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Unidade I DIREITO INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE Profa. Danielle Denny Conceito de meio ambiente Meio ambiente é tudo que circunda os seres humanos. Trata-se de um conceito amplo que ultrapassa o simples cuidado com plantas e animais. Subdivisões Meio ambiente natural: solo, água, ar atmosférico, flora e fauna. Meio ambiente artificial: espaço urbano. Meio ambiente do trabalho: local das atividades laborais. Meio ambiente cultural: patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico de um povo. Degradação ambiental Toda atividade humana gera degradação. Para viver, o ser humano tem de consumir recursos naturais e impactar a natureza. Degradação = alteração adversa. Poluição = degradação ambiental causada por atividade humana. Antes da Revolução Industrial, o potencial do ser humano de impactar a natureza era pequeno e os bens ambientais poderiam ser consumidos à vontade, pois os ciclos ecológicos davam conta de os recompor. Assim, recursos eram tidos como ilimitados e a natureza precisava ser sobrepujada para garantir a sobrevivência humana. Revolução Industrial A partir do século XIX Produção em massa; aumenta a escala de uso de recursos e de descarte de resíduos. Maximização dos lucros; crescimento econômico desordenado sem preocupação com o meio ambiente. A urbanização e o confinamento nos espaços pequenos das minas de carvão e das fábricas evidenciam a deteriorização da qualidade ambiental e a limitação de seus recursos, que se mostram finitos. A falta de comprometimento com a preservação ambiental acarreta graves consequências para o futuro da raça humana e impacta o próprio modelo de negócio. Dano ambiental Dano ambiental é a lesão a um bem ambiental. Decorre de degradação da qualidade ambiental acima do limite do tolerável. Toda atividade humana gera degradação, mas a sociedade, por meio de sua Administração Pública, determina os limites do tolerável. A poluição poderá ser lícita ou ilícita. Se autorizada em licenciamento, por exemplo, será lícita. Quando ultrapassar os limites, haverá dano ambiental, que será objeto de responsabilidade. Desenvolvimento econômico mundial Critério quantitativo e qualitativo. Processo de crescimento decorrente da acumulação de capital, da agregação de conhecimento e tecnologia, que resulta na melhoria do padrão de vida do povo de um determinado estado. Não basta apenas o crescimento econômico. Precisa haver aumento na qualidade de vida da população, redução das desigualdades e da pobreza, melhores condições de trabalho e de salário, acesso à moradia e a serviços sociais. Todos os países têm direito a usar seus recursos naturais para atingir o desenvolvimento. Globalização Processo de superação das fronteiras nacionais no desenvolvimento do comércio, interdependência mundial da economia e da comunicação, formação de uma sociedade única, porém desigual. Preservacionistas x conservacionistas. Países desenvolvidos x países em desenvolvimento. Teoria do Desenvolvimento da CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe = modernização e industrialização da economia. Teoria da Dependência = diferença entre países “centrais” e países “periféricos” e na manifestação do meio técnico científico informacional e dos fluxos. Sociedade de risco Globalização: evolução do modelo econômico iniciado com a Revolução Industrial. Aumenta a força produtiva – crescimento das potencialidades do homem – para o bem e para o mal – crescimento econômico sem responsabilidade socioambiental – risco de levar a humanidade a uma situação perigosa. Velocidade das descobertas que aumentam a produção e reduzem os custos – não são acompanhadas pelo conhecimento científico necessário para neutralizar seus efeitos na natureza. Muitas vezes, nem mesmo são conhecidos esses efeitos. Teoria do risco criado: atividades empresariais são perigosas – risco para a sociedade como um todo. Gestão ambiental Risco decorre de atividade antrópica: pode ser controlado por medidas restritivas e por mecanismos de gestão de risco. Poder público: fixação de limites e exame das técnicas e métodos utilizados nas atividades humanas que ensejem risco para a saúde humana e o meio ambiente. Iniciativa privada: deve adotar medidas para mitigar riscos e evitá-los, por meio de um sistema de gestão ambiental ativo e eficaz, adotando uma postura sustentável. Desastres ambientais antrópicos Desastres provocados pela atividade humana. Alguns exemplos: 1976 – Seveso, Itália: tanques de armazenagem em uma indústria de fertilizantes romperam, liberando produtos químicos na atmosfera. As autoridades e a população só foram avisadas depois de uma semana do ocorrido; animais já estavam morrendo e pessoas começavam a apresentar erupções cutâneas. 1978 – Almoco Cadiz, França: navio petroleiro Amoco Cadiz se partiu e afundou, causando vazamento de óleo cru no mar. Quatro meses após o acidente, o óleo ainda chegava à costa francesa. 1984 – Bhopal, Índia: vazamento de gases tóxicos em fábrica de pesticidas – pior desastre industrial ocorrido até hoje. Desastres ambientais antrópicos 1986 – Chernobyl, Ucrânia: acidente nuclear de nível 7 (classificação máxima) reator de usina nuclear liberou partículas radioativas em níveis quatrocentas vezes maiores que a bomba atômica de Hiroshima. O governo soviético (Mikhail Gorbachev) escondeu o ocorrido até que a radiação em altos níveis foi detectada em outros países. 1986 – Sandoz, Basileia, Suíça: água usada para debelar incêndio em fábrica de inseticidas carreou para o Reno produtos químicos que fizeram com que o rio se tornasse ecologicamente morto. 1986 – Césio 137, Goiânia, Brasil: descarte inadequado de aparelho usado em radiografias fez com que a população tivesse contato com material radioativo. Desastres ambientais antrópicos 1989 – Exxon Valdez, Alasca: petroleiro encalha e lança petróleo ao mar, causando maré negra por meses. 2002 – Prestige, Espanha: tempestade afunda petroleiro e causa vazamento de óleo que atinge vários países. 2010 – BP, Golfo do México: explosão em plataforma da British Petroleum matou 11 pessoas e rompeu tubulações no fundo do oceano, gerando vazamento por 3 meses. 2010 – Ajka, Hungria: derrame de resíduos tóxicos em fábrica de alumínio causou “barro vermelho” entre 1 e 2 m de altura; lodo continha chumbo e outros elementos corrosivos. Desastres ambientais antrópicos 2011 – Chevron, Brasil: vazamento de óleo na Bacia de Campos, RJ, em razão da abertura de fissuras durante atividades de perfuração. 2011 – Fukoshima, Japão: tsunami atingiu usina nuclear causando vazamento de material radioativo, o segundo (depois de Chernobil) a chegar ao nível 7 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Outros: Cubatão, SP (lixo industrial), Resende, RJ (chorume), Muriaé e Miraí, MG (lama tóxica). Interatividade Não constitui espécie de meio ambiente: a) meio ambiente natural. b) meio ambiente artificial. c) meio ambiente do trabalho. d) meio ambiente educacional. e) meio ambiente cultural. Conferência de Estocolmo de 1972 A ONU organiza a primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente – Suécia (1972). Polarização entre duas posições contraditórias – países desenvolvidos defendiam o preservacionismo (desenvolvimento zero), e países em desenvolvimento defendiam seu direito ao desenvolvimento a qualquer custo. Proposta conciliatória = ecodesenvolvimento (embrião do desenvolvimento sustentável). Declaração de Estocolmo princípio 11: “As políticasambientais de todos os países deveriam melhorar e não afetar adversamente o potencial desenvolvimentista atual e futuro dos países em desenvolvimento, nem obstar o atendimento de melhores condições de vida para todos.” Relatório Brundtland Para comemorar os 10 anos da ECO, a ONU retoma a questão ambiental. Gro Harlem Brundtland, então primeira-ministra da Noruega. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – elaborar estudos sobre a ligação entre desenvolvimento e meio ambiente. Relatório, publicado em 1987 – “Nosso futuro comum” (Our Commom Future). Cria o termo desenvolvimento sustentável: satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Conferência do Rio – ECO-92 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como ECO-92. Presença maciça de chefes de estado e participação expressiva de ONGs (espírito do Rio). Legado: Agenda 21; Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; Declaração de Princípios sobre Florestas; Convenções sobre Biodiversidade, sobre Mudança Climática e sobre Desertificação. Agenda 21 Plano de ação para o desenvolvimento sustentável. Áreas desse programa dinâmico são descritas em termos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. Busca uma associação mundial dos diversos atores em prol do desenvolvimento sustentável. No Brasil, a Agenda 21 foi adaptada pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) em 2002, como um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. Protocolo de Kyoto – 1997 Firmado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – entrou em vigor em 2005. O objetivo era estabilizar a concentração de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera terrestre, evitando interferências antropogênicas perigosas no sistema climático. Metas de redução Países desenvolvidos (constantes do anexo I do protocolo) comprometem-se a reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 5,2%, em média, em relação às suas emissões de 1990. Países em desenvolvimentos (incluindo o Brasil) não têm essa obrigação, mas devem ajudar na redução da emissão dos gases Protocolo de Kyoto Mecanismos de flexibilidade para que os países atinginjam as metas fora de seu território: Implementação Conjunta (Joint Implemention); Comércio de Emissões (Emission Trading); Mecanismo de Desenvolvimento Limpo-MDL (Clean Development Mechanism), permite negociação com países de fora do Anexo I. Protocolo de Kyoto Créditos de Carbono Certificado de que pessoa física ou jurídica reduziu a sua emissão de gases de efeito estufa abaixo da sua cota. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2 e pode ser negociado no mercado mundial – empresas ou países que não conseguirem alcançar a sua meta de redução podem comprar esses créditos. Instrumento financeiro para incentivar as pessoas a reduzirem sua emissão e ainda lucrarem com isso. Conferência de Johannesburgo – 2002 Fórum Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10). Declaração sobre Desenvolvimento Sustentável reafirma compromissos da Rio 92, como no item 19: “Reafirmamos nossa promessa de aplicar foco especial e dar atenção prioritária à luta contra as condições mundiais que apresentam severas ameaças ao desenvolvimento sustentável de nosso povo. Entre essas condições estão: fome crônica; desnutrição; ocupações estrangeiras; conflitos armados; problemas com drogas ilícitas; crime organizado; corrupção; desastres naturais; tráfico de armamentos; tráfico humano; terrorismo; intolerância e incitamento ao ódio racial, étnico e religioso, entre outros; xenofobia; e doenças endêmicas, transmissíveis e crônicas, em particular HIV/AIDS, malária e tuberculose.” Plataforma Durban Segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP 17 – África do Sul – 2011. Objetivo: estabelecer novo acordo sobre a emissão dos gases de efeito estufa e dar continuidade do processo climático da ONU. Prorroga-se Kyoto até 2020 e cria-se o compromisso de, até a COP de 2015, criar outro instrumento com força legal aplicável a todas as partes sob a convenção. RIO + 20 Contexto pós crise econômica: impossibilidade de se avançar com regras impositivas. Os compromissos assumidos pelos Estados foram abstratos, nem um pouco quantificáveis, reportáveis e verificáveis. Mas em termos de soft law e de compromissos voluntários, a conferência foi um sucesso: 692 acordos para o desenvolvimento sustentável registrados por empresas e grupos da sociedade civil. Estima-se que mais de US$ 513 bilhões foram mobilizados com essas tratativas sobre energia, transportes, economia verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura. Novos atores (empresas, governos municipais). Busca por mecanismos de “solucionática”. COP 18 – Doha / Quatar – 2012 Confirmada a prorrogação da validade do protocolo de Kyoto até 2020. Mas Rússia, Japão, Canadá e Nova Zelândia denunciaram o protocolo e assim não participam mais do programa global de redução de poluentes da ONU. Os Estados Unidos já estavam de fora, então os países que participam do Protocolo de Kyoto, que antes de Doha representavam 55% das emissões, passam a responder por pouco mais de 15% da emissão total de poluentes no mundo. Agências da ONU com atuação ambiental Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS): examinar a implementação da Agenda 21 nos níveis nacional, regional e internacional, guiada explicitamente pelos princípios da Declaração do Rio de Janeiro. PNUMA (ou UNEP) – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – sede em Nairobi: principal órgão com mandato sobre questões ambientais na esfera internacional. Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável: auxilia na formulação de propostas de políticas da Comissão de Desenvolvimento Sustentável e do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC). Agências da ONU com atuação ambiental FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – sede em Roma: principal objetivo é a erradicação da fome e pobreza. OMS – Organização Mundial de Saúde: o principal objetivo melhorar o nível de saúde no mundo. AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – sede em Viena: padrões básicos de segurança para proteção contra a radiação, normas técnicas para operações específicas com materiais radioativos – reponsável por lidar com aspectos legais relacionados aos perigos decorrentes da radioatividade. Agências da ONU com atuação ambiental Organização Metereológica Mundial. Organização Marítima Internacional. Comissão Internacional sobre a Pesca da Baleia. Organização Internacional do Trabalho (OIT). Organização para a Educação a Ciência e a Cultura (UNESCO). Interatividade Organização das Nações Unidas realizou três importantes conferências sobre o meio ambiente: na Suécia, em 1972; no Brasil, em 1992; na África do Sul, em 2002. Fazendo-se uma avaliação desses trinta anos, pode-se afirmar que: a) os problemas ambientais ampliaram-se, apesar dos países industrializados diminuírem muito o consumo de produtos agropecuários. b) os países de agricultura moderna deixaram de utilizar agrotóxicos para evitar problemas vividos pelos países já industrializados.c) aumentou a preocupação com o meio ambiente, mas os países capitalistas não se dispõem a diminuir a produção industrial e a modificar os padrões de consumo. d) os conflitos religiosos entre países ricos e pobres são as causas da não obediência aos acordos assinados nas conferências sobre meio ambiente. e) os países pobres, em função da falta de educação ambiental, são os principais responsáveis pelo aumento dos problemas ambientais. Princípios do Direito Ambiental Princípio do desenvolvimento sustentável. Princípio do poluidor-pagador. Princípio da prevenção. Princípio da precaução. Princípio da participação. Princípio do desenvolvimento sustentável Conceito criado pelo Relatório Brundtland, intitulado “Nosso Futuro Comum”, em 1987: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” Busca conciliar a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico. O desenvolvimento econômico tende a ser antagônico à preservação do meio ambiente. Utiliza bens ambientais como matéria-prima (insumo) e gera resíduos (poluição) na produção industrial. Mas o meio ambiente não é intocável. Princípio do desenvolvimento sustentável Caráter antropocêntrico, desenvolvimento sustentável para garantir a qualidade da vida humana. “A pobreza é a pior forma de contaminação” – Indira Ghandi, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Humano, realizada em Estocolmo em 1972. Pacto intergeracional: obrigação de todos em defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Princípio do desenvolvimento sustentável Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8a/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel.svg/1200px- Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel.svg.png Princípio do poluidor-pagador Aquele que polui tem o dever legal de pagar por isso. Declaração do Rio 92, princípio 16: “As autoridades nacionais deveriam procurar fomentar a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em conta o critério de que o que contamina deveria, em princípio, arcar com os custos da contaminação, tendo devidamente em conta o interesse público e sem distorcer o comércio nem as inversões internacionais.” Princípio do poluidor-pagador Dever de reparar dano ambiental e de assumir custos, normalmente suportados pela sociedade, referentes à poluição (externalidades negativas), com a implementação de medidas preventivas. O pagamento não confere direito a poluir, nem isenta responsabilidade de reparar eventuais danos. O poluidor que deve pagar é aquele que tem o poder de controle sobre as condições que levam à ocorrência da poluição, podendo preveni-las. Princípio da prevenção (risco – previsível – pode ser mitigado) O objetivo é evitar que o dano ocorra. Pois danos ambientais, na grande maioria das vezes, não têm reparação, são irreversíveis, de forma que se torna impossível retornar ao status quo ante. Busca possibilitar o desenvolvimento humano, controlando os riscos ambientais Princípio da precaução (perigo – não pode ser mitigado – ex.: pode causar câncer) Na dúvida sobre a periculosidade de certa atividade para o meio ambiente, decide-se em favor do meio ambiente. Por esse princípio justifica-se a proibição de determinadas atividades cujos perigos sejam desconhecidos. É o caso da proibição da comercialização de produtos geneticamente modificados em algumas regiões. Alega-se que, por serem desconhecidos, os riscos não podem ser mitigados e, portanto, opta-se por proibir a atividade Princípio da precaução Declaração do Rio 92, princípio 15: “Com o fim de proteger o meio ambiente, os Estados deverão aplicar amplamente o critério de precaução conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para impedir a degradação do meio ambiente.” Princípio da participação A defesa do meio ambiente incumbe a toda a sociedade. O resultado de uma omissão participativa é um prejuízo a ser suportado pela própria coletividade. Meio ambiente é direito difuso. Para a efetivação da participação é preciso: informação; educação ambiental. Princípio da participação Só pode participar quem tem consciência ecológica, ou seja, recebe educação ambiental e está informado do que está acontecendo na atualidade. Os problemas ambientais estão intimamente ligados às questões de ordem social e econômica e, portanto, também, políticas. Vontade política não nasce de geração espontânea, pressupõe participação da sociedade. Princípio da participação Declaração do Rio 92, princípio 10: “O melhor modo de tratar as questões ambientais é com a participação de todos os cidadãos interessados, em vários níveis. No plano nacional, toda pessoa deverá ter acesso adequado à informação sobre o ambiente de que dispõem as autoridades públicas, incluída a informação sobre os materiais e as atividades que oferecem perigo em suas comunidades, assim como a oportunidade de participar dos processos de adoção de decisões. Os Estados deverão facilitar e fomentar a sensibilização e a participação do público, colocando a informação à disposição de todos. Deverá ser proporcionado acesso efetivo aos procedimentos judiciais e administrativos, entre os quais o ressarcimento de danos e os recursos pertinentes.” Interatividade A ideia de desenvolvimento sustentável tem sido cada vez mais discutida junto às questões que se referem ao crescimento econômico. De acordo com este conceito, considera-se que: a) o meio ambiente é fundamental para a vida humana e, portanto, deve ser intocável. b) os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam essa ideia, pois, por sua baixa industrialização, preservam melhor o seu meio ambiente do que os países ricos. c) ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção ao meio ambiente e, portanto, é inevitável que os riscos ambientais sustentem o crescimento econômico dos povos. d) deve-se buscar uma forma de progresso socioeconômico que não comprometa o meio ambiente sem que, com isso, deixemos de utilizar os recursos nele disponíveis. e) são as riquezas acumuladas nos países ricos, em prejuízo das antigas colônias durante a expansão colonial, que devem, hoje, sustentar o crescimento econômico dos povos. Direito Internacional Direto Internacional é o conjunto de regras – direitos e deveres mútuos dos Estados e de Organismos Internacionais, no plano internacional. Teoria voluntarista: o Direito Internacional se fundamenta na vontade dos Estados. Teoria objetivista: existe uma norma que está acima dos Estados. Nenhuma das duas teorias é aceita isoladamente. O caráter obrigatório de uma norma, na solução de um conflito, decorre de consenso entre as partes. Direito Internacional O Direito Internacional é um conjunto de normas, mas com algumas peculiaridades que o difere do direito interno: Consensualismo: as suas regras caracterizam-se pela autonomia da vontade de seus sujeitos. Estes aderem aos tratados por livre e espontânea vontade. Ausência de formalismo: as suas regras prescindem de forma específica para sua validade. Os tratados devem ser celebrados por escrito, mas fora isso, não há procedimentos próprios a serem observados. Ausência de hierarquia: os tratados estão todos no mesmo plano, não havendo um que se sobreponha a outro. Excepciona essa regra o juscogen, que estabelece uma regra obrigatória, que prevalece sobre as demais. Direito Internacional Além disso, devemos observar que: não há subordinação dos sujeitos a um Estado – não existe um poder soberano que esteja acima dos Estados; não há uma norma constitucional que esteja acima das demais – inexiste no plano internacional uma norma fundamental que se equipare a uma Constituição. Fontes Artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (principal órgão jurisdicional da Organização das Nações Unidas, também denominado Tribunal Internacional de Haia). São as fontes do Direito Internacional Público: os tratados, os costumes e os princípios gerais de direito. A jurisprudência, doutrina e a equidade são meios de integração do Direito. Tratados Tratados podem ser definidos como acordos formais, concluídos entre sujeitos de DIP e destinados a produzir efeitos jurídicos = animus contrahendi = intenção de criar direitos e obrigações internacionais. Tratados são as principais fontes do Direito Internacional Público. Outros nomes utilizados com o mesmo sentido são: convenção, pacto, carta, estatuto etc. Soft law = não cria direitos e obrigações internacionais. Costumes Costume internacional: a definição deve espelhar o reconhecimento generalizado por parte dos Estados e demais sujeitos de DIP de uma determinada prática como sendo obrigatória. Elemento material: consuetudo /usum – é necessária uma prática reiterada de comportamento. Elemento psicológico ou subjetivo: opinio juris – convicção, certeza por parte dos Estados e demais sujeitos de DIP de que a prática em questão é obrigatória. Três características do elemento material: duração, uniformidade e generalidade (diferente de unanimidade). Costume deve refletir a percepção da maioria dos Estados cujos interesses sejam especialmente afetados. Princípios do Direito Internacional Igualdade soberana: todos os Estados são iguais e estão no mesmo plano, perante o Direito Internacional. Pacta sunt servanda: é o princípio que confere força obrigatória aos tratados. Nenhum Estado é obrigado a assinar um tratado. Mas se assinar, deverá cumprir o que se obrigou. Boa-fé: trata-se do princípio da boa-fé subjetiva. Os Estados devem estar imbuídos de boa-fé ao assinar os tratados, e devem guardar boa vontade para cumpri-los. Lex posteriori derogati legi priori: princípio pelo qual a lei posterior derroga a lei anterior. Um tratado novo revoga o tratado anterior que cuidava da mesma matéria. Um tratado também pode revogar um costume. Direito Ambiental Internacional Direito natural: o direito ao meio ambiente é anterior à lei. Esta não cria o direito, apenas o reconhece e o tutela. Direito humano: o direito ao meio ambiente insere-se na relação dos direitos humanos, na medida me que se sobrepõe ao poder dos Estados. Direito universal: tem como fundamente a própria dignidade da pessoa humana e sua existência. Inalienável e imprescritível: como são todos os direitos humanos, não se pode renunciar a esse direito, nem transacionar sobre ele. Direitos difusos: titulares indetermináveis ligados por situação de fato; o dano é individualmente indivisível. Direito difuso Direito Ambiental é direito difuso. Direitos difusos são transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Não podem ser atribuídos a um grupo específico de pessoas, dizem respeito a toda a sociedade. Se ocorrer qualquer dano ao meio ambiente, isso afetará, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de toda a população. DIMA X DAI Direito Internacional do Meio Ambiente Ramo do Direito Internacional Público Sujeitos: Estados-nação e Organismos Internacionais Direito Ambiental Internacional Ramo do Direito Ambiental Atores: Estados-nação, Estados subnacionais, Metrópoles, Organismos Internacionais, Organismos não governamentais, Mercado, Mídia, Povos tradicionais, Indivíduos DIMA X DAI Instrumentos: tratados, hard law Documentos: Convenção de Viena, Convenção Quadro, tratados, protocolos Soluções: jurídicas Tratados, painéis, soft law, aparato tecnológico, pesquisas. Acordos multilaterais sobre meio ambiente – MEAs, Agenda 21, Declaração do Rio de Janeiro, Declaração de Cartagena. Soluções: jurídicas ou de outras áreas do conhecimento. Governança ambiental Externalidades negativas ultrapassam as fronteiras geopolíticas dos Estados, vitimando indetermináveis pessoas. Participação de todas as esferas sociais, governamental ou não governamental, doméstica ou internacional. À complexidade do mundo se deve responder com instrumental igualmente rico e variado. Participação ampliada, objetivos comuns e cooperação. Comissão sobre Governança Global, criada pela ONU em 1991. Governança ambiental Governança não é o mesmo que governo. São atividades apoiadas em objetivos comuns, que podem ou não derivar de responsabilidades legais e formalmente prescritas, e que não dependem necessariamente do poder de polícia para que sejam aceitas e vençam resistências. É necessária a participação de todos em cada uma das decisões que envolvem o meio ambiente, por intermédio de organizações civis e governamentais, a fim de obter ampla e irrestrita adesão ao projeto de desenvolvimento sustentável. Ação e articulação de múltiplos atores, tanto os sujeitos tradicionais do Direito Internacional Público como os novos atores que ingressam no cenário de governança. Interatividade São fontes do Direito Internacional do Meio Ambiente: a) tratados, costumes e doutrina. b) tratados, costumes e jurisprudência. c) tratados, costumes e princípios gerais de direito. d) tratados, costumes e regulamentos da ONU. e) apenas tratados. ATÉ A PRÓXIMA!
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