O que se deve fazer no concurso entre um crime e uma contravenção ?
O artigo 76 determina : executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
Quer dizer que, havendo concurso entre crime e contravenção, a prisão simples, imposta cumulativamente com detenção ou reclusão, é executada por último.
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA – SURSIS
Artigos 77 a 82 do Código Penal
O que significa sursis ?
Sursis quer dizer suspensão, derivando de surseior, que significa suspender. Permite que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração.
O sursis é um benefício ?
NÃO. De acordo com a reforma de 1984, o sursis é a medida penal de natureza restritiva de liberdade de cunho repressivo e preventivo.
O Juiz tem a faculdade de aplicar o sursis ?
NÃO. Se presentes os seus pressupostos a aplicação é obrigatória.
O sursis é tratado em que instituto ?
É tratado no Código Penal (artigos 77 a 82) e na Lei de Execução Penal (artigos 156 e ss).
Tratando do sursis, qual o sistema adotado no CP ?
É o sistema Belga-Francês (Europeu Continental) em que, o Juiz condena o réu, determinando a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade.
Quais as regras que podemos extrair do artigo que determina sobre o sursis ?
O sursis só pode ser concedido, em regra, a criminoso primário, desde que a pena não ultrapasse 2 anos;
No sursis o Juiz condena o réu, determinando a suspensão da execução da pena;
No sursis o condenado fica sujeito a determinadas obrigações e à condição de não praticar nova infração (condicionamento negativo – não será executada a sanção se não fizeres tais e tais coisas);
O que se entende pelo sistema ideal ?
É a combinação do sistema Belga-Francês (nosso) com o sistema Anglo-Americano (período de prova), onde o Juiz declara a sentença condenatória determinando a suspensão da execução da pena, sendo o condenado entregue à vigilância e assistência de funcionários especializados em sua repercussão social.
Quando é cabível o sursis ?
Quando presentes as requisitos do artigo 77 do CP:
“A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão”.
Onde estão localizados os requisitos objetivos e subjetivos do sursis ?
Vimos que os requisitos do sursis são os do artigo 77 do CP. 
Os requisitos de natureza objetiva se encontra no caput e no § 2º (dizem respeito à qualidade e quantidade da pena).
Os de ordem subjetiva estão previstos nos incisos da disposição (referem-se aos antecedentes judiciais e qualidades pessoais do réu).
Tratando-se da qualidade da pena, quais as penas que admitem o sursis ? 
Somente a privativa de liberdade (detenção e reclusão).
As penas de multa e restritivas de direitos NÃO admitem, embora exista opiniões em que deveria aceitar na pena de multa.
E em caso de prisão simples, é aceito o sursis ?
De acordo com o artigo 11 da Lei de Contravenções Penais, a prisão simples também admite o sursis, desde que reunidas as condições legais.
O sursis no caso de prisão simples não poderá ser inferior a um ano e nem superior a 3 anos.
Quanto à quantidade da pena, qual o limite para a concessão da suspensão ?
A pena não pode ser superior a dois anos, mesmo havendo concurso de crimes com penas inferiores a ela (exemplo: duas penas de um ano e meio cada uma).
Existe uma exceção, é o caso do maior de 70 anos de idade, onde poderá ser suspensa a pena não superior a 4 anos.
O reincidente pode obter o sursis ?
Depende. A lei exige para que o sursis NÃO seja concedido, a reincidência em crime doloso. Logo, o reincidente em crime culposo poderá obtê-lo, como também aquele que, embora reincidente, cometeu um crime doloso e outro posterior culposo, ou vice-versa.
É possível no caso de o réu ter praticadoos dois crimes dolosos, a concessão do sursis ?
SIM. É o caso de a pena anterior ter sido de multa.
A condenação anterior irrecorrível por delito militar próprio ou político impede o sursis ?
NÃO, uma vez que não ensejam a reincidência (artigo 64 II CP).
Para melhor compreensão, diga o que estudamos nas últimas perguntas, a respeito de quem pode ou não obter o sursis ?
O réu reincidente em crime doloso, a quem antes se impôs pena privativa de liberdade, NÃO pode obter o sursis.
O réu reincidente, em crime doloso, a quem já foi imposto pena de multa, pode obter o sursis.
Se o sujeito cometer outro crime, depois de 5 anos do cumrimento ou da extinção da pena anterior, não sendo considerado reincidente, é permitido o sursis.
Se a condenação anterior é devido a crime militar próprio ou político, não caracteriza a reincidência, podendo portanto obter o sursis.
A suspensão compreende os efeitos secundários da condenação?
NÃO. Tanto que o não cumprimento de um dos efeitos secundários da condenação, como a reparação do dano (artigo 91 I), causa revogação obrigatória do sursis (desde que o condenado, embora solvente, frustre à reparação – artigo 81 II do CP).
E se a condenação anterior for uma contravenção ?
É irrelevante. Só a condenação anterior, por prática de crime doloso, constitui real impedimento ao sursis em relação ao posterior crime doloso.
E se o crime posterior cometido pelo réu for culposo ou for uma contravenção ?
Mais uma vez será falado a mesma coisa: somente quando o último crime praticado (ou seja, o atual, ou ainda o que está para ser decidido se obtém a suspensão ou não) for doloso é que veremos se há uma reincidência por crime também doloso para a não concessão do sursis.
E se houve extinção da punibilidade em relação ao crime anterior? 
Depende:
Se a extinção da punibilidade ocorreu antes da sentença final, não havendo sentença condenatória anterior transitada em julgado, o réu pode obter o sursis.
Se a extinção da punibilidade se deu após a sentença condenatória transitada em julgado, o réu não pode obter o sursis.
Se a extinção da punibilidade se deu por anistia, abolitio criminis, após 5 anos do cumprimento ou extinção da punibilidade do crime anterior ou se o crime anterior mesmo que doloso teve a pena de multa, PODE obter o sursis (neste caso, mesmo a extinção sendo após a sentença transitado em julgado).
A extinção da punibilidade pela prescrição retroativa em relação ao delito anterior impede o sursis ?
Não há impedimento. Isso porque se trata da prescrição da pretensão punitiva, pelo que a sentença condenatória deixa de produzir efeitos (só tem relevância ao quantum da pena regulador do prazo prescricional).
E se a sentença anterior, por prática de crime, concedeu ao agente o perdão judicial ?
Pode ser concedido o sursis, porque embora condenatória a sentença que concede o perdão judicial, não gera a reincidência (artigo 120).
E se o condenado cumprir integralmente as condições do sursis, vindo a praticar outro crime. Poderá obter a medida penal ?
Depende. O término do período de prova sem revogação opera a extinção da punibilidade (artigo 82), mas não exclui a reincidência, exceto se transcorrer o prazo de 5 anos entre a extinção da punibilidade (término do cumprimento) e o crime atual.
E se o condenado, mediante graça ou indulto parcial, obtém redução ou comutação da pena ? Preenchido o requisito quanto à qualidade e quantidade da pena, pode ser concedido o sursis ?
PODE, desde que se encontrem também presentes as condições de ordem subjetiva.
Dê um exemplo da pergunta acima ?
Suponha que o réu tenha sido condenado a 3 anos de detenção. Neste caso ele não pode obter o sursis.
Mas se por meio de indulto parcial, essa pena é diminuída para 2 anos de detenção, poderá obter o sursis.
Sabemos que a pena restritiva de direitos é incompatível com o sursis. Mas, e se o réu for condenado a pena privativa de liberdade cumulada com uma restritiva de direitos ?
Neste caso, poderá ser concedido o sursis em relação à pena privativa de liberdade.
Vimos que o último requisito de ordem pessoal, diz respeito a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. E se ao observar esse requisito foi cabível a pena restritiva de direitos ?
Torna-se inconveniente a concessão do sursis.
E se o réu for estrangeiro que se encontra no Brasil em caráter temporário ?
O decreto de 1942 proibia o sursis neste caso, mas hoje devido o Decreto 6815 de 1980 (Estatuto do Estrangeiro) não há mais tal proibição.
Qual o prazo do período de prova que o condenado deverá submeter-se ?
No crime, o condenado será submetido a um período de prova de 2 a 4 anos, exceto se o condenado foi maior de 70 anos de idade (pena até 4 anos – período de 
Na contravenção, o período varia de 1 a 3 anos.
O que compreende esse período de prova ?
Durante esse lapso de tempo, o condenado deve cumprir determinadas condições, sob pena de ver revogada a medida e ter de cumprir a sanção privativa de liberdade.
Quais são essas condições ?
Legais : impostas pela lei (artigo 78 § 1º e 81)
Judiciais : impostas pelo juiz na sentença (artigo 79)
Quais são as condições legais ?
No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade OU submeter-se a limitação de fim de semana.
O condenado não poderá ser condenado em sentença irrecorrível por crime doloso. Se solvente, não poderá frustrar e nem deixar de pagar a pena de multa. Não poderá de reparar o dano sem motivo justificado.
Quais são as condições judiciais ?
São condições especificadas na sentença, onde o condenado fica subordinado, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
A quem cabe decidir sobre “prestação de serviços à comunidade” ou “limitação de fim de semana” ?
A escolha cabe ao Juiz, determinando-se de acordo com as circunstâncias do caso concreto.
Qual a diferença entre sursis simples e sursis especial ?
O sursis simples é aquele previsto nos incisos I, II e III do artigo 77 cc 59 CP:
Artigo 77: “A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
Artigo 59: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
 III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
O sursis especial é aquele previsto no § 2º do artigo 77 do CP:
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão”.
O sursis especial se divide em etário e humanitário. O sursis etário é aquele concedido ao condenado devido a sua idade (maior de 70 anos), enquanto o sursis humanitário é concedido ao condenado em razão de enfermidade grave.
No sursis especial o Juiz tem de escolher uma das condições, como ocorre no sursis simples ?
NÃO. O Juiz pode impor uma ou mais dessas condições.
O Juiz pode impor como condição resolutória do sursis o pagamento da multa ?
NÃO. Essa condição não Poe ser imposta no sursis, por isso, que seu pagamento dependerádo estado de solvência do condenado.
A sentença a respeito do sursis faz coisa julgada ?
NÃO. A sentença que o concede, denega ou o revoga, não faz coisa julgada, podendo ser restabelecido ou revogado.
O que acontece se o condenado não cumprir as condições impostas a ele durante o período de prova ?
Será revogado o sursis.
Como será calculada a pena no caso de revogação ?
A pena deverá ser cumprida por inteiro, pois o sursis é a suspensão da execução e, sendo revogado este, mesmo após um determinado tempo de cumprimento, a pena a cumprir será integral. Não ocorre, portanto, a detração penal.
Como podem ser as causas de revogação do sursis ?
Podem ser:
Obrigatórias : não fica a critério do Juiz revogá-lo ou não. A revogação é determinada pela lei
Facultativas : fica a critério do Juiz revogar a medida, determinando a execução da pena.
Quais são as causas de revogação obrigatória ?
São as dos incisos I a III do artigo 81 do CP e do artigo 166 da LEP (Lei de Execução Penal):
É condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso
Frustra, embora solvente, a execução de pena de multa, ou não efetua sem motivo justificado a reparação do dano
Descumpre a condição que lhe foi imposta de durante o primeiro ano do prazo, prestar serviços à comunidade ou de submeter-se a limitação de fim de semana
Quais são as causas de revogação facultativa ?
São as do § 1º do artigo 81 do CP :
Se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta
Se é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou contravenção a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Quando deve ter ocorrido o crime cuja condenação irrecorrível se deu durante o período de prova, motivo para a revogação facultativa do Juiz:
Não importa o momento em que tenha sido cometido o crime. Pode ter sido praticado antes do crime ao qual o condenado se encontra em gozo do sursis, depois deste ou mesmo durante o início de prova. O Código só exige que a condenação irrecorrível ocorra durante o período de prova.
E se a condenação por crime foi proferida por sentença estrangeira ?
Neste caso não pode ser revogado o sursis, pois o artigo 81 I não prevê a hipótese, não podendo ser empregada a analogia e nem a interpretação extensiva em desfavor do réu. 
A sentença que concede o perdão judicial, durante o período de prova, revoga o benefício ?
O Professor Damásio de Jesus entende que NÃO. Embora seja condenatória a sentença concessiva do perdão judicial, ela não gera reincidência. Pois vimos que por isso ela não impede sursis futuro, não devendo, portanto, revogá-lo.
A que multa se refere o inciso II do artigo 81 do CP, quando diz que será revogada obrigatoriamente o sursis, se o condenado, embora solvente, frustrar o pagamento da multa ?
Quanto à multa, é claro que o Código cuida da hipótese de ter sido imposta cumulativamente com a pena privativa de liberdade. 
No caso da revogação facultativa, se o Juiz decidir não revogar o sursis, poderá tomar outra medida ?
SIM. O Juiz pode ao invés de decretar a revogação, prorrogar o período de prova até o máximo (se o máximo não foi fixado).
O fato de o condenado praticar infração durante o período de prova revoga o sursis ?
NÃO. O Código exige para a revogação, sentença condenatória com trânsito em julgado.
Qual a conseqüência de o condenado cometer infração durante o período de prova ?
Está descrito no artigo 81 § 2º : se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
E se o condenado, durante o período de prova, está sendo processado por infração cometida antes da suspensão ?
Aplica-se o disposto do artigo 81 § 2º. Note-se que a disposição não fala em infração cometida “durante o período de prova”.
A prorrogação ocorre por força da prática de nova infração ou em face de novo processo ?
O artigo 81 § 2º emprega a expressão “se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção”. Portanto, a prorrogação do sursis se dá por força do novo processo, ou seja, a prorrogação deve ocorrer por força do início da nova ação penal e não pela prática de nova infração penal ou pela instauração de inquérito policial.
Como é feita a prorrogação do prazo ?
A prorrogação do prazo é legal e automática, não exigindo despacho do Juiz a respeito.
As condições judiciais impostas na sentença, continuam valendo durante o prazo prorrogado ?
Há autores que entendem que continuam impostas as condições.
Para o Professor Damásio de Jesus não perduram as condições impostas na sentença, pois, se por exemplo, uma das condições judiciais seja recolher o condenado às 22h00. Prorrogado o prazo em face de novo processo, durante a prorrogação é surpreendido num bar às 23h00. É revogado o sursis e ele passa a cumprir a pena que estava suspensa. Posteriormente, vem a ser absolvido no outro processo, por comprovada negativa de autoria. Damásio entende injusta a revogação da medida.
O que acontece quando terminar o prazo de suspensão ou de prorrogação, sem que tenha havido motivo para a revogação ?
O Juiz deve declarar extinta a pena privativa de liberdade.
Quando ocorre a extinção da pena ?
Ocorre na data do término do período de prova e não na data em que o Juiz profere a decisão, ainda que seja muito tempo depois.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Artigos 83 a 90 do Código Penal
O livramento condicional é um benefício ?
NÃO. Ele é como o sursis, ou seja, uma medida penal de natureza restrita de liberdade, de cunho repressivo e preventivo.
O livramento condicional é uma faculdade do juiz ?
NÃO. Desde que presentes os pressupostos, a aplicação do livramento condicional é obrigatória.
Qual a diferença entre o livramento condicional e o sursis ?
Entre outras diferenças, daremos duas:
No sursis não exige que o réu inicie o cumprimento da pena, enquanto o livramento condicional exige.
No sursis, o período de prova vai de 2 a 4 anos (ou 4 a 6), enquanto que no livramento condicional, corresponde ao restante da pena. 
Quais são os pressupostos ou requisitos do livramento condicional ?
Os requisitos do livramento condicional encontram-se no artigo 83 do CP:
Requisitos do livramento condicional
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: 
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; 
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; 
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; 
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. 
Como vimos, o réu condenado à pena de detenção ou reclusão inferior a dois anos pode obter o sursis, e o réu condenado à mesma pena superior a dois anos pode obter o livramento condicional. E o réu que for condenado a 2 dois anos ?
Pode obter o sursis ou o livramento condiconal.
Mas sendo o sursis obrigatório e não facultativo, pode o juiz deixar de aplicá-lo, aplicando depois de um certo tempo de cumprimento da pena, o livramento condicional ?
Desde que preencha todos os requisitos, o juiz não pode deixar de aplicar o sursis, mas pode ocorrer que o réu seja reincidente em crime doloso, não podendo o juizaplicar o sursis, mas depois de cumprida mais da metade da pena, poderá o réu ser favorecido pelo livramento condicional.
E no caso de prisão simples ?
O artigo 11 da LCP diz respeito tanto do sursis na prisão simples como do livramento condicional, exigindo para o livramento que se preencha os requisitos legais e que a pena seja igual ou superior a dois anos.
Quanto de pena o condenado deve cumprir para obter o livrmento condicional ?
Se não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes deve cumprir mais de 1/3.
Se for reincidente em crime doloso deve cumprir mais da metade.
Se a condenação for por crime hediondo, terrorismo, tortura ou tráfico de entorpecente, se não for reincidente específico em crimes dessa natureza, mais de 2/3.
Como pode ser o livramento condicional ?
O livramento condicional pode ser especial e ordinário:
Especial : cumprimento de 1/3 da pena
Ordinário : cumprimento de metade ou 2/3 da pena
O que é necessário quando o réu foi condenado por crime doloso com violência ou grave ameaça à pessoa ?
A concessão do livramento condicional fica subordinada, além dos requisitos do artigo 83, à constatação, mediante perícias, de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. Assim, exige-se perícia da cessação da periculosidade.
O artigo 91 I do CP diz que a condenação torna certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime. O que quer dizer ?
Quer dizer que o condenado não pode obter o livramento condicional enquanto não repara o dano causado, salvo quando insolvente.
O artigo 84 do CP diz que “as penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livramento”. O que quer dizer ?
Que dizer que no caso de reiteração criminal, em que as penas são unificadas, não importa que nenhuma delas seja igual ou superior a dois anos, desde que o quantum unificado satisfaça a exigência legal.
Esse princípio é também aplicável em face de concurso de crimes, num só processo ou em processos diversos.
Por quem é feito o requerimento para a concessão do livramento condicional ?
Pode ser feito através de requerimento do sentenciado, de seu cônjuge, de parente ou por iniciativa do Conselho Penitenciário.
Qual o “rito” para a concessão do livramento condicional ?
Para a concessão do livramento condicional, é obrigatório o parecer do Conselho Penitenciário, ouvido o diretor do estabelecimento em que está ou tem estado o sentenciado. Em seguida, o juiz ouve o MP.
Deferido o pedido, o juiz especificará as condições a que ficará subordinado o livramento, devendo sempre impor ao condenado a obrigação de ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho; de comunicar periodicamente o juiz de sua ocupação e de não mudar do território da Comarca sem prévia autorização deste. Podem também ser impostas outras obrigações.
Após, há uma cerimônia em que é lida a sentença ao liberado, explicadas as condições e causas de revogação.
O juiz fica restrito ao parecer do Conselho Penitenciário ?
O juiz não pode conceder o livramento sem o parecer do Conselho, mas NÃO fica adstrito ao mesmo.
Por quem é formado o Conselho Penitenciário ?
É composto de professores de Direito, de Medicina Legal, de Psiquiatria, de Advogados e representantes do Ministério Público.
Qual o tempo do “período de prova” no livramento condicional ?
Corresponde ao tempo de pena que resta para cumprir.
Quais são as causas de revogação do livramento condicional ?
São as dos artigos 86 e 87 do Código Penal :
Revogação obrigatória ? (artigo 86 CP) revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível por crime cometido durante a vigência do benefício ou por crime anterior
Revogação facultativa : (artigo 87) o juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Como podem ser, ainda, as causas de revogação do livramento condicional ?
Podem ser:
Judiciais : referem-se às obrigações impostas pelo juiz na sentença.
Legais : impostas pela lei (artigo 86 e 87 parte final).
Se revogado o benefício, qual a pena que deve cumprir o liberado?
Deve cumprir a pena que se encontrava suspensa, correspondente ao período de prova, ou seja, se o liberado foi condenado a 6 anos de reclusão e após ter cumprido 2 anos obteve o livramento, o período de prova então, será de 4 anos. Passado mais 2 anos, teve o benefício revogado. Voltará a cumprir os 4 anos de prisão. 
Se o liberado teve o livramento revogado devido a condenação anterior ao período de prova, surgirá algum efeito ?
SIM: 
Será computado neste caso, na pena que resta o liberado cumprir, o período de tempo em que esteve solto
As duas penas privativas de liberdade podem ser somadas para efeito de novo livramento condicional
Quais os efeitos da revogação do livramento condiconal devido a condenação irrecorrível por crime cometido durante o período de prova ?
Ao será descontado da pena que resta cumprir, o tempo em que esteve solto
Não poderá obter novo livramento em relação à mesma pena
Em relação à nova pena, o condenado poderá obter livramento condicional, se presentes os seus requisitos
Então, não poderá somar as duas penas para novo livramento
Quais os efeitos da revogação do livramento, por descumprimento das condições impostas na sentença ?
O sentenciado tem que cumprir a pena que se encontrava com execução suspensa
Não é computada na pena o tempo em que esteve solto
Não pode mais ser favorecido por novo livramento condicional em relação à essa pena
Quando e como se dá a extinção da pena ?
Se até o término do período de prova o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
O juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do MP ou mediante representação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirou o prazo do livramento sem revogação.
A sentença é meramente declaratória e não constitutiva. Assim, tem-se por extinta a punibilidade na data do término do período de prova e não na data em que o juiz profere o despacho.
Suponha-se que o beneficiário cometa novo crime durante a vigência do livramento, encontrando-se em andamento a ação penal por ocasião do término do período de prova. O juiz deve declarar a extinção da pena pelo término do período de prova, sem revogação ?
NÃO. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não transitar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Se o liberado for condenado pela prática do novo crime, será revogado; se for absolvido, o juiz declarará a extinção da punibilidade em relação à pena imposta em conseqüência do crime anterior.
Respondendo o liberado por crime cometido antes da vigência do livramento, no término do período de prova o juiz pode declarar a extinção da punibilidade ?
SIM. O Código só prorroga o prazo no caso de o liberado ter cometido o crime durante o período de prova.
A lei 6.815/80 determina que “desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão do estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja processo ou tenha ocorrido condenação”. Se o juiz conceder o livramento condicional para o estrangeiro, poderá ainda assim ser expulso ?
SIM. Mesmo concedido o livramento pelo Judiciário, o estrangeiro pode ser expulso pelo Executivo.
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Artigos 91 e 92 do Código Penal
A condenação penal irrecorrível produz dois efeitos. Quais são ?
Principais e secundários:
Efeitos principais : corresponde aos efeitos principais a interposição das penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples), restritivas de direitos, pecuniária e eventual medida de segurança.
Efeitos secundários : também chamados de efeitos reflexos ou acessórios, que por sua vez produzos efeitos de natureza penal e de natureza extrapenal.
Efeitos secundários de natureza penal :
É pressuposto da reincidência
Impede em regra o sursis
Causa a revogação do sursis
Causa a revogação do livramento condicional
Aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória
Transitada em julgado, a prescrição da pretensão executória não se inicia enquanto o condenado permanece preso por outro motivo
Causa a revogação da reabilitação
Tem influência na exceção da verdade no crime de calúnia
Impede o privilégio dos artigos 155 § 2º, 170, 171 § 1º e 180 § 3º
Constitui elementar da figura típica da contravenção de posse não justificada de instrumento de emprego usual da prática de furto
Efeitos secundários de natureza extrapenal (civil e administrativo):
A obrigação de reparação de reparação do dano resultante do crime
O confisco
A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
A incapacidade do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela
Inabilitação para dirigir veículos
Como podem ser classificados esses efeitos da condenação ?
Podem ser classificados em genéricos e específicos:
Genéricos : são automáticos. É a obrigação de indenizar o dano e o confisco dos instrumentos e produtos do crime.
Específicos : não são automáticos, devendo ser motivados pelo Juiz. É a perda de função pública ou mandato eletivo (de natureza administrativa e política), a incapacidade para o pátrio poder, tutela ou curatela (de natureza civil) e a inabilitação para dirigir veículo (de natureza administrativa).
Como pode a sentença penal condenatória ser executada no juízo civil, para efeito de reparação do dano, se nela o Juiz somente trata de seus efeitos principais, não condenando o réu a reparar o dano ?
A sentença penal condenatória funciona como sentença meramente declaratória no tocante à indenização civil, pois nela não há mandamento expresso de o réu reparar o dano resultante do crime. A lei, porém, concede-lhe a natureza de título executório. Assim, transitada em julgado a sentença penal condenatória, a sua execução, no juízo civil visa ao quantum da reparação, pois o causador do dano não vai discutir se praticou o fato ou não, se houve relação de causalidade entre o fato e a conduta ou não, se agiu culposamente ou não. Só pode discutir a respeito da importância da reparação.
Com a alteração dada pela Lei 11.719/08, acrescentando o parágrafo único no artigo 63 do CPP, na sentença penal condenatória, o Juiz deve fixar um valor mínimo a título de reparação do dano, o qual poderá ser prontamente executada pelo ofendido, sem prejuízo de nova ação cível para complemento do valor total do prejuízo sofrido.
Por quem pode ser promovida a execução no juízo civil ?
Para efeito de reparação do dano, a execução no juízo civil pode ser promovida pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
E se a sentença penal somente impôs medida de segurança ?
Se a sentença for absolutória não pode ser executada no juízo civil para efeito de reparação do dano, mas se a sentença for condenatória pode.
A extinção da punibilidade impede a execução da sentença penal condenatória para efeito de reparação do dano ?
NÃO. A extinção da punibilidade, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, não exclui seu efeito secundário de obrigar o sujeito à reparação do dano.
E se a extinção da punibilidade decorrer da prescrição retroativa ?
Não subsiste a sentença condenatória para efeito da reparação do dano.
E se decorrer de anistia ?
A anistia rescinde a sentença condenatória no campo penal, subsistindo o efeito civil da reparação do dano. Por isso, pode ser executada.
Como deve ser a execução da sentença, quando o titular do direito à reparação for pobre ?
Deve ser promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. Essa regra, portanto, tem sido abrandada pelo STF, que vêm adotando que o órgão ministerial só pode assumir a titularidade dessa ação, onde não houver a Defensoria Pública, vez que esse órgão é o agora destinado a patrocinar os interesses de pessoas financeiramente hipossuficientes. Pode o ofendido também se socorrer do serviço de assistência judiciária gratuito (convênio do Estado com a OAB – advogado dativo). 
No contexto da CF de 88 e da Lei Complementar 80/94 a Defensoria Pública é o órgão competente para esse tipo de ação. Assim, quando totalmente estruturada a Defensoria Pública, o MP não mais poderá propor a ação civil ex delicto.
O que significa “actio civilis ex delicto” ?
É a ação civil de reparação do dano.
O sujeito pode ser absolvido no juízo penal e ser obrigado à reparação do dano no civil ?
SIM. O agente pode ser civilmente condenado à reparação do dano, embora o fato causador do prejuízo não seja típico. Pois, a responsabilidade do agente numa esfera não implica a responsabilidade de outra.
Então, como pode agir o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros, em face da prática de um crime ?
Pode agir de duas formas:
Aguardar o desfecho da ação penal. Transitando em julgado a sentença condenatória, pode ingressar no juízo civil com o pedido de execução para efeito de reparação do dano.
Ingressar desde logo no juízo civil com a ação civil de reparação do dano (actio civilis ex delicto)
E se as duas ações (a penal e a civil) se encontram em andamento?
Intentada a ação penal, o Juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. Isso ocorre para impedir decisões contraditórias (§ único do artigo 64 do CPP) – pelo prazo de até um ano.
O despacho de arquivamento de Inquérito Policial ou de peças de informação impede a propositura da “actio civilis ex delicto” ?
NÃO. Conforme artigo 67 I do Código de Processo Penal. 
A decisão que decreta a extinção da punibilidade impede a propositura da ação civil de reparação do dano ?
NÃO. Em face do que dispõe o artigo 67 II do CPP.
Quais são os casos de absolvição criminal previstos no artigo 386 do CPP e responda se cabe ou não ação civil em cada um dos casos?
	ABSOLVIÇÃO CRIMINAL EM FACE DE
	INGRESSAR COM A AÇÃO CIVIL
	Estar provada a inexistência do fato
	NÃO PODE
	Não haver prova da existência do fato: é o princípio do “in dúbio pro réu”
	PODE
	Não constituir o fato ação penal: a conduta é atípica
	PODE
	Não existir prova de ter o réu concorrido para a prática da infração penal: se o Juiz reconhecer a negativa de autoria
	NÃO PODE
	Não existir prova de ter o réu concorrido para a prática da infração penal: se o Juiz NÃO negar a existência do crime e autoria
	PODE
	Não existir prova suficiente para a condenação
	PODE
	Existir causa de exclusão de antijuridicidade 
	NÃO PODE *obs
	Existir causa de exclusão de culpabilidade
	PODE
OBS: Nos casos de exclusão de antijuridicidade fica impedida a ação civil, existindo, portanto, duas exceções:
quando o dono da coisa no estado de necessidade não for culpado do perigo 
quando o perigo ocorreu por culpa de terceiro, ficando o causador do dano com direito à ação regressiva contra o terceiro, se o autor reparou o dano ao dono da coisa
E se o réu é absolvido por legítima defesa putativa ? É cabível a ação civil de reparação do dano ?
SIM. A legítima defesa putativa exclui a tipicidade do fato por exclusão do dolo ou da culpabilidade, conforme o caso, subsistindo a ilicitude.
E se o réu é absolvido no juízo criminal por ausência de culpa ?
Não fica impedida a ação civil, desde que no juízo penal não tenha sido reconhecida categoricamente a inexistência material do fato.
O que é confisco ?
Confisco é a perda de bens do particular em favor do Estado.
Contra o que incide o confisco ?
O confisco permitido pelo Código Penal, incide sobre instrumentos e produtos do crime, e não sobre bens particulares do sujeito.
O que se entende sobre os instrumentos do crime ?
São os instrumenta sceleris, ou seja, os objetos empregados pelo agente na realização do crime. Não são todos os instrumentos que podem ser confiscados, mas somente os que consistem

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