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INTERAÇÃO NEURÔNIO-GLIA FUNÇÕES DO ASTRÓCITO – Regulação do ambiente extracelular (recaptação de íons, etc) – Isola quimicamente as sinapses – Dão suporte físico (formam um arcabouço em torno das células nervosas) – Elas 'ensinam' os neurônios a fazerem sinapse (ponto de troca química entre neurônios) – Reciclagem de neurotransmissores (recaptação de glutamato, por exemplo) para que o sinal não fique permanentemente sendo acionado pelos neurotransmissores – Dar origem a novos neurônios (em pequenas quantidades) – Gliose (cicatrização de tecido nervoso danificado, que houve perda neuronal) – São reserva de glicogênio para neurônios ORIGEM DAS CÉLULAS DA GLIA – Mesma origem das células da zona ventricular (parede interna do tubo neural), que forma a glia radial (precursora das células da glia) – Neurônios nascem primeiro, a partir das mesmas células da glia radial, e migram para fora do tubo neural logo após – Após a formação dos neurônios, as células da glia radial sofrem modificações e dão origem aos astrócitos e depois oligodendrócitos, etc. – Visão tradicional: neurônios são gerados apenas no inicio da gestação, acabando a neurogênese e dando início à formação de células gliais apenas, separadamente. – Visão nova: Imediatamente após o nascimento, ainda há uma segunda onda de grande neurogênese (dobra o número), mas cerca de 50-70% desses neurônios são eliminados. – Seria isso um desperdício? - Não! Essa é uma oportunidade de dar ao sistema nervoso a oportunidade de se auto-organizar de acordo com seus padrões, de se ajustar conforme o uso ou não de determinadas regiões. – O genoma humana possui cerca de 35-36 mil genes. Cerca de 20 mil são ativos no sistema nervoso. – Mas como se forma um sistema tão complexo, com tantas diferentes conexões com tão poucos genes? - Não é preciso codificar cada parte do sistema especificamente. É feito um 'molde' e conforme ele amadurece, vai se moldando conforme sua necessidade. A NOVA VISÃO DO DESENVOLVIMENTO DO SNC – Nascimento: há formação de um pequeno número de astrócitos, além dos neurônios, também filhos das células da glia radial. Porém, o número de células gliais aumenta após o nascimento. Nessa época, o número de sinapses por neurônio ainda é bem baixo. – Fim da Infância/Início da adolescência: Ocorre um pico de formação de novas sinapses por neurônio. O aumento de sinapses está intimamente ligado ao aumento do número de astrócitos. – Final da adolescência: – Envelhecimento: Há perda de sinapse e neurônios. A questão é que isso pode não ser necessariamente ruim. Natália Bonfá ASTRÓCITOS X SINAPSE – Os neurônios produzem proteínas para a sinapse (receptores, etc), mas eles não são capazes de distribuir pelas fibras do neurônio formando sinapses (isso é feito pelos astrócitos) – Na presença de astrócitos, os neurônios respondem 10x mais fortemente aos neurotransmissores nas sinapses (os astrócitos fazem com que a sinapse seja mais forte) – O colesterol é essencial na composição da membrana plasmática, dando flexibilidade a ela. As vesículas sinápticas formadas pelo neurônio são formadas por membrana, que usam colesterol na sua composição. Além disso, a construção/ aumento de axônios demanda uso de grande quantidade de membrana, além da formação de mielina (que faz parte da membrana dos axônios). O colesterol chega nos neurônios através de astrócitos (que podem produzir e transportam o colesterol). Logo, formação de axônios e liberação de neurotransmissores está indiretamente relacionada com os astrócitos. (Obs.: crianças são ávidas por comida com gordura devido à grande formação de axônios e sinapses durante esse período) - Além do colesterol, há fatores que são produzidos pelos astrócitos, que jogam esses fatores sobre os neurônios (tudo o que os astrócitos jogam pra fora, cai nos neurônios), ocasionando a formação de sinapses. (Um experimento pode evidenciar isso: fazendo uma cultura pura de neurônios e uma pura de astrócitos. Mistura-se o líquido sobrenadante da cultura de astrócitos – sem células - com a de neurônios e percebe-se a formação de sinapses). Acredita-se que os astrócitos organizam a distribuição de fatores produzidos por eles mesmos ou neurônios. IMPLICAÇÕES CLÍNICAS – A perda da capacidade da remoção das sinapses que não são válidas para o organismo são a causa de retardo mental. A perda de neurônios e sinapses no momento adequado é essencial! A formação da mente é construtiva e destrutiva ao mesmo tempo – Envelhecimento: está relacionado com a continuidade da perda de sinapses ASTRÓCITOS x ACOPLAMENTO DE TRANSMISSÃO SINAPTICA À GLICOSE – O neurônio não é capaz de fazer reserva energética (o astrócito é quem faz a reserva de glicogênio, que pode ser transformado em glicose ou lactato – o lactato tem transportadores próprios para serem levados do astrócito para o neurônio) – Como não fazem muita reserva, o sangue precisa estar irrigando a região constantemente para levar energia aos neurônios, pois eles gastam muita energia nas sinapses, principalmente (por isso a mínima diminuição do aporte sanguíneo pode ter consequências drásticas) – Os astrócitos controlam a entrada (e fazem a redistribuição) de glicose através dos seus pés perivasculares ao redor dos capilares formando a barreira hematoencefálica. O potencial elétrico no terminal sináptico faz com que as vesículas sinápticas que contém glutamato sejam liberadas na fenda sináptica. O glutamato que 'sobra' na fenda é degradado em glutamina, ocorrendo a reciclagem desse neurotransmissor que é levado de volta para o neurônio. – Mas para o astrócito captar o glutamato, é preciso a ação de um carreador (EAAI) às custas de Na+, que deve sair forçadamente do astrócito. Para haver essa saída de Na+, é necessário utilizar ATP, que é proveniente da glicose sanguínea. Toda vez que o glutamato Natália Bonfá vai ser reaproveitado, o astrócito tem que trazer glicose do sangue para que ele consiga 'expulsar' o sódio. – Logo, a transmissão sináptica glutamatérgica do neurônio é acoplada à entrada de glicose para dentro do astrócito via a recaptação de glutamato. Quanto mais ativo sinapticamente o neurônio, mais glicose o astrócito vai ganhar. Essa glicose, além das funções descritas, é degradada anaeróbicamente em lactato. Este é transportado de volta ao neurônio. Logo, a atividade sináptica do neurônio também é acoplada com a transferencia de mais lactato do astrócito para o neurônio, exemplificando um sistema auto-regulável. Correlação clínica: Fadiga mental – Pode estar relacionada com a queda das reservas de glicogênio de certas regiões que são superutilizadas em determinadas tarefas. Essas reservas são refeitas durante o sono Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - É causada pela perda/morte de astrócitos, que acaba levando à perda de neurônios. DISTRIBUIÇÃO DOS ASTRÓCITOS – Cada astrócito tem seu território, abrangendo seus próprios neurônios/sinapses – A razão glia/neurônio é maior onde há neurônios maiores (neurônios maiores estão cercados por um número maior de astrócitos) NEURÔNIOS x GASTO ENERGÉTICO – Acreditava-se que o neurônio maior gastava maior quantidade de energia. Porém, descobriu-se que não há variação de gasto energético com a variação de tamanho. Ou seja, neurônios grandes ou pequenos, gastam a mesma quantidade de energia. O que aumenta a demanda de energia, é a maior QUANTIDADE de neurônio (por isso o cérebro dos primatas 'custa' muito mais energia) – Quanto maior o neurônio, maior a sua membrana, e maior a área que deve ser repolarizada (a repolarização demanda gasto energético) e maior o seu custo. Porém, existe um custo 'básico',como um orçamento energético, que é fixo. Logo, para o neurônio grande continuar funcionando, ele precisa diminuir o número de sinapses, não aumentando o gasto energético. – As células com metabolismo elevado sofrem mais rapidamente com a falta de nutrição Natália Bonfá
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