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Direito Civil
SEÇÃO 1
SUA PETIÇÃO
Seção 1
Direito Civil
Sua causa!
Futuros advogados, sejam bem-vindos! Estamos iniciando 
uma nova etapa de estudo, voltada ao desenvolvimento 
de aplicação prática dos conteúdos adquiridos ao longo 
dos últimos semestres. Certamente, trata-se de etapa 
importantíssima do curso de Direito, pois é a capacidade de 
colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso 
é que defi nirá o profi ssional que você será amanhã. Para 
tanto, temos que nos dedicar muito na construção das peças 
processuais e estratégias jurídicas ao longo desse semestre. 
Primeiro, contaremos um caso prático para que possamos 
embasar a construção das peças processuais. Posteriormente, 
apresentaremos algumas sugestões de argumentos e de 
técnicas processuais para a construção da petição.
Barnabé é um senhor de 50 anos de idade. Ele é agricultor e 
vive da colheita e do transporte das hortaliças aos mercados 
das cidades vizinhas a Bauru/SP. Ele possui uma micro empresa 
chamada Caipira Hortaliças Ltda. – ME, cuja sede é na mesma 
cidade,, que utiliza para emitir notas fi scais aos comerciantes 
que adquirem os seus produtos. Com o esforço do seu 
trabalho, através da Caipira Hortaliças Ltda. – ME, Barnabé 
adquiriu uma pick-up Ford Ranger, placa GGG-1223, que 
utilizava para o transporte dos seus produtos. O seu veículo 
realizava entre 5 a 10 entregas por dia nas cidades próximas.
2
NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
 DIREITO CIVIL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 1
No dia 11/02/2017, o sr. Barnabé retornava a Bauru/SP 
conduzindo a sua Pick-up após mais um dia cansativo de 
trabalho. Naquela noite, chovia muito e a estrada estava 
escorregadia, e havia também muita neblina. Ocorre que, 
quando trafegava na curva do km 447 da rodovia BR-345, no 
município de Jaú/SP, o sr. Barnabé perdeu o controle do seu 
veículo. Os pneus traseiros derraparam, e o veículo rodopiou 
por sua pista, ficando atravessado na pista, sem, contudo, 
invadir a pista contrária. No entanto, um ônibus da Viação 
Meteoro Ltda., que trafegava na pista contrária, assustou-se 
com a manobra efetuada pelo Senhor Barnabé, e pisou no freio. 
Como a pista estava escorregadia e com um pouco de óleo, o 
motorista perdeu o controle do seu veículo e bateu de frente 
na pick-up Ranger. Com o impacto, a pick-up foi arremessada 
por cerca de10 (dez) metros, e bateu no barranco da pista. Com 
o impacto, o sr. Barnabé feriu-se gravemente, apresentando 
um corte na testa, fratura nas pernas e nos braços. O veículo 
pick-up Ranger, com o impacto, ficou todo amassado, com 
danos no chassi e por toda a lataria. Pelo lado do ônibus, 
com o impacto, cinco passageiros, os senhores Lino, Cláudio, 
Ribamar, Jorge e Bráulio, que não estavam utilizando cinto 
de segurança, sofreram lesões. Lino quebrou o seu braço e 
teve uma pancada na cabeça. Cláudio teve um traumatismo 
craniano e está em observação no hospital local. Ribamar teve 
uma lesão na coluna e corre o risco de ficar com sequelas ou 
paralisia. Jorge e Bráulio tiveram escoriações leves. Em razão 
do acidente, a Polícia Rodoviária Federal interditou as pistas 
e chamou a perícia. A polícia tomou ainda o depoimento do 
motorista do ônibus, que afirmou que invadiu a pista contrária 
em razão de tentar desviar do veículo que estava derrapando 
e indo em sua direção. Posteriormente, no hospital, a polícia 
tomou o depoimento do sr. Barnabé, que afirmou que perdeu 
o controle do seu veículo em vista do ônibus ter invadido a 
contramão, o que o forçou a realizar uma manobra brusca que 
causou a derrapagem e o impacto com o ônibus. A perícia que 
esteve no local foi inconclusiva, pois, como estava chovendo, 
33
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
não conseguiu colher as medidas das derrapagens, embora 
tenha reconhecido a invasão à outra pista, mas não conseguiu 
definir se esta ocorreu antes ou após o choque. Estiveram 
também presentes a seguradora da pick-up, Shangai Marine, 
bem como a seguradora da empresa de ônibus da Viação 
Meteoro, a Seguradora Trafegar S/A. O relatório final de cada 
uma tinha conclusões distintas: a seguradora da empresa 
de ônibus considerou a pick-up como a responsável pelo 
acidente, enquanto que a seguradora da pick-up considerou 
a empresa de ônibus como a responsável.
Após se submeter a cirurgias nos seus braços e pernas 
e tomar pontos na sua testa, embora agradecido por ter 
sobrevivido, o sr. Barnabé estava preocupado agora com a 
situação envolvendo o seu veículo e o seu sustento. Como 
ele trabalhava sozinho, não sabia como fazer para sobreviver 
no período de recuperação do acidente, e também como faria 
para transportar as hortaliças. Ele também tinha dúvidas de 
quem seria o responsável pelo ressarcimento do seu veículo: 
o motorista do ônibus, a empresa ou os dois. Foi apurado que 
a empresa Viação Meteoro Ltda. tinha sede em São Paulo/
SP. A empresa de ônibus fez três orçamentos para o conserto 
do seu veículo, ficando apurado que o da concessionária 
Translíder ficaria em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), o 
da Oficina Battera ficaria em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil 
reais), enquanto que o orçamento da Oficina Restaurar Ltda. 
ficaria em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Por outro lado, 
foi apurada a perda total do veículo do sr. Barnabé. Analisando 
o balanço mensal da empresa Caipira Hortaliças constatou-
se que esta possuía um faturamento mensal de R$ 20.000,00 
(vinte mil reais), sendo que o lucro líquido mensal chegava 
ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais). No período de 
três meses, necessário ao restabelecimento da saúde do sr. 
Barnabé, a empresa zerou o seu faturamento, e ficou em 
dificuldades com o locador da loja, bem como com seus 
fornecedores, acumulando um prejuízo de R$ 10.000,00.
44
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Como a empresa de ônibus negou autoria do acidente e a sua 
seguradora não aceitou recompor os prejuízos, o sr. Barnabé 
foi a seu escritório em busca de orientação jurídica.
Sr. Barnabé esteve em seu escritório portando os seguintes 
documentos: Boletim de Ocorrência, orçamentos do veículo 
Ford Ranger de propriedade da empresa, fotos dos danos 
causados no veículo, trocas de e-mails com a transportadora 
e sua seguradora e balanços mensais da sua empresa.
Você, como advogado do r. Barnabé, deve colher toda a 
informação e documentação necessária e propor a peça 
processual cabível e realizar nela os pedidos necessários para 
o ressarcimento dos prejuízos suportados por sua empresa. 
Fundamentando!
Caro aluno, já temos um problema para resolver! Vamos lá:
A primeira questão consiste em identifi car qual é a espécie de 
Direito Material Tutelado, para defi nirmos as normas de Direito 
Processual aplicáveis.
1- ANALISANDO A NATUREZA DO PEDIDO
Inicialmente, vocês deverão identifi car qual é a natureza da 
obrigação violada, e qual a maneira prevista em lei para buscar a 
recuperação dos prejuízos sofridos por Barnabé.
Analisem a questão: existia algum vínculo jurídico anterior entre 
a empresa e Barnabé? Qual o instituto jurídico que poderia 
fundamentar o direito da empresa Caipira Hortaliças Ltda. – ME?
O direito material que ampara o pedido seria a responsabilidade 
civil por perdas e danos, prevista no Código Civil nos artigos 
186, 187, artigos 402 a 405 e artigos 927 e seguintes do Código 
Civil Brasileiro.
55
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
1.1- APONTAMENTOS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil consiste na previsão legal de que aquele 
que violou determinada norma jurídica ou de contrato vê-se 
submetido a consequências não desejadas de sua conduta 
danosa. A consequência é, exatamente, que o responsável fica 
obrigado a reparar, e seu patrimônio pode ser objeto de penhora 
para pagamento dos eventuais prejuízos apurados no processo.
Portanto,enquanto existe uma obrigação prevista na legislação, 
a responsabilidade civil seria a consequência jurídica do 
descumprimento da obrigação prevista.
A responsabilidade civil, inicialmente, pode ser classificada em 
contratual ou extracontratual. Isso decorre da natureza do vínculo 
jurídico existente entre as partes. 
Por exemplo, se existe um contrato entre as partes estabelecendo 
nas cláusulas direitos e obrigações, a fonte da obrigação deverá ser 
buscada no contrato e em normas que disciplinam de forma geral 
as relações jurídicas contratuais. Neste caso, a responsabilidade 
será considerada como contratual.
Por outro lado, quando não existe vínculo direto entre as partes, 
a responsabilidade civil é extracontratual, ou seja, o vínculo que 
tutela uma eventual lide envolvendo estas partes decorre da lei.
Os pressupostos para que haja a condenação e a implicação de 
responsabilidade civil são:
Figura 1 | Pressupostos da responsabilidade civil
Pressupostos da 
Responsabilidade Civil
Prova do dano
Nexo de causalidade 
entre a culpa ou dolo 
e o dano
Culpa ou dolo
Fonte: elaborada pelo autor.
66
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Quanto à prova do dano, é necessário demonstrar o prejuízo 
causado pelo ofensor responsável pela conduta antijurídica. Sem 
dano, não há o que reparar.
Em relação à culpa, seria a necessidade de provar que a parte 
deixou de observar uma conduta de um homem médio no 
desempenho de uma determinada atividade, ação ou omissão. Os 
elementos da culpa são a imprudência, negligência ou imperícia.
A imprudência seria uma conduta precipitada, em que a parte deixa 
de tomar cuidados e causa um dano; reflita a respeito da conduta 
praticada por nossos personagens da estória. A negligência trata-
se de deveres previstos em lei ou em contratos que deixam de 
ser observados pela pessoa, o que pode causar danos. Como 
exemplo, podemos abordar a questão de omissão de socorro. 
A imperícia trata-se de uma modalidade de culpa que parte do 
pressuposto de que, pela profissão ou ofício do agente, esperava-
se que este deveria agir tecnicamente de uma forma que não 
causasse dano à parte. Como exemplo, podemos falar de erros 
médicos ou equívocos cometidos por um advogado na condução 
do processo, como a perda de um prazo. 
Em linhas gerais, quanto à necessidade de prova da culpa, temos 
outras formas de responsabilidade civil, a saber: objetiva e subjetiva.
A responsabilidade objetiva, prevista em diversas legislações como 
o Código Civil, Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078/90) 
e Lei Ambiental (9.605/98), aduz que, em razão da natureza da 
atividade praticada pelo devedor ou pela natureza do vínculo 
estabelecido entre as partes, uma empresa ou pessoa responderá 
pelos danos causados, independentemente de culpa, ou seja, 
independentemente da necessidade de se comprovar a culpa.
Como exemplo, podemos citar a responsabilidade de uma 
transportadora de pessoa para com os seus passageiros. Em 
razão da empresa auferir seus lucros com a atividade, caso esta 
cause algum dano ao passageiro, fica obrigada a reparar, salvo 
as hipóteses excludentes, como a força maior, caso fortuito ou 
culpa exclusiva da vítima.
77
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Por outro lado, a responsabilidade subjetiva prevê a necessidade 
de prova da culpa ou dolo, para que haja a sua confi guração. 
PONTO DE ATENÇÃO
Em ações que envolvam responsabilidade civil, é importante, 
para efeito da estruturação da peça processual e da forma 
de realizar as provas, de identifi car se a responsabilidade da 
outra parte por reparar danos é objetiva ou subjetiva, ou seja, 
se haverá a necessidade ou não de demonstrar a culpa.
Portanto, primeiro, temos que defi nir qual a natureza da 
responsabilidade, bem como a modalidade de culpa, até 
mesmo para defi nirmos a estratégia de produção de provas para 
fundamentar os pedidos.
Após a defi nição desta, a primeira providência para aferir 
responsabilidade será a de localizar qual norma foi violada no 
caso concreto, para ensejar a responsabilidade civil.
No caso narrado, qual norma jurídica tutela a atitude dos 
motoristas em uma estrada? Temos certeza de que muitos dos 
nossos futuros advogados já possuem carteira de motorista, 
não é mesmo? Para conquistar a licença de dirigir, certamente, 
vocês passaram por um exame de legislação. Essas normas 
estão previstas no Código Nacional de Trânsito, lei 9.503/97.
Por este motivo, para verifi carmos a conduta dos motoristas, é 
importante consultar o Código Nacional de Trânsito, Lei 9.503, de 
23 de setembro de 1997, que traz as normas de comportamentos 
de um motorista ou condutor de veículos. Chamamos a atenção 
para o Capítulo II – Normas Gerais de Circulação e Conduta, 
Capítulo VII – Da Sinalização de Trânsito, Capítulo IX Seção II 
– Da Segurança dos Veículos, bem como o Capítulo XV – Das 
Infrações, onde você pode encontrar uma conduta praticada 
pelo motorista que seja contrária às normas de trânsito.
Quanto à questão dos valores decorrentes de orçamentos, a 
88
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
jurisprudência considera que deve ser cobrado o valor contido 
no orçamento menor dentre os três auferidos, para efeito de 
realização do pedido de reparação com base nos veículos:
“No atinente ao dano, é de se adotar, como de regra para o 
ressarcimento, o valor constante no menor orçamento” (JTACSP, 
Revista dos Tribunais 108:134).
No mesmo sentido, no julgamento do RESP 334.760, O Ministro 
José Delgado, do Superior Tribunal de Justiça, julgado em 
25/02/2002, entendeu como correto o procedimento adotado 
pela empresa:
Realização, por conta própria, dos reparos necessários 
no veículo, com a escolha, dentre 03 (três) orçamentos 
solicitados, pelo de menor valor, efetivado com equipe 
especializada do seu quadro de funcionários, tornando os 
gastos menos dispendiosos, o que evidencia presunção de 
boa-fé na apresentação dos danos suportados.
No nosso caso, como a intenção é demonstrar a conduta da 
Empresa Transportadora, é necessário avaliar qual conduta ele 
praticou que ensejaria a sua responsabilidade e se haveria a 
necessidade de demonstrar a culpa. Embora não seja obrigatório, 
é interessante demonstrar que o valor pleiteado é o menor dos 
orçamentos, e que não está ocorrendo enriquecimento indevido 
por parte da autora.
Feita essa identificação, temos que pensar agora quais serão os 
nossos pedidos!
Para se falar nos danos causados que seriam objeto do pedido, 
podemos identificar duas espécies de danos: O dano emergente 
e os lucros cessantes.
O dano emergente seria aquele valor que já é demonstrado como 
perda imediata, decorrente do evento danoso.
Já os lucros cessantes, seriam os valores que uma pessoa ou 
empresa deixou de auferir, em virtude do ato danoso causado 
pela outra parte. Temos que verificar no caso concreto quais 
situações ocorreram!
99
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
PONTO DE ATENÇÃO
É importante, em demandas envolvendo responsabilidade 
civil, que se identifi que a natureza dos danos sofridos, 
pois a forma de prova-los é distinta. Enquanto que os 
danos emergentes, normalmente, pressupõem situações 
mais concretas, os lucros cessantes são uma forma de 
demonstrar a interrupção de um valor auferido que vinha 
ocorrendo com frequência ou que deveria ocorrer diante 
de uma situação concreta atual. Lembre-se de que ambos 
requerem efetiva comprovação!
Depois de defi nirmos a natureza, vamos agora às questões 
processuais!
2- QUESTÕES PROCESSUAIS
A primeira questão que o advogado deve verifi car antes de redigir uma 
peça processual é se a pretensão apresentada pelo seu cliente ainda 
poderá ser objeto de julgamento. Para tanto, temos que identifi car 
qual é a pretensão e se ainda estamos dentro do prazoprescricional 
ou decadencial previstos em lei para manejá-la em juízo. 
Para essa análise, é importante que sejam verifi cados os artigos 
pertinentes à prescrição. Nos artigos 197 a 201, estão identifi cados 
os casos de impedimento e suspensão dos prazos prescricionais. 
Nos artigos 202 a 204, estão relacionadas as causas de interrupção 
da prescrição. Nos artigos 205 e 206, estão elencados os prazos 
prescricionais referentes às diversas pretensões processuais. 
Portanto, é importante verifi car. 
Lembramos na oportunidade que, caso tenha transcorrido o 
prazo prescricional ou decadencial, o juízo prolatará decisão de 
mérito reconhecendo essa prescrição.
Primeiro, temos que verifi car qual a natureza do pedido a ser 
manejado para escolher o procedimento. Como sabemos, as 
ações podem ser declaratórias, mandamentais, constitutivas, 
mandamentais ou executivas lato sensu. 
1010
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
2.1- ESCOLHENDO O PROCEDIMENTO A SER ADOTADO
A partir dessa premissa, o autor pode escolher entre a ação pelo 
procedimento comum, procedimento especial ou ação executiva, 
conforme a natureza da obrigação e a existência de título executivo 
constituído ou não. No nosso caso, já existe título executivo? 
Existe alguma peculiaridade em relação à providência judicial que 
está sendo deduzida em juízo? A partir dessas constatações, você 
pode escolher qual caminho será adotado.
Figura: Procedimentos Processuais
Ação
Procedimento Comum
Procedimentos Especiais
Procedimentos Executivos
Fonte: elaborada pelo Autor.
Considerando, no caso, que trata-se de responsabilidade 
extracontratual e que não existe título executivo formado, 
teríamos que verifi car nos procedimentos especiais se há 
algum voltado à situação dos autos. Se não houver nenhuma 
peculiaridade no direito tutelado que justifi que a utilização dos 
procedimentos especiais, deve ser adotado o procedimento 
comum, previsto nos artigos 318 e seguintes do Código de 
Processo Civil de 2015 (BRASIL, 2015). 
PONTO DE ATENÇÃO
O artigo 318 do Código de Processo Civil deixa claro que 
aplica-se a todas as demandas o procedimento comum, 
salvo disposição em contrário, que são os procedimentos 
especiais ou peculiaridades do processo de execução. 
O referido dispositivo dispõe, também, que aplica-se 
o procedimento comum aos especiais que não sejam 
incompatíveis com esses procedimentos.
1111
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
2.2- DEFININDO A COMPETÊNCIA
Trataremos agora da questão da competência. A competência 
pode ser relativa ou absoluta. Em alguns casos, a lei exige que 
haja o ajuizamento em determinado foro, matéria ou pessoa seja 
em razão das pessoas envolvidas. Tratam-se de competências 
absolutas. É importante verificar qual relação jurídica está em 
discussão, se existe alguma das partes com foro privilegiado ou 
se a legislação protege alguma das partes.
A competência para processamento do processo é definida 
pelo Código de Processo Civil, mais precisamente, nos artigos 
42 em diante do Código de Processo Civil. Leia-os atentamente. 
Sabemos que, em alguns casos, a competência é relativa, ou seja, 
se a parte contrária não se opuser ao foro escolhido pelo Autor, 
ela é prorrogada, ou seja, o juízo se mantém no local.
Definida a competência, falaremos agora da questão da 
legitimidade passiva.
2.3- DEFININDO A LEGITIMIDADE DAS PARTES
No que tange à legitimidade passiva, observou-se que a 
transportadora é proprietária do veículo e que o seu empregado 
era o condutor do veículo. Para essa avaliação, é importante 
verificarmos nos artigos 927 e seguintes do Código Civil de 
2002 de quem seria a legitimidade. Existem situações em que a 
pessoa diretamente envolvida e o proprietário da coisa podem 
ser responsabilizados. Por outro lado, existem hipóteses em que 
se presume a culpa.
Agora, vamos à peça processual!
Em primeiro lugar, devemos definir: qual é a primeira peça 
processual a ser realizada em um processo?
No momento de elaborar a peça, é importante observar o 
cumprimento dos requisitos, dispostos no artigo 319 do Código 
de Processo Civil. 
1212
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Inicialmente, coloca-se o Juízo e a Vara do local escolhido para 
o ajuizamento da ação.
Posteriormente, procede-se à qualifi cação das partes, destacando 
os dados requeridos no art. 319, do CPC, destacando que 
deve constar o endereço eletrônico da parte, para eventuais 
comunicações em modalidade eletrônica. 
PONTO DE ATENÇÃO
Em questões do exame de Ordem, você deve fornecer, 
estritamente, os dados apresentados na questão, sem fazer 
invenção de dados.
Quanto aos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, é 
importante que você procure dividir em tópicos. Nos fatos, devem 
ser apresentados, estritamente, os dados fornecidos pelo caso 
tratado. Em se tratando de provas do exame da OAB, ressalva-
se que nenhum dado ou situação pode ser acrescentado pelo 
aluno na peça, pois a introdução de elemento estranho na peça 
pode alterar o sentido da questão, o que levaria o avaliador a 
zerar a prova ou tirar pontos.
É Importante, nessa parte, elaborar a petição invocando a técnica 
do silogismo. Vamos lembrar: premissa menor (fatos ocorridos e 
situação a qual o Autor pretende realizar o seu pedido), ou causa de 
pedir próxima. Premissa maior, ou causa de pedir remota, seriam as 
leis ou disposições contratuais que amparam o seu pedido.
Na parte dos fatos, lembre-se que o importante é contar a sua 
versão da história da situação que levou o Autor a juízo para deduzir 
a sua pretensão. A parte dos fundamentos jurídicos que a amparam 
serão deduzidas depois, a partir desses fatos. É o que chamamos 
de Causa de Pedir Próxima, que retrata a premissa menor
Quantos aos fundamentos jurídicos, é importante que você 
apresente ao juízo quais os dispositivos legais, teses doutrinárias 
ou precedentes jurisprudenciais podem ajudá-lo a formar o juízo 
de valor pelo julgador da causa. Portanto, notadamente quando a 
1313
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
questão a ser tratada no processo for questão de direito, é muito 
importante que você tenha consciência de como os tribunais, 
especialmente os superiores (Tribunal de Justiça do seu Estado, 
o Superior Tribunal de Justiça ou o Supremo Tribunal Federal) 
pensam a respeito daquele tema.
Lembre-se que, a partir do Código de Processo Civil de 2015 
a teor do art. 332 do Código de Processo Civil, as causas que 
não dependam de prova, o juiz pode julgar liminarmente 
improcedentes os pedidos que contrariem enunciado ou súmula 
e acórdãos julgados em incidentes de resolução de demandas 
repetitivas ou enunciados de Tribunais de Justiça sobre direito 
local (leis estaduais e federais). Assim, temos que estudar antes.
Feita a parte da dedução dos fatos e fundamentos jurídicos, é 
importante também considerar uma conclusão com os pedidos 
que você fará.
O mais importante é lembrar a procedência dos pedidos 
elencados. Portanto, você deve pedir a procedência dos pedidos 
iniciais, para buscar qual providência do juízo você pretende 
(declarar, condenar, rescindir contratos etc.).
A conclusão dos seus pedidos deve abranger também uma 
novidade introduzida pelo Código de Processo Civil de 2015: 
pedido de citação para contestar, pedidos, provas e interesse na 
realização de audiência de conciliação.
A teor do inciso VII, do artigo 319, a parte deve constar se possui 
interesse na realização de audiência de conciliação. Esse fator 
importante poderá influenciar, inclusive, na forma de contagem 
do prazo judicial de contestação do Réu, caso este também não 
tenha interesse na realização da audiência.
Depois, deve-se requerer que a parte Ré seja citada, identificando 
a forma como você deseja que ocorra a citação, descritas nos 
artigos 246 eseguintes do Código de Processo Civil. Em regra, a 
citação pode inicialmente ser realizada por oficial de justiça ou 
por carta com aviso de recebimento. 
1414
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
No entanto, é interessante lembrar que, conforme dispõe o 
parágrafo primeiro do artigo 246 do Código de Processo Civil, as 
empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro 
nos sistemas de processo em autos eletrônicos para receber 
citações e intimações, que serão realizadas, preferencialmente, 
por essa forma. Essa disposição só não se aplica às empresas 
de pequeno porte.
É importante que você identifique a modalidade que deseja, 
pois, caso o réu resida em outra comarca, será necessária a 
expedição de carta precatória para se concretizar o ato. 
É imprescindível lembrar de pedir a procedência dos pedidos, 
identificando-os, lembrando que o que são procedentes são os 
pedidos elencados, e não a ação! Portanto, você deve pedir a 
procedência dos pedidos iniciais para buscar qual providência do 
juízo você pretende (declarar, condenar, rescindir contratos, etc.).
Após, você deve especificar na petição inicial as provas que 
deseja produzir para comprovar as suas alegações.
A petição inicial deve também ser instruída com os documentos 
necessários à comprovação dos fatos, como aduz o artigo 320 
do Código de Processo Civil. Observe que o juízo não poderá 
aceitar a juntada de documentos antigos após o ajuizamento da 
ação, salvo se for provado que tomou conhecimento após, pelo 
que é importante deduzir a sua pretensão em juízo com todos 
os documentos necessários.
Por fim, deve ser atribuído à causa um valor. Neste ponto, é 
importantíssimo que você represente o conteúdo econômico do 
seu pedido, que é descrito nos artigos 291 e seguintes do Código 
de Processo Civil. Este valor impactará nas custas processuais e 
até mesmo na futura condenação em honorários advocatícios. 
Caso o valor esteja incorreto, o juiz pode corrigir de ofício ou o 
Réu pode impugnar, na contestação, o valor da causa.
1515
 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
PONTO DE ATENÇÃO
A petição deve ser assinada. Contudo, no exame da OAB, 
você não pode inserir o seu nome, pois não pode haver 
identifi cação na peça de quem está elaborando, sob pena 
de anulação da prova!
Atenção, caso o juiz entenda que falte algum requisito da 
petição inicial ou documento essencial para a continuidade do 
feito, ele poderá determinar ao Réu a emenda da inicial. Caso a 
intimação não seja atendida, o juiz pode até mesmo indeferir a 
petição inicial e julgar o feito extinto, sem resolução do mérito!
Agora temos todas as informações necessárias para elaborar 
uma petição.
Vamos peticionar!
Agora, é com você! Mãos à obra!
Para iniciar, temos que defi nir qual a espécie de pedido será 
realizada no caso. Nesse ponto, pergunta-se: qual direito foi 
violado? Qual a consequência da violação do direito? Qual a 
forma de demonstrá-lo em juízo?
Defi nida a natureza do direito, temos agora que defi nir a forma de 
exercer esse direito. Qual é a peça processual adequada a pleitear 
direitos? Como podemos defi nir o local e quais serão as partes 
envolvidas no processo?
Após essas defi nições, temos que verifi car quais fatos que podem 
ser provados devem ser inseridos na ação. Quais fatos você 
colocaria no processo? Após a narrativa desses, quais dispositivos 
legais amparam a pretensão do autor? Como relacionar os fatos 
narrados aos dispositivos legais inseridos?
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 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ 
Feita a narrativa e a demonstração do direito que ampara a 
pretensão, deve-se fazer o pedido? De que forma podem ser 
realizados os pedidos? A procedência é dos pedidos ou da ação? 
O que mais deve ser pedido na peça processual?
Qual valor da causa deve ser inserido?
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 Direito Civil - Sua Petição - Seção 1NPJ

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