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A Sociologia de Émile Durkheim

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AULA 03: 
A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM
CURSO PEDAGOGIA – PROF FRANCISCO GILSON
Rio de Janeiro, 11 de Agosto de 2011
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OBJETIVOS
Apresentar a teoria sociológica de Durkheim;
Refletir sobre a concepção de sociedade desenvolvida por Durkheim;
Caracterizar a relação entre sociedade e educação em Durkheim 
CRONOLOGIA DURKHEIMIANA 
De origem judia, Durkheim nasceu em Épinal (França), em 15 de abril de 1858.
Na adolescência, Durkheim presenciou uma série de acontecimentos que marcaram decisivamente a vida de todos os franceses e a sua em particular: a derrota na guerra Franco-Prussiana (janeiro de 1871); a insurreição da comuna de Paris (março/abril de 1871); a proclamação da III República (setembro de 1871); promulgação da Constituição de 1875. 
Quando estava na Escola Normal Superior (1879-82) é aprovada a gratuidade da escola para todos e obrigatoriedade dela dos 06 aos 13 anos (1882). 
Depois de formado, enquanto lecionava filosofia, interessou-se por sociologia (1883-85) e foi estudá-la na Alemanha. Na volta é indicado, em 1887, para ministrar aulas de Pedagogia e Ciência Social em Bordeaux, primeiro curso de Sociologia oferecido em uma universidade francesa.
Publica a Da Divisão do Trabalho Social (1893); Publica As Regras do Método Sociológico (1895); Lança a revista L`Année Sociologique (1896); Publica O Suicídio (1897)
Em 1902 é nomeado assistente da cadeira de Ciência da Educação na Sorbonne, em Paris. Em 1906, com a morte do titular, assume o cargo.Publica, em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa; Falece em 1917; Postumamente (1922) publica Educação e Sociologia.
O PENSAMENTO 
SOCIOLÓGICO DURKHEIMIANO
Defendia a existência de um reino social ou moral, diferente do reino mineral e do vegetal: “O reino moral seria o lugar onde se processariam justamente os ‘fenômenos morais’, e seria composto por ambientes constituídos pelas ‘idéias’ ou pelos ‘ideais’ coletivos. Toda vida social se dá, para Durkheim, nesse ‘meio moral’, que está para as consciências individuais assim como os meios físicos estão para os organismos vivos” (Alberto T. Rodrigues. Sociologia da Educação [6ª edição]. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009, p. 18/19).
Cabe a sociologia descobrir as leis da vida social. 
Lei compreendida como relação necessária, como a descoberta da lógica inscrita no próprio real e apresentada na forma de um enunciado pelo cientista. 
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OS FATOS SOCIAIS
“Toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.” Também são: “maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem” ou “maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem suscetíveis de exercer influência coercitiva sobre as consciências particulares” (Regras do Método Sociológico).
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FATOS SOCIAIS = COISAS
“os fatos sociais são fenômenos como os outros: eles constituem em regras de ação que se reconhecem por certos caracteres distintivos; por conseguinte, deve ser possível observá-los, descrevê-los, classificá-los e procurar as leis que os explicam” (Durkheim).
COISA: “se opõe a idéia [...]. É coisa todo objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de maneira natural [...] tudo o que o espírito não pode chegar a compreender senão sob a condição de sair de si mesmo, por meio da observação e da experimentação, passando progressivamente dos caracteres mais exteriores e mais imediatamente acessíveis para os menos visíveis e profundos” (Durkheim). Tratar os fatos sociais como coisa é uma postura intelectual.
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A SOCIEDADE
A Sociedade não é o resultado de um somatório ou de uma mera justaposição das consciências, ações e sentimentos particulares: ao serem associados, combinados e fundidos fazem nascer algo novo e externo àquelas consciências. Ainda que o todo só se forme pelo agrupamento das partes, a associação “da origem ao nascimento de fenômenos que não provêm diretamente da natureza dos elementos associados”. A sociedade é mais do que a soma dos indivíduos vivos que a compõem: é uma síntese que não se encontra em cada um desses elementos, assim como os diferentes aspectos da vida não acham decompostos nos átomos contidos na célula: a vida está no todo e não nas partes.
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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
a sociedade na cabeça de cada um.
Os fenômenos que constituem a sociedade tem sua sede na coletividade: “as consciências particulares, unindo-se, agindo e reagindo umas sobre as outras, fundindo-se, dão origem a uma realidade nova que é a consciência da sociedade (...) Jamais o indivíduo, por si só, poderia ter constituído o que quer que fosse que se assemelhasse à idéia dos deuses, aos mitos e aos dogmas religiosos, à idéia do dever da disciplina moral etc.” 
Os fatos sociais são formados pelas representações sociais, isto é, “como a sociedade vê a si mesma e ao mundo que a rodeia”, através das lendas, mitos, concepções religiosas, crenças morais etc. Ou seja, é a idéia que ela faz de si mesma, produto da cooperação disseminada no espaço e no tempo.
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CONSCIÊNCIA COLETIVA
É um sistema de idéias, sentimentos e hábitos que exprimem em nós [...] o grupo ou os grupos diferentes de que fazemos parte; tais sãos as crenças religiosas, as crenças e práticas morais, as tradições nacionais ou profissionais, as opiniões coletivas de toda espécie. Seu conjunto forma o ser social”. Corresponde ao “conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos membros de uma determinada sociedade [que] forma um sistema determinado que tem vida própria.” Isso é o mecanismo que permite a coesão social e inibe a desagregação dos agrupamentos humanos, mantendo os homens solidários ao coletivo.
Não é encontrado por inteiro em todos os indivíduos e com suficiente vitalidade para impedir qualquer ato que a ofendesse. Portanto, é inevitável que as divergências existam e que algumas apresentem caráter criminoso.
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A DIFERENCIAÇÃO SOCIAL
Quanto maior for a divisão do trabalho social maior é a diferenciação social e menor é, potencialmente, o controle da consciência coletiva sobre os membros da sociedade. 
A divisão do trabalho produz dois tipos de solidariedade.
Solidariedade Mecânica
Solidariedade Orgânica
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1) Solidariedade Mecânica: quando os homens possuem pouca divisão do trabalho em sua vida em comum, existe entre eles um tipo de solidariedade baseado na semelhança entre as pessoas. Numa tribo de índios, por exemplo, todas as pessoas fazem praticamente as mesmas tarefas: caçam, pescam, participam de rituais etc. Assim, típica das sociedades tradicionais, liga diretamente os indivíduos a sociedade; assemelham-se aos que ligam um déspota aos seus súditos (não são recíprocos) – o indivíduo não se pertence, é uma coisa de que a sociedade dispõe. 
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2) Solidariedade Orgânica: Na sociedade industrial moderna há uma solidariedade por diferenças e não mais por semelhança. As pessoas não estão juntas porque fazem as mesmas coisas, mas o contrário: estão juntas porque fazem coisas diferentes e, portanto, para viver dependem das outras, que fazem coisas que elas não querem ou não são mais capazes de fazer – uns dependem dos outros. Derivada do progresso da divisão do trabalho social, ela institui um processo de individualização: os membros são solidários porque tem uma esfera própria de ação, uma tarefa e, além disso, cada um dos demais depende das outras partes que compõem a sociedade. Cada indivíduo passa, cada vez mais, a ver a vida social a partir do ponto que ocupa na divisão do trabalho social, o que enfraquece a consciência coletiva. A exacerbação disso é o individualismo, que coloca em risco a coesão social. 
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ANOMIA
Sob certas circunstâncias, a divisão
do trabalho age de maneira dissolvente, deixando de cumprir seu papel moral: o de tornar solidárias as funções divididas. As normas, que em estado natural se desprendem por si mesmas como prolongações da divisão do trabalho, deixam de moderar a competição presente na vida social e de promover a harmonia das funções. Caracteriza-se aí um estado de anomia. São três os casos em que isso se dá: nas crises industriais e comerciais que denotam que as funções sociais não estão bem adaptadas entre si; nas lutas entre o trabalho e o capital que mostram a falta de unidade e a desarmonia entre trabalhadores e os patrões; e na divisão extrema de especialidades no interior da ciência. Isto produzia o enfraquecimento da coação e mesmo a negação dela, impossibilitando a vida social.
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EDUCAÇÃO
Educação como socialização: “em um meio moral em que o individualismo possibilitado pela diferenciação social compete com a consciência coletiva própria a toda vida social, a educação assume o significado de educação moral. Assume a condição de pedra fundamental de preservação da coesão social. Assim, educação, para Durkheim, é essencialmente o processo pelo qual aprendemos a ser membros da sociedade. Educação é socialização.”
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Os pais não educam os filhos como desejam: “Cada sociedade [...] possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistível. É uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a nos conformar; se os desrespeitarmos, muito gravemente, eles se vingarão em nossos filhos. Estes, uma vez adultos não estarão em estado de viver no meio de seus contemporâneos, com os quais não se encontrarão em harmonia. Que eles tenham sido educados, segundo idéias passadistas ou futuristas, não importa; num caso, como no outro, não serão de seu tempo e, por consequência, não estarão em condições de vida normal. Há, pois, a cada momento, um tipo regulador de educação, do qual não podemos separar sem vivas resistências, e que restringem as veleidades dos dissidentes” (Educação e Sociologia, p. 36/37)
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DUPLO ASPECTO DA EDUCAÇÃO
“Vejamos como ele é múltiplo. Em certo sentido, há tantas espécies de educação, em determinada sociedade, quantos meios diversos existirem. É ela formada de castas? A educação varia de uma casta a outra; [...] a dos brâmanes não era a dos sudras. [...]. Ainda hoje não vemos que a educação varia com as classes sociais e com as regiões? A da cidade não é a do campo, a do burguês não é a do operário. [...] Cada profissão constitui um meio sui generis, que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais, meio que é regido por certas idéias, certos usos, certas maneiras de ver as coisas; e, como a criança deve ser preparada em vista de certa função, a que será chamada a preencher, a educação não pode ser a mesma, desde certa idade, para todo e qualquer indivíduo. Eis por que vemos, em todos os países civilizados, a tendência que ela manifesta para ser, cada vez mais diversificada e especializada; [...]. (p. 38/39)”
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Uno: “sistemas especiais de educação não constituem eles toda a educação. [...]; por toda parte, onde sejam observados, não divergem, uns dos outros, senão a partir de certo ponto [...]. Não há povo em que não exista certo número de idéias, sentimentos e práticas que a educação deve inculcar a todas as crianças, indistintamente, seja qual for a categoria social a que pertençam. Mesmo onde a sociedade esteja dividida em castas fechadas, há sempre uma religião comum a todas, e, por conseguinte, princípios de cultura religiosa fundamentais, que serão os mesmos para toda a gente. [...]. No decurso da história, constitui-se todo um conjunto de idéias acerca da natureza humana, sobre a importância respectiva de nossas diversas faculdades mentais, sobre o direito e sobre o dever, a sociedade, o indivíduo, o progresso, a ciência, a arte, etc. idéias essas que são a base mesma do espírito nacional; toda e qualquer educação, a do rico e a do pobre, a que conduz às carreiras liberais, como a que prepara para as funções industriais, tem por objetivo fixar essas idéias na consciência dos educandos” (p. 39/40).
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SÍNTESE DE DURKHEIM:
“A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine” (p. 41).
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AS IDEIAS PRESENTES NESTE ppt SÃO SÍNTESES, CITAÇÕES, PARAFRASES, ADAPTAÇÕES etc. DOS SEGUINTES LIVROS:
RODRIGUES, Alberto T. Sociologia da Educação (6ª edição). Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.
QUNTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Lígia & OLIVEIRA, Márcia. Um Toque de Clássicos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.
DURKHEIM, E. Educação e Sociologia (10ª edição). São Paulo: Melhoramentos, 1975.
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