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EA D 2 Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 1. OBJETIVOS • Reconhecer o contexto histórico que originou as manifes- tações artísticas pós-modernas. • Compreender a Arte Conceitual, a Land Art e a influência destas na arte pós-moderna. • Identificar as principais manifestações artísticas das déca- das de 1970 e 1980 ao redor do mundo, em países como Itália, Alemanha, França e EUA. • Compreender manifestações artísticas tipicamente con- temporâneas, tais como a vídeo-arte e as vídeo-instala- ções. • Perceber como o panorama histórico da atualidade é tra- duzido nas manifestações artísticas contemporâneas. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira128 2. CONTEÚDOS • Introdução: Pós-modernismo e a pluralidade da arte do final da década de 1960 à contemporaneidade. • Contexto histórico: os últimos passos da Guerra Fria, o fim da União Soviética e a Nova Ordem Mundial. • Arte Conceitual: a “ideia” é mais importante do que a ma- terialidade da obra. • Land Art. • As décadas de 1970 e 1980: Itália: Transvanguarda. • As décadas de 1970 e 1980: Alemanha: Neo-expressionismo. • As décadas de 1970 e 1980: França: Figuração Livre. • As décadas de 1970 e 1980: Grã-Bretanha. • Apêndice: a cultura de rua e o grafite. • As décadas de 1970 e 1980: a nova arte norte-americana. • O Hiper-realismo e os diálogos com a fotografia. • As vídeo-instalações e a vídeo-arte. • Da década de 1990 à atualidade: a nova realidade histó- rica e a arte. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Na modalidade EaD, a aprendizagem acontece enfati- zando o "aprender a conhecer" por meio da capacitação do aluno rumo à sua autonomia no aprender, com es- tratégias de conhecimento, ênfase na motivação e de- senvolvimento das operações de pensamento, tais como observação, interpretação, crítica etc. 2) Não carregue dúvidas em sua cabeça! Recorra sempre a seu tutor, pois ele vai orientar você sobre como superar as dificuldades. Claretiano - Centro Universitário 129© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 3) Para relembrar o que foi a Cortina de Ferro, consulte a Unidade 1. 4) Para complementar o estudo desta unidade, listamos, a seguir, alguns filmes e um vídeo para que você aprofun- de seu arcabouço teórico e cultural. • Forest Gump: o contador de histórias (1994): para entender melhor a história dos EUA e, consequen- temente, de grande parte do mundo, da década de 1950 até a década de 1980, veja esta fábula cinema- tográfica, com Tom Hanks no papel-título. • Adeus Lenin (2002): este filme alemão mostra de ma- neira bastante lírica e divertida os acontecimentos que levaram à queda do Muro de Berlim e o fim do Comunismo na Cortina de Ferro. • Basquiat – traços de uma vida (1996): este longa-metra- gem de ficção conta um pouco da história de um artista que teve uma carreira meteórica. O filme tem direção de Julian Schnabel, também artista plástico e um dos mais célebres da arte contemporânea norte-americana. • Para conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Basquiat, recomendamos que acesse o seguinte en- dereço eletrônico: <http://www.youtube.com/watc h?v=foerFJqupYM&feature=PlayList&p=D7FE1E8697 FF6B8F&playnext=1&playnext_from=PL&index=2>. Acesso em: 30 nov. 2010. 5) Para ver algumas das obras de vídeo-arte de Bill Viola, recomendamos que acesse os seguintes links: • The reflecting pool: <http://www.youtube.com/ watch?v=D_urrt8X0l8>. Acesso em: 30 nov. 2010. • Five angels for the millennium: <http://www.youtu- be.com/watch?v=LaQhdOrF-EI&feature=related>. Acesso em: 30 nov. 2010. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira130 • Ocean without a shore: <http://www.youtube.com/ watch?v=eTakwOpWqG4&feature=related>. Acesso em: 30 nov. 2010. • Heaven and earth: <http://www.youtube.com/watc h?v=csx4kSa9GyE&feature=related>. Acesso em: 30 nov. 2010. 6) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser in- teressante conhecer um pouco da biografia de alguns líderes e artistas, cujos pensamentos norteiam o estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo. Aiatolá Rohollah Khomeini (1900-1989) É considerado o fundador da República Islâmica – que une poder político e re- ligioso – do Irã. Subiu ao poder com a deposição do Xá Reza Pahlevi e ali se manteve até a sua morte, em 1989. Mikhail Gorbachev (nascido em 1931) Foi o último líder da União Soviética. Tendo subido ao poder em 1985, foi o maior responsável pelo processo de abertura política e econômica que resultaria no fi m da URSS. Lech Walesa (nascido em 1943) Foi um dos fundadores e o principal líder do Solidariedade. Tendo sido perse- guido, e inclusive preso, pelo governo comunista polonês alinhado a Moscou, tornou-se na década de 1980 o principal nome da luta pela democracia. Em 1990, no processo de redemocratização do leste europeu, foi eleito presidente da Polônia, ocupando o cargo até 1995. Ludwig van Beethoven (1770-1827) Foi um dos maiores compositores eruditos de todos os tempos. Nascido na Ale- manha, foi um dos grandes nomes do Romantismo, celebrizando-se principal- mente devido às suas geniais sinfonias. Um elemento ironicamente trágico na vida do compositor de algumas das mais belas obras para serem ouvidas da história foi a sua surdez, que teve início aos 26 anos e foi avançado até a surdez completa a partir dos 46 anos de idade. George Bush (pai) Foi diretor da CIA na década de 1970, vice-presidente dos EUA na gestão de Ronald Reagan e presidente entre 1989-1993. Republicano, Bush enfrentou pro- blemas na economia interna dos EUA e terminou não sendo reeleito, derrotado pelo democrata Bill Clinton nas eleições de 1992. Oito anos depois, seu fi lho, George W. Bush, tornou-se presidente também. Claretiano - Centro Universitário 131© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na unidade anterior, vimos como o centro artístico mundial deslocou-se do “velho” para o “novo mundo”, consolidando tal mudança com movimentos artísticos tais como o Expressionismo Abstrato e a Arte Pop. Chegamos, também, a algumas correntes artísticas que, na década de 1960, apontariam alguns dos cami- nhos artísticos que seriam seguidos a partir de então. Tais caminhos seguiriam formando o instigante contexto do chamado “Pós-modernismo”, que permeia todas as questões ar- tísticas até os dias de hoje. Veremos nesta segunda unidade como, a partir das bases lançadas na década de 1960, já abordadas por nós na unidade an- terior, abriu-se uma enorme teia de tendências, correntes, discus- sões estéticas e possibilidades infinitas que formariam a pluralíssi- ma “colcha de retalhos” que é a arte pós-moderna. Começaremos com uma corrente que dá sustentação a mui- tas das manifestações artísticas contemporâneas: a Arte Concei- tual. Antes, porém, tomemos contato com o contexto histórico do período. 5. CONTEXTO HISTÓRICO Iniciaremos este tópico listando alguns importantes acon- tecimentos ocorridos do final da década de 1960 ao ano 2000. Acompanhe. Em 1969: • Nos EUA, multiplicam-se os protestos contra a Guerra do Vietnã. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira132 • Em 20 de julho, a Apollo 11 aterrissa seu módulo lunar na superfície da Lua. Em 21 de julho, Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na Lua (Figura 1). • O Festival de Woodstock (Figura 2) celebra o auge do mo- vimento hippie. Figura 1 Neil Armstrong andando na lua na missão da Apollo 11 em 1969. Figura 2 Jovens no festival de Woodstock, em agosto de 1969. Em 1970: • O Brasil passa pelo seu “milagre econômico” e por seu período de maior repressão política. Em 1972: • É assinadoem 23 de janeiro um acordo de cessar-fogo entre os Estados Unidos e o Vietnã do Norte. Em 1973: • O Xá Reza Pahlevi (Irã) nacionaliza todas as companhias estrangeiras de petróleo. • Os países árabes produtores de petróleo decretam o em- bargo de todo o fornecimento do produto para os EUA, Europa Ocidental e Japão, alegando retaliação devido ao apoio destes a Israel na Guerra do Yom Kippur; posterior- Claretiano - Centro Universitário 133© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 mente, a Organização dos Países Exportadores de Petró- leo - OPEP, liderada pelos árabes, aumenta drasticamente os preços do produto e dá início a uma grave crise ener- gética no mundo industrializado. • Salvador Allende (1908-1973), presidente do Chile desde 1970 e que, socialista, fora eleito democraticamente, é de- posto por uma junta militar liderada pelo general Pinochet e auxiliada pela CIA (que combateu com ferocidade as ten- dências esquerdistas na América Latina durante a Guerra Fria), supostamente se suicidando durante o golpe. Guerra do Yom Kippur –––––––––––––––––––––––––––––––– A Guerra do Yom Kippur aconteceu em outubro de 1973 (Figura 3) e envolveu, de um lado, Egito e Síria e, do outro, Israel. Têm esse nome porque teve início du- rante o Yom Kippur, o “Dia do perdão”, feriado sagrado no qual os judeus jejuam, rezam e reavaliam suas condutas pessoais. A guerra foi motivada pelas tensões entre árabes e israelenses e pela vitória de Israel em uma guerra de 1967, também iniciada pelos árabes, mas na qual Israel conquistou vários territórios. A Guerra do Yom Kippur durou cerca de vinte dias apenas e, tendo se iniciado com um ataque egípcio e sírio, terminou com uma rápida e fulminante vitória de Israel. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 3 Soldados em ataque ao Palácio Presidencial do Chile durante golpe militar que depôs o presidente de esquerda Salvador Allende em 1973. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira134 Em 1974: • O Primeiro Choque do Petróleo, deflagrado no ano ante- rior, eleva drasticamente a inflação mundial, fazendo com que a maioria das economias industrializadas passe por um período de estagnação. • O presidente norte-americano Richard Nixon renuncia em 9 de Agosto (Figura 4), evitando assim o impeachment que o tiraria do cargo devido ao caso Watergate. Em 1979: • No Irã, a Revolução Islâmica depõe o Xá Reza Pahlevi e co- loca o Aiatolá Khomeini no poder (Figura 5); funcionários da embaixada norte-americana são tomados como reféns. Figura 4 Richard Nixon anuncia pela televisão a renúncia à Presidência dos Estados Unidos. Figura 5 O Aiatolá Khomeini chega a Teerã em 1979 para instaurar a República Islâmica. Em 1980: • A União Soviética invade o Afeganistão e luta contra as Guerrilhas Mujahedin. • Como reflexo da intensificação tardia da Guerra Fria de- vido à invasão soviética ao Afeganistão, os EUA e alguns aliados boicotam os Jogos Olímpicos de Moscou. Claretiano - Centro Universitário 135© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Em 1981: • O Irã liberta reféns norte-americanos capturados em 1979. • Identificação dos primeiros casos de uma nova doença fatal, sexualmente transmissível, que pouco depois seria chamada de Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida – AIDS. • A IBM lança o primeiro Personal Computer – PC (Figura 6). Figura 6 O primeiro IBM PC, de 1981. Em 1983: • Lançamento do Compact Disc - CD no mercado. Em 1984: • É lançado no mercado o micro-computador Apple Macin- tosh com mouse (Figura 7). Figura 7 O primeiro Macintosh com mouse. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira136 • Franceses e norte-americanos identificam o vírus da AIDS. • Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, a URSS e o bloco so- cialista “dão o troco” nos EUA, boicotando a competição, que fora boicotada quatro anos antes, em Moscou, pelos norte-americanos. Em 1985: • Mikail Gorbachev sobe à liderança da URSS. • Ronald Reagan e Gorbachev (Figura 8) fazem reunião di- plomática em Genebra. Figura 8 Reagan e Gorbachev reunidos em Genebra em 1985. Em 1986: • Ocorre em Chernobyl, na URSS, o pior desastre nuclear de todos os tempos. Chernobyl ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A explosão de um reator nuclear na usina de Chernobyl, na Ucrânia, foi respon- sável pelo espalhamento de uma gigantesca nuvem de radiatividade por toda a Europa. Para se ter uma ideia, a quantidade de radiatividade liberada foi cinco vezes maior do que aquela produzida pela bomba atômica em Hiroshima. As consequências de tal cenário ocorreram a curto (com a morte da maioria dos fun- Claretiano - Centro Universitário 137© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 cionários da usina, por exemplo) e longo prazo, com a contaminação de animais, vegetação e pessoas em uma vasta área. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Em 1987: • Gorbachev inicia a implementação dos seus programas Perestroika (reestruturação) e Glasnot (transparência). • Reagan e Gorbachev assinam em Washington um tratado que limita o número de armas nucleares de curto e médio alcance na Europa. Em 1988: • Tem início na Polônia uma série de greves gerais organiza- das (Figura 9) pelo Sindicato Independente Solidariedade, liderado por Lech Walesa. Sindicato Independente Solidariedade ––––––––––––––––––– O Solidariedade foi a primeira organização sindical não comunista e indepen- dente do estado da Polônia comunista. Foi fundado em 1980 para, a princípio, defender melhores condições para os trabalhadores da área naval. No entanto, aos poucos, foi tornando-se um dos principais instrumentos e símbolos da luta pela liberdade e democracia na Polônia, tendo sua atuação ecoado por todo o leste europeu (mesmo tendo sido ferozmente combatido pelo governo). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 9 Protestos na Polônia pela redemocratização. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira138 • As tropas soviéticas retiram-se do Afeganistão após nove anos de ocupação. • Gorbachev decreta a redução do contingente militar so- viético em 10% das tropas. Em 1989: • Um governo não comunista assume o poder na Tchecos- lováquia. • Milhares de estudantes fazem protestos pró-democracia por sete semanas na Praça da Paz Celestial em Pequim, sendo duramente reprimidos pelo governo chinês no epi- sódio que ficou conhecido como “Massacre da Praça da Paz Celestial” (Figura 10). Figura 10 Imagem que se tornou uma das mais famosas e emblemáticas do final do século XX: estudante chinês enfrenta tanques em protestos pela democracia no "Massacre da Praça da Paz Celestial". • Na Polônia, os membros do Sindicato Independente Soli- dariedade sobem ao poder. • Cai o Muro de Berlim (Figura 11). Claretiano - Centro Universitário 139© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 11 Manifestantes destroem o Muro de Berlim em 1989. • A Hungria democratiza-se. Em 1990: • O Iraque invade o Kuwait, provocando em janeiro do ano seguinte a primeira Guerra do Golfo. • A Alemanha celebra a sua unificação. • Lech Walesa é eleito presidente da Polônia. Em 1991: 1) No dia 16 de fevereiro, tem início a Guerra do Golfo Pér- sico (Figura 12), na qual uma coalizão internacional lide- rada pelos EUA reage à invasão do Kwait pelo Iraque. O debut da guerra se deu, na noite do dia 16, com o maior bombardeio de todos os tempos. No total, foram lança- das 18 mil toneladas de explosivos, que representavam uma capacidade de fogo 50% maior do que a da bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira140 Figura12 Uma das imagens mais comuns mostradas na televisão durante a Guerra do Golfo: em um visual próximo ao dos videogames, vê-se um alvo prestes a ser atingido em imagem captada pela câmera de um avião bombardeiro norte-americano. 2) A World Wide Web - WWW, criação da Organização Eu- ropeia de Pesquisa Nuclear - CERN, promete revolucio- nar as comunicações fazendo uso da Internet, rede de computadores utilizada até então apenas por militares ou pela comunidade científica. 3) Milhares de búlgaros comemoram o fim do Partido Co- munista, que estivera no poder por quatro décadas. 4) O exército soviético inicia sua retirada das três repúbli- cas bálticas – Estônia, Letônia e Lituânia. 5) A URSS decide retirar suas tropas de Cuba. 6) A URSS aprova a lei sobre a privatização da propriedade. 7) Primeiras eleições presidenciais na Rússia, com vitória de Boris Yeltsin. 8) Um golpe de Estado destitui Gorbachev do poder na URSS. A resistência, liderada por Boris Yeltsin, restitui Gor- bachev, mas é Yeltsin quem sai fortalecido do episódio. Claretiano - Centro Universitário 141© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 9) Declaradas as independências de diversos países – entre eles Ucrânia, Armênia, Uzbequistão e Tadjiquistão – em relação à URSS. 10) É extinta a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 11) Eclode a Guerra dos Bálcãs. Em 1992: • Começa a guerra civil na Bósnia-Herzegovina. Em 1993: • Entra em vigor o Mercado Comum Europeu. Em 1994: • Um relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial alerta que o buraco na camada de ozônio atingiu seus níveis máximos. Em 1999: • No dia 1º de janeiro, é lançado o euro como moeda única para onze países da União Europeia. • A República Tcheca, a Polônia e a Hungria convertem-se nos primeiros ex-membros do Pacto de Varsóvia a ingres- sar na OTAN. • O euro iguala-se ao dólar como moeda preferida pelos in- vestidores internacionais. Em 2000: • Milhares de pessoas comemoram a passagem de ano dentro de escritórios por causa do “Bug do milênio”, que poderia afetar os sistemas informatizados. • Após denúncias de fraude e um longo impasse judicial, George W. Bush é declarado o presidente eleito dos EUA. Eleições nos EUA em 2000 ––––––––––––––––––––––––––––– Devido ao complexo sistema eleitoral norte-americano, em que o candidato eleito não é aquele que obtém o maior número de votos, mas o que – falando grosso modo – obtém maior número de vitórias estaduais, a apertada eleição de 2000 © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira142 terminou com a vitória de Bush mesmo tendo Gore obtido mais votos (Figura 13). Mesmo assim, muitos foram os que contestaram a vitória do republicano, devido principalmente a denúncias de fraudes especialmente no estado da Flórida (en- tão governado pelo seu irmão). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 13 Capa da revista norte-americana “Newsweek”, que mostrava o impasse entre os candidatos Al Gore (democrata) e George W. Bush (republicano) nas eleições presidenciais. Claretiano - Centro Universitário 143© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Na década de 1970, o centro das atenções, do ponto de vista militar, político e também econômico, continuava sendo a Guerra Fria. A tendência, entretanto, era de “distensão” entre as duas su- perpotências - Estados Unidos e União Soviética -, ou seja, de de- senvolvimento de mecanismos para uma verdadeira coexistência pacífica, e não apenas para uma “paz armada”, como acontecera até o final da década de 1960. Como vimos na unidade anterior, no final da década de 1960, os EUA já percebiam algumas das limitações que o contexto inter- nacional impunha à sua política externa. Em resumo, o fracasso da incursão militar norte-americana na Indochina parecia iminen- te não apenas para o governo, mas principalmente para o povo dos EUA. Este foi o principal motivo da não reeleição de Lyndon Johnson para a presidência da república, tendo sido eleito o repu- blicano Richard Nixon com a promessa de tirar os EUA da guerra. A estratégia de Nixon para conseguir que os EUA não per- dessem a sua influência na Ásia foi política, e não militar. O gover- no norte-americano aproveitou-se da drástica ruptura ocorrida e cada vez mais agravada entre a China e a URSS na década de 1960 para, estabelecendo o que se convencionou chamar de “diploma- cia triangular” – ou seja, por meio de uma reaproximação com a China que dava maior poder de barganha diplomática tanto para chineses quanto para americanos no que concernisse à URSS –, manter viva a sua influência no continente asiático. Todo este contexto, que apontava para a distensão, não dei- xou evidentemente de fazer EUA e URSS marcarem firmemente sua posição geopolítica em diversas questões. Exemplo disso é o apoio dado pelos norte-americanos na década de 1970 às ditadu- ras militares da América Latina, apoio que visava manter o “quin- tal” dos EUA longe do “perigo vermelho” (o caso mais flagrante ocorreu no Chile – em 1973 – , quando, com apoio logístico da CIA, o general Augusto Pinochet derrubou o governo de esquerda – de- mocraticamente eleito – de Salvador Allende, dando início a uma sangrenta linha-dura ditatorial). © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira144 Augusto Pinochet (1915-2006) –––––––––––––––––––––––––– Foi ditador do Chile de 1973 a 1990. Comandante do alto escalão do exército, liderou o golpe militar que derrubou o presidente esquerdista Salvador Allende, mesmo tendo sido homem de confi ança deste. Com o fi m do regime militar no Chile, Pinochet continuou ocupando um impor- tante papel na política do país, até ter este poder abalado devido à evolução da democracia dentro do próprio Chile e às pressões internacionais devidas aos cri- mes cometidos durante a ditadura. Em 1998, por exemplo, Pinochet chegou a ser preso por um longo período na Inglaterra, e quase foi extraditado para a Espa- nha, que pretendia julgá-lo pelos crimes cometidos contra cidadãos espanhóis. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– De qualquer forma, depois do caso Watergate e da renún- cia de Nixon em 1974, durante os governos de Gerald Ford (1974- 1976) e do democrata Jimmy Carter (1976-1980), as negociações de paz com os soviéticos intensificaram-se ainda mais. Isto até a chegada do republicano Ronald Reagan à presidência em 1980, quando se ensaiou uma volta à Guerra Fria devido à agressividade da política externa de Reagan e ao imperialismo soviético, que vol- tava à baila com a invasão do Afeganistão em 1979. Todavia, o recrudescimento continuou ganhando fôlego até aproximadamente 1985-1986, quando ocorreu uma grande mu- dança na política da URSS, devido à crise que levaria à derrocada do comunismo. A crise teve como mote todo um complexo conjunto de fa- tores econômicos e políticos. No aspecto econômico, se durante o período do terror stalinista a “mão pesada” do governo fizera da URSS uma das maiores potências industriais do mundo, a partir da década de 1970 este potencial foi declinando, até chegar, no início da década de 1980, a níveis insustentáveis. Mas não apenas a pro- dutividade da indústria e da agricultura caiu. Ocorreu que, a partir da década de 1960 e especialmente na década de 1970, áreas que exigiam pouco investimento, tais como a extração de petróleo e carvão, foram ganhando força na econo- mia soviética, porque tinham um retorno monetário mais rápido. Com isso, aos poucos a URSS foi caminhando para se tornar um país exportador de matéria-prima, ficando cada vez mais depen- dente de importações. Claretiano - Centro Universitário 145© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Ao mesmo tempo, desde o final da década de 1970, a URSSvinha sofrendo pressão de seus aliados socialistas para permitir- -lhes um maior grau de autonomia. Não apenas na esfera econô- mica, mas principalmente na política. Começaram a despontar em países do bloco socialista mo- vimentos populares fortes, representativos e “legalistas”, ou seja, que buscavam se manter vivos e galgando a realização de suas rei- vindicações políticas e/ou nacionalistas não pela via da força ou do terror, mas pelo diálogo, mobilização popular pacífica e negocia- ção com as autoridades comunistas. O mais importante desses movimentos populares apare- ceu no começo da década de 1980 na Polônia, onde o sindicato Solidariedade, liderado por Lech Walesa (que depois chegaria à presidência do país) e de grande respaldo entre os trabalhadores, reivindicava a participação do operariado nas decisões governa- mentais, ou em última instância um “Socialismo Democrático”. A partir do exemplo polonês, outros movimentos similares ganha- ram força no leste europeu. Há, entretanto, outro fator central na derrocada do Comunismo, um “fator interno” à URSS: a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder. Gorbachev, que subiu ao poder em 1985, liderava um grupo de líderes mais jovens, mais abertos às mudanças e dispostos a im- plementá-las visando não o fim do Comunismo,mas antes de tudo salvar a própria URSS, que já beirava o colapso. Já na passagem de 1985 para 1986, Gorbachev anunciou seu amplo plano de trans- formações, sintetizado nos conceitos de Perestroika e de Glasnost. Perestroika significa “reestruturação” e, no caso soviético, referia-se especialmente à reestruturação da economia, que se fa- zia tão necessária. Glasnost significa “transparência” e referia-se à reestruturação na política soviética, "viciada" pela burocracia e pela corrupção após 70 anos de regime comunista fechado. No plano externo, Gorbachev atuou no sentido da aproximação em relação aos EUA. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira146 Enquanto na URSS, apesar da resistência de uma grande e arraigada parcela da burocracia oficial e do Partido Comunista, as reformas econômicas e políticas iam sendo implementadas, na chamada “Cortina de Ferro” o jugo soviético também ia se afrou- xando. Com isso, os países comunistas do leste europeu aprovei- taram para galgar a autonomia há tanto reivindicada, ao mesmo tempo em que iam sendo criados os espaços para a volta à demo- cracia. É difícil precisar qual foi o país que primeiro deu seu “grito de liberdade” no Leste Europeu. De qualquer forma, é sabido que a partir de 1989 foram caindo, quase simultaneamente, os regimes comunistas aliados a Moscou, numa espécie de “efeito dominó” que culminaria com a queda do regime na própria URSS. Não deixaram de existir casos em que a crise nos países do bloco socialista europeu, oriunda do final de décadas sob o jugo soviético, foi desastrosa. O que aconteceu, por exemplo, na Iugos- lávia. A Iugoslávia era formada por repúblicas povoadas por várias etnias, adeptas de religiões também diversas que, sob a “mão de ferro” do regime comunista, mantiveram relações forçosamente pacíficas entre si e entre as etnias que as habitavam. Tratava-se, no entanto, de um verdadeiro “barril de pólvora” que, “explosivo” há séculos, já fora responsável por verdadeiros genocídios e atuara como elemento “catalisador” de conflitos de âmbito continental, como a Primeira Guerra Mundial. Na década de 1990, o “barril” explodiu de vez com sangrentos conflitos nos Bálcãs, promovidos especialmente pela Sérvia, principal país da região que visava, de uma maneira ou de outra, manter seus vizinhos sob seu jugo. Em 1990, enquanto a URSS “desmoronava”, nos EUA o re- publicano Ronald Reagan fazia o seu sucessor, George Bush. Bush foi o primeiro presidente norte-americano a ser literalmente “o homem mais poderoso do mundo”, já que chegava ao fim junto com a URSS a bipolaridade global entre as duas superpotências. Claretiano - Centro Universitário 147© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 A princípio, falou-se de uma plurilateralidade de poder, ou seja, de um poder mundial dividido não mais apenas entre dois, mas entre vários países e, realmente, fatores como a globalização da economia mundial, que após o fim da Guerra Fria se acelerou exponencialmente, vinham para confirmar esta hipótese. Entre- tanto, o que se viu foi a confirmação da enorme supremacia dos EUA sobre todo o mundo. Ou, em outras palavras, de uma “Nova Ordem Mundial”, expressão cunhada pelo próprio Bush para desig- nar a política e a economia internacionais depois do fim da Guerra Fria que, a rigor, mostrar-se-ia significar uma “Nova Supremacia Mundial”. Vale ainda citar, do começo da década de 1990, um gesto afirmativo do governo norte-americano que visava, entre outras coisas, anunciar a todo o mundo que o país seria a partir de então o grande líder mundial: trata-se da Guerra do Golfo. O Iraque, liderado por Sadam Husseim, ditador que fora apoiado anteriormente pelos EUA contra o Irã, invadiu o Kwait em 1990. Isto, porém, representava uma ameaça ao equilíbrio de for- ças no Oriente Médio e à estabilidade do mercado mundial de pe- tróleo. Reagindo contra o Iraque, os EUA puderam dar ao mundo mostras do seu imenso poderio bélico. Há, ainda, outro aspecto a ser ressaltado: a “globalização”. Tende muitas vezes o “senso comum” a propagar a noção de que “globalização” é intercâmbio de culturas, possibilidade de cone- xão imediata entre dois indivíduos em lados opostos do globo etc. Entretanto, se a evolução tecnológica, principalmente na área das comunicações, não deixa de ser um dos instrumentos da globali- zação, uma visão minimamente aprofundada demonstra que este não é o mote principal do processo. O mote é econômico, sendo a evolução tecnológica apenas um instrumento utilizado pelo capi- tal para incrementar-se, instrumento no qual o próprio capital, por razões óbvias, investe. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira148 6. ARTE CONCEITUAL Como vimos na unidade anterior, a partir da Arte Pop e, en- fim, na década de 1960, as vanguardas artísticas começaram a se multiplicar em progressão geométrica, algo propiciado tanto pelas conquistas libertárias de antes quanto pela multiplicidade de ca- minhos que se abriam aos jovens artistas de então. Partindo desta diversidade, falemos de algumas das tendências mais importan- tes, começando pela Arte Conceitual. A Arte Conceitual é aquela em que a ideia, ou seja, o concei- to, e o processo artístico são mais importantes do que a obra em si, ou pelo menos do que o aspecto material da obra. Isso porque, em Arte Conceitual, o conceito é a própria obra. A mostra inaugural da Arte Conceitual foi realizada na Suíça, em 1969, e reuniu conceitos, processos, situações, informações e documentos. No catálogo, afirmava-se que o artista não tinha mais que se limitar à matéria, passando a ser o principal valor da arte o “conceito”. Mais duas outras exposições vieram confirmar a nova ten- dência. Em uma delas, em 1969, na Alemanha, não existiu “exposi- ção” no sentido tradicional da palavra, mas só o catálogo – encara- do como conteúdo e suporte da mostra. A outra aconteceu no ano seguinte no Museu de Arte Moderna de Nova York. Podemos dizer, portanto, que com a Arte Conceitual a ne- cessidade de uma “arte feita à mão” foi reduzida a zero, passando a ser valorizada a arte que existia mais nas mentes do artista e do espectador do que propriamente na tela ou em outro suporte. Este fenômeno foi chamado pelos artistas de “desmaterialização da arte objeto”. Há muitos artistas que podemos destacar como os principais nomes da Arte Conceitual. Seria impossível fazer uma lista de to- dos os principais nomes, porque toda ou quase toda a arte que surgiu a partir de entãode alguma forma dialoga ou tangencia a Claretiano - Centro Universitário 149© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Arte Conceitual. Citaremos apenas três: John Baldessari, Joseph Beuys e Marcel Broodtahers. John Baldessari O norte-americano John Baldessari, nascido em 1931, é um dos artistas que mais expõem no mundo. Tem a ironia e o absurdo como dois dos principais componentes de sua linguagem artística, elementos também presentes nas obras de vários outros artistas conceituais. Exemplo de Arte Conceitual –––––––––––––––––––––––––––– Figura 14 Beethoven’s Trumpet, John Baldessari. Aqui temos um exemplo de como funciona a Arte Conceitual. Esta obra de John Baldessari é chamada de Beethoven’s Trumpet (Figura 14). A palavra Trumpet, no caso, é usada para designar os antigos instrumentos de surdez, que tinham formato de corneta. A obra, “interativa”, como podemos ver na imagem com a espectadora dentro do instrumento de surdez, faz sentido a partir de uma “ideia”, de um “conceito”: se o espectador souber previamente que o compositor Ludwig van Beethoven fi cou surdo a certa altura da vida, e melhor ainda se souber que, para o compositor, foram confeccionados vários trumpets, ou seja, instrumentos de surdez. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira150 Joseph Beuys O alemão Joseph Beuys (1921-1986) afirmava que o tema central das suas obras era a geração e a conservação do calor e da energia. Tal temática, que pode soar bastante estranha a princí- pio, era motivada entre outros fatores por algo ocorrido em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial: o avião de bombardeio que o próprio Beuys pilotava foi abatido na Crimeia e sua vida foi salva pelos tártaros da região, que o untaram com banha e o embrulha- ram em camadas de feltro. Durante a sua juventude e ao estudar arte, Beuys também se envolveu com os ensinamentos esotéricos de Rudolph Steiner (1861- 1925) sobre mitologia, religião e antroposofia. Passou, então, a procu- rar a integração da arte e da vida por meio de performances. Exemplo de Arte Conceitual –––––––––––––––––––––––––––– Figura 15 Fotografia da performance “I like America and America likes me”, de Joseph Beuys, em galeria de arte de Nova York em 1974. Aqui temos outro exemplo do “conceitual” na arte: motivado por questões políti- cas relacionadas às raízes dos EUA e pela sua própria biografi a, na performance I like America and America likes me (Eu gosto da América e a América gosta de mim) (Figura 15), Beuys passou três dias em uma sala de uma galeria de arte Nova York convivendo com um coiote (símbolo dos Estados Unidos “selvagens”), enrolado em feltro como o fora pelos tártaros mais de três décadas antes. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Claretiano - Centro Universitário 151© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Uma das principais características das obras de Beuys é a mistura de motivos e ideias de culturas e mitologias diversas. Mui- tos dos seus trabalhos da década de 1960 foram constituídos por várias peças, a fim de criar a impressão de pontos de vista diver- gentes e ao mesmo tempo inter-relacionados. Podemos considerar Beuys como um dos principais porta- -vozes do Pós-modernismo no sentido de interrogação da própria essência das artes plásticas. Marcel Broodthaers Poeta, fotógrafo, cineasta e artista plástico, o belga Marcel Broodthaers (1924-1976) escrevia poesias desde seus 16 anos. Foi muito influenciado pelo Surrealis- mo, particularmente por Magritte, que criava obras em que a imagem e a escrita entravam em contradi- ção. Em 1963, Broodhaers decidiu dedicar-se à arte, criando obras constituídas por objetos, palavras, letras, desenhos primitivos, livros, catálogos, telas fixas nas paredes e relevos em plástico. Algumas obras de Broodthaers foram expostas na Bienal Internacional de São Paulo de 2006. Um exemplo de traba- lho do artista é a obra Grande caçarola de mariscos (Figura 16). 7. LAND ART A Land Art foi outro dos movimentos artísticos que surgiram no final da década de 1960, e talvez um dos mais ousados deles. Figura 16 Grande caçarola de mariscos, Marcel Broodthaers. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira152 Trata-se do tipo de arte em que, utilizando os espaços naturais como material de configuração artística (principalmente em lo- cais remotos e desertos), os criadores traçam imensas linhas com terra, gesso ou outros materiais sobre o solo, empilham pedras, tijolos ou areia e realizam intervenções geralmente efêmeras que, frequentemente, são registradas em fotografias e videoteipes. Alguns dos nomes mais famosos a fazerem parte, ou ao menos tangenciarem essa corrente artística são Robert Smithson, Richard Long e Christo. Robert Smithson Robert Smithson (1938-1973) apareceu no meio artístico em 1968, quando começou uma série de projetos chamados de Sites (lugares) e Nonsites (não lugares), que representam seus primei- ros passos na Land Art (ou o que ele costumava chamar de Earth- works – trabalhos da terra). Estas primeiras obras utilizavam terra e materiais rochosos (escolhidos em lugares urbanos e industriais) exibidos em caixas. Aos poucos, o trabalho do artista evoluiu para obras ambien- tais de maior porte, sendo a mais famosa delas Spiral Jetty (Figura 17), completada em 1970. Este projeto consistia numa formação espiralada, imensa, feita de terra, rochas e cristais de salitre, que se estendia da costa até o Grande Lago Salgado, em Utah (EUA). O artista faleceu em 1973 num acidente de avião, enquanto traba- lhava em um projeto no Texas. Claretiano - Centro Universitário 153© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 17 Spiral Jetty, Robert Smithson. Richard Long Richard Long, nascido em 1945, utiliza-se de marcas simples e registra suas ações e emoções com meios e materiais artísticos básicos: materiais naturais, geralmente pedras, dispostos ao longo de uma trilha, perto do local onde foram encontrados, formando uma escultura, que é então registrada por uma fotografia e um título. As pedras (muitas vezes lavradas) também podem ser trans- portadas para espaços domésticos ou galerias e dispostas no chão em formas definidas, sobretudo em círculos e linhas. Esses meios formam a base da sua arte, conjuntamente com obras mais re- centes que envolvem barro e água, uma extensão natural de suas experiências ao ar livre. Observe Earthquake Circle, uma das obras de Richard Long (Figura 18). © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira154 Figura 18 Earthquake Circle, Richard Long, 1991, 6 m (diâmetro). Christo Christo, nascido em 1935, originário da Europa Oriental, é o artista que se celebrizou por “embrulhar” coisas e lugares, jus- tificando a aplicação do tecido às suas obras como referências às tendas do seu povo nômade. Um exemplo das “embrulhadas” do artista foi a cobertura do Reichstag de Berlim, em 1995, o prédio ficou “embrulhado” durante duas semanas do verão europeu. A obra evocava o bri- lho de um iceberg, um barco de velas brancas cheias de ar, uma nave espacial ou uma montanha mágica, mas Christo insistia que seu trabalho não continha nenhuma mensagem e que o signi- ficado teria que ser desvendado por cada espectador de forma pessoal e individual. Claretiano - Centro Universitário 155© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Reichstag ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 19 Reichstag embrulhado, Christo e Jeanne-Claude, 1995. Reichstag foi o nome do parlamento alemão desde a unifi cação do país, em meados do século 19, até a Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, foi o nome dadoao prédio que abrigava o parlamento, conforme podemos observar na Figura 19. O Reichstag (prédio) foi incendiado pelos nazistas em 1933, num ato delibera- damente anti-democrático (de destruição simbólica – e também real – do poder político do parlamento) que já anunciava a violência da ditadura que vigoraria nos anos seguintes na Alemanha. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8. DÉCADAS DE 1970 E 1980 A arte moderna, desde o seu aparecimento na virada do sé- culo 19 para o 20, ligou-se à concepção de progresso da sociedade industrial e à ideologia do “novo”. Essas questões, presentes de maneira relativamente contínua até a década de 1960, acabaram sendo problematizadas e ficaram mais complexas a partir de en- tão, principalmente devido à crise no próprio conceito de arte, que atingiu praticamente todas as vertentes. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira156 Entre os movimentos artísticos da década de 1970 e, enfim, em toda a arte pós-moderna, é difícil a determinação de um de- nominador comum no sentido estilístico – formal –, pois há um grande hibridismo – que abrange desde o uso de várias técnicas até a incorporação de diferentes materiais. O que nos resta então para traçar uma espécie de mapa da arte setentista e, enfim, da que apareceu desde então, são as conceituações genéricas, tais como a “desmaterialização” da década de 1970, por exemplo, da qual falamos anteriormente ao tratar da Arte Conceitual. Já a partir da década de 1980, um elemento comum a várias tendências foi a ideia da originalidade “retrabalhada” pela possi- bilidade pós-moderna de apropriação livre do passado, em relei- turas ou obras que de maneira muito clara dialogam, comentam, criticam, ironizam, homenageiam ou fazem referência direta, seja lá como for, a tudo que já fora produzido até então. Para muitos estudiosos, a rejeição à ideia “moderna do novo” é exatamente o que marca o “pós-moderno”. Na década de 1980, houve – deve-se deixar claro mais uma vez que estamos restringindo o nosso “mapeamento” às tais “con- ceituações genéricas” – uma virada no curso das proposições ci- tadas anteriormente como marcas setentistas. A materialidade deixada de lado na década anterior foi recuperada e o suporte, a pintura, as tintas, o corpo humano e, enfim, a arte figurativa entra- ram de novo no palco das artes. Outro aspecto importante é que a arte passou a se voltar cada vez mais para a individualidade e subjetividade de cada artista, o que dificulta tremendamente a sistematização da arte pós-moderna como objeto de estudo. A seguir, vejamos alguns países que foram lançadores de importantes tendências do Pós-modernismo. Itália: Transvanguarda A Transvanguarda foi uma corrente artística italiana consa- grada na Bienal de Veneza de 1980 que promovia um retorno à Claretiano - Centro Universitário 157© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 “representação”, valor artístico que ficara em segundo plano com a “desmaterialização” da década anterior. Ocorrendo desde 1895, a Bienal de Veneza é até hoje a prin- cipal mostra periódica de arte do mundo. As primeiras edições deram mais destaque às artes decorati- vas, mas tal destaque foi sendo abandonado principalmente a partir de 1907, quando começaram a ser utilizados os pavilhões interna- cionais, cada um representando um dos países participantes. Depois da Primeira Guerra Mundial, a mostra passou a ser uma das grandes “vitrines mundiais” da Arte Moderna e, a partir da década de 1950, tudo o que surgiu de mais inovador nas artes plásticas passou por ali. Outro elemento da Transvanguarda foi a reflexão sobre a arte do passado e, muitas vezes, a releitura desta. Ou seja, esta corrente teve dois dos principais elementos que já citamos entre os pontos definidores da arte pós-moderna. Entre os principais representantes da Transvanguarda, pode- mos citar Sandro Chia, Mimmo Paladino e Francesco Clemente. A seguir, vejamos algumas das características de cada um deles. Sandro Chia O florentino Sandro Chia, nascido em 1946, é conhecido es- pecialmente por suas obras com personagens de corpos maciços e bojudos. Tal estilo combina formas inspiradas em Picasso com um caráter onírico inspirado em Chagall. Marc Chagall (1887-1985) –––––––––––––––––––––––––––––– O russo Marc Chagall (Figura 20) foi um artista que teve toda a sua obra permea- da pela cultura, pelas tradições e pelos mitos de seu país, mesmo tendo o artista se mudado da Rússia para Paris em 1910. O que Paris proporcionou a Chagall foi o contato com os Cubistas, com a efervescência cultural das vanguardas e com outros artistas que buscavam uma linguagem pictórica moderna e própria; entretanto, seus temas nunca deixaram de referir-se tanto às suas origens quan- to à poesia e ao lado onírico, duas de suas marcas principais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira158 Figura 20 Pintor com filhos e sapo, Sandro Chia, 1984, 218,5 x 202 cm. Mimmo Paladino Na arte de Mimmo Paladino, nascido em 1948, é frequente a utilização tanto da pintura a óleo sobre tela quanto das técnicas do mosaico, do afresco e da tapeçaria, como demonstra a Figura 21. Suas obras contam com a atmosfera mágica da Itália meridio- nal, com elementos religiosos e históricos tanto da cultura italiana quanto de culturas orientais e com várias outras referências, mas tudo é misturado e diluído em um ar de ambiguidade que torna difícil o estabelecimento exato de uma genealogia artística. Claretiano - Centro Universitário 159© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 21 San Emilio, Mimmo Paladino, 1992, 90 x 70 cm. Francesco Clemente Já as obras de Clemente, nascido em 1952, são metáforas complexas, profundamente baseadas em sua própria biografia. Há referências a Nápoles, sua cidade natal, à literatura nas décadas de 1960 e 1970, às tradições judaico-cristã e oriental (o artista passou um longo tempo na Índia) e há também a utilização da técnica do afresco com grande proximidade daquela usada em Pompeia. Vale destacar que Clemente se transformou em um dos pin- tores mais influentes dos últimos tempos. Observe na Figura 22 uma de suas obras. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira160 Figura 22 Água e vinho, Francesco Clemente, 1981, guache s. papel, 243 x 248 cm. Neoexpressionismo alemão O Neoexpressionismo alemão, como o próprio nome sugere, foi uma espécie de retomada pós-moderna de elementos do Ex- pressionismo; não exatamente em aspectos pontuais ou formais, mas especialmente no que diz respeito ao seu “espírito”. Seus artistas – Kiefer, Immendorf, Baselitz e Richter, entre ou- tros – aproximaram-se do Expressionismo especialmente no sentido da predominância das questões existenciais e do sujeito como foco predominante das obras além, evidentemente, da presença de ou- tros temas – os sociais, por exemplo. Assim, não apenas a retomada do estilo que privilegia a “deformação” e a “poética do feio” está na raiz do Neoexpressionismo, mas, especialmente, a busca do ato criador e do sujeito enquanto motes essenciais da arte. Claretiano - Centro Universitário 161© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 A seguir, vejamos as principais características de alguns artis- tas integrantes desde movimento. Acompanhe. Anselm Kiefer Nascido em 1945, ou seja, no ano que ficou conhecido na Ale- manha como “ano 0” – momento do fim da Segunda Guerra Mun- dial – , Kiefer é um dos artistas mais controvertidos da sua geração. O mote inicial de sua arte vincula-se fortemente ao passado nazista da Alemanha, ponto do qual o artista geralmente parte para então refletir sobre o destino da cultura ocidentalcomo um todo. Assim, procurando estabelecer elos entre os mitos alemães – de outros po- vos também – e a cultura universal, Kiefer cria uma arte que atua como metáfora reflexiva da própria história da humanidade, como, por exemplo, a obra Crepúsculo do Oeste (Figura 23). Figura 23 Crepúsculo do Oeste, Anselm Kiefer, 1989. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira162 Georg Baselitz Tal como Kiefer, Baselitz, nascido em 1938, também tem em sua temática uma forte presença/lembrança do passado nazista da Alemanha e da Segunda Guerra, algo reforçado pelo fato de ter o artista, durante o conflito, presenciado o bombardeio de Dresden. Bombardeio de Dresden ––––––––––––––––––––––––––––––– O bombardeio de Dresden foi uma das maiores ações militares dos aliados con- tra a Alemanha. Ocorreu em fevereiro de 1945 e constitui-se em um ataque ma- ciço por via aérea à cidade de Dresden, importante centro industrial, político e cultural da Alemanha. Após o bombardeio, a cidade (junto com seus monumen- tos históricos e artísticos) fi cou completamente destruída. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O início da carreira do artista foi conturbado. Sua primeira expo- sição em Berlim (1963) causou es- cândalo, e dois quadros foram con- fiscados sob a alegação de serem pornográficos. Por volta de 1969, Baselitz adotou aquela que seria a sua mar- ca registrada: as figuras de cabeça para baixo. Estas atuam como a tra- dução do repúdio do artista tanto ao lado destrutivo da cultura ocidental quanto às formas tradicionais da arte. A obra Homem nu (Figura 24) é um exemplo de seu trabalho. Jörg Immendorff Immendorff (1945-2007) começou sua carreira usando como temas primeiramente a classe trabalhadora e depois a guerra do Vietnã. Posteriormente, passou a se preocupar com a temática das duas Alemanhas, algo que fica claro em obras como as da série Café Deutschland (Figura 25), iniciada em 1977 e que conta com dezesseis grandes pinturas. No final de sua vida, Immendorff en- Figura 24 Homem nu, Georg Baselitz, 1975, 200 x 162 cm. Claretiano - Centro Universitário 163© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 controu dificuldades para pintar devido a uma doença neurológica degenerativa, que acabou causando a sua morte. Figura 25 Obra da série "Café Deutschland", Jörg Immendorf, 1984, 285 x 330 cm. Gerhard Richter Tendo estudado na Alemanha Oriental entre 1952 e 1957, Gerhard Richter, nascido em 1932, antes de se tornar artista pro- fissional, trabalhou como pintor de cartazes, cenógrafo de teatro e técnico de laboratório de fotografias. A linguagem fotográfica, inclu- sive, exerceu forte influência na sua arte, especialmente em obras que se parecem com simples fotografias, mas que contam com a pintura a óleo, como é o caso da obra City Life (Figura 26). Richter, também, realizou obras abstratas e, atualmente, vive nos EUA. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira164 Figura 26 City Life, Gerhard Richter, 2000, óleo s. fotografia, 12,2 x 12,2 cm. A Figuração Livre Francesa Enquanto na Itália ganhava fama a Transvanguarda e na Ale- manha o Neoexpressionismo, na França tomava corpo, principal- mente no início da década de 1980, o movimento que ficou conhe- cido como “Figuração Livre”. Seus participantes, Robert Combas, Gérard Garouste, Jean-Charles Blais, entre outros, reivindicavam o direito à espontaneidade, dialogavam com as mais variadas mito- logias e também com a cultura de massa (televisão, histórias em quadrinhos etc., o que não impediu a apropriação de elementos tradicionais ou ligados à tradição erudita). Claretiano - Centro Universitário 165© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Gérard Garouste Gérard Garouste, nascido em 1946, surgiu no cenário da pintura francesa no final da década de 1970. Na década de 1980, celebrizou-se por uma pintura figurativa de temática mitológica e alegórica. Balaão –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Figura 27 Balaão, Gérard Garouste, 2005. Balaão, representado na Figura 27, é o personagem bíblico que, instado por Deus a abençoar o povo de Israel, agia de maneira contrária, chegando a ouvir a vontade divina por meio da boca da sua jumenta. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira166 Robert Combas Nascido em 1957, Robert Combas realiza uma pintura de tendência expressionista com ênfase na figura humana. Observe na Figura 28 uma de suas obras. Figura 28 Jacqueline Cora, Robert Combas, 1985, 169 x 124,5 cm. Jean-Charles Blais Jean-Charles Blais, nascido em 1956, também tem como uma das principais características de seu trabalho a tendência ex- pressionista, especialmente para a representação do corpo huma- no, como, por exemplo, na obra Belo (Figura 29). Claretiano - Centro Universitário 167© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 29 Belo, Jean-Charles Blais, 1983, pastel s. papel, 36,5 x 26,5 cm. EUA Os Estados Unidos também participaram do “retorno” à pintura ocorrido na década de 1980. Recorrendo muitas vezes à narração e a imagens teatrais e alimentando-se do cruzamento da cultura de rua com a cultura erudita da pintura em tela (casos de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring), os artistas surgidos neste contexto, mais do que um grupo – se os víssemos assim perce- beríamos tratar-se de um grupo muito mais heterogêneo do que o da Transvanguarda ou o da Figuração Livre – podem, devido às suas fortes especificidades individuais, que dificultam muito a aproximação crítica de suas estéticas, ser encarados mais como uma “geração”. Entre os artistas mais importantes desta geração figuram nomes como o de Julian Schnabel, Jeff Koons, Eric Fischl e Cy Twombly e Jean-Michel Basquiat. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira168 Começaremos a abordar os artistas individualmente falan- do de Jean-Michel Basquiat. Antes, no entanto, faz-se necessária a abertura de um apêndice, tendo em vista a forte ligação deste e de outros artistas com a cultura de rua. E onde lê-se “cultura de rua” lê-se também “grafite”. Grafi te –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– O uso de tinta em spray popularizou-se nos EUA a partir de aproximadamen- te 1969, quando adolescentes das periferias das grandes cidades, como Nova York e Los Angeles, começaram a pichar muros e paredes, tanto de residências quanto de espaços comerciais e públicos. Durante um primeiro momento, todo o “trabalho” feito com spray reduziu-se a nomes e siglas. Mais tarde, começaram a aparecer imagens mais trabalhadas, geralmente ziguezagues, estrelas, tabulei- ros e arabescos. Pouco depois, na virada da década de 1970 para a década de 1980, apareceu então o elemento que seria o grande incentivador do grafi te: o movimento Hip-hop (Figura 30). O Hip-hop é a cultura de rua surgida nas grandes metrópoles americanas para legitimar e “dar uma cara” a jovens representantes das minorias étnicas. A prin- cípio, tratava-se de um movimento exclusivamente ligado à cultura negra. No entanto, aos poucos, mesmo tendo se mantido a “cara negra”, outras minorias, como os latinos, foram aderindo ao movimento. A explosão do Hip-hop em todos os EUA e a sua difusão pelo mundo, já na dé- cada de 1980, (por exemplo, jovens paulistanos dançavam break – uma das pri- meiras danças ligadas ao Hip-hop – na estação São Bento do Metrô) ocorreu por meio do “braço musical” do movimento, o Rythm And Poetry – RAP (Figura 31). Já por volta de 1985, multiplicavam-se os muros “grafi tados” em todo o mundo. Figura 30 Jovens grafiteiros nova- iorquinos no final da década de 1970 (foto de Martha Cooper). Figura 31 O primeiro disco de RAP lançado noBrasil, em 1988. Claretiano - Centro Universitário 169© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Nos EUA, os primeiros espaços a serem adotados pelos grafi teiros para a sua arte foram as estações de metrô, incluindo-se aí os próprios trens. É impossível pensar-se no metrô de Nova York na década de 1980 sem o grafi te (Figura 32). Antes, no entanto, houve bastante perseguição aos artistas de rua. Figura 32 Trem do metrô de Nova York grafitado na década de 1980. Ficaram famosos, por exemplo, dois dos primeiros trens a serem “grafi tados”: o Freedom Train (Trem da Liberdade), ilustrado em 1976 por ocasião do Bicente- nário da Independência dos EUA, e o Trem de Natal, grafi tado em dezembro de 1977. Ao chegar às estações, os trens eram aplaudidos espontaneamente, fato que não poupou os grafi teiros de serem presos por vandalismo. O cenário, como já vimos, mudou nos anos 1980, quando o grafi te começou a entrar nos museus. Uma espécie de debut desta “incorporação” ocorreu na Documenta de Kassel, que apresentou trabalhos de dois artistas intimamente ligados à cultura de rua, e que hoje têm renome internacional: Basquiat e Haring. A Documenta de Kassel é uma das mais importantes mostras de arte contemporâ- nea do mundo. Sua primeira edição ocorreu em 1955 e, como o próprio nome diz, ocorre na cidade alemã de Kassel. Sua periodicidade é de cinco em cinco anos. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Basquiat Falemos, então, de Basquiat (1960-1988). Filho de imigran- tes haitianos que passou grande parte da vida no Brooklyn, sua carreira artística começou com grafites em muros e portões de fer- ro, trabalhos que muitas vezes eram assinados com a sigla SAMO (Same old shit). Por volta de 1982, Basquiat foi “adotado” pelo mercado de arte e suas pinturas em tela fizeram-no uma espécie de “queridinho da América”. A fama do artista aumentou ainda mais com a sua parceria com Andy Warhol, caminhada que foi in- terrompida em 1988, quando Basquiat morreu de overdose. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira170 Figura 33 In Italian, Jean-Michel Basquiat, 1983. Figura 34 Mona Lisa, Jean-Michel Basquiat, 1984. Figura 35 Andy Warhol e Basquiat lado a lado. Claretiano - Centro Universitário 171© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Keith Haring Keith Haring (1958-1990) foi um artista de formação mais acadêmica do que Basquiat. Sua carreira ganhou força por meio da “adoção” do grafite. Tendo estudado artes em Pittsburgh, mudou- -se para Nova York no final dos anos 1970, quando começou seu contato com o grafite e com a vanguarda nova-iorquina, na qual tornar-se-ia um dos principais nomes. A principal marca da arte de Haring são suas figuras simplificadas, principalmente figuras humanas, que remetem, entre outras coisas, à arte rupestre e a elementos da arte africana (Figuras 36 e 37). Figura 36 Just Because, Keith Haring. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira172 Figura 37 Gigantesco muro grafitado por Keith Haring (repare no tamanho do artista, na parte inferior central da figura, em relação ao muro). Cy Twombly Cy Twombly, nascido em 1928, utiliza uma linguagem sim- bólica muito pessoal, numa síntese de automatismo surrealista, Expressionismo Abstrato e grafite. Todos esses elementos atuam em prol de certo conceitualismo, já que os objetivos do artista não deixam de ser a expressão dos contrastes de espaço, movimento e tempo. Claretiano - Centro Universitário 173© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Após um primeiro “choque” frente às obras de Twombly, co- meçamos a sentir que o grafismo dos seus traços possui uma vita- lidade própria, a qualidade subversiva dos rabiscos da criança que não se subordina às ordens da professora – ou seja, a tudo que a nossa tradição cultural representa. Ao se rebelar contra as regras tradicionais de composição pictórica, Twombly questiona então o próprio conceito de unidade visual e da possibilidade de interpre- tação objetiva da obra. Estamos diante de um fluxo constante de movimentos que não copiam a realidade existente, que nada representam e que dialogam com uma improvisação mutante em que o espectador se pergunta: “O que é isso?”; “Como é?”; “Quem é?”, e encontra a seguinte resposta: “É”. Observe uma de suas obras na Figura 38. Figura 38 Sem título, Cy Twombly. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira174 Julian Schnabel Outro nova-iorquino, Julian Schnabel, nascido em 1951, ficou famoso com suas composições realizadas com pedaços de louça colados, algo que funcionava como pano de fundo para os temas representados. Os cacos de louça atuavam em prol do contraste do “velho”, a própria louça, e do “novo”, aquilo que é criado com tinta fresca, ou seja, uma nova realidade, com novos significados. Quanto às suas figuras, seja qual for a técnica utilizada, Sch- nabel desconstrói as imagens de uma maneira irônica e até sub- versiva. Atualmente, o artista também é um importante cineasta, e tem em seu currículo filmes de sucesso como o já citado Basquiat e O escafandro e a borboleta. Veja na Figura 39 uma de suas obras. Figura 39 Auto-retrato, Julian Schnabel, 1977. Claretiano - Centro Universitário 175© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Eric Fischl Outro importante nova-iorquino responsável por uma pintura mais do que figurativa – narrativa, na verdade – é Eric Fischl, nascido em 1948. Fischl “estourou” para o mundo da arte com a obra So- nâmbulo (Figura 40), de 1979, que mostra um adolescente se mas- turbando. A obra foi encarada como uma denúncia do fracasso do “sonho americano”. Fischl pinta a banalidade da pequena burguesia americana: os ritos prosaicos da iniciação amorosa, as férias etc. O que emana das obras é, no entanto, um subtexto de solidão, deses- pero e horror. Observe outra de suas obras na Figura 41. Figura 40 Sonâmbulo, Eric Fischl, 1979. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira176 Figura 41 Som de ondas da praia, Eric Fischl, 1996-97, 190,5 x 119,5 cm. Jeff Koons Jeff Koons, nascido em 1955, é um artista que retrabalha al- guns conceitos da Arte Pop. Construindo com suas obras um diá- logo aberto com a sexualidade, inclusive com seus clichês, Koons (que, simpático a manifestações estéticas fetichistas e até porno- gráficas, casou-se com Cicciolina – famosa atriz pornô italiana) rea- liza obras como, por exemplo, Urso e policial (Figura 43), que, de forte apelo popular, repensa os limites do kitsch e da figuração contemporânea. Veja também outra de suas obras na Figura 42. Claretiano - Centro Universitário 177© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 42 Escultura representando Jeff Koons e Cicciolina, Jeff Koons. Figura 43 Urso e policial, Jeff Koons. 1988. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira178 9. O HIPERͳREALISMO E O DIÁLOGO COM A FOTOͳ GRAFIA Falemos um pouco agora, antes de tratar da arte que traba- lha diretamente com a fotografia, de um tipo de arte que não deixa de ter sido influenciada pela imagem fotográfica: o Hiper-realismo. O Hiper-realismo surgiu nos EUA na segunda metade da dé- cada de 1960, logo após a explosão da Arte Pop, e manteve grande intensidade até final da década de 1970 – apesar de muitos de seus artistas continuarem trabalhando no mesmo estilo até hoje (estilo que requer trabalhar com slides projetados e instrumentos de arte comercial, como o airbrush). Chuck Close Dominando uma técnica impressionante, o norte-americano Chuck Close, nascido em 1940, produz retratos pormenorizados a ponto de, a certa distância, parecerem gigantescas fotografias. No entanto, analisandoas obras de perto, descobrimos os meios muito pouco ortodoxos que Close emprega na sua pintura, como pintar com as próprias impressões digitais funcionando como pon- tos de pigmento, por exemplo. Procedimentos como este atestam o tratamento quase “abstrato” da imagem, tratamento que, no entanto, não deixa de ter como principal – e paradoxal – objetivo o próprio realismo e efeitos como o da “vibração” desta, algo que nos faz lembrar de Seurat e seu Pontilhismo, por exemplo (observe as Figuras 44 e 45). Claretiano - Centro Universitário 179© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 44 Emily (gravura cuja matriz foi realizada com as impressões digitais do artista), Chuck Close, 1986. Figura 45 Espectadores em exposição de Close, frente a uma de suas obras (esquerda) e detalhe de obra (direita). © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira180 Duane Hanson Já Duane Hanson (1925-1996) trabalhava com obras escultu- rais, em três dimensões. Em suas figuras de tamanho natural, com gestos e fisionomias individuais acentuadas, Hanson representava os estereótipos da sociedade americana, mostrando um pouco da banalidade das vidas cotidianas tanto dos norte-americanos quan- to de toda a sociedade ocidental. Suas obras eram confeccionadas a partir de moldes de cera de pessoas vivas, em fibra de vidro e complementadas com rou- pas, perucas e óculos, de modo a quase não ser possível distinguir as esculturas de pessoas reais. Observe na Figura 46 uma dessas obras. Figura 46 Viajante, Duane Hanson. Audrey Flack A também norte-americana Audrey Flack, nascida em 1931, é outra artista geralmente relacionada pelos estudiosos ao Hiper-realis- mo. Algo que difere Flack dos outros hiper-realistas é a abordagem de temas geralmente voltados à temática feminista (Figura 47). Claretiano - Centro Universitário 181© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 Figura 47 Marilyn Vanitas, Audrey Flack, 1977. 10. AS VÍDEOͳINSTALAÇÕES E A VÍDEOͳARTE Como vimos anteriormente, a arte nas décadas de 1980 e 1990 traduziu-se – mais do que em qualquer outro período da his- tória da arte – em um conjunto de várias tendências, tendências estas calcadas tanto nas técnicas mais artesanais quanto nas mais avançadas. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira182 Devemos ressaltar que seria muito arriscado “definir” a arte pós-moderna e que o critério cronológico inevitavelmente incorre em erros. Vamos nos restringir, então, a citar mais alguns artistas essenciais para que possamos compreender um pouco mais do vastíssimo panorama artístico da década de 1980, da década de 1990 e, enfim, de toda a contemporaneidade. Assim, entre outros artistas inevitavelmente preteridos, não se pode deixar de citar o sul-coreano Nan June Paik – um dos res- ponsáveis pela criação da vídeo-escultura, e o norte-americano Bill Viola, outro artista que abusa da tecnologia em suas instalações, tendo se consagrado com a vídeo-arte ainda na década de 1970. As vídeo-instalações e a vídeo-arte começaram a se disse- minar principalmente a partir do final da década de 1970, com a popularização do videoteipe e a possibilidade de utilização de equipamentos de vídeo relativamente baratos. Há outro fator a ser acrescentado, que a princípio pode pa- recer óbvio: a temporalidade. A vídeo-arte e as vídeo-instalações introduzem o “tempo” enquanto elemento constituinte, funda- mental e estruturador das obras. Os vídeos, ao contrário das foto- grafias estáticas, da pintura, da escultura e da arquitetura (artes de caráter “estático”, ou seja, que em tese se mantêm inalteradas no decorrer do tempo), assim como a música, o teatro e o cinema, só verdadeiramente ocorrem no decorrer do tempo. Vejamos um exemplo: se olharmos para uma fotografia “estáti- ca”, seja lá por quanto tempo for, podemos dizer que já vimos a foto- grafia. Porém, se olharmos para um fotograma de um filme de duas horas de duração (lembrando que um filme de cinema é composto por 24 fotogramas por segundo), de maneira nenhuma podemos dizer que já vimos o filme. Apenas se vermos, no decorrer daquelas duas horas, a imagem dos mais de 170 mil fotogramas de um filme de duas horas colocados em movimento pelo equipamento cinemato- gráfico é que podemos dizer que realmente vimos o filme. Há ainda outro detalhe: o cinema é uma arte essencialmente temporal porque não veríamos o filme se olhássemos para cada Claretiano - Centro Universitário 183© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 um dos seus mais de 170 mil fotogramas. Só vemos o filme se vermos seus fotogramas tornados “imagem em movimento” pelo equipamento cinematográfico. O mesmo caráter temporal há no teatro, uma das mais antigas artes, e na vídeo-arte, uma das mais recentemente artes inventadas. Podemos afirmar que a introdução deste elemento, a “tempo- ralidade”, é outra das características fundamentais da pós-moderni- dade: já que, desde a década de 1960, com a profusão das perfor- mances, happenings - essencialmente temporais – e a utilização de elementos também temporais – como a música, por exemplo – nas obras de arte, as manifestações artísticas plásticas deixaram de lado o caráter “estático” que as marcara até então para passar a ocorrer enquanto obras também na esfera do tempo. Devido exatamente à tem- poralidade é que optamos por não ilustrar o texto desta unida- de com fotografias de obras de vídeo-arte, já que não faria senti- do tentar-se mostrar com imagens estáticas obras que só ocorrem “em movimento”. Por isso, dispo- nibilizamos a seguir alguns links para apreciação em vídeo, na In- ternet, de obras de vídeo-arte. Já quanto às vídeo-instalações, opta- mos por “desrespeitar” um pouco o critério essencial da temporali- dade e mostrar uma fotografia de vídeo-instalações, de Nan June Paik, com caráter meramente ilus- trativo de seus aspectos escultóri- cos (Figura 48). Figura 48 TV Cello, Nam June Paik, 1971. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira184 Nam June Paik O sul-coreano Nam June Paik (1932-2006) nasceu em Seul. Aos 18 anos, com a eclosão da Guerra da Coreia, que tratamos na unidade anterior, mudou-se com a família para Hong Kong, depois para Tóquio, onde estudou músi- ca e artes. Depois continuou seus estudos na Alemanha, onde teve contato com nomes da vanguarda artística de então. Em 1964 mudou-se para Nova York e, desde o final da dé- cada de 1960, passou a utilizar os – então ainda poucos, e de tecno- logia incipiente – equipamentos de videoteipe para a criação de uma linguagem artística própria e revolucionária. Paik ficou co- nhecido como um dos “pais” das vídeo-instalações e da vídeo-ar- te. A obra Global Encoder é um dos trabalhos de Paik (Figura 49). Bill Viola O norte-americano Bill Viola, nascido em 1951, é outro dos grandes nomes da arte contemporânea ligada à linguagem do ví- deo. Tendo como uma de suas grandes influências o próprio Nam June Paik, Viola caracteriza-se por abordar em suas obras não ape- nas questões típicas da contemporaneidade, tais como a televisão e a passividade dos telespectadores, como também questões de ordem metafísica. Figura 49 Global Encoder, Nam June Paik. Claretiano - Centro Universitário 185© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 11. DA DÉCADA DE 1990 À ATUALIDADE: A NOVA REALIDADE HISTÓRICA E A ARTE Você sabia que o final da década de 1990 teve mudanças nos âmbitos histórico-social e cultural que tiveram forte impacto na mais nova geração de artistas? Como vimos em nossa introdução histórica, a realidade dita- da pela chamada “Nova Ordem Mundial” e pela globalização oca- sionou a reestruturação das relações comerciais,políticas e cultu- rais no mundo contemporâneo. O chamado “fim das utopias”, com a queda do Comunismo na Europa, a ascensão do Neoliberalismo como política econômica da maioria dos países, as novas descobertas científicas, a explosão da acessibilidade à comunicação e à informação com a Internet, contribuíram para um cenário de enorme relativização e individua- lismo em que o homem contemporâneo busca se “re-inventar” em meio a uma realidade absolutamente imprevisível, algo que contraria a ideia de linearidade histórica que adotáramos até o ad- vento da pós-modernidade. No âmbito das relações pessoais, o homem passa também, como não poderia deixar de ser, pela necessidade de “auto-re-in- venção”. O gênero masculino, por exemplo, ainda não re-encon- trou seu “papel histórico” após as conquistas feministas e a equi- paração de direitos e deveres entre homens e mulheres. Outro bom exemplo são as relações a distância, mediadas pelas novas tecnologias de comunicação, encabeçadas pela Internet, e que es- tabeleceram um modo inédito de conectar pessoas e redes sociais em escala global, ao redor de todo o mundo. Tudo é incerteza. Não apenas no que concerne aos nossos papéis na sociedade contemporânea como à própria continuidade da vida na Terra, ameaçada como nunca pelos impactos ambien- tais frutos do progresso predatório do homem, que o colocou em conflito com a natureza. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira186 A tradução deste panorama para a esfera artística gera obras carregadas da mesma pluralidade, da mesma riqueza de lingua- gens, meios e possibilidades, mas também das mesmas incertezas. Há, entretanto, como já havíamos dito anteriormente, um ponto que ainda se destaca como um dos principais da arte contemporâ- nea: a morte da ideia da “originalidade”. Em nosso tempo de reprodutibilidade frenética da informa- ção, a ideia de originalidade parece, apesar do individualismo cada vez maior do nosso tempo, estar perdendo sentido, assim como a ideia da própria “autoria” de uma obra. Na esfera da cultura popu- lar, por exemplo, isto já ocorreu, traduzindo-se na troca gratuita de músicas, vídeos e arquivos de toda espécie pela Internet, enfim, na “morte” dos direitos autorais. Já na esfera mais “erudita” das artes plásticas, as poéticas e as obras são, cada vez mais, “con- taminadas” por esta ideia, ainda assustadora porque totalmente imprevisível e desconhecida. 12. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Finalizando esta unidade, reflita sobre as seguintes questões: 1) Consegui compreender a ideia básica da Arte Conceitual, ou seja, a de uma arte em que o conceito vem antes da materialidade da obra? 2) Até que ponto tal princípio permeia as obras de arte contemporâneas? 3) O retorno à materialidade, à pintura e até ao figurativismo a partir do final da década de 1970 representa um retorno da arte aos caminhos de décadas anteriores ou, pelo contrário, um aumento ainda maior da teia de possibili- dades pós-modernas? Por quê? 4) Agradam-me as pinturas de nomes como Kiefer, Baselitz, Basquiat e Fishl? Por quê? 5) O que penso a respeito do Hiper-realismo? Ele apenas imita a fotografia ou busca algo além? Por quê? 6) Os vídeos de Bill Viola podem ser classificados como uma manifestação de Artes Plásticas? Claretiano - Centro Universitário 187© U2 - Arte Internacional: do Final da Década de 1960 ao Ano 2000 7) Consigo identificar em artistas atuais a pluralidade e as incertezas citadas na última parte do texto como um dos dados fundamentais da contempo- raneidade? 13. CONSIDERAÇÕES Chegamos ao final da segunda unidade do Caderno de Refe- rência de Conteúdo de História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira, na qual você teve contato com a chamada “arte pós- -moderna”, tão comentada e que, a princípio, poderia parecer algo complexo demais e absolutamente misterioso. Mas você viu que não é bem assim, e que basta o entendimento de alguns preceitos e do diálogo destes com a realidade histórico-social que represen- tam para a compreensão da famigerada pós-modernidade. Vale ressaltar que, especialmente em relação à arte pós-mo- derna, cabe a você completar a construção do seu conhecimento. Isto porque só com esforço próprio e assumindo o papel de agente do próprio conhecimento é que você poderá dar conta de uma compreensão realmente ampla de um universo artístico tão rico e plural quanto o da contemporaneidade. Na próxima unidade, voltaremos bastante no tempo, pas- sando a abordar a Arte Brasileira desde os primórdios. Até lá! 14. EͳREFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 1 - Neil Armstrong andando na lua na missão da Apollo 11 em 1969: disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_ps83EWZOcbc/SMWlOfDVJdI/ AAAAAAAAAy0/8JXZd0SbZF8/s400/Neil_Armstrong_-_Apollo_11_Moon_Landing_ (1969).jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 2 - Jovens no festival de Woodstock, em agosto de 1969: disponível em: <http:// lcmedia.typepad.com/photos/our_favorite_pics/123069woodstock.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. © História da Arte: Arte Internacional e Arte Brasileira188 Figura 3 - Soldados em ataque ao Palácio Presidencial do Chile durante golpe militar que depôs o presidente de esquerda Salvador Allende em 1973: disponível em: <http:// politicalpathologies.wikispaces.com/file/view/pinochet_attacks_allende.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 4 - Richard Nixon anuncia pela televisão renúncia à Presidência dos Estados Unidos: disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/img/Nixon. jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 5 - O Aiatolá Khomeini chega a Teerã em 1979 para instaurar a República Islâmica: disponível em: <http://d.yimg.com/x/pi/news/afp/j/090131/ icpstbr88310109195521photo00.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 6 – O primeiro IBM PC, de 1981: disponível em: <http://www.bpiropo.com.br/ graficos/FPC20060717a.jpg>. Acesso em: 1 out. 2010. Figura 7 - O primeiro Macintosh com mouse: disponível em: <http://www.mac-history. de/wp-content/uploads/2008/05/544px-macintosh.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 8 - Reagan e Gorbachev reunidos em Genebra em 1985: disponível em: <http:// www.eureka.edu/news/releases/fall_0809/gorbachev.htm>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 9 - Protestos na Polônia pela redemocratização: disponível em: <http://www. poloniatoday.com/images/Riot.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 10 - Imagem que se tornou uma das mais famosas e emblemáticas do final do século XX: estudante chinês enfrenta tanques em protestos pela democracia no "Massacre da Praça da Paz Celestial": disponível em: <http://www.tutoriaisphotoshop. net/2008/10/fotos-que-abalaram-o-mundo-o-homem.html>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 11 - Manifestantes destroem o Muro de Berlim em 1989: disponível em: <http:// www.opendemocracy.net/content/articles/3005/images/berlin%20wall_565.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 12 - Uma das imagens mais comuns mostradas na televisão durante a Guerra do Golfo: em um visual próximo ao dos videogames, vê-se um alvo prestes a ser atingido em imagem captada pela câmera de um avião bombardeiro norte-americano: disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/imagens/idadecontemporanea_ guerragolfo.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 13 - Capa da revista norte-americana “Newsweek”, que mostrava o impasse entre os candidatos Al Gore (democrata) e George W. Bush (republicano) nas eleições presidenciais: disponível em: <www.magazine.org/asme/top_40_covers/16996.aspx>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 14 - Beethoven’s Trumpet, John Baldessari: disponível em: <http://www.tate.org. uk/images/cms/15041w_beethovenstrumpet.jpg>. Acesso em: 18 out. 2010. Figura 15 - Fotografia da performance "I like America and America likes me", de Joseph Beuys, em galeria de arte de Nova York em 1974: disponível em: <http://www.hawaii. edu/lruby/art359/IMAGES/ILIKEAM.GIF>.
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