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Danos Morais x GOL Revisado

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Ao excelentíssimo senhor juIZ/JUízA do juizado especial cível da Comarca de Macapá – Amapá
MARCELINO DA COSTA ALVES NETO, brasileiro, casado, farmacêutico, inscrito no CPF de nº 002.316.072-10 e no RG de nº 146191/AP, residente e domiciliado na Rua Marcelo Cândia, nº 713, Altos, bairro Santa Rita, CEP nº 68.901-241, na cidade de Macapá/AP, telefone de nº (96)98126-0752, e-mail: marcelino.can@hotmail.com, vem, respeitosamente, por intermédio de advogado regularmente constituído, procuração em anexo, propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS contra COMPANHIA AÉREA GOL, pessoa jurídica inscrita no CNPJ de nº 60.975.737/0009-09, localizada na Rua Marcelo Cândia, nº 742, bairro Santa Rita, na cidade de Macapá/AP, CEP nº 68.901-341, bairro XXX, na cidade de Macapá, CEP nº 68.900-015, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
I – DOS FATOS
No dia 27/01/2017, o requerente estava no Aeroporto de Congonhas em São Paulo com voo destinado a Macapá. Por volta das 6h, ele adentrou a aeronave da GOL, que iria primeiramente fazer uma escala na Cidade do Rio de Janeiro e Belém do Pará, conforme bilhete de passagem em anexo. Dentro da aeronave, o requerente observou uma discussão entre comissários de bordo e uma moça que estava usando o celular na parte inicial do avião. Ficou evidente naquele momento que tanto a aeromoça quanto os demais responsáveis pelo voo pareciam não saber como lidar com a situação, ocasionando um atraso de quase 50 (cinquenta) minutos. A aeronave saiu as XXXX horas do pátio, enquanto a saída estava marcada para 6h30 e chegada no Rio de Janeiro, as 7h30.
Ao chegar ao Rio de Janeiro, as XXXh, o requerente soube que os passageiros que fariam escala em Belém do Pará, as 8h40, situação na qual se incluía, não viajariam devido ao atraso ocorrido no trecho São Paulo – Rio de Janeiro.
Confuso com a situação, o Requente foi ao guichê de atendimento da GOL para obter mais informações sobre o que fazer para chegar ao destino final, ou seja, Macapá. Os atendentes da requerida alegaram que houve um atraso e era preciso que os passageiros aguardassem por futuras informações.
Cabe salientar que o requerente, assim como todos os outros passageiros, ficou por mais de 2 horas esperando, em pé e sem conforto algum, no aguardo de informações a respeito do voo, no XXXX (LOCAL ONDE O requerente FICOU ESPERANDO????????) do aeroporto.
Ao terminar o seu café da manhã, fornecido pela requerida, o requerente muito desconfortável com o atraso do voo, falou com um dos atendentes da requerida, explicando o ocorrido. Frisou que era seu aniversário e da importância para ele de estar em Macapá no dia 27 de janeiro. Pediu encarecidamente para ser alocado para algum outro voo o mais rápido possível, porém, a atendente alegou que infelizmente todos os voos estavam lotados, e que não seria possível viajar naquele dia. Acrescentou que provavelmente ele ficaria hospedado em um hotel, mais que checaria com outras companhias a possibilidade de transferi-lo para outro voo. 
Desesperado, o requerente ligou pra sua noiva, Letícia Lima, e explicou a situação. Ela pesquisou pela internet um voo do Rio de Janeiro para Macapá no mesmo dia, da Companhia Azul, com disponibilidade de vaga, no horário das 13h40 e chegada em Macapá as 20h40. Correndo até atendente da GOL, o requerente mostrou essa opção, e ela disse que verificaria a possibilidade de colocá-lo naquele voo. Alguns minutos depois, a Atendente voltou e disse que foi possível a transferência para o voo da linha aérea Azul.
Ao se direcionar ao box da linha areá Azul, a atendente Andreia explicou ao requerente o seu nome ainda não constava no sistema, que era pra ele esperar alguns minutos e retornar para confirmar sua transferência.
Ao voltar no box cerca de 30 (trinta) minutos depois, a atendente da Azul afirmou que ainda não constava meu nome na lista de embarque e recomendou ao requerente para se informar junto a Loja da Azul no aeroporto. Chegando na Loja, foi verificado que seu nome não constava na lista de embarque, pois a requerida não havia ainda repassado o PIN para empresa AZUL, sendo essa única informação para que a transferência fosse concluída. O requerente voltou no Box da GOL, e falou com uma mulher que parecia ser a responsável pelo check-in, e exigiu que fosse lhe dado o tal PIN. Depois de aguarda 20 minutos, ele recebeu o PIN. 
Depois de muito sofrimento, cansaço e estresse o requerente conseguiu embarcar as 13h40 pela companhia AZUL, chegando em Macapá as 21h da noite, muito esgotado física e psicologicamente, o que lhe causou grande frustração. Isto porque sua família tinha lhe preparado uma homenagem naquele dia, e ele não pode usufruir daquele momento tão especial ao lado de sua família, como tinha planejado, em razão da inércia e irresponsabilidade da requerida. (Acho que precisa trabalhar mais esse ponto, pois é esse, somado ao atraso, a razão do dano moral: poderia falar um pouco mais da festa, dizer que ela acabou não ocorrendo, os gastos realizados, etc.)
II – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A Lei nº 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, em seu artigo 2º, parágrafo único, considera como “necessitado, para os fins legais, todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou da família”. Constituindo assim, para essas pessoas, o direito ao benefício da assistência judiciária gratuita, conforme define o art. 4º da referida Lei, in verbis:
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos da lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais. 
A Constituição do Estado do Amapá, em seu art. 5º, inciso VII, institui que “cabe ao Estado propiciar assistência jurídica gratuita e defensor aos necessitados, na forma da lei”. A Lei Estadual nº 0933, de 01 de novembro de 2005, deu concretude a esse dispositivo, ao estabelecer que:
Art. 1º - Fica concedida a gratuidade no pagamento de custas processuais, junto ao Tribunal de Justiça do Estado, a pessoas pobres no sentido da Lei.
Art. 2º - O benefício de que trata o Caput do art. 1º, será extensivo a todos os cidadãos que recebam, comprovadamente, até 10 (dez) salários mínimos vigentes no país.
Assim, o requerente tem direito ao benefício da gratuidade de justiça por receber menos de 10 (dez) salários mínimos, já que, trabalhando como cabeleireira, recebe a média de R$ 1.500,00 por mês. (OBSERVAÇÃO: no cabeçalho diz que é homem e farmacêutico)
III – Da fundamentação jurídica
1. DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO
É indiscutível a caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se a empresa requerida como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do CDC, e o requerente como consumidor, de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
O quadro fático narrado se enquadra perfeitamente na norma acima mencionada, que a relação das partes e indiscutivelmente consumerista.
2. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
O requerente cumpriu corretamente com suas obrigações, efetuando o pagamento da passagem aérea; compareceu ao aeroporto com 2 horas de antecedência; e agiu de boa-fé durante toda a execução do contrato.
 O que aconteceu é absolutamente inaceitável:
os atrasos e o despreparo da tripulação de comissários em resolver uma situação simples resultaram no transtorno sofrido pelo requerente. Com efeito, o atraso de quase 1 hora para a saída da aeronave de São Paulo e a posterior perda do voo do trecho Rio de Janeiro – Belém do Pará, foram causados pela ineficácia e inércia da requerida em prestar informações, que poderiam solucionar o problema. 
A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, a exemplo do que ocorre com o art. 5º, inc. V, da constituição Federal de 1988, segundo o qual, “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
O art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, por outro lado, estabelecem:
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Também, o Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(. . .)
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Há diversos julgados da Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Amapá confirmando a responsabilidade civil das companhias aéreas pelo atraso em seus voos, entre os quais se pode citar a título de exemplo:
RESPONSABILIDADE CIVIL. CDC. TRANSPORTE AÉREO DOMÉSTICO. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA GOL LINHAS AÉREAS. NÃO CONFIGURAÇÃO. ATRASO DE VÔO. DANO MORAL CONFIGURADO. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DEVER DE REPARAR. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO COM CRITÉRIO. MANUTENÇÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1) É a requerida GOL Linhas Aéreas parte legítima para figurar no pólo passivo da lide, eis que o bilhete aéreo adquirido pelo requerente foi vendido pela referida empresa, além do que esta integra o mesmo grupo econômico da VRG Linhas Aéreas. 2) O atraso de vôo, por 05 (cinco) horas, que deixa em aeroporto o consumidor a mercê de toda a sorte, sem qualquer amparo, sem que sequer lhe fosse oferecida acomodação em tempo adequado, impossibilitando-o de chegar ao local de destino no horário determinado, em situações que não são rechaçadas pela empresa aérea que limitou-se a atribuir a responsabilidade à reorganização da malha aérea, não pode ser aceita, pois provém do próprio risco do comércio vinculado, e, sem dúvidas, constitui dano moral passível de indenização e não meros dissabores 3) O Egrégio Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a demora injustificada no transporte de passageiros acarreta danos morais. (Processo: AgRg no REsp 218291/SP, AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1999/0050152-7, Relator (a): Ministro ARI PARGENDLER (1104); Órgão Julgador: T3 - TERCEIRA TURMA; Data do Julgamento: 22/03/2007; Data da Publicação/Fonte: DJ 23.04.2007 p. 252). 4) O artigo 14 do CDC trata da responsabilidade objetiva do fornecedor de serviço, fundada na teoria do risco, segundo a qual todo aquele que se dispõe a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento, independentemente de culpa. 5) Justo e razoável é o valor fixado para o dano (R$ 5.000,00), pois observou a proporcionalidade entre o ato lesivo e o dano moral sofrido, levando-se em conta as circunstâncias pessoais, econômicas e financeiras dos envolvidos, não contribuindo para o enriquecimento sem causa do Recorrido, muito menos para a reiteração da conduta da Recorrente, preservando, assim, o aspecto pedagógico. 6) Recurso conhecido e improvido. 7) Sentença confirmada. (TJ-AP - RI: 00069958520118030001 AP, Relator: ADÃO JOEL GOMES DE CARVALHO, Data de Julgamento: 29/02/2012, TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS, Data de Julgamento: 29/02/2012, TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS).
(OBSERVAÇÃO: verificar se a referência o julgado acima está correta – numero do recurso, nome do relator, data do julgamento etc. Notar também que o julgado fala de 5 horas de atraso, o que não ocorreu neste caso. Foram apenas duas horas de espera no aeroporto. Assim, esse julgado não é o melhor pra ilustrar o caso. Seria melhor procurar outro, mais adequado ao caso, em que o atraso tenha sido menor que 5 horas, mas associado a outro fato, a perda de um evento importante, haja causado dano moral. Observei abaixo que o total do atraso do voo foi de 7 horas e 30 minutos. Mas na narrativa consta que ele ficou apenas duas horas no aeroporto do Rio. Tem que esclarecer melhor esse ponto)
O dano moral afigura-se presente, indiscutivelmente, em razão da conduta absolutamente ilícita da requerida, que se caracteriza somente pelo fato acima narrado.
Cabe frisar que o requerente deveria estar em Macapá as 13h30 do dia 27 de janeiro, porém somente chegou às 21h, totalizando 9 (nove) 7 horas e 30 minutos de atraso. Embora isso fosse o suficiente para gerar dano moral, o atraso injustificado ainda causou a perda da festa de aniversário do requerente.
A condenação em danos morais, não deve ser apenas suficiente para amenizar o sofrimento da vítima, mas principalmente para dissuadir a requerida a praticar novos atos ilícitos de mesmo tipo contra outros consumidores, que, diga-se de passagem, é praxe na conduta das companhias aéreas.
Portanto no tocante ao valor da indenização, o requerente entende que a condenação da requerida deve ficar em R$ 7.000,00 (sete mil reais), considerando os abalos emocionais, o cansaço e o estresse sofrido, a perda de uma festa em homenagem ao seu aniversário. 
IV – Dos pedidos e requerimentos
Ante todo o exposto, pede o requerente a condenação da requerida no pagamento de uma indenização, de cunho compensatório e punitivo, pelo dano moral causado ao requerente, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela;
Para tanto, requer que Vossa Excelência:
a) ordene a citação da requerida, via postal, no endereço inicialmente indicado, para que, querendo, compareça à audiência a ser designada e apresente oportunamente defesa, sob pena de confissão e revelia;
b) defira a produção de provas por todos os meios admitidos em lei, principalmente, oitiva de testemunhas, depoimento pessoal do preposto da requerida, juntada de documentos, dentre outras que se fizerem necessárias ao deslinde da causa.
Dá-se à presente causa, o valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais), para todos os efeitos de direito e alçada.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Macapá/AP, 03 de Março de 2018.
ARTHUR MARCOS CERQUEIRA SILVÉRIO
Advogado – OAB/AP nº 2577
Avenida Henrique Galúcio, nº 3148-A – Bairro Santa Rita – CEP 68.901-255 – Macapá/AP
E-mail: adv.macielecerqueira@gmail.com – Tel.: (96) 
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