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KRAUSS, Rosalind. Caminhos da escultura moderna

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APRESENTAÇÃO 
Critica e-pro{"""' do""""" Cotq<, 
em N0\'3 Yort. RoiahDd E. Knuss tomou-se, entre os 
anos 60 e 70. wn1 du ma1!1 influentes pensadoras da 
IX)ntemporonddod~ urtist~et~. Naquele momento. foi 
uma das fundadora' da revi sra ONober, uma das pnn .. 
dpais referências inlclcclllais da êpoca nos EUA. que 
editou durante: vários nno11. B. no p11pcl dç critica,l\iu-
doo a eslabeleccc a rtvilltl& Artjbmm como uma da$ prin-
cipais publicações sobre o p:tnorumn artístico interna-
l"ional. 
Kmuss é uma das rormul:ldoriH das ceorias da pós-
modcmidade nos Es~ Unidos. A panir de suas lei4 
tuns polêmi<:u c uxn·ldoru da p~ de artistas 
"""-"""'- lluancio desde • - de 60, cl• 
c:oasuuiu wn repa16no unpactank de pc:nsamc:nm 
que C$11bclcci.J uma a.~dlde de mudança ao tn-
tendunento dos c:oocci101 de IJ1e que 1r.a.ca am a mt)o 
&midade. 
Um dos tex:kiS crucia•s de s~ :tutoria, The Orlgi-
nality of lhe Awmt-Garrlr and Other ,\fndernist Mylh.s, 
rotiUadO por artigos Ol'iginnlmenle public~ em Qct()-
/Nr c reunidos em lllll I i\•ro I>C la M IT r~ (Cambridge, 
Mass~husctts). (m IC)K(•, da dchenda os "miloi mcr 
demos··, nn:ali'i:llll"l n 41tH-a de n•1iStílS consagrados, <:o--
• 
..., ....._ Rodin, ~IM Ra). Goocomctb. ""'""''• !"'· 
pilerdeiiUIU6ea1islas~-.c:anoJaehoo 
l\)l)od:,, Sol Lewin c Ric:bard Sen'l.. ~pandtndo~•-' no 
caminho de uma formulação do pós-modcrni .. nlO. 
l1lllitando uma moldura crittea ooolcrt..,or:lne3. que 
J\l 'iUipõe ml1ltiplos instrumentos de mccodolow.iu. ttu!l 
como scmiologia, estrutu111Jjsmo, J>ÓS..C.SiruiUrttli'imo 
e dcllcon~II'UCào, Krauss fun<~l noções cru<:iaiJt ourn o 
entendimento da cultura e arte: conlcmporAnca>. wmo, 
pOr e'emplo, a de que a vangu:~r~ é um mito rnockr-
IWilll. enquanto conceitos como auteohcKlad" tomam-se 
anacrônicos na medtda em que o IJlW'Ido ~ progra.'IJ· 
'filOltnk! o«t~tmdo pc-la produçio de toaM~. 
No pmc::ate Ca111illhos da t:sadtvtV modn'11D, Ro-
•IIOd E. Kraussoosrescrva OUII'a5 i~...-prnas 
onoe--. Aqui.,.,. rdumulaçio ..,.,W da DOÇio 
de ''e(1udM de casos"", ela nos ofcnce datcus~ en-
(U.)Ilitl\ldib e chelb de in.(iglus a rc~110 de perso-
nJaens da hi~órill da arte que fi tcram da ~ultura 
um corpo de materialidade fís1ca c de l<tRcdo leóric.a. 
Krflw;s inicia suas discussões occrcn da moderni-
dade ncgundo o tratado do alcmiio ( l(ltlho)d Lessing, 
c$Crlto em 1766, que estabelece prtmiS.IOI.L~ ~obre o es-
euhum. uiando como paradigma o coa\)unto cscultóri-
co IAot'()Oflf~. encontrado em 1506. em CSCJ\';tÇÕb 
fcal» em Rocrtl. A obra é atribuída ao ese-uhor a:rego 
Alcundrt Rodes. em~ com~ filho~ F\J.ttdoro 
c Atcnodoro. 
t.ç...~l.ngafumaqueafSC'ulnua.toCOflcririo da m6-
~ou da poHI&, que .. form.as de ar1C k'mfl(WiiS. ~ 
ru um• ane un.camecne espacaal Kraur.a contra-1ltgu-
mcnla Tmça.ndo um percurso que LTK'tCia ~·o.luç~ 
h& .. t\•rlc:l a ~nãhses pontuais de olnas de: art~. a crl11c::a 
d(mnn..crn como a tseulrura do século XX .:ap61ap'ie num 
\:tuAlnM:"niO de tempo e espaço. Pura ela, n!lo o;;cria pos .. 
bivt.!l'cllartu' •"~to dois ci.xos. j á que ' 'todu c qu.1lqucr ot .. 
ttunllllçfin c~pacialtraz ea" seu bojo um:• :•l u·maç3o 
t<-.:1*..:a1n d:~ narutcza da experiêncw tcmpcwul", 
Rosalind ~ p6Moe • pttCOI~t um c::aaW:Ibo am-
plo.rd<mdo ... rep<nónode~de-oomo 
Rodin, Booci001. .,.,.,.,, Tatbn, Gabo, Moboly-Nagy. 
Duchamp. BI"III>CUSL Calder. Cl""" Olderlburg. J._ 
Johns. Fnmk Stdla. Oú•,ald Jmld. Dan f'lavin. chegando 
à /and arl de Robcn Smith.'iOn e à.'i instalações oontcm· 
porâncas de Bnn)C Naumun. No pett.'Urso, a auloro oom~ 
p!U".a e con&untà !1\llu. obnu1 em rulaçló ao "\>,~;píril6 do 
tempo", tecendo tbliC'urso~ profundos sobre esses cru-
zamentos cspaç~trotJ)OOIJII, oorpori ficaclo5 a partir t.le 
"""lios f'orm,u,. 
Como tempero cxua pam um c:oudápio repleto de 
dens:ls c 11npomnu:s c:once•waçõcs intelcct~Ws que se 
eompacbm numa k::CI&n de pc>eocas. Roabnd Knuss 
aiod:a nos ((ll'l)CCC anc:doca$ unpmih~ic; soi:Jre as car-
reiras de '--ários dc$!iCJ .,.~..,e as rdações cnue dcs. 
FtCI.DlOS sabc:odo, ror c~mrto, como, antes de ficar 
coobec:ido na Rússia, o JO''CM 'lln.tin .JUI1lOU todas as suas 
economias para 1r tcntJir a vida e:m Pans e se oferec:cr 
como assistente de lllC11..,4iO, lcndo Sido recusado por ele. 
Ou como Martcl Duchanl), \•isit;uldo o at)artamcnto do 
itticianteAie:xandcr C.ldcr, n.pelidou suas obras de ' 'mó-
biles". Està tudo aqui. 
AGRADECIMENTOS 
O prooes50 de rcoonhe«r as dividas imeledua1s 
em que: moom:: um aUior ao ciCf'e'\'CI' um livro é idên· 
tioo, oio raro, à c:xphcaçJo de como de~ernllnado pro· jeto se coocrelitou e J)Or qut tomou sua fonn.a parh~ 
cular. No étlsó do prc~tc 1rubalho, dois g_rupos de 
pes~oas aJudurnm·mc o muldnr meu sentidQ da neces-
sidldc: c do prop6$lto de uma história critictt d3 escul-
tura moderna. Em pnmeiro lu.ear. meus alunos do 
MJ.T. [Massachu:.c!U lnstitutt of Te<:bnology]. da 
Princeton Uni~·er&it)' e do l-lunter CoiJegc-- a quttn bC 
destinao."'UD •rucWmcnlc: meu." es(orços por esclarecer 
dcternunadas ~ c dcset'l\olver uma lmguagem 
descritM.. Sou n ·Klmtemcmt grao P« sua pacitocla 
e toleriacia. ~ia&i q~~e •w.o. por&n. foram. sews pene· 
t:raDlc:s quc:stiocwncrtiOI c sua rdutância em aceitar 
explicações pm:taas que me le\'aram s rcconstder.lr a 
adequação do que ttc: podem de-nominar a visão canõ-
nica do desen\LOI\'ImtlltO dn esculTura no sêculo XX. 
Em teSJ~1 fi busca de clarCI'Jl por pane deles. e minha. 
vi-1uc motivm.la 11 c~lil\:\'1:1' c't~ livro. 
' lendo e m vbt" llh.!ulçar c-... sa clare:r..a, recom a di· 
\ 'CI"'I-'1 l llllU!'I de sr;u\ll..: fljUJ.I lniCICCIUal: COlegas C 
I ' 
amigos críticos, estudiosos e escollores. Lco Stcin· 
bcrg. cujo cns.1io sobre Rodin (oca publicado em Othe.r 
Crlterla) eu havia lido no início da década de 60. foi 
o prime.iro a demonst.rnr·me a impossibilidade de. uma 
concepção <.1.1 esc~•ltura modtma vista como a amite~ 
se da obra deste artista. Minha abordagem sobre Rodin 
nestas páginas deve muito a esse ensaio e. além de o 
tl"'11:to t".((nt('r citaç(ies: de lrechos eo~pedficoJ: do prQtês-
sor Stelnberg. quero registrar aqui a influência mais 
geral que oofri de sua ooncepçãQ da relaçllo de Rodin 
com o modcrnismQ • 
.Paf:t oom Anneue Micbelson, tenho uma dh•ida 
nilo apeo."\s pelo efeito cumulntivo dos ensaios eriticos 
que .. ·em publicando sob~ escuJtura e c inema nos últi-
mos dez anos. mas também pelas várias conversas du-. 
rante as quais ela critiéou, franca c generosamente, o 
meu trabalho. O efeito de seu pensamento teve muito 
a ver oom a imponância assumida pelas questões rcla-
tivns :i temporoJidade na discus....OO que se segue. 
No â.mbito mais scrnl, a comunicklde de trocas com 
oolegas criboos. possjbilitada por meu Cai'b'O de. editoro-
adJunta (b revist.aArt.fomm entre 1971 e 1975,l0j de 
um vaJor iJteSlimá.vel. Além do oonl.3to oorn Anneue 
Michelson c Jcremy Oltbert·ROLfe. quero registrar a 
importãncia de lCJ' tmOOJhado aí com John Coptans e 
RobcrL fin(.US·Witten. t\s criticas deste último. pores-
crito ou velbais., chamaram-me constantemente a aten-
ção para alguns aspectos da produc;~io escultural CQn-
temporãne.'l qoo eu (endia a negligenciar. 
A tarefa de analisar a escultura da déc3da de 80 le-
vou-me a avaliar m.inha própria ootnpretnsão da im-
portãnçia dessa obra. à luz de conversas com vários 
escultores que a criaram, em particular rucho"'rd Serra, 
Robe:rt Smilhson, Mel Boclmer e Roberl Mocris. Sou-
lhes extremamente grata. por sua amizade e generosi-
dade. passada e presente. 
Partes do presente texto foram lidas, em diferentes 
..,;gios ele Seu "-"''~>~Yim<n!O. po< alguos IDlicoa 
meus da comurudadc: da h1Réna da Ane. e eom eb 
di.scutidas. panu.:ularmentc Nan Ptene, euja obra tccr· 
ca do cineuct~ 1110!IU'(MH!t swnamenre esclarece-
dora paro mlm. c Andréc: llayum So\1 profwulamenlc
grata pOr suaJa.ugctiiÔCII, bem como por àquelas apre-
senládas por Karcn Kcnne•ly e a pinlOiit Susan Crilc. 
M inh.;l t'rll torll f\11 V1lr-ina Pre-t~ll, B1ubàrt Ou"'• forne-
ceu a &Juda c o c~imulo nec~sátios a um projeto dcs-
:;a natureza. Sou artiW por )êU tato e éOmpetêncta. 
Como C!J'C h\rodc:Uifta·ie, em grande parte, a cstu· 
d:mtcs, é minha esp.'fllltÇI que reflita o cntcndrmcnto 
cbs perguntas r c;uênc115 ~u.~:itadls pdo contato LID· 
aal com OO,ecos ~ JCOit A meus p::ns.. ~ lan~ e 
Bcnba Epslem. ()) pnn~ a aguçar-me o ~udo 
dessa o:pcriêocia. tinto em iOIS aspectos protimw.•· 
cos como pra.zcroiOS. dtrijo o meu nw$ profundo .,.a· 
decimemo 
h!~<t41 .t!~o·.u•"~ •J.•••·•• .. ,.. I>JU, .J ll111r~ PIOC~•Ifrw• 
'I·'"~'"""'",,.,.., • """"'• t.up ·••I"''"Plàllldr, M"Yk 
INTRODUÇÃO 
Embora tenha Sido HCnto no século xvm. o v. 
t.ado estê'llCO de (Jonhold l..esl.ing. ~Jet•. apll· 
ca.se di.retamcnle l dJjtu51Jo da esfilltura nos dias de 
hoje. Isso porque, no dceurso de sua argumentaç:Jo. 
Lcssing julg.;t n((;csMLI'Io mdngar sobre a natureza da 
cscuJtura e c:ons.idcr;tr de quo modo podemos definir 
a singular expcriêncl:a dcs~:11 ar1e. Se a formuJaçlk> des-
sas mesmas questões cornou·•u: mais necessária aiJlda, 
é porque a eM:Uhusa do ~ulo XX ndotou. repetida· 
UK'.nk, f VI"""' que 0 p(abliCO CO!UcmporAnc.o tc:ve di.· 
fieu!dade de io.:Vfl)Q'far At SUM idé1:1S con••encio0<1is 
:acerca da função tat~C&erist•ca 4bs an-6 plásticas. bso 
foi tio \iltdo para OI objelOS criados por Brancm1. 
Oucbarnp ou Gabo Q,1 db:ada de 20 c:omo o ê para o 
trabalho de \"iOOI dCUIIOfb dos 6himos anos. A 
queslào do que oc pode: <OMicknr ~ wn 
trabalho de escultura t.ornoll-st cada "'CZ mais proble-
mática. Por conscglantc. l!ief'6 conveatente. ao se em-
preender tlm estudo da e.t~Cu1tura deste sêculo. c:xanu-
nàr. a exemplo do que fez; t.c:sj;mg duantos aoos atrás. 
11 categoria ge•'t'l de cxpenêncin em que a escu.lmra se 
ltt>érC. 
• O\ n~~T~enx ~~~ 'tfl\tl.,_ ~ tiOIM 111,18 *"' 1nloo ~ ~N JJ9 
"'""'""'"" , 
Ao tenw ~t-\o em~ l..oocoolue. Lcs.s:íng 
começa por dcfuur- u concb~ lunit.adoras de cada 
ane. Indaga se txlSle al&,u!NI dtferença mcrem.e entre 
um acontecimento tempor81 e um ollJeto estático e. 
caso exista, qual o !leu ;ua:mncado para as fonnas de 
ane relacionãdail oom o pnnloeiro ou o segundo tipo de 
construç1lo. Ao Jcvant..r cna questão, Lessing incur .. 
:sioua IN' uquilv "lu..: \ktavuai•u•mllli ' ' lti<..l noorm~ti\'il. 
Ele: procum estabelecer nonnas, ou critérios ObJetivos, 
que pennitam dcf'imr o que é n:ttuml a um empreen-
dimeolO anistk:o determinado e compt'ééndet quai.s 
seus podc:Rs c:specW1 de mar llgnifteado. Asslm. em 
rnposca à PftiUOla '"o qut é a escultura?"'. lc:ssJQ& 
<kc:bn qw a cscuhun c uma arte relaciooada eom a 
msposi<olo de~ no ._., E. JWosseauc. é pre-
ciso distitlgWr entn: c:s...e eafiter csp3cial deftnidor e 
a essência das ronna~~o llnbllcas. como a poesia, CUJO 
veicuJo é o tempo. Se a rcprcscmação de ações no tem· 
po é Mtural para t1 J)()C!\IIl, tu-gumenta Lessing. nAo t 
narural para a c:se-uhuru ou a pintura, pois o que earac· 
tcriza as art~s visuui.s é o fnto de serem estáticas. Em 
decorrência óessiL coodlçl\o, n'\ rduçôes énlrt as partes 
i(IQin.dll!; dc.o um obj4ti.Q vit.uol s&o ofir.Joci<bs $imuJJ.a. 
11ronrente a seu obsel'\01dor; c.<do ah para serem pcn»-
bi.d:óls e ab;or\1das c:m conJuruo e ao rnesrno ttmpo. 
r.i3 dC:cada de 30. t'..e sentido de WD3 opos~çio 
narural entre uma ant do 1nnpo e urna ane do cspac:o 
lOI'DII"'--sc um ponto de partida b&sic:o pua 3\-'ahar u 
n:ah7..3QÕCS ~utgUlarel da OoCulnn. No li\TO Modem 
Plastic Arf. o priJncaro a U'Jlaf seriamente da c:scuJtu• 
•a do sCculo XX. a 1U1ona, Carola Giedion*\'lelc-kcr, 
\ 'OIIa-se intcirumtnlo IX'f8 o cart\,er espacial do traba-
lho cscuJiural. O ctllusiasmo de Oiedion-Wdcker pelas 
renli7:.çõcs modernfl!l> dullhO:l Orle decorre de sua pcr-
ccpç5o d~1 <:rélii."CIIII.: purct.OI c<~m que a escultura IOi 
touceutl'<\da em "KII ~.:umt._r cspactal à exclusOO de 
11 ' 
I 
quaisquer outras preoc;upaçõu. Em seu modo d~ , .. <r. os recursos c:s:plciais da eseultun em 1Cm'IOS de t.Jgtu· ficado origtnavam-se Otlturalmcnte do f'l.UO de ser ela 
composta de m.'ltéria inene. de modo que sua própria base unplica\a uma: nltO.Sào no espaço e Mo no~ po, Hll observou. ao longo de coda a escultura moder-
na, fOtjar-sc manifcst~menlc um:. relaçlo entre essa 
matéri.\ irttrle cura slstcma M l'nnf~ m~poao 
a da, de modo que liC cstabelcc.a. 00 esraoo eslAtlOC) 
e simuhiinco do cot•po esculcural, uma comparação tntre duas funnas de qu~tude ; a Sllbstincia ~ c: 1m6\"tl do ob,eto c um sistem31úcido e analíttoO que 
aparentemente lhe htwir~ dado rorma. Eln identili<:ou doG! arittlde.! ca.minbol por mcso dos qwau essa cnaa-lilaçllo da maténa fon levada • cabo em fins da &..'ca-da de 30. 011 escultores haviam noali&'ldo o malcrial 
esllitico ··quer atra'lé$ d~ uma delibcn.da slmpliftea-çio dos volumes. quer em lCI'mCb cb dcslntegraçolo da ma~11n pela luz'"l, A obra de Bmncl.•si fo1 o ex~:mplo 
adocado pela autora da capocidode que cem o escultor de rcôai.r o ma•erial à simplicMbde: ,<Jiumêtrica. ao pas!IO que S111um Gabo avultava como o mais nh1do 
expoçnte do uso da lu:t pelo construlor para :~brir a 
ma.ttr-. .. Ull!Õil ....uue de sua ~r\l0Jl'1.. Contudo, se estt,,·cnnos intcressado11 em examm:u 
as dalerenç:•s entre Bmt\Cusi c Gabo. !iei'Í insuficiente falarmos ape:lll! dos sis1emas op:liSIOS ~por 00 pana di~ a nut&la no ~ço *rato e snnu1· tful~,, em qoo. segundo llfC$111T'I trnos., a e11culturu habi· ta rutural:nletltc. So~ forçadoS. cada ,."t~ maJ" a fa. la< de-· O......,...,.., da forma por B13DCU" <ub-ent(nrle urnll eondiç.lio tempoml dlfcrenl<: da de Ootbo: 
seu J<roignific~UI<'I brotá de um conjunto intctramerttc di· '~ dt apdM à COn'lt1êocia cpe o~ tem de seu 1W'Oprio tempO ao \rivenctar " obra. No úux·ot>lfte, Lc'l~ing: cvidcutemcnlé compreendeu 1~-.;o Acre~· 
tou. à 'lln <:i\.~ dutt_nçào erue aru:s semporais c c:.<pa· 
J. llobtrl SIN\I!'I!rl ( 19311-1 ~..,.,-. t960-
~-·-SIII• ... • ._.~fllrt. (ooot'"de Ll91 
V>~h ikllo (l...,l'r41t!CD CiOhl "'' 
.... .. 
-""" -· • 
c1à1S. uma importante ad\'erlmtla: '1"odos os C<Kpo~ 
entretan1o, exisccm n.ilo apcnall no espaço máS tarnbém 
no tempo. FJcs contumtun c pndem assumir. a qualquer 
rn<"mcnto de suu contmuidntle, um aspecto diferente c 
~\1locar-se em rclaçüc11 dircrentes Ca.da um desses a~ 
I 
pectos e agrupamentos momentâneos terá sido o re-
sultado de um anterior c poderá. vir a ser a causa~ um sepm~. cansmuindo, ponan1o, o tcnU'O de wna J(:io presente ... • , 
A prt"nlissa subjacente ao estudo da e:sculwra m~ dcma que se ~la de que, mesmo em uma anr es· pacaal. nlo é ~sh-cl sepnrar espaç<~ e tempo para fins de nnálise. Toda e qualquer OJVOnizacão e<~(\tld:. l 
traz no seu bojo wna a(unlJÇio i:mplkita da auturmL da e>penênda tempOniL A hos!6ria da escul.., mo-deroa eM ará inémnplew sem uma du;cussâo das con-stqüênc•IL.~ h:mporois de um arranJO particulat da for-
ma. Na YC'fd:ade. a hiStária da c:scultWII moderna (00)-
cide c:õm o desem-oh imentCl de duali ~oolas de: pensa-
mento, 11 fenomenolOgia e a lingúíslico ti1mturol, em que: o sianificado ~ tldo como dep(nderue do modo 
como qualquer ronna de ser eoot~m 1 cxpenêoncia la-
• em e de !ICU Opo..o;t() a simullaneidadc contendo :.cm-pre um1 ex.pcnCllcia impUc11a de Mq(lb.cia. Um dos aspec~a& r'l'taiS ood:\'l:is; da ettWwn. mocJema ~ O mo. do como manifeJII 3 con!ICt~ocia cadn vez mnior de 
seus prJittarUcs de que a escultura 6 um meio de cx-pn:ssio p«Uli31mente Sla»do na jUDÇio cntrt rqKIU• 
so e mt'l\ 'lnmlO; c-nh9 o tempo ca:pt\IJ"•do c • ~sa· geo.1 do u:mpo. B d~sa ten~lo, que define: a condição 
mesma da eSéuhura, que prm·ém seu tnorme poder ex.· 
prt'$SÍ\O. 
A rnct11 do estudo que l'iC segue é crf1ica e teórica, bem como hist61'ic-lL Minhtl
intenção ~ invcstiQar a organma~;lk> forma) c 8$ prcoc~õc~ «preutVM ôe 
wn númc:to timltado porém rtpreSlent.tt\Odcobr3s no Jhnbito do desem·olvi.nento da escutturâ modcnw. Por 
eonscguinte, o ~odo uUlizado está mais pró<timo dos 
-...-de caso- do que doi proa<!·- de""' p.100mm:l hiS1ónco. geral. E~es estuc1os VISalll ft ror· 
mar um oonjunto de <:onoeiloil que nJo apenas n,'\relem 
as questÚés cscultur.us impUcrlllS nas obras parucuJares 
cswdodos. mu qve ..,bftn- S« --
do modo·"~'~-...... - mais ~de ... 
que compõem a h1MMI da e:.culnn do sêeulo XlX É minha esperanç4 qu~: f.b ganhos obtidos com o 
exame de uma obra ou de um grupO de escuJturas ro· 
l:.lC1Qnadas compenfit\rDo n» ~rdns que esse ~todo 
i.mJ>Iica em termos de uma unãlise histórica global. 
NumC>rOSlOS' <"SI.'Il ltt'II'Mi fliW" tnottu :firnm nhr.'l ~ il(' ,'111,'1 
qunlidadc n.io forum m<:luldos neste texto. ellqllillUO 
outros de mérito mfc:rior o forum. 1Dis escolhas for.m1 
guiadas peJa dcdsio de abordar 0$ ttspoctcs funda. 
mentais que d•ltmgutm a escultur.L moderna da obra 
que a arueceõe A,.1m. IK'Il' f"(C1T!plo, a oonrinuaçào. 
século XX adentro. dt um nwnerr1o tradkK)Ml da 
fogura- olo t lbonloda n<SUS JlÕI'nas ao bdo 
dos demais mQII. uncn101 di~ Na mmha op•· 
niào. contudo. as questôH reliCioudas à decisão de 
representar a forma humana. po1 inrermb:bo de wn 
vocabuLário. prim1tl\'i~111, i6Uoo ou arcarco, não são 
fundamentais pam o tem:~ do prtSen1c livro. Ha,•'tri 
leitores que ''erâo ni~ uma 001\<:epçã<l demasiado 
estreita da c~ulturD moderna ' lbd;avia., tOrruu as com-
plexas manifc:liUIÇôts de 'una stnsibili~de modcrn ::~ o 
que me propus- l!''(pklftlr t• t~h.o a esperan('a de Qll(' 
os problemas ex.pO!It~ no texto que se segue funcio-
nem como wn COOJW110 dt inH~Stigacôes significatl· 
vas cfctwdas .. p~nde ma!J!S.l tb produção escultural 
por me110 da qui ~e deu forma 1 essa sensibilicbde-
I . 
CAPITULO 1 TEMPO NARRATIVO: 
A QUESTÃO DA PORTA DO 
INFERNO 
Orttufxo. o q..co allànaoocrtf".oo de E.isellsu!iD 
sobre a RC"o'OIUI,"io Ser. ~ttaca. começa com a wmad.a 
de uma estátua. friamente ilununada contra um céu 
escuro. É a estátua de N tCOI"u 11, o c:mr da Rússia (flg. J), 
a qual o cinca_o;ta c:xplorll detalhe por detalhe. cons· 
tnundo com ela umlt im1'-'om de poder imperial. Na 
oena que se segue a CbSn abtrmra, uma multidão acor-
re (Xlta a proça ocupa<L1 pelo nlQnun~nto. Cingindo-a 
d~ corcbs. 01; ,.,..uru.crntoc dorru bsam ";~ ed:itu~ de H'\.1 
pedestal. nwn ato pelo qual !2í!ltnstein simboliza a 
destruição dá cbn..'tiba d05 Ronl<lAO\ 
Nessa primelra ctna. Eisenstetn eqlÕe 05 doi~ 
J'lÓlOS de seu fil:mc - "-'duM rnetãforas opostas que 
C1&abekccm tanlo 'UIIn.llbe da h-,gória ('.()mO o ev 
raço em que au. iC do.ctu"ola- A muhidào e o espa-
~,:o real em que ela ~~e ~imtn&a slo chamados a n:-
J,C($ltlltal' o bcrót dJ Rc::voluc:lo, 810 passo que o inima-
lo!') ~essa Rcvoluçio ~ rcJ,rescntJdo como uma série de 
hleologino; c esp;:tçoll formais, clKia qual simbolizado 
JICir meio de c!l.t(ttwts. Nessa n."CI'inção cinematográfica 
d.t lutá J'da mtHtllt~Ui,'i\0 do poder imperial na Rússia . 
..... \'ll•,;u llum~t hvem a11 ... .,.,es de nto~; c: há wna idcn· 
II(IC*;Io ~i~ea & icoees puticW.U tom con· 
~ polit;cas pomcubNs. 
Thmo.. um cJoqüco1c exemplo de»a ICknnficaçlo 
qunndn Fisenssein introdta a figura de Ktren:Jli, pre· 
Mdcnle clct10 do Govtmo Provi.sóno que a~t~~oumiu po· 
dtt-es dtlaloriois. Quando Kercnski c.sl:t post:'ldo na m-
ltll<ltl dit Mtht do trono do P31!icio t.lé lu~rno. mscnstein 
tnlt'tcona a cena, ultcmaodo lotmutas dele com as de 
um pavOO. Significalivamctlte, o ObJClO com o qual Kc· 
maski ê companldo n.lo ~ um antmal viw). nem uma 
represe&~- de ~ ..... dipmos. ou de 
uma tapeçariA.. O p;do rnocru-ado por E.isc:nstein. ade-
jando uma cintilante plumagem mcti.lica. é um autô-
mato- uma ave moc.~mca de unnnc::ada c::ollStnJçio. E 
o que E.istnstein pn:tende que o tspectador ,,eja. no 
espaça daquele j/a.r/1 do movimento prec-iso da 3\'C:. 
n~ i: umt~ im"ecm (le vfl irllttlt> J'I'!Sl\Oal. ma~ !I ~imbn­
lo de wt• ~cion.aliMUO \!ntpobreddo e obsoleto. Como 
autômatQ, a a\'C rcprc5cnt.u o argumento rac:ionali.sta 
d3 Grande Cadela da EJtilk.~l.'L, em que Deus. como 
Causa Primeira do una' frSO, era equiparado ao supre. 
mo rdojociro. Nc:ua uaJop.. a própria existência do 
mecm1smo de ~'=""' (•nnboi.....OO a S3pC1Ibde 
do anificio bumono) m ·-como J'IO''I do k\ei<O 
e "'Bom OcsíJ'plio'" de um mundo inlrinsecamente ju&-
to'. Para E1sc~1em, cüe atgWT~ento idc:ntirJCiva-sc: 
com uma ítlosofia J)()IÍltcl oposca às LUudaoças e com 
wn propósito de usar as "ooiw como são" pam legi· 
cmtat a opressão. Quando Ken=n.o;ld entra na sala do 
1rooo, o fa~ para rcincrocholr arena de mo•1e nas lci3 
da Rôssia. 
l!m outroll tn=cho!l do filme, Eisenstein explora 
V~IU~ li!JW d~o: ~uhura. iiiiiiS1:U:t 'k N~l\:iv, r~,gu­
raS de Crisw e ldolos pnmilívOS:. A c::ena altura. Dl06· 
tn soldados do sexo fcm1nino, que deftndem o Pilo\~ 
CIO dto lnvnno do llnlnC1liC IWJUC botcbcvtquc:. A 
""""""' du>s obms de Rodon· O />li)<> • O idokJ .,.,_ 
NO. UsaOOo essou. açu~nns em suas ''erSÕe:S de mir· 
~~ F.ism.'ikm f<Koanfa..u de modo que pareçam 
m:.cios moniC$ de t:.anlt, que as mulbcres fitam c:om 
u•n fak'ínio CtUbC'\ocido e e:<1asiado. Com esse recur-
~~•. 1-:ncnstctn fdmu. um ~limt'nto que ob.,.iamesne 
._, ,,,1nm1t~ um:• nrn.t:Lisn• mciOtm d.'l.~ fanta,.iss amoro-
• ... Jlll'\~·dl•"· 
c IU'J'L'(Io fundamental dessas esculnttaS - e de toda 
•- ulhJhJ pam l•bcn!ltein n.lo é sua qualidade mimé-
uca. nAo ~ Ali capacidadt de imi1ar o aspeao d! carne 
em vida. mas seu poder de penomrtcat ideias de a~icu­
dc:s. O ~o búico de F..1s:eosteio é que a esctd-
on. a anc em J<nl t I\JnclameUmcn~e ódeolóp:a. 
Um!l das IIOmU do aiUSClt nnual de represtnta-
çõq escukutais cmprtpclo em Oulllbro é a inelus.\o 
de Rodm. l.uo porque: .sua carrtin. que •e-. e fim em 
1911, exatamente U v~pel'a) da Rco;·oJoçio celebrada 
pelo f11me CJe bJCn..o1tem. produziu uma ane intensa-
mctlte ~1il 10 rncionahj,mo. Vis(a como um todo, • 
esculturu de R.cxlin fo1 o primeiro ataque extremo ~o 
1ipo de pcn::kl..mcrlto representado pela a\·e mcçãnica, 
uml'! idoologaa profulkl<.~mentc arrajgada oa esculturn 
noocldn;ica, quo perdurou em quase toda a csc.uJtu .. 
ra onoccnl181rt ltlé ll obra de Rodin. O modelo raei011<1· 
lista, ao qual !oC prende o nooclassicismo, traz dentro 
de si OOi:. PI'C!I'~11 J)OSlos bás-icos ~ 1> contexto através do 
qu[ll o cmc:ndunemo se desenvolve ê o tempo; c, no 
ctuo d1 C!ICuhuna. o contexto natural da radonaJidade 
é o rell~\·o. 
Os a.rgumtniOI &Ogacos - procedimcruos do tipo 
"'!~~e X~ mt.lo r' ... tq;um1 um desenvolvimento tempo. 
ral. No Amlco deste llpo de nociodruo csá a DOÇ<lo de 
cau.,allcbJc:. do "\"ÍN'IIIArn~ <M' ~f<edloc.~ WM ~USG$, 
que doepcndttn, pn; !!CU própno nlacionamento, da 
-do tempo. """ >«Wos xvm <XIX. piluo-
rn t ~ui~ amb~~.:IOSOS acc~am sem contestar • 
~de que o ~po cn o meió através do qU3.1 • ló-
gtca dJ.!IIn.,llfluçôe!lsoc:iaJs e mora•s se m-c-Ja"\'3- dai 
11 po!ti(lo de ~taque que éonfenram ã pintura hi.siO-
rW:a corno &fnc'ro e~ monumen•os htSIÕric"os. A his--
tóri.ll em <:Ompr«-ndida como Urna espécie de narrati ~t<l, 
en .. ·olvcndo a Prosr~o de um oonjunco de stgnirica-
do' que 1t< reforç;un e ;c eJtplicmn mutuamente. e que 
parecem movtdos por um mecanismo divino rumo a 
u1nr• con<:lus:'lo. rumo :•o significado de um aconte<::i-
mc:nt(l 
A5Sim. qnanclo Frw.,.,.. Rude foo incumbido de 
t~ma das ocuhldl do Arco do Trianfo. c::c:JflSMk:rou 
que ~ trabalho nasccndia a simples representa· 
c; io de um momcnlo da Revoluçlo francesa. As asp•· 
.,,~,.úe~ j:)('lr tri.« da Mtrf"(t>/lt,..<ra, também oonJ,ecida 
t um(l A partltlo dos ~Y)/tmt6rios (flp. 4). de 1833·36. 
111.ull ulOI.Icl:.~r a compO!!içlo como uma
espécie do 
\otiW klllllOI'td cap.1/ de pcll(trar nlém da dcsónlcm 
•I•• tll t.:ltk-"1\h.'~ 11i~t61icoq c revetn.r-lhcs o significado. 
.,. 
Tll aspo~ ~~-por Rude com...,. COO· 
ter~.,orlneos.. fora artiCUlada no final do ticu.lo XVIII 
por Gonhold l..c:ssing.. A obra de arte '·rcu.al, '"em s:uss 
composições coexistcntcs-, argwncnllr\·a, "ni\o pode 
ut•hur mais que um único momc:niO de eçlo c, por-
tunlo, deve t'SCQiher o mai.."i fecundo dele,, 11que!e que 
~ maít !IUgcstivo do que ocorreu Mteriom1ente c do 
que deverá ocorrer na seqaêncm"'· Na Mtm'l~lltesa, 
tt,u(lc consegue captar esse momento. abliOhlti'Unentc: 
lê:çundo, de fonnas focaliza~ at~ um ponto de inten.. 
stdude absoluta donde se verd cmera•.r cntlo o ~tgrufi­
cado, ligando cs.u composição JQ1jcular oos acontt-
cimenkll que formam seu passado e seu furuto. 
Pan at1ngi.r esse foco, Rude orpruza 1 cornpo6i· 
(lo em tomo dto doiS eixos: um t'ixo hori:Eol'lral~ que 
tepr~ra o f'ri:so de so.Jdadc::$. na metade infcnor da obra. 
da forma estc::odida da vitóri.a alada que ocupa todo o 
ampo superior; e um eixo \-crt'IQl, que apruma o 
eapaoo panindo da c::abeçá da vitória. pussando pelo 
meio de ~teu corpo e descendo att 1 junçlo dos do1s 
soldado~t eentrajs. O siguificado do composição - e, 
oonscqUcntemente, do momento q 1.0 rctrllln gim em 
tomo do pónto em que esses dois ebtN se imcrcep-
uuu Rude produ2 a senr.:tç:'ln tiP " m n\0\' imento do-
rot.açJo em torno do eixo \'trlic-al. sobrepondo os cor-
pot do campo inferior de modo a formamn um semt.. 
c1reulo A hnh» dos soldados ~ cntc1'Jir da a~ 
ma domm, do proprio plano de fuodo do 11<0, <....,... 
.. -- pora • &ente ' medida QU< .. desloca pon a e<qumla. O pooro em que.,... ..,... ele corpos 
elin.ec sua c:risu é o ponto de COI.Uio com o eaxo ~oer .. 
tical. e:nl que as duas í~guru CCillT'IiS rtcOnhccem o 
a.imbolo d& vitória. Nessa juoçio. em que eles espe-
lh.1m B 1magcm SUSpensa acima dçlcs, Oi soldOOos 
parecem dctec o Ouxo borizontal do mov•mcnto no 
l.l!lp:l çO e no tempo. F.x.plorando o rt.'<:urso fomlfll da 
t~inlCII ia, Rude cria um ícone que in\ represenlar um 
mcwr.entO particular: o su,.PmcntO d:t eanc;ciênc:ta dó 
significado da ~bcnl.ade. E enLio. ><guindo pora a .,._ 
quetda ao longo do frio,o bon7.0n1AI, as figuroH pare. 
cem continuar seu n'tO'\'imenlo, dessa yez em dn-eção 
ao futuro. 
A organizaç3io da Mar.l't'ihesa é ess;enc:i.'llmentc nar-
mtiva. Os diferente!! gttlUS de relevo, QISOlamento dos 
fl'l\lmbroe d::ls 11sur'*!l pcll' m lomlotocho 00 pl~nej :lr\"oe'l\lo, 
a fim ô: mtcnsificar o efc.:ttO rilmlco dos geSlos dispos-
tos on partS.. a t~nsio cture o movimento lalernl suge-
rido pelas figuras da pane tnfcrior do campo e á rigi-
dez da figura supcnot. ~CmC:ltwtte à de um icooe -
c:udo 1SSO são~ pekb (lu:u~ Rude estrutUra a nar-
ntn<t para o observaJor E o eMC:or::ial para a~ 
laÇAo dessa oamh\'3 é o fato de a obra ,er em tde\.'0. 
ls5o porque, por $\la naturt't.a ~MS~na. o meio de c:x ~ 
pressão do releYO po!:!>Mbthta • lettura da namrtiva. 
A frontalidadc do ~IC\'O obriga o obstr\'3dor a se 
posictonar dimametUC dianee da oln !)ara vC~Ia e, 
dessa forma. assegum que o ef1.1ito d."' oompostção de 
modo algum seja dilutdo. Além dt!ISO, o meio de ex· 
pressão relc"o dependi! da r~ ln~lio trure as figuras cs-
,.. .. erubo:; I" tf'u l'l:~nn ,, f11ntln I ltn~ ve;o; que se com-
pOria como o fundo tlu. ... iomstll de uma pintura. esse pla· 
no abre uoo espaço virtual o~tra\'é:. do qual as f~:guras 
podem dar a in~ de ,e tnO'Io uneowem. ·~s.se 
lllO\-imeuiO - a ap&Rnte crnerséncia do fundo par.ll 
· I\"111C -O C101ftor pode: proJetar OS \-alortS temporal5 
da •wntro·~-. Mais ampocUntt. o meio Rlevo i:nteriiga 
a' lloibilidade dl escultura c • eomprttnsio de seu si&-
IUfK.ado. J)()Io.:, do ponto de ~ç~único, i frente 
da cobra, 1mbs a~ irnplicaçllb gesru.us. lodo o .stgmfi-
' .t,ln da fonna scrilo nccess:.namentc transmitidos. 
<) rciC\'(1, porlmllo, penmte no t)bsccvador oom-
l'h'•·ndt.-r t-inmiUu'lcluncnee duu.~ qualid3dcs t:'CCipro· 
, •• .1 loJ•tna em :;w. co.·o1udo no espaço do plano de 
fuodo c o sipirl<ado do 010111<111o> .,.,.__em 
KU c:onrexto histórico. Muito embon o obit'r"\''ldor 
nlo te de$:1oque efeci,;vnente c:rn •orno da ~hura.. 
recebe a itusio de dispor de tiDta lnfom,çSo quanto 
tena k pudesse cireunavegar as formas llllvcl mois 
a~nda.jâ que lhe é dado visualizar. em umn ónicn ~r­
CCp(âo, umto o desenvolvimento das m:.JL"IlS como 
IIUil copocidade de exprimir um !tlj!nlf'irudo Se a at l-
tudc do escultor para corn o relevo 6 a de um narrador 
onisctcnte a. comentar a rclaçAo de causn c cfeilo dàs 
formas, no espaço histórico c pl'stioo. 1 utitudc cor· 
~spondence do obser\'ador é ddi.n.idra pela r'lalurua 
do proprio rdn--o.: o obscr...dof assumiri uma orus-
amtaa p.v.t.leia em sua latura da obta em .oda 1 luci-
do dtsa. 
Com deito. os teóricos ot10CC:011~J que r~ 
ram acm:a da escutrura Jlf'CS(1'CViam que toda fom\3. 
fosse c l.t independente ou nrto no C)p;li('O, <kvcria al-
cançJlr a cla.reota que parece constilutr 1 cs~ncia mcs-
mn do relevo. "'Todos os detalhes da form~ devem reu-
nir-se tm umn l'onna mais abrangente ... CS<:rovc Adolf 
von llildebrund, .. Todos os juízos parttcularell de pro· 
fundic.l!tdc de\un integrar-se numJulm uniláno. abran"" 
'..:ntc., ci.:. I)I'OfiuWi..W.Jc. De mWv qm:. em OtUma an•\-
ltSe, IQcb a riqu~:.ea da forma de uma flboum aptesenta-
K a nós ClOmO uma continuaç-00 para ri.' de um único 
e ~lqllts plano." E :teresoetalt= "'Onde lloljO n5o ocor-
~. ~~o efeito pia:órico umtino cb f'8Ln. \'m. 
ftea·~ mtio uma r.eodêocia a dutldM IQUiiO que não 
podemos pc1'CCbel • partir do""""' poo"' de,, ... ~ 
~te por meio de uma mudança de po.~çlo Dcíis3 for-
ma. IIOmOS levados a co-otoruar a figur• li.."m q...e ja-
m~t!l ~;e-jamo!i capazes de apreend~la de uma vt'z m. 
~ua lolalidade."• 
'fi• I. portamo,~ o sentido em que a lave mec:tnica, 
o mnômato dourado de Outubro. vuK:ula-se O escultu-
ra de R.udc n.'l Mltrstdhesa. O auiOmnlo fn1. pa11e de 
s ~ ~ 11...0. 1•1 
A (IOffHJ(> it'JIHno. 1110 I 
ll!cl!u!t>, S,48 m •l6~ mo ti 
ftll.\t~iM~'"'(II! Atl fi 
A J. 1\y.Jn. l(JIÓI)otlo d.!t '" 1 h 
um lt>l<munho <la ordem do mundo. A copo<ubde do 
homtrn de criar a 3\'e é utili'*'- pera proclamar sua 
COpa<M!.'Ide de COillpreel>do:r, por an&iOjlll, OI e<forços 
do Cnador do mundo: Sua cngcnhos.idade fhe propor· 
c:iona uma OO.c.e conceitual segurii na 16atea de um 
dctfgmo universal. Da mesma IOrma que • 1wc mecl-
nica traz em si a aspiraçlio de compreender. via imna-
ç.Ao. o funcionamento iOiemo dú nature1.t1, 1\ rf'ilt~vn ri ..-
Rudc nspita a eomproe-nd~ c projet.tr o movimclllo do 
tempo histórico e o lugar nele ocupado pelo homem. 
A 011e Mrrab\--a do relevo é o meto de t ·qm!lls.io de 
Rude. o que •orna essa obra um pAtadagma de toda a 
b("Ullum do $éculo XIX. .. exceto a de Rodm. 
Ma. por que n3o a de Rodin tuni>ém• • .,...... po-
dcru pet'J\Imat. Em ceno sentido. a tai'TC'II'1 do Rodin 
~ IO<almen1< de1mida pelos cstOrços qo< dedicou a om 
ún•co projeto, A fXJ1f11 do inforno, mtcaldo em t 880 e 
no qua ltrnbaUlou até a época de sua 1nonc - um J>rO-
jeto para o qual praticamente toda a sun t-'W"uhura fot 
ol'igintlhnente criada. Tal oomo A Marsdhc.ra, A porta 
di, lnfonto (llg ~l é um rele\'Q, unm OOoornçno e<Jculpi-
dll para um conjunto mouumeniJtl de pottas ltue servi· 
r~un de tntrttda a um futuro museu'. '1\mbtm como A 
Murnlht-~·o, a obm estâ vinculada a um esquema nar-
r.th\ o. kndo !Udo encom.endad:~ como um cK:lo de dU$--
lniÇÕC5 da D;."'-intt COttJidio. de i)Qnk. 
No inielo, Rodin scswu. para a Pona~ uma eon-
cepçlo que obedec::ia às (;(lm-cnçôc:s do rtlt\'0 IWT'ID· 
~ Seus primeiros esboços arqt,utttÔDJCOS para o pro-
J(tO dwadcm a superficie externa do portal em ou.o 
painéas scparacb, c:ada um dos quar5 C()nlcri• ttleo.'Os
NmUi\'OS organizados scqDencialmcntc. Os modelos 
C\·idcntcs desse ronnato eram os grond~:11 ponais re-
tUiiCtntistns, panicuk•tmente n Pbrrn dfJ ,mmÚ'o, de 
Ghibct•ti, paro o batistério da Ctttodrnl de Flo•-enç.o:~. 
Cuntudo, com a oondusâo da terceiro m.aquct<: de ter-
6. llod" A PWtl# do .......,., 
·~· (. 1880 l~r~• •A\ 1 m • 0.63"' uu_llllth, .. 
(l-OtO ~lt'r' (--.,UI 
rxoca ts9 ~- fiCOU claro que o unpul.so de Rodin era 
no .se1uido de repr~ o flU\O do 1empo seqUeocial. 
'lessa maquccc. A) dJ\tii!IÔl~ entre os paioêis isolados 
foram suprinu~ pn.ltc.amcntc por oompJe1o. ao pa.Y 
so que: um grande icone ~ ... IAtioo (oi implantado no 
meio do espaço dnamttlico. CompOStO por uma barra 
horizontal e umll haMe v<:nic:al, encimado peln prée· 
mmenté m..'lli:S::i. vct·~i.:u_l du 1\mwmlt»·, essa imagt:'m .-r n. 
cirorme tc:m o C'fe1to de ccntrnli,.nr e aplainar o espaço 
das pOftlS. sujeitando toda.ii as 11gu:ras â sua prc:sc-nçll 
abstrata. 
Em S\&li \'trslo fu\1.1. ~ ,.,ra do inferno resjite a 
toda$ as teotath~ d.: ._ temprft'ndids como uma 
nmn:U\"1. cocrcnte. Otntrc • ~rus3o de grupos de 
fiJUr~S. "'l'QQtntc cb• estio dttdammte relaciooados 
;\ oarrati\'3 ongtnal da f)f\·ma l'OIMdio. São eles os 
grupos Vgolmo t .\t"ld fllhM e Paofo e F~co 
Cft9.1J, ambos lutando por c~opaç.o na metade inferior dJt 
pona esquerda. 1~ mc11n10 a 5ep11ração e a inteligibili. 
dlk.le dessas duas .. CCOil$" n~m comprometidas peJO 
f:uo de: a rigunl do rilho moribundo do Ugolino ser 
um duplo da fígurtt de 1\ lolo'. &se ato de repetição 
ocorre na outra port", em que, na me1t1de da parte in· 
ft:riór direila. tl.J IJtdal. podemos ver o mesmo corpo 
m::LSCuhno lfiCJ. ~. numa e\tn!m:l di~ diJigindo-
.. e p;ara o alto. Em uma de 'luas 11pariçôei. o ator 5U;:,· 
tem utna figura (~mtOU'II e~ttrada. As costas dele a,. 
t5o arq~ pekl es(orÇO deut gesto. e a tensão ao 
klfl~O da supcri"Kte de WO IOnO f: COI'I'Ipletada pdo lnl-
pu)..O fl3rJ tri.~ de -. cabeça e de! seu pescoco. Essa 
fi ·wa. quando fundida c o.tblda 1so13damentr do por· 
lltl. m:chc u nome de O .filho pródigo (f.g ,). Quando 
•tt•rl:tda à ftgur01 fc:muuna e roorientada no espaço 
'"111 rçb ,;.-.o no corpo ckla, n fígum masculiná torna-s~ 
plllh ' d~..: um grupo in11H1llldO Fugir Amor lllg.ttll. Nlt 
••11• 'lku• li.• I'Uli.J dU'til1, o casal que compõe o Fu 
I lwul . IJ'.trCt:C dU;.I~ \ICIC!I, ~em nenhuma modifit.::t· 
7 [SOJli'OA ~<do li IH lli""""" .. "t<ll elo Ooilrd~ I 
....., ""'.t.-at_.f .. M 
.,._ .... A. , """'' ,...,., rjl~ 
• [JiTIIMl Olllrta.... • 
... ......., t:iltõltle .,.._ 
..._ -. ....... 
·--·· ....... !14 ..... ~,..,.._. Uot•·a.·- ..._ 
....... .._~ 
ç.lo. com e~tceç;1o do Gnauto em que C'\ta relacionádo 
1;1 plaoo de fundo da obra E~o~ie duplo aparecimento~ 
n.,u .. ·d. c a ptópria pm.btlncaa de taJ duplicação Mo 
p ~ 'ôt'ftrmpccacDcomo ecldm&al. Anles. pamxdc· 
now- o mmpunetii.O do pnncipio da 9ngularid;aôe cs.-
ro;o-tempocal que t tan ~-n:qubiro da oarn~r.-a I~ 
.... .~.uma \-e7 que a dllph~,;.-,;lo ttnde a dot'SU\Iir a~ 
ththJ:tdc me<oma de uma IICqiiêncut narrativa lógica. 
N•llOI)(I da Pnrra. Ro<hn recorre novamente à es· 
I• l't}'l·l da rcpcllçOO. A h. A,, m;, sombras (fi9. 111 sàiJ 
uuu• ~~r•\:-..-;:ntac;<1o ttllllicc <kl mesmo corpo -trê:. fi· 
u•u ,, 1 11kn1u,:as i ••,• tli:uU.kl~'lc o partir do ponto em 4ue 
~~~ ht.•,.:•h ~~11U..:Id1r. c .. tcndillos se encontram. De~ 
ta forma. A ... ltiJ J<lnlbtru fimnonam como uma pan)-
d•• da tQd,ç~o de agrupar fi~ tnrhces.. tiptca da 
CC('UI!\11'1 ne«Jássica.. 
'o deicJO de transcender a mformi('.IO parcial que 
qu..'IIQuer lbpecto isolado de uma ftllura pOOr tmlhlni-
tlr. o ~hor neoclãssico d1visa cSI •U'~'-~~~~ Jlarnap~· 
l)Cntar o corpo humano de múlt•pi~L~ VIStas Seu inte-
rcllsc no~ I)Ontos de obscn•nç.llo m\'•lliololl flro\'em de 
umo çonvicção <k que de\-e cncontmr um ponto de 
vi~na ideal. q,ue conterá a totJJidadç dJ inf~mn1~0 ne· 
~C):~na a um.'l apreensio conccttual do objt-10- Dizer, 
fMl' eumrlo. que alguém '"sabe"' o q~.~e C: um cubo. nAo 
p4xlc ~agmfieu simplesmente que o 1nd1\iduo viu 
&ai objdõ. pots qualquer obs-en·I\.-Jo uru<a de •m cubo 
f: ncc~qMamerue partia) C' aaoomrltta o pr.valebs-
mo ~uto dos seis lados e õo.c.e , C"n.~~Cct ~'l<nC't.t1 
10 1i~urtcado da geometna do cubo J&nui~ ('IOdeni 
k'l H ..... dado por uma o~ aç.io únlc:a. O oonhect-
ll ['S()U(MOA ~~~ A• 11• 
SOl*~ !filiO"'-· 
1.881TU I.«Jm•O.Jt.m 
.... sa.IIJ:clll\ Plllll. 
mento que se tem 00 cubo deve ser o conhecimento de 
um objeto que ll';)nsccndc 1as p1u·ticularid.'ldes de uma 
rcrspoctiva úmcu., da <IWtl só se 1>0dem ver, no mbjmo. 
três lados. De,•e ser um conhecmt-ento que faculte oo 
Uldividuo, em c:crk) 11entido.>, \ll:'r o objeto ~ ~rtlr ri"' 
todoo os pOntOS ao meotmo tempo, compl'"«nder o 00. 
1CtO até mesmo cnqw.n1o o '""l ... 
No cla$::.iciss:no. a ~tndtnc 1a do ponto de ' bta 
.uaK.'O C'OSQUM\'11 ser 1r'Madl ophciumenre. peb ull h-
.-ção de ftguras ~ nn plt'C$ ou tno:s. de mo-
•lo 'lut a \<i.sta frorul de uma fi:ura tta apresentada 
Jll'flUltancamcntc eo.n 1 vista posttnor de sua contra· 
I' 1T1~ Sem óeslnur a ~t1ngub:ndadc da fonna indivi· 
,tu.d. surge, então. a pertepçlo de ''m ideal, ou um 
l!p• ~. ~cr1d'ioo de que cwdn figuro •solada ê vista como 
p.,ttlufiC; t' a pnrt1r OOli> rcpre!ICnliw:lo em ~üên· 
1 •••. t•m u1na ~>~ri e de rotm:ôes - o sigtrfficado do eorp<> 
•hhu io e c~abclccido. Durante o inlclo do sêculu 
XIX. nos 05<UI1Ur11s O«>C!i»Ka. de (1001> e Tbo<· 
-.-akh,tn n=presernodaAs trá &rvfUJ 1'9 ,,.,. depa-
ramos com a manutenção dessa CJadJçio JUI'It.amente 
eom o significado que lhe é rntpllcito. O obser"ador 
nJo vê uma mesma figura em rot•ç5o, mas sim trés 
nus femminM q tae representam o COI'J)O em 1"'1 dngu-
IM dtferentcs. Como I)Wn relevo, e:.sa rcp~scm3Ç.~O 
dilltnhui 0.~ I':Ol"J'II'K"' longo J e um pl.11n0 (I'Ontlll \mtoo, 
de modo n ser instantaneamente ICQh,·el. 
A pcrsist~n<::ia dessa estratéab como umn aspi· 
raçlo da escuhum ocorre décadat IJ13J) I.Jt<.k no con. 
JUnto d• Carp<:wx pora a fochada da Ópera de Paris. 
Ab. na DcmçtJ k '~.de 1868-69. aa du..t.a ninfib qoc 
bdtoam. rljUnl --~ dcoempenlwn poro 
o --um pap<l rooiiO femclloante lqud< qae 
hntam de"""J><Qbado as Graças de c.-~ F~pe­
lh•ndo a postur1 uma da outra, as duu fiiU-f'IS giram 
em contraponto, expondo à "ista a. p1ne' ltonllll c 
J>OSterior do corpo. A simetria de Sçu movimento pro-
pore tona ao observador saLi.sfuç..io pela pet-cepçAo 
coull dll forma e pelo modo como ela se funde com a 
IIOCilO dê equtlibrio q ue pcnncia toda o composição. 
Muilo emborn rompa com os qualidude'l 'iUf>CrficiaL'I 
do ~::~t i lo ~M:o»"-..v, A úunfil m•rutm Mlàll premi'i'I3S 
impllcttM e sati.sfltZ, $0b todo:. os IL.'IpctCos, a máxima 
de: •hldtbnnd sobre a ne<:ess1dadc de IOda escuhwa 
obcck~~.:tr 105 pnnc~ do rdc-.o. 
t • n»obedilacia de: Roc111 o....,. pnnciptoo qu< 
IOI'NI ...tf rrb s.otffbtus uma obra pcr1Wbadora. ~la 
s~mpk:t: n:petiçio da Mil"""' f~.gun. m 'eus. Rodin 
renra do grupo a Jdêia de rom~içlo a idt-ia de um 
1mtnjo rhmiCQ das form.as. CUJO oqu1lfbrio pretende 
fe\·elar o tagnificado latente do corpo. O t,.o de sim-
pl~mtfUC altnbar três exemplares id~n11cos dn form:~ 
humnna, um em seguida ao outro. niio <:Otllém n11da do 
11 ignifict~do tradictonal da oomposicào. 1!111 lugM do 
4n&ulotângulo iJwers() pn:tencUdo por C.u.nova ou Car-
peaux, Roctin ;.,p<<o àl..,.. Soool><w um cmbowncn-
10 in.Oex:ivel c mudo Fa1 lJ*) com a ch.sposJçiO siJn.. 
pies, quase prim_rttva. dU 11\.'s c•beçaS no mesmo ní~ 
\'el. oo com a estranha ~içJo dos pcdeslais i<lêoh-
oos - porém separados osobre os quais se ctgoe ca<b 
membro do &fUpo. 0; en&tnho&OII arranjos de CMO\•a 
e carpeaux tln1uun fc1\0 tiS visllls extemas de suas fi-
~;urn$ parecerem lrclniJpiH'OnhMIIl u m Sl:'l)ri(ln rll" ~ien i­
ficado interno.
Contudo. D aparcn•c llimplicidade de Ro--
dio dota suàs ri.gums de um sentido de opacidade. As 
Sombras n3o cmam entre s• urro n:laclio que pare<..,~­
paz de signif tCIIIÇ3o.. c.k cnar um 5ipl0 ttanSp31'C'Jl1e 1 
.... $igllificado Em lupr di- • rq>etição <bs Som-
bnu mlunda ao criaçio d< um signo-auto-
n:fereo-ze. 
Ao daJ a unpreulo de nlo ofere«r ao obscn'ador 
nada além da produçio triplice do mesmo objeto, 
Rodin subsUtu• o oonjun1o narrativo por um conjun-
to que. nlo conta coiw. t\lguma, além 00 rcpetiti,·o 
processo de sua pr6pria criaçâo. A.11 Sombro.s. que 
fíguraJ)l como urna inuoduçno ao espó\ÇO do potta1 c, 
ao mesmo tempo. oomo " '" clima:< desse espaço, s~o 
1ão hostis a um impuhlo numHivo quanto as "cenas .. 
que transcomm na !!Upcrficie 00 portal propriaw~.:u· 
te dlto. 
O corolário da propo!l•.al çQnf~ narrnti-o.a dt 
Rodin é o tdlamt'nto que d! ao rundo real do te1C\'O. 
pois o pboo de: fundo da Pbna simpksmcnlc olo t 
ooncebióo como • mM:nJ11uUonuta de qoe cmu"U'I 
Ollio figuras. O ~\c\'0, como 'unos, deixa s:uspcmo o 
'-olurne pleno de wna fie:un a mtio cammho entre sua 
projeção luerol acam11. do fundo e sua existência .,.,r 
uwl no ·•espaço .. do fundo 1\ çonVC"nçàO do rclc,,o 
c~~:igc que nOO se IC"o'C n.o pé da letra o futo de uma 
figura cslar npcnas pnrclt\1mentc liber1a de seu sóhOO 
tnloruo. Anlcs, (I ru.ndo de um relevo funciona ctliUO 
•• r'l'no Jc um quadro, c e mlerprewdo como wn cspn-
·-------------------------------
(O lbMo dll que se eoeontra a atmo;.So da parte de 
ris ck um rostO ou de um corpo. 
Ao longo de todo o SIXWo XIX. 01 ~hortS bUS· 
can.m continuameU1e fomec:cr ao obser\OOor infor-
mações acerta das faces não vi.suts (c evidentanentc 
imposslveis de ser) dos objelos in lcttol cmbultdos no 
filndo do relevo. t>Jda a incontestávcll'ronl.il lidade do 
rl'rll'!w'l, ~~~ infonnaçôe~ tobn! o t~do ocuho d11 figura 
dc\.·erilm vir simultaneamente com u ,,ercepçilo de 
lUa fucê rrunutl pelo observ1dor. Urru• das e'lmtégi:ts 
pon consegui .. lo já foi aa.nunac.Ja por nó.. n n:pn:sen· 
ta~lo dl tOC.:'lÇào do corpo pot incermédw de uma série 
de fiauras.. como nas Três gnlfcu. de (at'l()'<la, ESSil m.. 
(OC'Q'll(io tambêm en: fomcc1da ~ c:ada ""z maJS. 
armu do século XIX - por metO do UIO mtcnciooal 
de sombras reais fii'O:Ieladas SIObrc o plano de fundo 
pet()) ekmentos figu.rath os em relc\'O ~ ~n:t.fi de 
Thomas Eatins de éenas de co:slwnes corucmpori· 
nc:t"i tt9. l5• ou as placas de Hildelnnd com 1emas da 
AmiguidiKie (fl9- "• são marcudos por um impul!iO for-
m.ll umficador. Quer obset\'Cmi)ll :1 obttl de um nrdcn-
lc re••ll•na, que•· a de um decidido clas11icii11n, veremos 
que as formal> ~io nrranjadas de modo que aç ~mbras 
"'"" da~ proJetadaS (111 ijam a atcnç.1o do OtKervador 
pam o~ lados oculto:~ c ul'J·tsi.,-eis d.b Ci~'\lru.'<i. 
F.m Wl1l c::!IC.:ultuta de \tedar\lu R~. '"ntc"mpoci-
nte 00 trBbaJ}x) •rticial de Rod:tn para a llwtc1, o uso da 
JOmbn prOJf'ta<b fUDt'âona dl ~ ronna que em 
Rude. F..alins OU Hiklcbrand. fOI• sua "«r fi/Jaodor-
llftndo tfio. U) conttm não dob. ~ ~ citme'ft1M fi-
I'Jr1alf\'Q!t, O J'llllll(ito é o circulo IC\l"'nen1t avoluru-
do da cabeça tb criança.. O segwuio ~ o -"C11SU1til1ecido 
da f1ce feminina, em qoo as fUflnll) c6nco'\•õtS e COfl'\oe-
JCO.i da lestn, bochecha e boca clltào reunidas den1m do 
c;c)ntomo ~uuptes do pe-rtil. O terceiro, :JiluJdo entre 
11mho11, é o campO da sombra projetodll i')CIO mJe sobre 
o rostO do t'ilho. O surpreendente nC'.~:• ~ombra é que 
IS CUI(IfA fl•o,..,. L1._111 
(18oW--1'91&A ~ ... C I 
Eft:r'0:. 48Jcm' Jl. I em 
""~~ ,.,._,..d "'' 
....... J 'NfM:1 ...... 
---'~ ()ni(lolo& Olllr.A ... • 
1114t0z;a:d ( I&U IW I ...,.. .. 
......... _,_ ...... ... 
•1.11"' u ........... ,... 
<"'• 
el2 nio fwcjom.. como Nn.l de ~ tspenr, wntroduzu~· 
do uma quantidade de ~ \-U.O rm formas cura-
db da escultura. tampouco ilol'nindo como wn fulcz\l 
de escuridão em que os doi( \'~.Jlwne,. banhados de luz 
::.e equilibram. Lm lu~r tllll.'!(l, a 50mbra produz um 
tesleUlullbo visual do ootro lado da enbeça da mulher. 
As superlicics t~I)Q~l"" da~ faces. que çam.t;:un n 
1cmbronço c:ontlnu.J do t()qu~ df'l ~11cultm ~o mod~U· 
lllS, <:onvertem-sc. por cmhn da sombru, M mais in· 
tensa e pungente 4r<a de l(l(jUC' o contato emre a face 
oculta da m.ic c a tCl>ta i."1\C~tl:t dQ filho. É <:omo ~ 
Ro:.so ~ que 11.io ba:sta'a ntrair fig~.t."nU do 
r,IOdo do rdc'\ú. eh: tambem romctt dados sobre as 
áreas de truração ~ de '-11 modo na matéria da 
t~c:uhura que nem sros dedoe J)C'I'III.'U\UIIC:I nem nosso 
olhar as oonseauiriam ak:aDçar. Scpnmenee faz pclr· 
1e do ~1gnificado prckOdado por Rosso o fato de que. 
para além do bnlbo de sua mode~em. que penni1e 
que a luz exponha e penetre ILII !lupc:rflcleç por ele 
criadas, existe uma regliio uwish'CI d..1 runna. sobre a 
qunl d e é compelido a foruecc::r iJ~rorrrn•çôes'. 
Já n:~ Port-á de Rodin. a 11ombro p•ojclada parece 
cnful i.~:ar o isoL1rnt:nto e a in<kp."'ldêncil'l de figums com 
('llc::no volume em relação ao fundo do relevo c reforçar 
' 
nossa impressão ~ fundo como um objeto sóhdo 
à pane. uma etip!Xte de ob.Jt1b que n1o permitir-' a ih•-
são de que alguàn pode Cft\eTglf, att1."és dele.. um cs-
pac:o aiCm. 
AJém di580, a 110n1bra realça" unprcssio de que as 
(jguras sâolu1cncionulmc:nte fmg:ntentadas e necessa-
riamente iocomplclas. e nllo apcna.<~ perceptiV<"tmentc 
ine<>mp1Qil.ll:l. como •m lto11...0 Com fi Pnrtn, '' lluu\o 
de um rele\'0 atua peta primcara. \le2. no sentido de seg-
mentar as ftaura~ que com~. de apresentá-Las como 
literalmente trunc.a.dlu. de ne&ar·lhes a ficção de um 
espaço virtual em q~.~e po«m dar a tpQriocia de se c:t.-
pMidiJenL Putanto. a Awfa é dcspoj~ sim~­
.-. do npoço e do 1<mp0 que """""""de supor· 
a: para o cieservobr de uma l'&lfJ'3ti\.'3. O c:spaço na 
obra é congtladoe unohtl1ndo; b rtla(:ôest:empan:~ 
~ c::oodu:vdas em dueclo a uma densa ausêocia de 
c1Jre2A. 
f..xlstc: aiOOa um outro nivel em que Rodin desen-
\'Olveu CS$e veio quase pcn·erso da opacidade: o modo 
como re~ion:wu, ou dei'(am de relacionar, o aspe<:to 
externo do corpo à IUil estrutura üuema. Ol> ge.stOb 
H~ic~ produndos pola-41 ngunas de kodin Mo parecem 
t'rtgtoor-sc CIO que !liilbelllOS a.-. sube::Struuua do c::squ..:-
ldo que supona o ~mlCflto do <:orpo. Basta oomp;:a-
r .r. por c.liCttlpl\», o JtUp<) de R.odin intitubdo .k nds 
#1.·11.- tr-1 ••' eom wna obra maiS no estilo dissico, 
1/tn~.J r ÁNnt, de: 1\)!Ja.iuolo ..,._..,.pata percebtr 
tomo ~ :o.e dá. fm ambu. uma figura rnasadaoa 
nu•. t'm pc, wpor\1 wna stgUnd:l erguida DO ar. O 
"'"111(1:1n de hrta mostrado por Pollaiuolo é plena· 
nwnlc cwli~.:OO._, em lcnnos do sisletna de sustentação 
1111•·• na dll cl'Hpo. A l)fi!Ssllo do bmço de J lérc.uJcs cm-
iflnolol c e'>m.lgundo Anlcu tm um dctcnninado pcmlo 
ok• " ' 1 ,:~llunu vcrlcbrul oou~iona uma reação q ue ra~ 
A111o u ·'hiUCIU ~'It.: e t:-.llmr«; 110 mes•no 1empo que. 
hiiV''"''' rua t .. ,.,w lW ombr~ de Hércules.. o faL 
• 
dobn~ 1'3n tr.b da fonna rnfcriOf CoadJ .tçOO da$ 
du..•' rífums •mphca wn impulw e um contr.~-impuho 
<ILIIC 1\..'\·clam a resposta do sistema l!!iQUclé'l•co à pres-. 
'lltl c-:1\..'fl'lól. Ne:».'l obra. o gco;lo ~ mlitlamcnte um re· 
.. u11.1do desse SIMCma imet•lO e. ao mtllmt'l tempO, uma 
rc'•cla.;-1lo dele. 
A d~ de conlotnOI, qae St" pode eooootrar 110 
bromx: """""""'~ raleada e eug<nda qualdo""" 
''Oitamos pm uma obra hCOCitiS!ea que e:<polon o mes-
mo si.\tema gestual de peso e SUSIC(QÇâo. Hércules e 
Llcas, de CaoO\'Jtl!lf XJ>, cxplot'll a f( laçAo euue dois cor-
po.~ emlulll deutro de um COIUOfllO únK:o. definido mais 
tadiçalmcntc :.inda c t1 panir de uma frontalidade aindtt 
mtLi3 <:.'1-plte-ita. A :Kllbf11191lo q \W oo tem ao cam:id~r.:u- a 
obra de Can(J\•a é a ql)C ad\·ém de uma sensação de
deli-
.UÇ.lio - a sensaçlo de que ~ vis5o p;utH..-ular da 
obra. quando a obkf'VItnOS de frtntt, penni~e-nos c~ 
obe<:er com abso1Uia IICJ'ftnça a meclnka do tsfol'\;o 
que consome ó& do&.-. c:.urpo. e que illl< esu: a escullun. de 
si!lllifado. o ..-no que ... r ..... rogurasclcí ...... 
nn um úmoo dc1CI\bo cune1fonne - sua cxtmrudade 
principal """""""' um ""~"'"" pua a fr<nle. coo1n a 
força em sentido oonutno que res•Ste a de. 
Essa dare;~;a de COOll)mO e a primeira COlsa que 
deixamos de ptr<:cbtr em k sw.t Mil,, pois Rodm o 
obSC\trcccu ao umr o peito dn fi~ura masculina no 
torso da Jigura rcminin.t que u primeira sustenta Os 
çot·pos são fw1didos. n~~im, em um únjco contotno 
que: torna a reciprocidade de seu gesto altamente anl-
bi~;.'lla. As oosta" arqul!tldaH M pês :~tttstados da t •gu-
ra mascuhr.a indicam que ria tstá ao mesmo tempo 
~;lindo em razio do pr..ow Qu.! carrega t ergueodo-r;e 
r tra aprrv ou. "'C'JUIW' a outra fi,un.. üdo ao mesmo 
te npo como queda c C"tpPSio, o gesto çontém """ 
-.bi,~ta a qv.al o ClOnhcammto que se tta da 
~ln&tun~ corporal nJo t capar de aprttndc:r rac:lrOO&I-
mcme _ Analogamente. a ftcura feminina. I'CC1Jn"3da c 
• "l'ncndo-liC em uma bola de carne. projeta, ao 
ttt\""'"l) ccmpo, uma )CnJAÇâo de peso e Outuaçao. 1'· 
uniM'!'ihC1 JX:ntlr<n como que no nltc1eo esqoelêhco 
,1 .. \ >1'1'" p1uu ck.osCQbtlr () slgmficado desses ges1os. 
NA11 é uu~t~ -.tniJ)ICii (l~,t~o de se estar olhando u 
1'"1•" \~ ltrtll\n,gulo hlC()tTeto, mas sim a de que. ac' 
COnlr6no de caDa\ .. 00 1\>lJajtJCMo. a obra de Rodlft 
n1o 1au um •~~;oulo de 'isio que stria o .. com.-co• -
nenhum POIIIO de oósen...to qoe p""sse <11>pr<S1ar 
-ia h r..,.... A Opl<idade- por Rodu! 
10 fundo do rc~. na Purto, e ao de$cm.'01vintento 
dM rd~ natn.ll\"15 sobre we é a mesma Ople'Kia-
de qut lnlpnmc aqui aos corpos de suas f~.gUns: uma 
opacidade entre os ,estQJ atravé$ dos QuaL.; el:l-.; ~. 
a;an no mllndo tO 115tema IAatômico miemo J)OrCUjO 
in1ermédt0 Ncs gestos seriam .. c;q,licados ... 
Eun op~1cidadc gc.stuaJ em Je s"is bellt- ê ma1s 
pronuncul(,)a ninda n:• figura isolada de Adà() (f!~ lO e 
em 111111 trfplice urmru;iio. como as Somhrus que enci· 
mamA JNH'ta do l'tfemo. Em Ad<lo, podemos obSCJ"Vt•r 
o C'ttrtmo alongM1eoto tlo pescoço da figura e o o~wo­
lumamenlo nuu.:iço de .seu onJbro. Vê-se de que modo 
CSSil$ dUJJ Pllt'IC$ do COI'J)ó ~O colocadas em Um 
plano pra1.c.uncnte hori.GontaL como se um peso enor· 
me 11~-es ... e puudo' ca~a a1é dcsJocá.fa, de fortn~ 
que o ombro e:st4 d•stendldo para trás a fim de .aJudar 
a $Uo)lcntj.la, E a rdaçio co~ as pernas - uma esri· 
CAlb c a oun fkxionada nio produz o efeito ttb· 
:urdo do contniPQIIIo. tm que o peso Sapon.ado DOr 
uma JK.u .. dl:tu a ourr.t ln.-re pan formar uma be 
t un11. Em lupr dJ~. a perna dolnda de Adão e:stâ 
sorridl c n:puuda. a w.u alongada a quase o dobro 
do COtnptlmtn(O da Ol.ltla. 
Que causa C.lema produ.c. essa pcl5tUn aronnentacb 
em lldJo? Que at<abouço omemo podemos coocd>er. 
30 observar a ligur.~ de rom, capá% de t:<pticar as j)OS.'ii· 
bilid:•dts: de sua d•slerulão? NO\Iruneo(e. sentiJno.,D()jõ 
contra um muro de mmt.ehgibilidade. F\lis não é como 
se exl,ti* um P<'lltO de vista d!frreJJ/e que pudéssemos 
procurnr e 11 parhr do qual pudéssemos encontrar e~ 
Slt« ro!lpo~lo:t. Hxceto um. c nOO é exatamente um lu· 
gar do qu11l &e llaa Otmi:No~r n obra - qunlquer obrd de 
li ""'*' AoiiiQ. 11110 .._ '"••Q."••t.n~~n 
"""Ooll"""· ..,tftf~P!t .. 4-1 
Rod.1n -. mas. antes, uma~ Padc.Tianw:». ducr 
~essa tonebçio é uma m:nça na. ruanift::::tlJ trKIIIJ· 
bllubdt: das ~es. o que imphca rcnt.anl.!"• a 
cerw noç&s de: cansa. eoq,wKO rdok:KJO:kb ao "il"' 
nifteado. ou aceitar a possibilltlítde de Npuf-..~ 
xm a PfOio'l ou a '-erifJC:aÇio da causa. luo ~IJ.mfa· 
na aoetw que os prôprios deitO$ &e apbcam a SI mo.. 
moi que $ÃO :ilg:nifi~t.,;;. ineiU!f;;"·e n.a .a--.~t'l:ltCI" de\ 
que se poderia considerar o fundamento k)&too que 
lhes dá origem. 
é possível avaliou o stg.mficado do que denominei 
f(;~a "condição"' pela força com que desafia 11 imagem 
normal que se lem do eu c do modo como esse eu se 
reluciono oom outros eus. ISS() porque nornu.lmcnto 
consideramos o eu unu subjetividade com um 11~110 
espoçial a seus próprios estados de consciência. um 
nccsso simplcsm<:nle negado a terceiros externos a 
ele Umt1 vez. que cada individuo ~gisua tt!) imprts.-
!IÕO ~soriais 01cdi.a.nte .seus mecams.m<J8 peSMlais 
de tato ou visão. aquilo que ''ejo. (lUÇO ou sinto me 6 
disponl,·cl com um tipo esptt aal de imedlaçào mdlJ.o 
peru.á'"' a qualquer outro. 03 rncvna foriN. I'TIC\t_\ 
pcm.amentOS pam:cm tr.10.Sp01Rotcs a maAha ma~tc 
ClU 8 mtn.Jial toOSCtmaa de UIXI mociO que IOCDCCIIC ll 
msm é dm:to e preseoae. A unpn:s&lo que 5C tem C que 
" QUI! penso pode apenas ser mfcndo por OUita pel* 
-. pode ~~~~~g>-la opcuas iodu<Wnente. oe tu .....-
rur transmitir meus pcnsamtoi.OS. 
I ssa ima&em do eu des:frutAIKio uma rd.c;lo pn\'i· 
lt~tad~ ~ dueta com (lS conteúdos de sua oonsclêl'll.!IJ 
r uma mugem do eu como sendo ~icamcnte pr1\'l• 
dn e dt~reto. É uma im.agetn que C'o'OCa todo um C()n· 
IUOhl de \·;g,•iflcádos derivados de unm c8rcru de 
l'"ll!:nências pri\•tulas às quais cada um de nós ten\ um 
m l'IIIIU .,ubje1i>.'O, signific~ôos cssc.sque existem 11n1c· 
1101 nll'tl té 11 MS$\ comunicac3o com os outro~ no prc· 
f!ol1111' ( \lll"-lilUem. pode-r-se-ia dizer. o próprio runt.kl 
mento JObrt: o qual essa comurucaçio de\ t Mf COM-
InlldL o <uMinlO do qual da-. origwr .... ~ oomcn• 
te pt'lr ter cu essa txperi!oc:ia antenor • meu contaiO 
tOm ouLra l>eloSOa que po5so saber o que ela pretende 
di.r.cr com IIUII$ diferentes ações, seus d1fcn:ntes ges-
tos c ICU~ dtfcrcntes discursos. 
Se tr~msrerida a obSCfVação para o domínio da ell-
cuhur~~ .• a hnpr ... ~liin que~ tOO\ i a d9 que umr.1 hng1.1B 
gen'l ~culturn l somente pode tornar-se coerente c in-
u:Jiah·cl K estf!.•er direcionada para essas mcsmat; con-
diçõei )UbJaccrues da c:t.periência. Sei qu< meu fO'(IO 
aofrc ddennlnadas c:onuações musculares 'lua.ndo c1t-
pcnmtntodore que. porta:nbl. essuoontraçôa u l<lr· 
..,. uma .. prns;o d< dor, .... repmeo!OÇio cb10, 
pcll'- d ..... S<• que--r~ 
anatonuea, ~odem a drtenrunada~ IÇÕel por 
mim pniJCadas.. ~omocammtw. erguer. vtru-mee C"m-
purrar. Pli"C«'na, ponanto, que o tee01~hoc·bnento de 
tau configur&ÇÕCs no objeto escultural r~c ncce:s~­
rio pam a identificação de seu SISJltficado, que devo 
ser CQp.tl.c. de pcrcd>cr. a partir da configumçiio super-
ficil&l. o S\lbscrato an.'ltôntico da possibilid.lldc de um 
~~lo a fim de perceber o significado deste. é t,!la to-
m~uJJCaçO.O entre u superlk1c e as protun<Jel.lls an<~lÕ· 
mu:1a~ que é fru"ttrnda por Rodio. Ele no~ ofctcte &C41~ 
tos dc.spr'O'o'tdo§ do SupOrte. das ai~ a seu "uMtn-
10 ..,.lômiCO propio. sestas que o3o podem r<p>nar· 
se de rnaoc~n ~a lliDil oossa nptriénl.::&aunenor 
rtCCJGhcci"el 
\1M e se o stgntficado não depmcln' desse ttpo dt 
cx.peritnc:1a antenor'' E se o significado. em lupr de 
ante<:cder a «pcrilncia. ocorrer na experiencin" F se 
o cotlh«1mento que tenho de uma scrn.aç.1o, a dor, 
por çxemplo, nlio depender doe um c:onjuuto de lem· 
bt-at~<t..i !ICn'>onais, m.ns for inve•nado de fonnu inédi· 
la c 11111~\Jhlr cada vez que ooorre comigo? M:m ainda, 
c ~. n l'im de ~xperimcntá·la, eu liver de ioentir 11eu 
rqpsuo por meu corpo em n:laçlo .o modo como 
01.111'3 pessos me obscn-a e reat.t 1101 meu~ gestos de 
dor1 E. no que se refere b sen~ de um omro. 
podcnamos indagar se Mo cx.i slc uma certa s:ufici!n· 
cia nn expressão ddas J){)l' pa~ te desse outro. wna 
liUficiência que oão roqu~r que co~ultcmos nosso 
léxioo particular de signiflc.aldO~ JUirn compretndê-Jas 
so, no. verdad e-, lúl ~.ll.pt!fn .• 'lo n (So nmJ)Iis. na10:tto l~xi. 
co pessoal, acresccntnoclo-lhc
um 1ermo llOI/O, ensl· 
nando-nos algo ncwo na própna ori.atnnlidade de sua 
ocorNnc-ia 
&53 imagem do signi fi~ c:nq uanto S.IOC'rónico 
c:om a experiêoc:ia. e Dio nccc»anammtt anterior a 
tia. r .. c~csan-onida por Edmund H_..t ti&S!I-
1938). UID filósofocmll.Í,,idldt llpoeaem ~a car-
mra dt Rodin esla\"'8. nn su.~ m.tundade-". Abordando 
o que f01 chamado .. o paradc·rto do alter<;o"', Husserl 
queSJionsva a noçiude wn cu essenc:ialmcntc: 1)3Rlcu-
l :u e inacessh cl ( sa h·o mdi.r~tlmentc) aos outt'OS. Se 
tlc:\ês.<iemos acreditar nc~s" noçAo do eu particular. 
JU~urnentava, cada um de nós scritl uma pessoa paru 
nc)Ji e outm pcma pnru o~ outros. Parn qut o cu seja 
11ma moma el'ltid;)(le p.ua mim c p:1na meu interlocu· 
'<>I' <le\'0 tornar-me tal como me mnnllc:<Jto aos outroS; 
m ·u cu deve ser formado n.J JW1t;do entre o eu do qual 
ltl'lh•-' ~,;OOSCiêocia c o obJeto cxcerno que \etn à tooa 
mlodlti os atos. gtSt.OS c lOO\oÍtnCf'IIOI de meu corpO. 
t..l~.~:dtl mlbora Rodm Dio tenha tJdo. aaé onde- se 
.,.bc. ncrltun. conuso oom a filok~fia de HUSSC"f'',. 
u.u tkUitwas maaife$Qm uma noçJo do na que tal 
I I tliOfaa c(lmeç.ara a anvtSt1~ H' ntla\ uma falta de 
1 n11 'l11a.;ào. uma falta de conheumenu> pWoao. que 
r lt dqx:ndcc imclcciUaJ c emocionalmente dos 
h• l' lll(IVimculos d.:t~ riQ:U1'31 no momento em que 
1 • , c\lcnorizam. Uó ponto de vista nnrr;uivo, 
••I .t • 1•11111 mcrgulh.;•-11c na percepção de um acon· 
1111 •• ·~ n•• uwmcuio em que Cilc se plasma, sem o 
I 
distancitunento com rdnçlo a essv ac.:ontecimcnto que 
uma tnuória de ;;uas Cllltu CXlftfcnria. Na Puna CIOmO 
Ufl) todo. bem como em ~ figu.1il mdivldual. ~ delidoot na supcrllcie. 
A 'uperOcic do corpo. a hontetl'll entre o que con~ 
sadcfamos inkf"nn, parucular. c o que reconhc:ccmoe. 
como cx&emo c p(,b)jco, é a sede do ,,gruficado na e. 
cultura de Rodin. E. é uma suoe•·Ocie <11 .. npre.eu tgu:&l.mtntc os resullados das forç1~ internas c t"Xtet• 
oa5. Af. forçu tntemas q~e condicionam a 11U()CffiC1e da flifUra são, evidentemente, anmómica~. musculu~ 
rc:5 A:, forças que dão forma à figura a partir de xu 
exterior PfO\am oo aru'ta o ato da maAJpulaçio. o 
anific1o, seu processo de claboraçAo. 
Certas esculturas de Rodin quallc poderlnm servir de du>lraW.S pota um maouol de modela&= em bronlc, tamanha é a clarua com q~ doc~mentam O.!t protcli..~S de SUII ronnaç11o. Esculturas COmO O Turso. de 1877 (fl;g. w. estio crivndas dos acideokt da fundl· 
ção ontocioo olo •·edadM eausadoo por bolou de ar. 
rug.oaid3des c bolhas sura.idas no e<;ligjo de molda· gem o não limadas - umu superOcie mannorizada 
com tb ~ do ~ que Rodin n.lo rtmc::JVetL 
"'*-" ,,un~·~. ct. modo • ClOn\-cncu .. --..~ em le5tetnu· nho..~ viswus dn p;:1ss.aacm do m~::•o de expressão de 
wn e5t~gio a outro. 
Tal ~~ da ftitwa No k" bata aos ati--dentcl do bronze derrccido oo proc:esso de t\mdiçõ.o. As figuras de Rodin també:m eslilo martada~ com ,.,.. 
oah q~ falam de seu5 ri'os de ~m durune o 
es&JgtO de modelagem: o dorso do llomem que anda (fi~lJ) 1'Ccebcu urnn profunda goivadura em seu molde de qila c a rtent:rirlcia JIU:nais foi pn:cncbkla; a Fj.. guru ,(l(d:;wu (llt. 24 ex•br um conta fxa que~ 
\'CU p:~rte da pantumlha dn !)ema ettendida .. mas nc· 
nhuma porçilo ndicioo.al de argila subslitutu essa per· 
da; • u portes U>f<ri« do OOr.;o • wp<rior da> nodeps 
LI. o:r-J! A~· hoo • 
1817.8!00"' ~,8C•··~ 19,8 (111 ..,.,_Gil f\tltl I 
fi'4nt 'IGI>o I~ 
n l»t1 ..... of!YA• o,.,..,... ~ •"»> 
~~~\ l&H lltonlt. N.ill)l!• (;~lfly, 1,1,\;ljh!t,jl 
:foto.....,.....,fl(l 
da mesma 11gura 1.rn1cm a m1u'Ca de um objelo pesado 
que raspou a argiluamd11 \unida, aplain.-.nOO e apagan~ 
do seu deserwolvimcnlo nnatt'lmico. fllzendo com qtiC 
a superficic tcstcmuntw.'lo"'l!l unicamente o tino de que 
31go passou wbre ela l.k-..baStllndO-a'•. 
Rodin obriga o ob:scrvador. em repetidas ocasiões. 
a perceber a obra CôrDO o resulwlo de um procc:sso. 
um ato que deu fOfma l fig\ft ao klngo do wnpo. E 
ui pcrccpçio comute-« em outro ft~or ~ impor ao 
<>~>«n11da< -ia c:oocl><lo • quo .P.., .. rcri: o si@DI· 
fw:ackt •Uo precate a cx-penêncl&. mas ocone oo ~ 
"'~ nlitSlOO da cxpenênc:ia. C(lincKbn na supc-rf'teae 
~L1 obra dois scn1idM de pf't'W!csso: nela a exterioriu-
~;o\•) do ges~o cncontr&·!iC com a marca impressa pela 
·· ~·,\o ctn m1t~la (I() dar rornu à obra. 
l~m ncnhum:t oulm obnl de Ro(lin essa locali:roçiiu 
,lu "'~mrkmlo ua :wp..:rficic t le,·OOJ a cabo de ronna 
'' .. ,, .. dc•~J\il.:rU\! c du'tCI do que no monumtnlO a 8<,/~u· 
'I 
·:f110 'Sl. que Rod1n produ;.riu por encomenda em 1897, 
Emb<n 1)\ ~tl.Jdo\ prthmi~ de Rodin para a obra 
~jam de unw fipr1 ou.a. a \us,io f mal ctwoh-e por 
complcfô o c:orro do tienlor tm lõC\1 robe. Mal se oon~ 
wguo tlkntofi~ JM .Jd.wi'u da vesdmeob OS~ 
~ u ~ •ICilri-la fumemeote~ c o robe meb tio 
pautO do corpo o lcctdo cai doo!: ooiJros até <b ~ 
u m.t.Rpt 'IJ'lM da roupa acc:otualldo a '\'Cftka.lmde 
de wa quc:cb que RJil.e fot le\.'ado a ~ 1t 
Cllbcça do Bul~uc ÇOQl() aJgo tntcir.tmente a parte do 
corpo. A cabeça PQm."l:t "'vi,-cr no õlpice da figura .. , 
e1CI'f'\W R1lke. ••c.:omo ac1uclas bola:; que d.ançrun 
sobre jo~tos d'óaua"· . 
A n•ctMora de Rtlkc, em :ru:t fOrmid:íveJ prt'Cisdo, 
oponta 1Mn1 v modo pelo qual Rodi.n engolf.'l ó corpo 
00 Ot~l:tiC' em um único gesto que se converte na 
repre~;enta~lkt du vomndo da figura representada. Ao 
envoh<er-11o em t.ua vcsliment:t, n figura }U:: o corpo 
J.c..c .... -...,.. ..... 
__,, ..... ,, ... ,.. 
ll'tt• .._--. 
,_,_~ 
~l*lnl ......... 
..... 19711'11~ 
""~ \l.r,;,pt,. u.:... ... 
,... 'l<do ~~o;w..,, ... t .... 
lO AC.ItAA À *'tA -.., A 4 
or.on..G. 1116 C.41111o ..... 
M9tll'l c.,t ... "'cr .. ,., .. 
\ 
do cscntor por meio dnquelc arrnnjo momentâneo. 
cicmc:ru da 5upcr0cic. dó à ~nw come a forma de uma 
cQtuna de lloUSh.:ntac;llo. como se: o ~;ênio de Ball.ílc, 
CQnccntmdo no& feições comrahla-$ do rosto. se man--
ll'.'essc no alto por um \Íillples alO de detcnnuw<,'âo. 
t a lntcrfednc•a d~C um.1 (XÇ:l de: tecido enlft o 
observador c a f t~tun & ulpkl3 que. tal como no &1. 
:ac. caractcnu a obra dt M«iardo Rosso. a que m;u.) 
:r;c aproxima. em apinto. cb ck Rodti'L Coa1c:~· 
nco naiW.O de Rodin. R.oo;,loO passou os úlumos ,-m•t 
anos de sua carmf'l na f rança. oode senna uma pro-
tnda ltl\'l.'Ja da C'n:)CCf!lt ~uu(':ào do primeiro. Jul· 
rando que boa rJne do!. dl'ruêutos .. origina•s·· da arte 
1.k Rodln cslavd JJretocnlc c: e ra at~ auteciJX'Ida na .su.:•. 
lhY..~ ad\tl1iu que ele prórrio havia tlev:~OO o ho:.::cttr,, 
ou esboço, õ c11tntum de obm ··acabad.'l··. C<msidcr:'"" 
111K1 prova dio;so <~ua; M!pcrficie.~ Coctl'SJXldas. cloqíkn-
h"" ~:<~m :lS nutrc:l!l de !lc:us dedos impt'eSS<lS ao molil,'t-
W. e"'" ~do g<.wpuo meooda f-
oaçio do OOIJ>O. 
En1reuruo. oomo vimos em Mik " {illto dormiMo, 
dt 1883, a produção de Rosso. dc..'ôdc a fu'C mw;;i~J de 
wa caneira, mantêm-se na corrcnlc tmdiCI00.1) do rele--
"0 e.....cultural. Por mais que a pele tLI Jdude 4/e tmro. 
de 1886 (119-~ ou dn Mull•er· com ~'éf1, de I 893, es:ccja 
\luc...q,ada e machuciKia. tnl:! tNpcrfialoe nllo atinscm a 
llUI(}o~ufíclência e a opadd:uloc ob4 ida~ por Rodin1:. 
Contmmm a referir-se. paro 3lém de ~~ mtsmas, a um 
l11do Ílt'.ÍSÍ\'rl, a um momento anterior tia cadeia n:'lrnl-
U\'L a projrtv-sc: para dentro. pva uma cond i~io m»-
etonal•r.rcma. É~ em uma obra t.1ante poiJia'ior 
út:r Pwr.'. de 19()6..7,... lJ) que Ror:.o ..e aprac:ima 
dolo l't!CUI"SSS ttUIS profuodos dl .-te dt Rodm 
A lustôoa que certa essa obra tarda.a Slli.d iUJ on-
$ml em uma Yisita feita por R~ a uns amib.'O!. c:m 
111 t 1<t11o lh•.,n 
(tf..I'Gb' 
"" • )11 "" 
Paris. O ese.Itor cotm na o fl\ho menor da fa.ni ha 
me.o escondido a~ do conuudo i entrada da sal .. 
de estar. ouvmdo. tmudo. a con''tT'Sa
dos adultos no 
lado de dentro. Surpreendido pdo oltutr de Rosso, o 
menino recuou rapid;uncnle, le\':uw1o n artistá a des~ 
cobrir, njlquele emaranhado visual de pano. sombra 
e expressão, uma luc;no momentânea de timidez c 
curiosidade. NUQUI,ll\l mornenlo fuaa:r.. kosso enleu~ 
deu como se manife.)tllva u conjun1o ambivalentc de 
K ntimeutos. Com E a· e Puer!. ele exprt$S<l ao me~ 
mo tempo esse etucndrnM.--nto e o :~to de: sua coalts--
cência. As fctçlks da criança tstlo raladas ptlas ~ 
bns da cortiBa q'~~e 'ukam a 'uperftete de cera da es-
culhml. de modo que altõOikkr da carne é su:r.izada 
por uma rep:cscol.IÇiu da rapidtl COID que a 8Jllill1"' 
ção se apresc:otou c de~aJ diante dos olbos do 
anJsta. Assim. a .SUJ>erfkte que obsc:utece e encobre 
a ÍlU3gcm da cna.nç1 cont~m. simuh:ane3mente. o 
significado da cxprcs!!Iio do menino Ecu Puer.' oo-
meça e 1ennioa na snpcrHcic; n11da é sugerido p31u 
alem dela. 
Essa ênfosc na "'upcrfície c o modo como o signi-
fkaJo ~alojado ndu por làtoll:s parcialmente extcr-
nu:. - ~jam ç)ç~ 4 111o.idlnGt., ~idc:nml d~ luz: ou o 
•mpressão casual do pol~1:11.r do rutista - não se res~ 
tnngiram âs ~ aranda J)C'Banlllid:ades da escultura 
<~• ukllDO tlé<ada do o,kulo X I X c da primeita do 
st<:u.lo XX. Embora Rcxhn e Rosso tenham IC'\'Ido 
C'UC aspectO ate ~ mlb pkno trJ;U de sigmfJCado. 
C'lli.'OOtm~ iDdJcJO) de uma $CMibilidade c:om::s-
pwtdente nas artc5 dc:ror&li\'U da época. particular· 
ln,.ntc na c!tfcra do c»iU1o denonunado art noul1t"ou 
• >•·l • c .. teJanl<N. ft06 reftnndo aos tinteiros m~illioos c 
... ~~ ~.:ast lçml> de Victor I lona ou Hcnry Van de Veklc. 
t)llt'l 1111 moh1Mno c:utft lhtldo de llccmr Guimard til~ 
'"· aus \i\,05 d.;.'COI\I<~ de Louis Tiffany ç Émilc 
'l•llt "' ''" li.-. fad~ arquii(..'COOic;ns de Antonio Gaudl. 
en~.-ontnl.mn!i um e;blo dr dntl" qut nlo Nâ rela· 
cion.ado i esntw'1 Dnema do objdo. [m termos ~· 
nu~ o art noro"t"aU apreseobl o ''Oiumc com um senti· 
do u~hre~nci.ado do mtenor, conccntllllldo-~. (:m lu-
gar diSSO, em s~.m superficie. Tal como n~ c11cuhura de 
Rodtn e Rosso, áS supe-rfície~> desses objc•o~ tcscemu-
nhnm um processo externo de fonn3Çilo. Sun execução 
.fiO ri/a rle um mNio f:ll qu t !lf"IUin•ul~ '"~"" 1"\h-lrrvnrvln 
ttl&o moldado pela erosão da roch:• pela Ó&\"1, pelos sul-
c:~ dei~ pelas ondas 113 an;ia, ou p.:kl:~ C'itra"-oos cau· 
8l'ldo8 pelo \'ento; em suma. por aquilo que aM«inmos 
A pL'IS:Icmt de forças rwunus sobn: a supcrflcte da ma· 
tina. D:t:ndo fortn:~. a essas subs.tlncw a part•r de seu 
...,...,..., uis forças a...., --loalpnapors<001 
I Nrtnra tnk'.ma do matcnal sobre o C,U.I1r.~balham. 
Janws ~e podenl encontrar. oo rnobdiínO OrliiOMYau 
cnado petos desígn~n fra:ncao ou bclp.~. uma dis· 
tu1ç-lo cJammcntc formulada entre membros \-'t"11ieajs. 
de 11w:tcnU1ção, e supcrf'~ies borizontcus. A junçJo en-
tre o ~:tmpo e a perna de wna mc111 flu• fomumdo uma 
~oimca t urva. que expressa Lào·somcnlt n nplíctu;flo de 
11lgum1t cspêc•c de pressão cxlcm:• como o VéniO <:ur· 
\'Do junco ou as marés dlo fo• ma oo c11ul<: daló plan-
las a4ud1k:as. 
Oa mesma (QI'ltla. os dcscnb015 cou1 \IUt Tiffany 
ntl:\ 15 M~perfk:ies de stus objct!Ot:$ de .,KJro oh$curc-
~ .uas divisões funcionaiS ou c~runl, eomo a 
JqW~~;lo m.tn ~-corpo. g;upkl e boc• dt: um '-'350-
fo ..rn lupr msso. encon.cramos rftOCJ\'02> dtnv.dos: de 
outros 1rcidos nat.unis memb~ pmu. ~. 
tesas de aranha. folhas - en.Y;CN(Ios no extenor dtbtado 
do ' tdro, ~pressatKto wna p~es!lào wuformc -liObrc a su· 
J)Crfkie. 
l!nconlrnmos, no trabalho tndimcll!sJorwl de outro 
urli '>Ul do fina l do século XIX, um:~ vi~lo cocre-,pon-
dcnlc d11 expressão cscuJtural çomo a dooor~l( .. ,O irn-
prcss:• {I supertlcie de recipientes ocos. A tnúior parte: 
da<>CU!nn de P•ul Ga...,.... ....U..da ou moddoda. 
se di como a apl~lo de r_.... --a 
supcrl1c.e de funnab oca.. ... I .m conconlioeia coro os•m-
pulsos do ur1 nQII\'ttiU c:m geral, a af1iculação externa 
desses roçipicntes como o 1>01e q~ se vê aqui ('i11 m 
ou A rard~ d~ um flllmo niloo fornece indicacOO tllgu-
ma da estrutura intcrn:• 00 objeto. de modo que o ar-
riinjo de umll dqtcrmimul.• p1u·1~ da f31;"f' do ohj,.Jf'l ~""' 
rtlaçãoã QUtra não tmn,milc nenhuma impressàodescr 
rnciQnal ou cslrUIUralmcnte irT'I('.I06IO. Os abaulamentos c 
protuberâncias de5N5 !luperilcae. (3lam menos de wnill 
~ pa$-"'ívcl de )c!f l)f't'lamcntc: conhecida de 
maneira lóa1ca do que de fct~;as má~•cns ou primiti-
vas dt-.~<'lberltt~ pelo artista nn ilto de criaçàu da plêia· 
de p:•ntcullll' de uu::tgens que COO!pôem Cdda objeto par· 
ticular. A c~cullura de Gauguin fuz. referência fl narra• 
li\ a ap:l'lo<l$ para l'«lll' um 'JCfltido de imciooalic.bde 
ou de ~lério. O art•"• DJII"Ctnta Cb fragsnetllOS de 
.ma hi..,.ória. mu KI'D urr. ~õéneia <pe forneça ao 
a4cn'3dor o SCDbdo de um ICe'.SO (JI'l'CiSO e c:ompco. 
\"i\'el ao ç•g.mfK:Idc> do ICIODt«ltnnno aludido por ele. 
(h pmccduncnte»: de qu~ Gaugum se 'ã.le para 
n · , .. to obsct,·ador um ICCIIIIO ao signifteOOo nam 
11 •I · 'UJ c!õeulluról 110 bo;cnlc:lham itqueles empresa 
,j,. I'~'' RCJt.hn mt f~mff dn it!f~·no. Fragmentando 
'' ,j, nhtmcntc m; \'t\rlo~~> prt.ICOl,>OOis•as dentro do con· 
,, ..... ,, ll•••uttw. n.:IOt<ç.uklu a dcsconunuidade c a frag* 
u• ,, 111 ~·nm 1.1uc clc'll'iê movimentam peta supe1'11-
cic. u1n relevo como Ap(li.tOnfN'-'· wx;ê jkuró ft/i: (f g )Q) su~'Ctte a função J6&1ca U'M1u:tODJI ~u modab· dade de tSCUitUI'II". 
C'omo vimo.~;. Rodu1 hu1çou m!o de oulr'd c:stn.tté· gi.a ai.nda n:a /Wta ~ ,, • r un dt frus:trar o sâgnilica-do trachctooal da narratJ\ ... qual..cJa. a de repetir f1gu· 
ras. a c;~;emplo do que rrzera com as Somhtús <f19-H), e 
a de apresenta.!' essas- unidades i~ntlcas uma ao bdo cb ou.,.. ~tapo de .c~ ot111ga a urna ex.pos:•· çâo consciente do proccs.~ de usurpar a menção \'O I ~ 13da paro a finalidade do ob)CtO na narrativa global. Foi t)K tipo de n-~t.a ao proc:~ de c:ri~ que insp1rou a eM:ulmra do mais progressista dos seguido--
res de Rodin: llenri MtlliSiie. 
T....,.lbaodo pn:ponclenooem<n•• _, r._ .x bronze em pequena <:sçala. Mahh.'< explomu boa pnne do ccmt6rio já ooberto muerionncnte por Rodin. A.; i!U-perficaes de suas figuro~o seguem o exemplo do art~ 
mai• \"elbo em JCU testemunho cbl proçedtn:tent~ da modela,gem: nll soi\1adum~ e os acJ\.'ltamcnt()8.. os peque--
nos :~~~.:résciroo; t! subtlat;ões de maacnal. ~ rrt.ll'ae de ~e miuo. ao uaba- 1 "iila. A mclínlçlo de Mntt'ISC pnm expn::..'iSIII a f01m1 humanli J'IOf mel(l de frngn'lí"ntos an:I1Ôtnico.'l ,~~:nva de Rodin. da mc:sm& rt~r­
ma ~ ~ fWOI.ãn do ~ dc::sle.. UNm ()(lno o 
.X:noo de \1ab~o-.c reprodu7 a poe.curn do Jlomu11 qut• m,. 1/a de Rodin. l:tu\lêm-se cnoontntr. aJém dt!..'lt), escult,•ms de \laiiSSC - oomo o \ u ,... pi ror. btu{ar ergu'I(/M ( 1906) e A Sn'/Jt nrlna Cfl• J t) ( 1909)- em que os bntÇ(I6 
e as p~rnas da.,. figuras i!lo expt~bSOS por rolos indife-
rmcaa.Jos de arJPla- uma ~ênda db pequenas figun'lll de btiiM'inos de Rodin. em que • rq>~na­çâo do corpo 11c: detém no primeiro e.stãgio do e.'tboço feito com rolO'! de 81J11a tflt.-m. Com cfe~to, foâ dnK ~1mo pelo processo que se ongmou • fonnu.laç.io 
•naiK ongirwl c mdical das pos~tibllidadcll dn escuhura por \<latisse 
Em 1910.13 ~-modtk>u Clll<O \<n6e$ de Wll3 
co~>eça l'cmmina. prodownclo 1 o!ne - como 
..kanttm~ 1-V Cflvl. n.,., .w.. QllM! organu;a,. em uma pro-
gressão Linear. a aná.ll)t da fonna fis.iooômica pelo 
anrsta. !\essa séne. Mutill<~ liC utili;.a da n(l(âo de uma 
cadcutlinearde ocontccimcnto" conoepc;ão que vimos 
c.hamando de naiTUlivta o 11 reo•·ientr1 <:ón\'er1e11do-a. 
em um~ espécie de Cliéri tumçn.o analítica que guà.r'da o 
rCSJSh'(l de cooccpçÕI!'S c mud.uw;as lormíuS. 
Com a scnaliznç~o d:. cabeçn de Jeamrette. esta-
IUOS longe do tipo de c:onccnttaçfto de uma série de 
n-,ontentos
lustóricos em uma ún1ea unag-em '"fecun-
do\ ... como na M{,l.fUIM.'W. ck: Rudr: 1'19- 4- Em lugar 
dis:JO. somos coo&ontackM com urna pm:epção mica. 
proloQgada atm'ts ~ 'ano-. mornmto5 em qoc: se: 
dt:serrt'OI\"'e -cada q"'1 projCUdo como uma tmqem 
~ .INJurtJtt I· V~ • conelu:sio lógica do que 
fora injeiOOo oom a.s SQ,.bnJ.t; 1 1mbição de interpre-
tar ~ condensar o significado cb h•stóns 3bn:viou-sc 
numa apresemaçOO das ~:tpas da formação de um 
objelO. 
APITULO 2 ESPAÇO ANAÚTICO: 
FUTURISMO E CONSTRUllVISMO 
Esu c wna h»>óna cooi>Cia pelo ,.... fil'I'PO 
MarD:m. que: deu a ela a forma de um ~ircuio narr. 
th'O. para conter. como um anel. as âccn' dura 
oomo pedras. do p••mcuo ~lmrifo'~lo fr.turista. 1!.111 o 
inverno de 1909 Mnnnc111 e <~ lgun::. anigos cst:Jvam 
Juntos :a ahas horu" da M1lc. O cenárioera a cac;a de 
·"larinetti em Milôo. oom seu luxuoso itterior fot'lll íl~ 
do por lapetes J)Cr'>tb e l~m1>11das filig:anãdas. PaJ\\ 
todos cl~. o u.mbu.:nle p.;1 rêCI~ contradücr o rumo de 
l)Oõ.i:, vi'-'a:t. iw.tawJ~t~ll-v• .,,u ~ilençio. Mil ~apncid.itd.: 
de ab3lcar c refletir o •mc:n::tO céu estrdado. os ecos 
abafados da Asua dos can:.u~. a agourent: quietude dos 
pcaJk1os de pecl111 lntLgM\'2~ a banntni;t que cna-
\'a cóm WM lltha l't'pkq de lc:mbrar.ças da Aal•-
guidade. """' llilla alhc .. ._, forças agutinadon> elo 
~ ....... 
A 000\C~ dos am1gos começou t n:Octir cal. 
indignação; mcoc:•onou·c que, para tlê:Ul daquela 
sonolenta lranquilidade. havia homen: tr.tbalhando 
mesmo àquelas hom\, e mvocaram illllgens de vio-
lenta labula: "( ... ) rocuista!\ "limenumd) as fomallml> 
infernais dos grnndcs navios", ou homms abastcun· 
do com co•nbu:,ti\>CI!l lO"" de: locomoti'<lS que ru!ljnm 
noite tdentro. t.ssc: nn.sc.a do rumor e da '-elocid.lde. capazes d"' qucbmr a imobilidade do sd~ncio em que 
..c sentiam :asfuc:iaôol.. levt: como ~3 o repentino nudo dos bondes cmbai,.o de su.1 janela. Eletrizado. Manneni conclamou. ao~ brados. ~s compnnhe1ros o segut-lo a S)irem de c:arro à luz do al'orec::cr. "'Nio há nada ... pita'\~. '"que po!isa •.a:ualar o e..qllcndor d:t es-patb verme lba do !õOl. ra..pndo pd1 pnmeira '~ nos-sa e&euridllo mtlf"nm•t'"' 
Arnontoatam-se ~ aJ;dOI'nC)veit e salram a toda pe-las mns dn cidade. hlCtludo pela ~lodcbdc, \farintni COl'nCIÇ(N a uNar por um fim da .... abedoria do~l­c:.cl.l''. do que já JOr.1 peru .• 'ldo. do que já cn conboddo. C.on-.o que em ~ta. MJa dt!iput' com 11 CXJ)crienci.a tennanou tumultuacLamcnre. poli. 10 daõvlar pcn C\ ttar um• colu;io. seu CWTO c.•potou num:. vala. Pata \Aarloetti. C'SSC choqtr ç0m o peniJO ~m o desfceho necc~ário dà sua experiência: "Oh. \ala ma-tcma·', nclamoo, '"qua~ reple1a de âgualarn:~nta! Ceio esgoto ruhril! EnSQii teu &odo outrtu,·o: e lan-tni..me do abençoado s(;t() negro de mullw :tma .!luda-nc$ól .. Quando <W roeu, imundo e makbeiroso de ba1-xo do JUll)lllÓ\·cl emhorc;.tdo, !ICnll o fc11u incan-~h:: da ak~ perp:;hgndo me &l,"iuMmcme o com\· lo! .. 
I'W háSfória- da CU.spcr.lçào com os ,,,)ore~ de um l'assado honrado e d<: uma corrida qua:sc dbc'l)t-nda em din:çJo a um batismo mdu~ .. 11 nas ilgun:t do dejeto industrial- 6 a coloc~io em prosa das deda-f'liiÇ6es do Mamfosto futun.~ta. O próprio M<mifi•sto J)fo-clanu. um amor pel:l veLockiade e pelo pcri&o ~1a um no~·o tuf(ú da bele1.a, no qual "wn automóvel em 3.1La "doctd:adc. ( ... )é m3tS bcto que a lítônh d~ Sa-molnícüt'". Advogo os w lon:" da ngn~s.'io e da dc:s--trutÇio. clamando pdo desmantclamcnlo de museus. bibl1ote<:ase academ.ias de todas as i.a&ltrWçõc:$ dcldi-
cadul_ ..... ..,~doP"'­
Redigido nn 1909, o Ala111,.Ut1 f01 o prirneirode wna 
longa série de proclama(ôes por cujo intennêdio os 
fururistas ita1ianos buliQntm 1 fctar o CUI'$0 da arte eu-
ropeia. 
AfOra as cspedricidade~ de lK:u contc:ôdo concre--
to, o aspecco extraordinário do Manifostt> nasce du 
o:;Uutég.io de !i\11!1 OJ)f'4t>81\taQilO. (tWO J)Orq~•Q!, oo contt&-
rio de outros e..o;critos ~letieoll - pOderiamos pensar 
no Probfenw d4 jormn, de thldc:brand,. ou Abstm-
ção e ~mpotio. de Wc:.rrinaer -,o ti.!'(tO rasga o d~ 
ro cb argumentação óbjc1i..,a para lançar o leiror no 
deseavolvi.roeoto leqxnl da n.lrftlrva. Sc:u veículo t 
a história. e i atra'loés do nu'(O lnce5S311lt dos acon~ 
cimentos ao tempO que o au10r pretendia 0'131' 5CU 
1mpaao. O mamfnto pt'Of'Wiarnente dtto surte em um 
n}OO)ento espccihC(I dl tu~I.ÓI'Ia. tomando-se o resul-
t.ado objelho, uma. c:xpcn~nch• rt'V'tlad(lra. Como tal. 
busca proJelar u 000101 no dç um conjunto de aoonte-
cimcntos ou \'ai«cll futuro11. 1\e . .<~se senlido. poder-se-
ia oom(Xlrar o Mtmf/,•:Jto, Of)C~nr de c: le ser uma estru-
tura \-trbal. com o rclt.••,ro de Rude, A Mor.~e/hesa (fl9. 
4). Isto é. poder·sc-ID oons•deri-lo relacionado ames-
ma C(ll)(leçao de uma narmuw fort~mente desliJada. 
oom a diferença que. no lu&ar de uma .seqüência que: 
conduz à R:"<'Olu~~,io polhk-a. que consurui seu clíma.,. 
Mannctti colcxa. o avanço do •ndt.blrialismo em mar· 
chL Sua hi.SlÓna é a du lnt)dórias com.-agcnteS de 
sua coosciêotia e: do ~"Oivunento tccnológ.lco. 
cujo pôrllO de mt..-necçlo pnha wn contorno flqca-
mente explic11o na •miJC:m de stu mergulho DO es-go-
[0 de uma fãbric. - IICU corpo 1ilera1mente cm·uho 
pelos subprodutos do pn1grcsso industrial. O Ma11i· 
festo, oolocOOo no centro d.l hi.Mória, resuJu. em um:1 
proclamação do conQCÍIO de velocidade como unl 
vak>r plástico - a V('locul:.dc com•erteu-se numa mc-
láforu da progrtSSliO tcmporallorn:.da cxplic••n e v1si· 
l6.. U.•IH'ttolowcn 1!88l·I'H6• 
o. !loJP -·--9'1'"~ tiO~. 19\l .... ,. ..... 
60,1 C!ll Aoer.o<Jo:o !,1101 K fi"WI'y l. Wo•)IU!I t:k f., ... 11•1*1 M•t-1. ~··'; 
.. el O objeto c=m ~unenao 10ma-~ ti 
tempo percebido. c o tempo lorna·sc unu 11 Vt'\ivel do espaço, uma vez que o lllovtm··•·• 
r.tl assume a forma do rnoWnetlto mcc: 
Dada sua niUureza c=státtÇO, o obJ~.:h• poderi..1 parecet a instrumento mais Uu(M•~~o & 
tq)rt:SCOtar o de1tnrolar do kl'nf'O atr ·"' .. mcnto. Ma$ Umberto Oocctom. o om .. w 
mai.3 d«li~•du .) ·~funnulaç;);o dO e-..ttla• 
nSo pcnti3\'l. a.~tm.. Para c-Jc, o probkn•. 1 dois modos distintos de ser dos qunts o ••hlt"h• participu. O ptlmeito dcsws modos cmul 
eta estni1Utal e matenaJ do obJCIO- n qu,· 
chamar de '>ll35 <:amcteristic-ol$ lncr..-utn 1+ ~feria..• a esse .Lq~etto como '""""'in"'· O segundo modo era chamado por ck "'" t'tlativo" do objcco. lndu::ava com esse· ,,.,," 
tcncra COftllngent~ do objeto ao CSi*""'' q1•e o obscr.,.ador ta mud11ndo de posi(,·uu td ''' te ao objeto e pel'<"ebcndo a font\i'lçàn ~~ ''" 
pametll(b entre ~ C 05 objetOS V\l:lnht OAiwcs.sllo "mO\'tmcnto rchuivo'" refere·~,·''' 1 d i!RensÕc:5 e mudança\ de forma ~ 01.-... ' do uma figwa em f"q)(MbO f~ precif)tl1olll 
ruemo. l:tar:. r~prcS~eDu:u· a siJ\tesc t:lllf( 
uhsoluto e rela&.io.'O de tc:r, BocetOai fuJ n 1 di dade de se cn.-.r ""um fi.tgrto ou, mdh • ., ' fornu1 singul:tr (Jue subuituisse o velhu \ 
clivisio pdo DO\ o C<lOCC"I'IO de (Otllíou.M..._'-' 
A pnmeira C~~CUitW'I a empreender l'"~on + 
criada 1>0r BocctOni em 1912. Com() lllul 1 l 
,;..,.to de tm1c1 ganu/4 110 npuço ~ 
rcza--mort<t compoS1a pM uma mesa. mw• M •• prato c um capo 
EAUIOI"dioino pan uma <lbta tobn: • • objclo~ no fluxo do esraco e dll temp·n t 
o De:seiiWJilimt:Nto M uma gorrofit _. 
~oH c,;ttutut:ado com vb.tuc a 
t1l \~·mnumn::leo.'O.c!ICI'domt· 
r tlaJura. ioõnic:a. ou. seaundo 
r tu Uu .. ;:cionr. ""'11m .saa;no"'. Po" 
:cl>i.b por Boctioru. t forma. 
h1 ou c:a...cos em forma de pt· 
oue"" romo Cll'Ut dunelu. 
' \ h1ne<>a."- no entanto. 1 face 
"t.u1 anifihadb foi removida. 
111 f' h • hcr :1 relaçiio entre: AI 0: IJ'C• 
nucilindros.. o ob..\ctv.ador é 
u I' •llhl de ob."c:mtção ~J)cl.llfiOO. 
!l h• •••l" que c~ série de csfoli.n,. 
P")lle :;cr percebida. 
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('YWIIC;O AHoliiJri:O ~ll'iUOE CONSWJJ lf5")

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