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Positivismo e Educação: Reflexões

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22/08/2011
AULA 06
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CURSO DE PEDAGOGIA
PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO III
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Aula 06
O Positivismo e a Educação
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Objetivos
Refletir sobre a construção do pensamento moderno do século XVII até o positivismo do século XIX de Augusto Comte.
Entender e analisar a proposta de educação positivista.
Compreender as influências do positivismo na educação brasileira.
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“são duas as grandes transformações que levaram à revolução científica: 
1) Do ponto de vista da cosmologia, a demonstração da validade do modelo heliocêntrico, empreendida por Galileu; a formulação da noção de universo infinito, que se inicia com Nicolau de Cusa e Giordano Bruno; e a concepção do movimento dos corpos celestes, principalmente da Terra, em decorrência do modelo heliocêntrico; 
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2) do ponto de vista da ideia de ciência, a valorização da observação e do método experimental, isto é, uma ciência ativa, que se opõe a ciência contemplativa dos antigos, e a utilização da matemática como linguagem da física, proposta por Galileu sob inspiração platônica e pitagórica e contrária à concepção aristotélica. A ciência ativa moderna rompe com a separação antiga entre a ciência (episteme), o saber teórico, e a técnica (téchne), o saber aplicado, integrando ciência e técnica e fazendo com que problemas práticos no campo da técnica levem a desenvolvimentos científicos, bem como com que hipóteses teóricas sejam testadas na prática, a partir de sua aplicação técnica” (MARCONDES, Danilo. Introdução à História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein, 2000:].
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A Revolução Científica do século XVII desencadeou na filosofia a discussão em torno da problemática do método científico. Assim, teremos duas correntes filosóficas: o racionalismo de René Descartes e o empirismo inglês. 
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Descartes procurou fundamentar a possibilidade do conhecimento científico (Nova Ciência) encontrando uma verdade inquestionável. Para tanto, adota uma posição racionalista: toma a razão natural como ponto de partida do processo de conhecimento, enfatizando a necessidade do método para “bem conduzir esta razão” em sua aplicação ao real. Diante de tal tarefa, encontra no pensamento a certeza de que não pode ser posta em questão pelos céticos, já que duvidar é pensar e a dúvida pressupõe o pensamento (argumento do cogito – “Penso, logo existo”).
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Assumindo uma posição contrária ao racionalismo inatista de René Descartes, o empirismo inglês do século XVII caracteriza-se pela valorização da experiência sensível como fonte do conhecimento. A concepção de conhecimento desta vertente tem como ponto de partida o método indutivo, a probabilidade, sendo que a ciência baseia-se no método empírico e experimental, isto é, na formulação de hipóteses, na observação, na verificação e teste de hipóteses com base em experimentos.
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 Além disso, podemos destacar que no início do período moderno a Europa passou por profundas mudanças tais como: “a dissolução da ordem feudal, a contestação do poder temporal da Igreja e o combate à monarquia absoluta e ao estado centralizado, surgido principalmente na França do séc. XVII criam a necessidade da busca e discussão de uma nova ordem social, de organização política, de legitimação do exercício do poder, representado pelas teses dos teóricos do liberalismo e do contrato social. Essa discussão leva, em última análise, ao surgimento da democracia representativa e do sistema parlamentar, ao estabelecimento de constituições e as cartas de direitos civis. O primeiro passo se dá com a Revolução Gloriosa na Inglaterra em 1688, após a deposição de Jaime II, logo se seguindo a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789)”.
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O liberalismo, no início da modernidade, é o correlato, na política, do individualismo e do subjetivismo na teoria do conhecimento (...). A concepção da existência de direitos naturais aos homens corresponde do ponto de vista epistemológico à concepção de ideias inatas e de faculdades da mente que tornam possível o conhecimento. A valorização da livre iniciativa e da liberdade individual no campo da política e da economia equivale no campo do conhecimento à valorização da experiência individual, tanto intelectual (racionalismo) quanto sensível (empirismo)” (MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora, 2003, p. 196) 
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O pressuposto básico do Iluminismo afirma, portanto, que todos os homens são dotados de uma espécie de luz natural, de uma racionalidade, uma capacidade natural de aprender, capaz de permitir que conheçam o real e ajam livre e adequadamente para a realização de seus fins. A tarefa da filosofia, da ciência e da educação é permitir que esta luz natural possa ser posta em prática, removendo os obstáculos que a impedem e promovendo o seu desenvolvimento. O Iluminismo possui assim um caráter pedagógico enquanto projeto de formação do indivíduo, podendo ser visto também como herdeiro do humanismo iniciado no Renascimento (DANILO, Marcondes. Iniciação à História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editora, 2003, p. 202).
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O filósofo alemão Immanuel Kant é considerado um dos mais importantes representantes do Iluminismo por ter formulado um projeto de filosofia crítica que visa dar conta da possibilidade do homem conhecer o real e de agir livremente. Além disso, estabeleceu uma moral do dever que se fundamenta na racionalidade humana e tem como princípio básico o imperativo categórico, ou seja, a compreensão de que o dever consiste na obediência a uma lei que se impõe universalmente a todos os seres racionais.
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As revoluções burguesas no plano teórico e prático se aprofundam e solidificam no século XIX um o modelo de produção capitalista com a Revolução Industrial (iniciada no século anterior) e a cultura urbano-industrial. No campo das ideias, teremos o desenvolvimento do pensamento positivista de Condorcet, Saint-Simon e Augusto Comte (considerado como sendo o fundador desta concepção).
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Segundo Michael Löwy são três as premissas que fundamentam as ciências sociais numa perspectiva positivista e que mais tarde influenciariam significativamente a Ciência da Educação. São elas:
 É a sociedade regida por leis naturais, invariáveis e independentes da vontade humana. 
 A sociedade pode ser epistemologicamente assimilada pela natureza e estudada pelos mesmos métodos e processos das ciências naturais. 
 As ciências sociais devem se limitar a observar e explicar as causas dos fenômenos de forma objetiva, neutra, livre de valores e ideologias. 
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 Positivismo e Educação
Os conflitos entre a burguesia capitalista e o proletariado no século XIX foram um campo fértil para o desenvolvimento do pensamento positivista de Augusto Comte, bem como, da defesa de uma educação universal. Pois, através da mesma tinha a finalidade de promover a conciliação social e o respeito à hierarquia social, uma vez que não importava, para ele, homem e classe, mas sim a humanidade. Desta forma, compreendia que os ideais da escola positivista só poderiam se concretizar mediante o desenvolvimento de um ensino para todos.
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Vale destacar que a defesa de uma escola laica, gratuita e para todos é parte do ideário burguês do século XVIII e, principalmente no século XIX, em oposição ao modelo de escola tradicional humanista de caráter religioso que prevalecera na Europa sobre o controle
da Igreja. Além disso, tal defesa tem uma relação direta com a aplicação do conhecimento científico e tecnológico no mundo do trabalho e da produção e com isto a exigência de possibilitar um ensino que qualificasse o trabalhador. Sendo assim, Comte identifica na educação um campo estratégico para atingir o proletariado e promover, através do ensino, a ordem e a harmonia social, o que possibilitaria a felicidade para a humanidade.
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 Em acordo com os ideais iluministas, o pensamento positivista faz a defesa de através da educação o homem poderá libertar-se do seu estado de ignorância, da desordem e da anarquia moral. Desse modo, dever ser uma educação universal dirigida a todos os povos. Tal caráter está presente nos ideais do pensamento liberal burguês quando da defesa de que a “Educação é direito de todos e dever do Estado”. Além disso, tal princípio foi a base para o desenvolvimento da escola tradicional de caráter leigo da burguesia capitalista.
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Sendo assim, a educação é definida como sendo a apropriação individual dos valores do conhecimento. (...) Além disso, o currículo escolar numa perspectiva positivista deve ser organizado de forma a, partindo do mais simples, construir a ciência mais elaborada. Desta forma, a educação assume o papel de engajamento do indivíduo à sociedade, ou seja, de uma participação em uma ordem real. Diante disto, entende-se que o conteúdo das disciplinas devem ser ensinados e não discutidos.
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O processo de ensino-aprendizagem vai ser marcado exclusivamente por aulas expositivas, pela leitura e pela memorização. É este o espírito que marcará a formulação do método da escola tradicional elaborado por Herbart. Além disso, vale destacar que os trabalhos desenvolvidos por Pestalozzi se inscrevem neste ideário.
Por fim, o ideário positivismo também influenciou o desenvolvimento da pedagogia tecnicista no século XX.
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Positivismo e Educação no Brasil
Do ponto de vista do ideário, a República nasceu sob a influência e inspiração do Positivismo que marca, sobretudo, sua visão educacional. Com isto, opunha-se explicitamente ao ideário católico, propondo a liberdade e a laicidade da educação, investindo na publicização do ensino e em sua gratuidade. Além disso, buscava-se superar a tradição clássica das humanidades acusada de responsável pelo academicismo do ensino brasileiro, mediante a inclusão de disciplinas científicas, no currículo escolar, segundo o modelo positivista. (SEVERINO, 1994, p. 77)
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Oliveira apresenta a seguinte síntese por onde o positivismo se aninhou no pensamento brasileiro:
a) a filosofia brasileira à qual forneceu o verniz teórico para a contestação do escolasticismo. E esse talvez seja o seu momento de maior originalidade, a ponto de podermos nos referir a ele como um Positivismo Tupiniquim.
b) as transformações nas políticas educacionais durante o final do Império e em todo o período da Primeira República ao qual o positivismo forneceu o ideário necessário para a afirmação social da pequena burguesia emergente. Nesse campo o Positivismo forneceu ao ideário intelectual brasileiro os elementos necessários para refutar as amarras que poderiam “frear” o processo de modernização da sociedade brasileira e a consequente ascensão burguesa.
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c) as tendências pedagógicas onde por intermédio do pensamento pedagógico de John Herbart o Positivismo forneceu à Pedagogia Tradicional no Brasil as condições necessárias para superar, ao menos em parte, o sistema educacional dos jesuítas que representava ainda a presença das arcaicas estruturas medievais. Sob esse aspecto, apontamos para o papel fundamental que exerceu a massificação da escola, pleiteada pela burguesia, na construção do processo de hegemonia política e econômica dessa classe social na realidade brasileira.
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