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0 INSTITUTO DE CIÊNCIA DA SAÚDE – ICS CURSO DE FISIOTERAPIA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA PRÉ-PROTETIZAÇÃO DE AMPUTADOS SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP 2016 1 ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA PRÉ-PROTETIZAÇÃO DE AMPUTADOS Seminário apresentado à Universidade Paulista - UNIP como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado do curso de Fisioterapia. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP 2016 2 SUMÁRIO SUMÁRIO ...................................................................................................... 2 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3 2. OBJETIVO GERAL ................................................................................... 4 3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 5 4. AMPUTAÇÃO ........................................................................................... 6 4.1 Etiologia das Amputações ........................................................................ 6 4.2 Incidência................................................................................................. 7 4.3 Tratamento médico/Procedimento cirúrgico ............................................. 8 4.4 Tratamento farmacêutico ......................................................................... 9 5. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DO PACIENTE AMPUTADO ............ 9 5.1 Exame físico .......................................................................................... 10 5.TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NAS AMPUTAÇÕES ................... 10 5.1 Fase de pré-protetização ....................................................................... 10 5.2 Caso Clínico .......................................................................................... 11 5.3 Objetivos ................................................................................................ 11 5.4 Condutas ............................................................................................... 12 5.5 Técnicas ................................................................................................ 12 5.5.1 Cicatrização ........................................................................................ 12 5.5.2 Controle de edema e modelamento do coto ........................................ 12 5.5.2.1 Técnica de enfaixamento ................................................................. 13 5.5.3 Dessensibilização da região amputada ............................................... 15 5.5.4 Dores e sensações fantasmas ............................................................ 16 5.5.5 Impedir e eliminar contraturas prevenindo deformidades secundárias. .................................................................................................................... 17 5.5.6 Fortalecer musculatura global e treinar equilíbrio ................................ 17 5.5.7 Treinar marcha e estimular independência das transferências............ 17 5.5.8 Educação do paciente......................................................................... 18 CONCLUSÃO.............................................................................................. 19 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 20 3 1.INTRODUÇÃO Concebe-se que a amputação é a retirada cirúrgica, total ou parcial, de um membro, sabe-se que a amputação é uma palavra derivada do latim tendo o significado de ambi = ao redor de/em torno de e putatio = podar/retirar, porém, os pacientes que não possuem um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto, acabam relacionando termo “amputação” ao terror, derrota e mutilação, trazendo de forma implícita uma analogia com incapacidade e dependência. A cirurgia de amputação tem por objetivo retirar o membro acometido e criar novas perspectivas para a melhora da função da região amputada. O cirurgião deve ter em mente que, ao amputar um segmento corporal do paciente, estará criando um novo órgão de contato com o meio exterior, o coto de amputação, e deverá planejar a estratégia cirúrgica antevendo um determinado processo de reabilitação. O fisioterapeuta realiza um papel fundamental quanto à reeducação funcional do amputado, acompanhando o paciente em todos os estágios do programa de reabilitação, fazendo parte de uma equipe multidisciplinar, supervisionando e tratando desde o estágio pré-operatório, até mesmo na educação de mobilidade pós-protética e, se tiver a necessidade, em cuidados de manutenção das funções musculoesqueléticas. Nesse sentido, é muito importante a presença do fisioterapeuta no processo dinâmico, criativo, progressivo e educativo, restaurando a participação do indivíduo nos meios família, comunidade e sociedade. 4 2. OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é demonstrar as características clínicas apresentadas pelos indivíduos amputados na fase de pré-protetização, bem como, sua reabilitação por meio de tratamento fisioterapêutico. 5 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para a obtenção deste trabalho foi realizada uma revisão da literatura tendo como fonte livros acadêmicos e as seguintes bases de dados; PubMed, Scielo, PeDro e google acadêmico acerca de assuntos relevantes ao tema proposto, desta forma buscou-se materiais que abordassem desde o conceito de amputação até os tratamentos referentes a fase de pré-protetização em indivíduos que sofreram amputação. 6 4. AMPUTAÇÃO Amputação é um termo utilizado para definir a retirada cirúrgica ou traumática, parcial ou total de um segmento corpóreo, esta deriva do latim e apresenta o seguinte significado: ambi= ao redor de/ em volta de e putatio=rodar/retirar. Alguns autores relatam que o procedimento de amputação seja uma das técnicas cirúrgicas mais antiga já realizada pela humanidade. A diferenciação entre amputação e desarticulação é de extrema importância, uma vez que a amputação consiste na remoção da parte de um ou mais membros do corpo causando uma descontinuidade óssea, e a desarticulação consiste na remoção de um ou mais membros do corpo por meio de uma articulação 2. Normalmente os níveis de amputação são classificados de acordo com aspectos anatômicos, podendo ser realizados tanto nos membros superiores quanto em membros inferiores 3. Os níveis de amputação de membros superiores consistem na desarticulação escapular, desarticulação de ombro, transumeral, desarticulação de cotovelo. Amputações abaixo do cotovelo são as desarticulações radiocárpicas, amputações do carpo e amputações transmetacarpianas. Já os níveis de amputação realizados em membros inferiores incluem a pelvectomia, hemipelvectomia, desarticulação coxo-femoral, amputação transfemoral, desarticulação de joelho, amputação transtibial, desarticulação tíbiotársica, amputação de Syme, amputação de Ricard, amputação de Pirogoff, amputação de Choppart, amputação de Linsfranc, amputação transmetatarsiana, amputação metatarsofalangeana e amputação interfalangeana 2. 4.1 Etiologia das AmputaçõesA amputação de membros apresenta causas variáveis, porém as mais comuns estão relacionadas aos processos vasculares, neuropáticos, traumáticos, tumorais, infecciosos, congênitos e iatrogênicos 4. Dentre as principais causas de amputação estão as doenças vasculares, especificamente em três territórios anatômicos de ocorrência: o arterial, o venoso e o linfático. A arteriosclerose obliterante caracterizada como uma patologia arterial é a causa mais frequente de amputação devido ao bloqueio sanguíneo 7 (isquemia) gerado na região afetada. O tabagismo também se enquadra entre as causas mais comuns de amputação devido sua relação frequente com a tromboangeíte caracterizada como uma doença inflamatória arterial 4,5. A diabetes certamente constitui uma das principais causas de amputação. Tal fato é evidenciado em eventos finais que são explicitamente causadores de amputação (úlceras por lesão infectadas), já que estas estão presentes nos diabéticos devido a doença de base, formando assim um déficit da circulação nas extremidades inferiores, o que acarreta necrose das terminações nervosas sensitivas e, consequente diminuição da sensibilidade na região 4,5. As amputações traumáticas também de enquadram como uma das causas principais de amputação, correspondendo assim as lesões ocorridas no terreno vásculo-ortopédico, desta forma o acidente no transito se torna uma das causas mais importante de amputação. A contusão seguida de esmagamento é o mecanismo mais comum que pode de tal forma levar à uma lesão vascular e consequente isquemia e amputação na região afetada. As lesões por arma de fogo também se enquadram em um dos fatores causadores de amputação seguindo o mesmo mecanismo fisiopatológico citado acima 5. 4.2 Incidência Estima-se que as amputações do membro inferior correspondam a 85% de todas as amputações de membros, apesar de não haver informações precisas sobre este assunto no Brasil. Em 2011, cerca de 94% das amputações realizadas pelo SUS foram no membro inferior 6,7. Na literatura, encontramos que aproximadamente 80% das amputações de membros inferiores são realizadas em pacientes com doença vascular periférica e/ou diabetes. As amputações por causas traumáticas prevalecem em acidentes de trânsito e ferimentos por arma de fogo, sendo essa a segunda maior causa. Entre as amputações não eletivas, o trauma é responsável por cerca de 20% das amputações de membros inferiores, sendo 75% dessas no sexo masculino e cerca de 84% dos acidentes de transito que levam a amputação ocorrem com motociclistas 6,7. 8 4.3 Tratamento médico/Procedimento cirúrgico As técnicas cirúrgicas variam de acordo com o nível e a causa de amputação, o médico por sua vez, tem como um dos objetivos amputar o nível mais baixo possível do membro afetado, o mesmo deve remover a parte do membro que tem de ser eliminada permitindo assim a cicatrização primária e secundária da ferida, além disso o cirurgião deve se preocupar em construir um membro residual para ajuste e função ideal da prótese. Contudo o fisioterapeuta precisa entender alguns dos princípios básicos da cirurgia de amputação. Numa amputação traumática, o cirurgião tenta salvar o máximo possível de osso (em seu comprimento) e pele viável. As articulações proximais são preservadas, desde que seja propiciada uma cicatrização adequada dos tecidos, sem complicações secundárias (como a infecção). Usualmente a incisão será deixada aberta, com a articulação proximal imobilizada, numa posição funcional, durante 5 a 9 dias, para impedir a infecção invasiva. A oclusão secundária também permite ao cirurgião modelar apropriadamente o membro residual para a reabilitação protética. Os retalhos cutâneos têm de apresentar a maior largura possível e a cicatriz deve ser flexível, não dolorosa e não adesiva. Na grande maioria das amputações principalmente de membros inferiores usa retalhos anteriores e posteriores de igual comprimento fixando a cicatriz na extremidade distal do osso, porém em algumas amputações são utilizados retalhos posteriores mais longos pois esta região apresenta maior irrigação sanguínea fazendo com que a cicatriz se posicione anteriormente a extremidade distal, desta forma, deve-se tomar cuidado para que não haja aderência ao osso. A estabilização dos músculos seccionados adjacentes a região amputada pode ser alcançada através da oclusão miofascial, mioplastia (oclusão do músculo ao músculo), miodese (aderência do músculo ao periósteo ou osso), e raramente a tenodese (aderência do tendão ao osso). Independente da técnica realizada e necessário obter a estabilização muscular para que não haja deslizamento sobre a extremidade óssea. Os nervos periféricos seccionados formam neuromas (coleção de terminações nervosas) no membro residual, desta forma, eles devem ser cercados por uma boa porção de tecido mole, para que não ocorra dor na região e não interfira no uso da prótese. O equilíbrio da região afetada somente é 9 alcançado através da ligadura das principais veias e artérias, a cauterização só será empregada se por ventura ocorrer pequenos sangramentos, este procedimento requer muito cuidado para que não haja comprometimento da circulação dos tecidos e dos retalhos que serão importantes na fase de cicatrização da ferida sem complicações. Os ossos são seccionados a um comprimento que permita o fechamento adequado da ferida sem que haja excesso de tecido residual e sem submeter a incisão a uma grande tensão, desta forma as extremidades ósseas que restam são cerradas e arredondadas. E necessário que se tome cuidado para que o osso esteja fisiologicamente preparado para receber as pressões geradas pelo uso da prótese 3. 4.4 Tratamento farmacêutico O tratamento medicamentoso é importante para o tratamento sintomático, tendo efeitos anti-inflamatórios que diminuem o inchaço das articulações, analgésico reduzem as dores e antipiréticos diminuem ou curam a febre se ela existir; são sintomáticos porque não modificam o curso da doença, mas são úteis para controlar os sintomas devido a inflamação. No tratamento medicamentoso são utilizadas drogas, como antidepressivos, tricíclicos, bloqueadores de canal de sódio, anticonvulsivantes (dor neuropática), anestésicos, calcitonina e os menos eficazes como opióides e antiinflamatórios não-esteróides 8. Comumente o medicamento é prescrito principalmente para pacientes que apresentem a dor do membro fantasma. Trata-se de um fenômeno muito estudado, mas, ainda pouco conhecido, onde o paciente tem a experiência de uma sensação desagradável no membro ou parte deste, cirurgicamente removido. São prescritos medicamentos como a toxina botulínica que aplicada diretamente nos pontos gatilhos encontrados no coto irão propiciar diminuição da hiperidrose, melhorando assim a tolerância ao uso da prótese, sendo administrada por via transdérmica e intradérmica 8. 5. AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DO PACIENTE AMPUTADO A avaliação de um paciente amputado tem como finalidade definir e mensurar as capacidades e as incapacidades durante as atividades simples e as mais complexas. Dá-se início a avaliação através da anamnese onde serão 10 colhidos todos os dados pessoais, história da amputação, patologias associadas, uso de medicamentos, situação atual, estado emocional e a respeito de sua queixa principal. A partir daí tem-se início a exploração da adequação do paciente e se o mesmo apresenta interesse no uso de próteses. Qualquer problema que possa afetar o programa e metas de reabilitação será avaliado e documentado 3. 5.1 Exame físico Noexame físico do membro não afetado são observadas a presença de lesões e de deformidades, avalia-se também a amplitude de movimento e a força muscular, além disso deve-se ficar atento a inspeção e a palpação do segmento em questão, observar as condições da pele, pulsos arteriais, sensibilidade da região, equilíbrio e mobilidade. Na avaliação do coto se faz necessário uma atenção especial devido ao ato cirúrgico, desta forma avalia-se o comprimento do membro, a circunferência através de (circunmetria), a cicatrização do coto, edema local, o coxim terminal, neuromas, espiculas ósseas, a sensibilidade onde podemos encontrar a temida dor do membro fantasma e a dor fantasma que se diferenciam através dos sintomas apresentados pelo paciente 9. 5.TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NAS AMPUTAÇÕES Atualmente se considera em qualquer ou em grande parte das intervenções cirúrgicas o início súbito da reabilitação, desta forma quanto mais rápido for iniciado o tratamento maior será o potencial de sucesso. É de obrigação fisioterapêutica proporcionar um tratamento adequado ao paciente visando atingir um grau máximo de independência nas AVD’s. Basicamente o processo de reabilitação pode ser divido em 4 fases sendo elas: pré-amputação; pós-amputação; pré-protetização e pôr fim a pós- protetização 3,9. 5.1 Fase de pré-protetização A fase de pré-protetização, ou seja, fase essa em que o indivíduo se prepara para receber a prótese pode durar entre 3 a 6 semanas. 11 Nesta fase, toma-se como objetivo final proporcionar ao paciente habilidades necessárias para que o sujeito realize todas as atividades possíveis sem o uso de prótese, além desta enfatiza-se também a preparação do coto para instalação do aparelho protético 3,10. É importante ressaltar os cuidados necessários para o tratamento da dor no membro fantasma, pois esta, se torna um desafio ao terapeuta, por isso a necessidade de se realizar uma avaliação criteriosa, descartando todas as possibilidades que venham causar dor nesta região 10. 5.2 Caso Clínico Paciente JSM 55 anos, do gênero masculino, com histórico recente de diabetes, realizou amputação em região transfemoral, terço medial, onde foi realizado uma mioplastia e oclusão miofascial, após retirada dos pontos foi encaminhado ao setor de fisioterapia. O mesmo apresenta boa cicatrização na extremidade distal, alteração da sensibilidade local e em regiões adjacentes à amputação, apresenta ainda hipotonia e déficit de força muscular tanto em membro sadio quanto membro amputado, diminuição da amplitude de movimento decorrente de encurtamento do m. iliopsoas posicionando o coto há uma angulação de aproximadamente 10º em flexão de quadril, paciente relata sentir dores como pressão e formigamento, de vez em quando relata alteração do posicionamento da perna amputada. Paciente relata ficar muito tempo sentado e tem como meio de condução a cadeira de rodas, não utilizando outro dispositivo para locomoção. O mesmo esboça interesse em realizar a fisioterapia com intuito obter marcha eficiente. 5.3 Objetivos Acolher o paciente de forma humanizada Evitar problemas cicatriciais Controlar edema Modelar e maturar o coto Diminuir e eliminar estados dolorosos Dessensibilizar região Impedir e eliminar contraturas prevenindo deformidades secundárias. Desenvolver habilidades e realizar atividades sem a prótese. 12 Fortalecer musculatura Estimular independência das transferências Treinar e proporcionar marcha com dispositivos auxiliares e locomoção em cadeira de rodas para melhorar suas AVDs. Treinar equilíbrio Educação do paciente 5.4 Condutas Orientações quanto a higiene local Orientação postural Hidroterapia RTM Cinesioterapia ativa Cinesioterapia passiva Cinesioterapia ativo-resistida Propriocepção 5.5 Técnicas 5.5.1 Cicatrização A cicatrização da ferida se torna carro-chefe nesta fase, devendo esta não apresentar intercorrências, porém não se deve então criar uma visão de imobilismo, ao contrário, é imprescindível que se faça exercícios ativos nas articulações circundantes a amputação. Na primeira semana é instituído exercícios isométricos e também é orientado ao paciente a contração mioplástica no coto que consiste em uma co-contração dos m. agonistas e antagonistas que, futuramente irá auxiliar no mecanismo de suspensão ativa da prótese, além de orientações quanto a higiene local, a massagem transversa na regão irá proporcionar uma extensibilidade no tecido devido ao estimulo a produção de colágeno, além disso pode-se utilizar de recursos da hipertemoterapia como o ultrassom tanto modo continuo quanto pulsado 3,10,11. 5.5.2 Controle de edema e modelamento do coto O controle do edema pode ser realizado de várias formas dentre elas o posicionamento postural auxilia na drenagem do membro residual, os recursos 13 terapêuticos manuais como a drenagem manual também auxiliam na diminuição e controle do edema, exercícios ativos isométricos são essenciais nesta fase pois os mesmos auxiliarão no retorno venoso, sempre que possível realizá-los em posição de drenagem, ou seja com elevação do membro amputado. O enfaixamento do coto é um recurso extremamente importante tanto para melhora do edema, aceleração no processo de cicatrização, quanto para o modelamento do coto para receber a prótese, além disso contribui ainda para melhora da dor e sensação do membro fantasma 3,10,11. 5.5.2.1 Técnica de enfaixamento As técnicas de enfaixamento devem ser realizadas sempre com bandagem elástica. Os enfaixamentos devem ser realizados em oito, de distal para proximal com maior pressão distal, as paredes laterais do coto devem estar regulares, não deve haver tecido descoberto e não deve causar desconforto para o paciente. No enfaixamento transtibial (figura 01), o paciente é colocado na posição sentada com o joelho semi-fletido, onde a extremidade da faixa é colocada posteriormente abaixo do espaço poplíteo 10. Com a faixa esticada, traga-a distalmente sobre a extremidade do coto até a face anterior da tíbia, onde se realiza uma volta completa ao redor do coto e ao final desloca-se a faixa na diagonal, sobrepondo metade da faixa do primeiro enfaixamento e a outra metade na região distal do coto descoberta, com leve tensão. Repita novamente esse processo para o outro lado descoberto. Assim que a extremidade distal estiver bem firme, é realizado várias voltas pelo coto até a tuberosidade da tíbia. Terminando o enfaixamento, efetua-se uma volta pela região supracondiliana do fêmur, retornando-a para o coto e fixando-a. A patela deve permanecer livre para dar liberdade de movimento. 14 Figura 1- Enfaixamento transtibial Fonte: http: //www.ebserh.gov.br/ documents/147715/0/POP +2+2016+Fisioterapia+Ambulat orial+na+Amputa%C3%A7%C3%A3o+de+MMII+final.pdf/e82c58e4-e007-4e51-868e- 71c8a62711f0. É importante observar se não existem partes do coto para fora da faixa, se as paredes estão regulares e se a pressão distal e maior que a proximal e por fim se o paciente apresenta conforto ao uso da mesma. No enfaixamento transfemoral, (figura 02), o paciente deve permanecer em pé, usando se possível roupas íntimas, ou em decúbito lateral quando realizado por terceiro. 15 Figura 2 -Enfaixamento transfemoral Fonte: http: //www.ebserh.gov.br/ documents/147715/0/POP +2+2016+Fisioterapia+Ambulat orial+na+Amputa%C3%A7%C3%A3o+de+MMII+final.pdf/e82c58e4-e007-4e51-868e- 71c8a62711f0. A extremidade é colocada próximo àlinha glútea onde, parcialmente esticada, é deslocada distalmente e em seguida puxada para a face anterior onde se realiza uma volta completa sobre o coto. Após essa manobra, é realizado uma volta em diagonal um pouco lateralizada sobre a extremidade do coto e retorne para o ponto inicial. Repita esse processo para a outra parte lateral descoberta. Esse procedimento é repetido em figura de oito algumas vezes até que a extremidade distal do coto fique bem firme. A faixa deve ser envolvida até a região inguinal, com atenção especial para a região adutora. Após o enfaixamento completo do coto, é indicado realizar uma volta sobre o tronco, passando com a faixa acima da crista ilíaca anteroposterior do lado não amputado e fixando-a na face anterior do coto, para que não deslize e enrole favorecendo o aparecimento do rolo adutor e outros problemas 3,10. 5.5.3 Dessensibilização da região amputada Após a amputação pode ocorrer episódios de hipersensibilidade ou hiposensibilidade da região afetada, principalmente na extremidade distal do membro amputado, isso se ocorre devido o aglomerado de terminações 16 nervosas na região, desta forma se faz necessário um trabalho gradativo, onde o fisioterapeuta pode empregar sua criatividade em relação aos recursos a serem utilizados, se inicia o trabalho de dessensibilização com materiais de diferentes texturas, sempre saindo do mais “macio” para o mais “áspero”, além deste recurso pode utilizar ainda a hidroterapia, eletroterapia, RTM através de massagens locais dando estímulo aferente (sensitivo) visando a normalização da sensibilidade local. 5.5.4 Dores e sensações fantasmas Sensação do membro fantasma é a sensação do membro que não está presente. Ela ocorre geralmente depois da cirurgia e é frequentemente descrita como um formigamento, sensação de pressão, ou algumas vezes, como um anestesiamento, a extremidade geralmente é a mais sentida. Essa sensação pode desaparecer em um curto período de tempo ou a pessoa pode tê-la para o resto da vida 3,10,11. A dor fantasma ocorre menos frequentemente, e usualmente se caracteriza como uma sensação de cãibra ou de constrição, uma dor penetrante, ou uma dor ardente. Alguns pacientes queixam-se de todas as três manifestações. A dor pode ser localizada ou difusa; pode ser contínua ou intermitente e deflagrada por algum estímulo externo. Desta forma o fisioterapeuta utiliza-se de recursos como o enfaixamento compressivo irão propiciar firmeza e sustentação ao coto diminuindo assim esta sensação de desconforto. Outros recursos indicados são; o ultrassom que através das vibrações mecânicas irá promover uma extensibilidade do tecido conjuntivo que envolve o nervo e reparação nervosa modificando a dor. Os parâmetros utilizados são descritos da seguinte forma: modo pulsado (10-20%) a 16-48 Hz e dose de 0,4W/cm2. O TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) tem um bom índice de utilização. As indicações para o uso do TENS são o alívio da dor. A laserterapia de baixa intensidade também pode ser utilizada como recurso analgésico pois o mesmo emprega alguns efeitos terapêuticos observados clinicamente, como a analgesia local, ação antiedematosa e anti- inflamatória, a cicatrização de feridas de difícil evolução 12. 17 5.5.5 Impedir e eliminar contraturas prevenindo deformidades secundárias. Uma das principais metas do programa de reabilitação é a prevenção de contraturas e deformidades e estas estão presentes em grande parte dos pacientes amputados e são causadas não só pelo desequilíbrio muscular, mas também pela falta de orientação postural no pós-operatório. Desta forma se faz necessário o uso de alongamentos, mobilidades ativas e passivas para ganho de amplitude de movimento e tratamento e prevenção de deformidades já instaladas 3,10,11,12. 5.5.6 Fortalecer musculatura global e treinar equilíbrio Todas as articulações e grupos musculares devem ser trabalhados: tronco, membros superiores, membro inferior amputado e não amputado. Os membros superiores devem ser trabalhados, pois são importantes nas transferências e essenciais para o uso de auxiliares da marcha. Portanto o programa de exercícios deve ser personalizado e adequado ao paciente, envolvendo atividades de alongamento, equilíbrio e coordenação. Os músculos extensores e abdutores do quadril, bem como os extensores e flexores de joelho são importantes para a deambulação com uso da prótese 3,11. Inicialmente o programa de exercícios deve ter uma sequência de controle motor progressivo. O paciente deve iniciar com exercícios da “cama” e progressivamente para exercícios no solo, enfatizando a mobilidade funcional do indivíduo. 5.5.7 Treinar marcha e estimular independência das transferências Deve-se treinar e proporcionar marcha com dispositivos auxiliares e de locomoção em cadeira de rodas para melhorar as atividades de vida diária dos sujeitos que sofreram amputação, desta forma deve-se encorajar o paciente a realizar a deambulação precoce. O padrão de marcha adotado pelo amputado geralmente e o de três pontos com muletas 3. As atividades de transições de movimento são preliminares para as atividades de deambulação, desta forma o terapeuta deve criar um programa de treinamento que inclua as mudanças de decúbito seguido por transferências e então da marcha. 18 A independência na marcha com muletas é um resultado do qual vale a pena dedicar um tempo considerável da terapia. A pessoa que consegue deambular com muletas desenvolve um nível mais alto de aptidão geral do que o indivíduo que passa a maior parte na cadeira de rodas, pois a mesma se torna uma preparação para a deambulação com a prótese 3. 5.5.8 Educação do paciente A educação do paciente é uma parte integrante do programa de reabilitação, portanto quanto mais claro fica o tratamento imposto para o paciente melhor será adesão a ele. É preciso informar a respeito dos cuidados com o membro residual, cuidados adequados com a extremidade não afetada, posicionamento do coto, ensinar o enfaixamento e sua importância e exercícios. É importante deixar o sujeito a parte de todos os procedimentos realizados nele e ainda o fator conhecimento do paciente sobre o assunto enriquece seu tratamento, porém deve-se ter cuidado ao passar tais informações, pois as mesmas podem ajudar ou dificultar seu tratamento 3. 19 CONCLUSÃO A partir deste trabalho foi possível visar a importância da fisioterapia na reabilitação do amputado, demonstrando ao paciente que mesmo após perda do membro pode-se ter uma vida plena e útil. A fase de pré-protetização se torna de extrema importância, pois é nesta fase que o indivíduo irá se preparar para receber a prótese. Toma-se como objetivo final desta fase proporcionar ao paciente habilidades necessárias para que o sujeito realize todas as atividades possíveis sem o uso de prótese, além desta enfatiza-se também a preparação do coto para instalação do aparelho protético. A educação do paciente sobre sua condição atual também se caracteriza como um fator preditor da terapia pois é através dela que iremos conseguir um bom resultado no final do tratamento. Contudo, conclui-se, que a perda de um membro nos dias atuais, não implica em perda de uma vida ativa, e sim no recomeço de uma vida nova, com uma nova rotina, mas que pode ser tão normal quanto a vida de uma pessoa com as duas pernas. 20 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS1 Tucker et. al 9. Control strategies for active lower extremity prosthetics and orthotics: a review. J Neuroeng Rehabil. 2015. 2 Reis G, Júnior AJC, Campos RS. Epidemiological profile of upper and lower limb amputees assisted in a reference center. RESC – Revista eletrônica saúde e ciência, vol II, nº 2, ano 2012. 3 O’ Sullivan SB, Schmitz TJ. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5 ed. Barueri- SP: Editora Manole, 2010. 4 Matsumura AD, Resende JM, Chamlian TR. Avaliação pré e pós protética da circumetria dos cotos de amputados transtibiais. 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