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TCC DIREITO SUCESSÓRIO

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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI - FISIG
Curso de Pós-graduação em Direito de família e sucessões
OLJAILSON NOGUEIRA DE FREITAS
Direito dos companheiros na união estável
Campo Grande - MS
2017
FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI - FISIG
Direito dos companheiros na união estável
Monografia apresentada à Faculdade Internacional Signorelli como requisito parcial para a conclusão do curso de pós-graduação 
Lato sensu em direito de família e sucessões.
Campo Grande - MS
2017
FOLHA DE APROVAÇÃO
FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI - FISIG 
DIREITO DOS COMPANHEIROS NA UNIÃO ESTÁVEL
	Monografia apresentada à Faculdade Internacional Signorelli, como requisito do Curso de Pós-Graduação em Direito
APROVADA em _______ de __________________ de __________.
Prof._____________________________
Prof._____________________________
___________________________________________________ 
Orientadora 
Campo Grande - MS
2017
RESUMO
O presente trabalho consta a origem do concubinato, o progresso em relação a união estável e as formas de como a família pode ser constituída. O marco da união estável foi após a constituição federal de 1988 já que tal instituto passou a ser considerado como entidade familiar, desde que preenchido como requisitos determinados por lei como a notoriedade, continuidade, constituição de família, lealdade, diversidade dos sexos e a inexistência de impedimentos matrimoniais entre os companheiros. Trata-se também sobre as diferenças entre o concubinato e a união estável. O presente trabalho tem como finalidade apresentar os fatores da união estável e do casamento, assim como os efeitos patrimoniais decorrentes do fim da união entre os companheiros e a diferença de regime de bens da união estável e no casamento
PALAVRAS-CHAVE: 1.Direito 2.Família 3.União Estável 4.Concubinato
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................. 06
Justificativa................................................................................................................ 10
Objetivos.................................................................................................................... 11
Objetivo Geral............................................................................................................ 11
Objetivos Específicos................................................................................................. 11
Metodologia de pesquisa........................................................................................... 12
1 União Estável.......................................................................................................... 13
1.1 Pressupostos da união estável ...........................................................................13
1.2 Diversidades dos sexos........................................................................................15
1.3 Continuidade e estabilidade..................................................................................16
1.4 Notoriedade..........................................................................................................16
1.5 Constituição da família..........................................................................................17
1.6 Inexistência de impedimentos matrimoniais entre os companheiros....................18
1.7 Fidelidade.............................................................................................................18
1.8 Casamento...........................................................................................................19
2 Direitos e deveres....................................................................................................23
2.1 Regime de bens....................................................................................................23
2.1.1 Partilha de bens na união estável......................................................................26
2.2 Direito sucessório.................................................................................................27
2.3. Habilitação...........................................................................................................30
2.4 Alimentação..........................................................................................................31
Considerações finais................................................................................................. 33
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 34
INTRODUÇÃO 
A família é considerada por muitos como indispensável para a formação do ser humano sendo considerada a célula base da sociedade onde sabemos que essa formação é influenciada pelo ambiente social em que se está inserido. 
Segundo Clóvis Beviláqua (1993, p.17):
Os fatos da constituição da família são: em primeiro lugar, o instinto genesíaco, o amor que se aproxima os dois sexos; em segundo, os cuidados exigidos para a conservação da prole, que tornam maus duradoura a associação do homem e da mulher, e que determinam o surto de emoções novas, a fio progênie e o amor filial, entre procriadores e procriados, emoções essas que tendem, toas, a consolidar a associação familiar.
Carlos Roberto Gonçalves (2007, p.1) conceituou a família como:
[...] a família é uma realidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a organização social. Em qualquer aspecto em que é considerada, aparece à família como uma instituição necessária e sagrada, que vai merecer a mais ampla proteção do Estado. A Constituição Federal e o Código Civil a ela se reportam e estabelecem a sua estrutura, sem, no entanto, defini-la, uma vez que não há identidade de conceitos tanto no direito como na sociologia.
O conceito de família foi restrito ao casal durante muito tempo, de sexo oposto, desde que fossem comprometidos formalmente em juízo e obedecendo as regras jurídicas, foi somente através da constituição de 1988 que aconteceu a evolução desse conceito.
A primeira forma de constituição da família foi o concubinato, tendo o casamento surgindo muito tempo depois. Durante a idade média o concubinato caiu em relativo desuso no ocidente a partir do século XII, sendo combatido duramente pela igreja.
Não se deve confundir concubinato, que é a relação entre pessoas casadas, onde há infringência na fidelidade, com união estável que é uma entidade familiar.
O artigo 1727 do Código Civil diz que o concubinato é "as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar".
Entretanto, nem todos que estão impedidos de se casar, mas se relacionam com outas pessoas geram concubinato, segundo Carlos Roberto Gonçalves (2007, p.543):
Malgrado a impropriedade da expressão utilizada, deve-se entender que nem todos os impedidos de casar são concubinas, pois o § 1.º do art. 1.723 trata como união estável a convivência pública e duradoura entre pessoas separados de fato e que mantêm o vínculo de casamento, não sendo separados de direito.
No Brasil, o concubinato foi recebido de forma opressiva, visto que desde a colonização, a Igreja Católica, muito forte e com muita influência junto aos imperadores, procurou esvaziar a tolerância e rejeitar manifestamente o concubinato.
Os tipos de concubinatos são:
Pura – onde a união estável formada por homem e mulher, onde os quais são livres e desimpedidos (solteiros, viúvos, divorciados e separados judicialmente)
Impura – é a união estável entre homem e mulher, onde um deles são comprometidos em outra relação, só que destavez, matrimonial, ou são impedidos de se casarem e é dividido em dois, a adulterina e incestuosa.
Adulterina – quando um ou ambos são comprometidos por relação matrimonial válida.
Incestuosa – quando houver entre os conviventes uma relação de parentesco que os impedem de se casarem.
Durante muito tempo foi aplicado ao concubinato regras relativas ao direito das obrigações e não do direito de família. Antes da Constituição Federal era necessário em primeiro lugar, comprovar a existência de uma sociedade de fato entre as partes, para que efeitos pudessem ser aplicados, inclusive relativos à sua dissolução com posterior partilha de bens.
Porém, a partilha só era possível se fosse comprovado que os dois contribuíram para a aquisição do patrimônio em comum
Tendo em vista que o concubinato era considerado apenas como sociedade de fato e regulada no campo obrigacional, sendo assim a família formada por concubinos não tinha a proteção do Estado, pois não era reconhecida como uma entidade familiar.
Ainda sim alguns doutrinadores entendem que a união estável é considerada como concubinato, Roberto Senise Lisboa (2002, p.138) afirma que:
O concubinato pode ser: natural e espúrio:
Concubinato natural ou puro é aquele efetivado entre pessoas de sexo diferente, de forma estável, livre e sem qualquer impedimento legal para o casamento.
O concubinato natural ou puro sem estabilidade, porém motivado por atos esporádicos ou uniões livres, ainda que frequentes, não é considerado equivalente à união estável, pois ela se caracteriza pela união informal de pessoas de sexo diferentes, prolongada no tempo.
Concubinato espúrio ou impuro é aquele efetivado entre pessoas de sexo diferente, de forma estável, porém com algum impedimento para a realização do casamento civil
Entretanto, a união estável, não possui o mesmo significado dos atos ocorridos no concubinato, sendo este caracterizado pela inexistência de deveres e direitos entre seus participantes, além do mais que o concubinato há impedimento para o casamento, coisa que não ocorre na união estável.
Sendo assim, foi incluído a definição a questão terminológica no Código Civil, sendo a união estável uma relação monogâmica e recíproca, e o concubinato uma ligação, por exemplo, um homem casado e ao mesmo tempo mantendo uma amante.
 Foi necessário então o tratamento equiparado para união estável ao casamento já que quando se findava a entidade familiar os conviventes ficavam desamparados pela legislação.
Fato que ocorreu somente após a constituição de 1988, equiparando-se assim ao casamento, foram tantas mutações na sociedade que, tanto na legislação como na jurisprudência, foi necessário evoluir e acompanhar de forma efetiva o conceito de família, que teve como finalidade atualizar o texto legal aos dizeres e princípios basilares da constituição federal, sendo assim o direito da família não poderia deixar de ressaltar a importância da união estável no nosso atual sistema familiar
O avanço jurisprudencial da questão tornou-se de grande importância para a evolução dos efeitos advindos dessas relações extramatrimoniais, evitando graves injustiças presentes em leis ultrapassadas.
Esse estudo é de fundamental importância e de grande relevância social, pois o que se buscou com a união estável foi proteger os conviventes, não de um mero encontro casual, mas de uma convivência pública e duradoura, como se fossem casados.
Sendo assim, no primeiro capítulo, iremos fazer a análise dos pressupostos para a configuração da união estável, que são muitos, alguns de ordem objetiva e outros de ordem subjetiva, dentre eles, diversidade dos sexos, continuidade e estabilidade, notoriedade, constituição da família, inexistência de impedimentos matrimoniais entre os companheiros, fidelidade, casamento. São esses conhecimentos importante para compreender o que é união estável e como ela se converte em casamento.
No segundo capítulo, será analisado quais são os direitos e deveres dos companheiros, dando ênfase naqueles mais importantes, ou seja, os alimentos, o regime de bens e o direito sucessório.
Ao final, tendo a pesquisa tornado possível a elucidação dos direitos e deveres dos companheiros, ser-nos-á permitido concluir se esses direitos, pela sua interpretação atual, são legítimos e justos.
DESENVOLVIMENTO
JUSTIFICATIVA
A união estável vem a ser a coabitação de um homem e uma mulher não casados institucionalmente, a doutrina se abre cada vez mais o caminho referente a necessidade de regular essa classe de relações, por isso é de grande importância que a população tome conhecimento disso, pois é um assunto tão comum e tão pouco aprofundado em relação aos direitos das partes envolvidas na união estável
OBJETIVOS
GERAL
Analisar os entendimentos jurídicos sobre a união estável no pais, para entender os propósitos dessa medida, com o objetivo de poder mediar esse conhecimento para que a população saiba sobre seus direitos.
ESPECÍFICOS
Estudar a união estável e o posicionamento do Estado em correlação as jurisprudências.
Construir conhecimento referente o assunto para informar a comunidade sobre a questão.
METODOLOGIA DE PESQUISA
O projeto foi elaborado através de uma pesquisa bibliográfica relacionada ao tema com o intuito de explicar o problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos para realizarmos uma análise evolutiva da união estável, sob vários aspectos, dentre eles sociais e patrimoniais, assim como a evolução que ocorreu na legislação brasileira para acompanhar as mudanças sociais até os dias atuais
1 UNIÃO ESTÁVEL 
1.1 Os Pressupostos da União Estável
	O homem, ser gregário, desde sua evolução, sempre buscou o convívio daqueles de sua espécie, com objetivo de superar obstáculos naturais ou pela simples necessidade de reprodução. Através desses principais objetivos surgiram os primeiros grupamentos humanos, divididos em famílias, com as influências sociais e culturais das diversas civilizações até podermos vislumbrar o que tal instituição nos representa no século XXI.
Para compreender a formação da união estável, é necessário compreender os requisitos para sua formação. De acordo com Euclides de Oliveira (2003, p.125):
A união estável, apesar de dispensar os formalismos necessários ao casamento, começa se caracterizar pela vontade de vida em comum, tornando-se necessário apenas o mútuo consenso dos companheiros, podendo este surgir devagar, conforme evolução da relação amorosa. Entretanto, tal aprimoramento difere do simples "ficar", ou seja, existe requisitos para a configuração da união estável como entidade familiar
	Alguns requisitos que devem ser presentes na união estável, de acordo com, Roberto Senise Lisboa (2002, p.135):
a)diversidade de sexo; b)a inexistência de impedimento matrimonial entre os conviventes; c)a exclusividade; d) a notoriedade ou publicidade da relação; e) a aparência de casamento perante a sociedade, como se os conviventes tivessem contraído matrimonio civil entre si; f) coabitação; g) a fidelidade; h) a informatização da constituição da união; i) a durabilidade, caracterizada pelo período de convivência para que se reconheça a estabilidade da união.
	Podem ser encontradas com mais clareza esses requisitos no artigo 1° da Lei 9.278 de 10 de maio de 1996, onde diz que “ É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família”.
	Para a caracterização da união estável a alguns requisitos ou objetivos especiais para que seja reconhecida a entidade familiar, sendo elas a inexistência de impedimentos matrimoniais, a diversidade dos sexos, a durabilidade e a união exclusiva.
	A união exclusiva é interligada pelo princípio da monogamia, segundo Ana Elizabeth Lapa Wanderley Cavalcanti (2004, p.119) "A lei nãoadmite é o reconhecimento de relacionamentos múltiplos, paralelos ou concorrentes, que não são marcados pela exclusividade e pela monogamia como quer a sociedade e o sistema legal vigente"
	A união deve ser duradoura no sentido de que não seja um relacionamento passageiro, a publicidade para que demonstre um interesse maior de ensejar em um compromisso, a continuidade que indica maior segurança e consistência e principalmente ter o objetivo de construir uma família. 
	A inexistência de impedimentos matrimoniais consta no primeiro parágrafo do artigo 1.723 do código civil que dita a não configuração da união civil de acordo com o artigo 1.521
Art.1.521 Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
	Dos elementos subjetivos há apena dois, sendo a convivência affectio maritalis e more uxório.
De acordo com Maria Helena Diniz (2017, p.362) a convivência more uxório é aquela onde "os companheiros deverão tratar-se, socialmente como marido e mulher, aplicando-se a teoria da aparência, relevando o intuito de construir família".
Já a affectio maritalis é definido por Euclides de Oliveira (2003, p.121) como "o segundo e último elemento subjetivo e deve ser considerado de extrema importância, pois afirma que não basta apenas a convivência dos companheiros, é necessária a convivência e a estabilidade entre eles".
	Há elementos ainda que não são citados por alguns doutrinadores, mas que possui grande relevância, por exemplo, o nascimento de filhos durante a união.
José Francisco Cahali (1996, p.83) diz que "O nascimento do filho vem sendo considerado como um fato valorativo do concubinato, demonstrando a solidez e estabilidade da ligação para capacitá-lo a produzir efeitos".
Em seguida iremos abordar de forma individual as principais características na união estável.
1.2 Diversidades dos sexos
	Para que se possa identificar a união estável como entidade familiar é necessário que exista a diversidade dos sexos, além da expressa exigência constitucional. 
	No artigo 226, parágrafo 3° da constituição federal de 1988, este requisito está elencado e valorado como de extrema importância, sendo assim, fica impossibilitado o uso do instituto para regular as relações homoafetivas que são reguladas no campo do direito obrigacional. Sendo assim, somente a união entre homem e mulher pode ser considerada como entidade familiar. 
1.3 Continuidade e estabilidade
	Para ser protegida pelo Estado, a união estável deve ser também douradora e sem interrupções.
	O prazo mínimo exigido pela Lei n° 8.971 para ser configurada a existência de união estável era de cinco anos, mas a jurisprudência e o legislador verificaram que com a atual duração dos casamentos civis, apesar dos cônjuges terem prestado compromisso de que a convivência seria eterna, seria injusto exigir um prazo para união estável.
	Euclides de Oliveira (2003, p.129) diz que:
Era mesmo de rigor a dispensa desse prazo certo para que se reconheça a entidade familiar resultante da união estável. Primeiro, porque a constituição federal, no art.226, 3° parágrafo, não prevê a condicionante temporal. Segundo, pela evidência de que a estabilidade da união tem que ser examinada caso a caso pelas circunstâncias do modo de convivência, e pela família que daí resulte, ainda que não dure muitos anos e mesmo que não haja filhos dessa união
	Sendo assim, foi editada a Lei n° 9.278, que acabou com o prazo e adotou somente a expressão duradoura, entretanto, no artigo 1.723 do código civil diz que “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência publica, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
	Entretanto, isso não quer dizer que não é necessário a verificação do tempo de duração dessa relação, porque deve existir um laço afetivo.
1.4 Notoriedade 
	Essa união deve ser verdadeira e de conhecimento de terceiros, assim como não deve ser um encontro para relações sexuais, porque assim seriam considerados amantes e não companheiros, a publicidade não está sozinha e seu sentido é de que essa relação não seja secreta, ou seja, mesmo que haja a prática reiterada de relações sexuais, a relação deve ter aparência de casamento.
	Euclides de Oliveira (2003, p.132) afirma que:
Há de ser publica a convivência na união estável, isto é, de conhecimento e reconhecidade no meio familiar e social onde vivem os companheiros. Não é preciso que eles proclamem, festejem ou solenizem a vida em comum. Se a fizerem, tanto melhor, mas a formalização da união se mostra dispensável na espécie, diferente do casamento, que é direito eminentemente solene e de pública celebração.
	É preciso entender que se trata do conhecimento da união estável no âmbito em que é frequentado, ou seja, para os parentes de ambos, amigos, etc, que condirem os mesmos como se estivessem casados.
1.5 Constituição da família
	É necessário também o objetivo de formar uma família, a simples sociedade de fato entre homem e mulher não caracteriza um relacionamento duradouro e estável, muito menos se confunde com entidade familiar. Esta tem como característica fundamental de formar uma família.
	Euclides de Oliveira (2003, p.133) diz que: 
Esse propósito se evidencia por uma série de elementos comportamentais na exteriorização da convivência more uxorio, com o indispensável affectio maritalis, isto é, apresentação em público dos companheiros como se fossem casados e com afeição recíproca de um verdadeiro casal. 
Convivência pode ser explicado como a participação de um na vida do outro, ou seja, um entrosamento de vidas. A convivência de acordo com a lei não deve ser entendida como exigência de comum moradia, nem como necessidade de vida em comum more uxório. Um homem e uma mulher podem conviver mesmo que habitem residências distintas.
Importante ressaltar que não configura união estável a convivência entre homem e mulher dividindo um imóvel com o objetivo de estudos ou exercício de profissão conjunta
1.6 Inexistência de impedimentos matrimoniais entre os companheiros
	
O objetivo desse requisito é de facilitar a conversão da união estável em casamento, assim como, resulta do dever de fidelidade entre o casal. No caso de um dos conviventes ser casado é necessário que o mesmo se separe juridicamente para ser configurada a união estável, caso contrário será considerado concubinato impuro.
Importante mencionar o § 1° e § 2° do artigo 1.723 do código civil, pois o separado de fato também pode viver em união estável, assim como está mencionado nos seguintes parágrafos
§ 1° A união estável não se continuará se ocorrerem os impedimentos o art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso IV no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou juridicamente.
§ 2° As causas suspensivas do art. 1.523 não impediram a caracterização da união estável 
Se for da vontade dos conviventes a conversão da união estável em casamento, deve ser feito um requerimento oficial ao registro civil, mas haverá uma verificação dos requisitos legais, conforme estabelece o artigo 8° da Lei n° 9.278.
1.7 Fidelidade
	A fidelidade, tanto fisicamente como moralmente, é devida pelos conviventes, se a fidelidade não estiver presente não será possível ser configurada a união estável, mas isso não resultara em sanção. A infidelidaderesultará a dissolução da união apenas.
	Contudo, se a lealdade não estiver presente entre o casal poderá implicar injúria grave. A lealdade é a figura de caráter moral e jurídico independentemente de cogitar-se da fidelidade, cuja inobservância leva ao adultério, que é figura ao concubinato. 
	De acordo com Euclides de Oliveira (2003, p.138)
não é possível a simultaneidade de casamento e união estável, ou de mais de uma união estável. Uniões múltiplas podem ocorrer sucessivamente, mas não ao mesmo tempo. O texto legal restringe o reconhecimento da entidade familiar à união de um homem e uma mulher, com emprego de artigo definido singular que gramaticalmente veda a acumulação simultânea de uniões familiares. Poderá não ter sido proposital essa especificação do artigo, e até seria dispensável, mas, sem dúvida, reforça a interpretação de que a lei somente protege as uniões sinceras e leais, próprias do sistema monogâmico. E assim há de ser, com efeito, ante a ilicitude da bigamia, para a hipótese dos casados.
	Entende-se então que havendo o rompimento do dever de lealdade seria motivo de separação de fato dos conviventes.
1.8 Casamento
	PESSOA (1997, p.110) afirmou que “o legislador equiparou a união estável a entidade familiar, concedendo ao instituto proteção igualitária aquela outorgada à família constituída pelo casamento”.
Antes da Constituição Federal de 1988 não tinha previsão legal como forma de legitimar a família além do casamento religioso ou o casamento civil com pessoas do sexo oposto, entretanto, atualmente a legislação reconhece a união estável como entidade familiar, onde a família é configurada como família natural, sem forma solene e com regulação legal.
Euclides de Oliveira (2003, p.38) conceitua o casamento civil como:
Ato em que o Estado intervém desde a habilitação, para controle da inexistência de impedimentos, até a celebração por autoridade competente. Caracteriza-se como contrato, porque resultante do necessário consentimento dos contraentes, mas depende, ainda, da final declaração do celebrante, de que se acham casados na forma da lei.	
	Euclides de Oliveira (2003, p.42-43) destaca ainda as alterações referente ao casamento pela Lei n° 10.406/2002 do código civil:
a) conceituação do casamento pelo efeito de estabelecer uma comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (artigo 1.511);
b) gratuidade da celebração do casamento e, com relação á pessoa pobre, também da habilitação, do registro e da primeira certidão (artigo 1.512);
c) facilitação do registro civil do casamento religioso (artigo 1.516);
d) redução da capacidade matrimonial do homem para 16 anos (artigo 1.517);
e) redução dos impedimentos matrimoniais, catalogando apenas os dirimentes absolutos (artigo 1.521);
f) causas suspensivas do casamento, em lugar dos artigos impedientes ou meramente proibitivos (artigo 1.523);
g) exigência de homologação da habilitação matrimonial pelo juiz (artigo 1.526);
h) casamento por procuração mediante instrumento público, com validade restrita a 90 dias (artigo 1.542);
i) desaparecimento da figura chefe de família, em decorrência da igualdade dos cônjuges, aos quais compete a direção da sociedade conjugal (artigo 1.565 e 1.567);
j) possibilidade de adoção do sobrenome do outro por qualquer dos nubentes (artigo 1.565, parágrafo 1°).
Para que haja a conversão da união estável para o casamento, é exigido alguns requisitos como o acordo de vontades, a concordância dos companheiros e que ambos tenham condições legais para a realização do casamento.
Entretanto, falta conteúdo que deixe explicito os requisitos para a conversão em casamento. O artigo 226, 3° parágrafo da carta magna diz que "para efeito de proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento"
Já o 1.726 diz apenas que "a união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no registro civil".
O artigo 1.521 do código civil cita aqueles que não podem se casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem for cônjuge do adotado e o adotado com que o foi do adotante;
IV - os irmão unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte
Dessa forma, ambos os artigos não esclarecem o procedimento de conversão de forma detalhada, por esse motivo levou alguns Estados, por meio de resolução do tribunal de justiça, criar uma regulamentação administrativa.
	Há duas formas para converter a união estável em casamento, sendo elas a judicial e a administrativa. 
A judicial é feita perante o juiz e precisa verificar a existência da união estável através de um procedimento onde é juntada as provas e é designado a audiência, o juiz define a lavratura ao oficio de registro civil das pessoas naturais assim que for homologado, deve constar a data de início da união estável, se tiver sido fixada, independente da publicação de edital de proclamas ou habitação, sendo que o registro da união estável poderá servir como prova para todos os efeitos.
	Já a administrativa também deve ser solicitada ao oficio de registo civil das pessoas naturais, onde é submetido ao processo de habilitação e caso dispensado, é homologado pelo juiz, seu assento é lavrado sem constar a data de início da união civil, e depende da publicação de edital.
	De acordo com o Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça do Estado, Capítulo XIV, Seção IV, Subseção V:
Art. 670. A conversão da união estável em casamento deverá ser requerida pelos conviventes ao juiz competente e assento no registro civil.
§ 1º O pedido inicial será instruído com a certidão de nascimento ou documento equivalente e, se for o caso, autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estejam os conviventes, ou autorização judicial. Deverá constar, ainda, a opção quanto ao regime de bens e ao sobrenome.
§ 2º A participação do representante do Ministério Público é obrigatória. 
§ 3º O Juiz designará audiência para ouvir os requerentes e, no mínimo, duas testemunhas.
§ 4º Na audiência o Juiz verificará se estão presentes os requisitos do art. 1.723, do Código Civil
e se não estão presentes os impedimentos previstos no art. 1.521, do referido código. 
§ 5º Poderá a audiência ser dispensada se os requerentes declararem a inexistência dos impedimentos acima e comprovarem a união estável mediante prova documental. 
§ 6º Qualquer pessoa que souber da existência de algum dos impedimentos previstos no art. 1.521, do Código Civil, poderá intervir no feito.
§ 7º Ficam dispensados os proclamas e os editais. 
§ 8º O Juiz, a requerimento dos conviventes, poderá fixar o termo inicial da união estável, para todos os fins.
§ 9º Homologada a conversão o Juiz expedirá mandado para registro no Livro B-Auxiliar.
Importante ressaltar que cada estado tem seus procedimentos para a conversão administrativa, tendo como exemplo citado acima o estado de Mato Grosso do Sul.
A conversão da união estável para o casamento entre pessoas do mesmo sexo também foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do senado no dia 03 de maio de 2017, em turno suplementar, um projeto de lei que altera o código civil para que seja reconhecido a união estável entre pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão da união em casamento, o projeto estabelece que a lei seja alterada para estabelecer a família como "a união de duas pessoas", mantendo o resto do texto do artigo.
O projeto dá forma de lei para algumas decisões que já foram tomadas pelo judiciário, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, reconheceu a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar e em 2013 foi aprovado pelo Conselho Nacional deJustiça uma resolução que obriga os cartórios a celebrar o casamento civil e converter a união homoafetiva em casamento.
2 DIREITO E DEVERES
2.1 Regime de bens
	Regime de bens pode ser conceituado como um conjunto de princípios, direitos e obrigações, tanto em relação ao patrimônio como para o indivíduo.
	Maria Helena Diniz (2002, p. 145) conceituo o regime de bens:
De forma que o regime matrimonial de bens é o conjunto de normas aplicáveis às relações e interesses econômicos resultantes do casamento. É constituído, portanto, por normas que regem as relações patrimoniais entre marido e mulher, durante o matrimônio. Consiste nas disposições normativas aplicáveis à sociedade conjugal no que concerne aos seus interesses pecuniários. Logo, trata-se do estatuto patrimonial dos consortes.
A escolha do regime de bens deve ocorrer antes do mesmo ser oficializado, entretanto, isso não impede que durante o casamento o casal mude o regime adotado antes. Nesse sentido diz o artigo 1.639 do código civil, no 2° parágrafo que “é admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência, das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros”.
	Caso não haja manifestação nesse sentido, o regime de bens que irá a vigor é o de comunhão parcial.
	Ocorre que na união estável, salvo se existir contrato em contrário entre os companheiros será aplicado o regime de comunhão parcial de bens, de acordo com o artigo 1.725 do código civil 
	Existem quatro princípios que são fundamentais no regime de bens para que ocorra a organização do regime matrimonial, o princípio da variedade de regime de bens, princípio da livre estipulação, princípio da mutabilidade justificada do regime adotado e princípio da imediata vigência do regime de bens.
	O princípio relativo à variedade de regime de bens, permite aos nubentes estipular a respeito o que lhes aprouver, alvo em casos especiais. De acordo com o artigo 1.639 "É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver".
	A posição de José Antônio Manfré (2003, p.31) cita importância deste princípio:
Trata-se do sistema que melhor atende ao interesse dos consortes e o mais ajustado às nossas tendências morais, além de ser de nossa tradição jurídica. Melhor do que a lei, cada casal escolhendo o regime matrimonial da preferência, regulará de modo soberano, os respectivos interesses.
	O princípio da livre estipulação permite a livre escolha do regime que lhes convier, podendo escolher regimes legais ou combiná-los formando um regime especial.
Maria Helena Diniz (2002, p.148) fala sobre as limitações deste regime:
O pacto antenupcial deve conter tão-somente, estipulações atinentes às relações econômicas dos cônjuges. Considerar-se-ão nulas as cláusulas que contravenham disposição legal absoluta, prejudiciais aos direitos conjugais, paternos, maternos, etc. (CC, art. 1.655). Igualmente não se admitem cláusulas que ofendam os bons costumes e a ordem pública. Exemplificativamente, nulas serão as cláusulas, e não pacto, que (a) dispensem os consortes dos deveres de fidelidade, coabitação e mútua assistência; (b) privem a mãe do poder familiar ou de assumir a direção da família, ficando submissa ao marido; (c) alterem a ordem de vocação hereditária; (d) ajustem a comunhão de bens, quando o casamento só podia ser realizar-se pelo regime obrigatória da separação; (e) estabeleçam que o marido, mesmo que o regime matrimonial de bem não seja o da separação, pode vender imóveis sem outorga uxória.
O Princípio da Mutabilidade do Regime de Bens admite a alteração do regime matrimonial adotado, caso tenha autorização judicial, atendendo a um pedido motivado de ambos os cônjuges e que essa não venha a colocar em risco o direito de terceiro. Outro ponto importante para a mutualidade do regime de bens é que não seja usada para fraudes e deve averbar na certidão de casamento
	Já o princípio da imediata vigência do regime de bens, a partir da celebração do matrimônio, passa a vigorar o regime de bens pelos cônjuges escolhido.
O regime de comunhão parcial de bens consiste na comunicação dos bens adquiridos na vigência do casamento, desde que onerosamente adquiridos não sendo necessário ser somente aqueles comprados com os rendimentos do trabalho dos cônjuges. No entanto, os bens que cada um já tinha adquirido antes do casamento ou mesmo doados como adiantamento de herança sem a comunicação com o outro cônjuge, ou está feita por inventário, já estão determinados em lei que esses bens serão exclusivamente de quem os recebeu.
	De acordo com o artigo 1.661 do código civil “São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento”
	É importante lembrar que a outorga uxória é indispensável no caso de um dos cônjuges desejarem vender ou onerar bens imóveis de sua propriedade, ou de propriedade do casal, sem a competente outorga uxória ou marital.
	O regime de separação de bens é aquele em que os bens do casal não se comunicarão, sendo por vontade de ambos ou nos casos em que a lei exigir, para que seja válido será necessário o pacto antinupcial e a administração dos bens ocorre de forma individual, com exceção nos casos em que a lei exigir separação de bens obrigatória.
	O artigo 1.641 do código civil dispõe sobre a obrigatoriedade da separação de bens:
Art. 1.641 É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I – Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de sessenta anos;
III – De todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
	O regime de bens na união estável, em regra, é o regime da comunhão parcial de bens, o artigo 1.725 do código civil diz que “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão de bens”.
	Entretanto, o regime de comunhão parcial de bens pode ser alterado a qualquer momento desde que seja feito um contrato escrito, já que não se trata de uma regra.
	De acordo com o artigo 1.790 do código civil o parceiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável.
2.1.1 Partilha de bens na união estável
	O conceito de partilha de bens na união estável é amplo, porem nesse caso podemos dizer que seria a forma como resultaria a divisão de um patrimônio entre aqueles que forem interessados, nesse caso quando a sociedade conjugal termina.
	O objetivo da partilha é dividir os bens de maneira justa desde que tenham direitos e que sejam respeitados, ocorre quando a união estável acaba e deve ser feita a partilha do que cabe o cônjuge, chamada meação. 
	Euclides de Oliveira (2003, p.187) citou que:
O direito de meação dos bens do companheiro, assegurado pelas leis na união estável, vem substituir a antiga construção jurisprudencial da partilha decorrente da sociedade de fato entre concubinos. Pelo entendimento consagrado da súmula 380 do STF, a partilha se fazia na proporção da colaboração prestada na aquisição dos bens pelo outro, durante convivência. Nem sempre ocorria meação, portanto, mas eventual atribuição de percentual diferenciado, sempre na pendência da prova do esforço comum.
	Na súmula n° 380 do Supremo Tribunal Federal sobre a partilha de bens na união estável que diz que “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.
	Em atenção ao que entende o Superior Tribunal de Justiça, fica evidente que para que haja a partilha dos bens adquiridos na constância da união estável é necessário a comprovação de que ambos os interessados tenham contribuído para adquirir esses bens, porém, essa comprovação não é pecuniária e sim se o bem foi adquirido na constância da união
	Diferentes posicionamentos existirão, mas a baseconstitucional deve ser sempre respeitada.
2.2 Direito sucessório
Maria Helena Diniz (2006, p.3) disse que " O direito das sucessões vem a ser o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois de sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou testamento.
O artigo 1.603 cita a ordem de sucessão prevista código civil:	
Art. 1.603. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes;
II - aos ascendentes;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais;
V - Aos Estados, ao Distrito Federal ou a União.
V - aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União. 
Assim, estaria fora da ordem de sucessão o cônjuge sobrevivente, a não ser pelas leis n° 8971/94 e 9278/96, nas quais estabeleceram a participação do sobrevivente nas seguintes situações.
Silvio Rodrigues (2002, p.3) disse ainda que:
A ideia de sucessões sugere, genericamente, a de transmissão de bens, pois implica a existência de um adquirente de valores, que substitua o antigo titular. Assim, em tese, a sucessão pode operar-se, apenas a transmissão em decorrência de morte, excluindo-se, portanto, do alcance da expressão, a transmissão de bens por ato dente vivos.
	A problemática na sucessão a ser solucionada não se refere ao fato de haver patrimônio comum, tampouco quanto a parte correspondente aquela que sobreviveu e colaborou com o aumento da fortuna. O interesse nas soluções é em saber o sucessor dos bens deixados pelo falecido.
	O artigo 2° da lei 8971/94 diz:
 Art. 2º As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão do(a) companheiro(a) nas seguintes condições:
I - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos ou comuns;
II - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da metade dos bens do de cujos, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes;
III - na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito à totalidade da herança.
Já o artigo 7 da lei 9278/96 diz que “Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família”.
Analisando as leis citadas acima, percebe-se que as companheiras são enquadradas na terceira ordem de sucessão, prevista no código civil.
Vejamos agora as situações que podem ser configuradas levando-se em consideração os parentescos dos conviventes
Não há descendentes, nem ascendentes – esta é a configuração da situação mais simples, neste caso o convivente terá a totalidade dos bens como único herdeiro (Art. 2°,II, Lei n° 8971/94)
Há descendentes – neste caso o sobrevivente terá direito a usufruto da quarta parte dos bens do falecido, enquanto não constituir nova união (Art. 2°, I, Lei n° 8971/94)
Importante ressaltar que a nova união prevista por lei que extingue o usufruto, refere-se a qualquer tipo de relacionamento que venha construir nova família, ou seja, nova união estável ou matrimônio.
Não há descendentes, mas ascendentes – igualmente, o sobrevivente terá direito apenas a usufruto, entretanto neste caso, a porção será da metade dos bens do falecido. (Art. 2°, II, Lei 8971/94)
Em todos os casos, é importante observar que o sobrevivente terá direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência da família, e tanto o usufruto quanto a habitação interferem em bens que não integram a comunhão, desde que pertençam ao morto ou a ambos.
Há esposa sobrevivente de casamento válido – ainda causadora de certa divergência é a situação configurada pela existência de esposa sobrevivente de casamento válido, embora há muito tempo já separados de fato. A primeira impressão ao caso, aparenta uma concorrência entre a companheira sobrevivente e a antiga esposa legitima. É fato notório, que não mais havia qualquer tipo de relacionamento entre o falecido e a esposa, e que separado de fato constitui nova família, agora em forma de união estável.
O artigo 1.611 do código civil diz “Á falta de descendentes ou ascendentes será deferida a sucessão ao cônjuge sobrevivente, se, ao tempo da morte do outro, não estava dissolvida a sociedade conjugal”.
Importante ressaltar também o artigo 2° da lei n° 6515/77:
Art. 2º A Sociedade Conjugal termina:
I - pela morte de um dos cônjuges;
II - pela nulidade ou anulação do casamento;
III - pela separação judicial;
IV - pelo divórcio.
Parágrafo único. O casamento válido somente se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio.
	Dessa forma podemos concluir que a simples separação de fato não exclui a legitima esposa à ordem de sucessão, o que só seria possível se houvesse a anulação do casamento, a separação judicial ou o divórcio.
Silvio de Salvo Venosa (2004, p.118) citou que:
Poderia o legislador ter optado em fazer a união estável equivalente ao casamento em matéria sucessória, mas não o fez. Preferiu estabelecer um sistema sucessório isolado, no qual o companheiro supérstite nem é equiparado ao cônjuge nem se estabelece regras claras para a sua sucessão.
O mesmo ressaltou ainda que:
Embora haja o reconhecimento constitucional, as semelhanças entre o casamento e a união estável restringem-se apenas aos elementos essenciais. O diploma legal mais recente, Lei n° 9278/96, que poderia aclarar definitivamente a questão, mas ainda confundiu, pois se limitou, laconicamente, a atribuir direito real de habitação ao companheiro com relação ao imóvel destinado à residência familiar, enquanto não constituísse nova união.
É importante lembrar também, que neste item estamos nos referindo a sucessão, ou seja, o destino dos bens do falecido, agora em caso de haver concorrência sobre os bens do falecido entre a atual companheira e a esposa legitima, a esposa tem a seu favor, o casamento e seus efeitos, apesar da separação de fato, ainda que não tenha contribuído para a formação do patrimônio do morto. A concubina, ao contrário daquela, quanto ao direito sucessório, em caso de inexistência de descendentes e ascendentes, onde que tenha que concorrer em cônjuge sobrevivente, terá sempre desvantagem, apesar de ajudar na construção do patrimônio. 
2.3 Habitação
	O direito de habitação surge porque a família existiu e o imóvel foi usado como abrigo. Euclides de Oliveira (2003, p.209) diz que:
Habitação distingue-se de usufruto, pois tem caráter mais restrito. Consiste em uso para moradia, não abrangente de percepção dos frutos, pois somente confere direito de habitar, gratuitamente, imóvel residencial alheio. Quem habita não pode alugar nem emprestar, somente ocupá-lo com a sua família
Foi concedido assim aos companheiros, com a Lei n° 9.278/96, no 7° artigo "Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família".
	Com o advento do Novo Código Civil em 2002, o legislador se omitiu quanto a(o) companheira(o), como segue:
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Silvio Rodrigues (2002, p.119) fala sobre a ausência no atual código civil sobre o direito de habitação:
Como o direito real de habitação, relativamente ao imóvel destinado à residência da família, foi previsto em lei especial e como esse benefício não é incompatível com qualquer artigo do novo código civil, uma corrente poderá argumentar que ele não foi revogado, e subsiste. Em contrapartida, poderá surgir opinião afirmando que o aludido art. 7° da Lei 9.278/96 foi revogado pelo código civil, por ter este, no art. 1.790, regulado inteiramentea sucessão entre companheiros, e portanto, não houve omissão quanto ao aludido direito real de habitação, mas silencio eloquente do legislador.
Esse entendimento, portanto, melhor se adequa à visão que a Constituição dá sobre a união estável, qual seja, uma entidade familiar.
2.4 Alimentação
Em relação a alimentos, segundo o Código Civil, a companheira ou o companheiro têm direito a pedir alimentos um ao outro, caso após a separação um deles não tenha condições financeiras para suprir as necessidades básicas de sobrevivência.
Para fixação da prestação de alimentos, deve ser observado o princípio de proporção de necessidade de quem pede e recursos da pessoa obrigada, conforme citado no § 1º, artigo 400 do Código Civil de 1916.
E de acordo com o §2º do mesmo artigo, se a situação de necessidade resultar da culpa de quem pleiteia, os alimentos serão apenas os indispensáveis a subsistência.
Para Euclides de Oliveira (2003) A questão da culpa, não é tratada no ordenamento, para os conviventes, mas supõe-se que seja aplicado a mesma norma, do artigo 1.702 do Novo Código Civil, que faz referência a concessão de alimentos apenas para casados, na separação judicial, inocente e desprovido de recursos, e no artigo 1.704 para o cônjuge culpado, se não tiver parentes em condições de presta-los e nem aptidão para o trabalho, só assim obrigando o outro cônjuge a prestar alimentos, em vista do princípio geral estatuído no artigo 1.694 § 2º do mesmo Código, e para que não se desiguale o tratamento jurídico desta espécie de instituição familiar em confronto com o casamento.
De acordo com o artigo 1694 “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação”.
O artigo 7° da Lei 9278/96 segue a mesma lógica “Art. 7° Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei será prestada por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos”.
Sendo assim, caso haja uma nova união estável do credor, cessa o direito à prestação alimentar pelo ex companheiro, consoante disposição do artigo 1.708 do da Lei 10.406/02 do código civil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família como base da sociedade, detém especial proteção do Estado, mas não só a família regularmente constituída, disciplinada pelas regras rígidas distintas a reger a instituição do matrimônio, é alvo de garantia constitucional.
Essa proteção estatal que foi assegurada pela constituição federal vigente reconhece também como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, e resolveu determinar à lei ordinária que facilitasse a conversão dessa situação de fato em casamento.
Portanto, estabeleceu na Lei n° 9.278/96, que essa convivência duradoura, para gerar direitos e a proteção legal, terá necessariamente que ser estabelecida com o objetivo de constituição de família, portanto, que essa situação, seja pública e continua.
O relacionamento eventual, ou simples encontros, mesmo seguido de relações intimas, poderá até se prestar à geração de efeitos do mundo jurídico, em caso, de vir a mulher engravidar, resultando desse fato para o seu parceiro, as obrigações relacionadas ao dever de contribuir para a manutenção da prole gerada, assim como o direito de sucessão que para o filho nasce nesse instante.
No entanto, não se admitindo que um encontro entre um homem e uma mulher, eventual ou continuo, sem as consequências já estabelecidas que são, convivência duradoura, pública e continua, com o objetivo de constituir família, respeito, assistência moral e material reciproca, possam resultar direitos para um ou para o outro, com base apenas nesse fato especifico. 
Pois se assim fosse, sem sombra de dúvida, estaria conferindo mais direitos a uma situação de fato, que à própria instituição do casamento, o que sob o prisma jurídico, não é justo, nem aceitável.
Portanto o que se buscou com esse instituto, união estável, foi dar guarida aquelas situações resultantes não de um mero encontro casual, mas de uma relação de afeto, estabelecida pelo casal de comum acordo
REFERÊNCIAS
BEVILÁQUA, Clóvis. Direito de Família. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1993
CAHALI, José Francisco, União estável e alimentos entre companheiros. São Paulo: Saraiva, 1996
CAVALCANTI, Ana Elizabeth Lapa Wanderley, Casamento e União Estável - Requisitos e Efeitos Pessoais. São Paulo: Manole, 2004
DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo 5º vol., 18ª ed., Saraiva, 2002.
________________, Direito Civil Brasileiro: direito das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2006
________________, Curso de Direito Civil Brasileiro: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2017
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007
OLIVEIRA, Euclides De, União Estável do concubinato ao casamento. São Paulo, Paloma, 2003
LISBOA, Roberto Senise. Manual Elementar de Direito Civil, Vol 5: Da família e das sucessões. Ed. RT, 2002
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: direito das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2002
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões. São Paulo: Atlas, 2004
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9278.htm acessado em 19 de maio de 2017
https://www.tjms.jus.br/webfiles/producao/SPGE/revista/20170331133050.pdf acessado em 22 de maio de 2017

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