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Biossegurança no Laboratório de Microbiologia 1.1 Introdução Nos laboratórios de microbiologia, é comum a manipulação de amostras biológicas e de culturas com agentes infectantes. Trata-se, portanto, de ambientes singulares em relação aos aspectos de segurança, pois as amostras significam um risco próximo ao pessoal do setor. Da mesma maneira que para todas as considerações no ambiente de assistência à saúde, o modo mais eficaz de controle da disseminação da infecção a ser praticado por alunos e funcionários envolve o estabelecimento e a manutenção de hábitos coerentes de trabalho. Assim, é necessário que um laboratório seja montado segundo as normas e os padrões adequados para seu funcionamento, lembrando que os equipamentos de segurança são sempre quesitos essenciais à prevenção de acidentes. 1.2 Objetivos A finalidade das aulas práticas de microbiologia é demonstrar ao estudante as metodologias e os princípios no laboratório de microbiologia, reforçando conceitos teóricos estudados. Nas aulas, serão utilizados vários micro-organismos, inclusive alguns patogênicos ao homem. Dessa forma, é essencial observar normas de segurança no laboratório para evitar contaminação de estudantes, de técnicos e de professores. 1.3 Classificação de agentes biológicos por nível de segurança 1.3.1. Segurança de nível 1: Microorganismos que têm baixo risco de provocar doenças em seres humanos e de alterar o meio ambiente. Não são necessários equipamentos especiais de proteção. O trabalho é realizado em bancadas abertas, de acordo com as boas práticas de laboratório. • Exemplos: Bactérias da microbiota normal e fungos não-patogênicos. 1.3.2. Segurança de nível 2: Micro-organismos que apresentam risco moderado para o pessoal do laboratório, para a comunidade, e para o meio ambiente. É necessário utilizar barreiras de proteção individual (luvas, protetor facial, jaleco apropriado de manga longa, touca e óculos de proteção). Neste grupo estão incluídos todos os patógenos comuns que podem ser encontrados no meio ambiente, bem como no homem e nos animais. • Exemplos de bactérias: Acinetobacter calcoaceticus Actinobacillus (todas as espécies) Aeromonas hydrophila Arizona hinshawii Bacillus anthracis Bordetella (todas as espécies) Borrelia recurrentis Borrelia vincenti Campylobacter fetus Campylobacter jejuni Chlamydia trachomatis Clostridium botulinum Clostridium chauvoei Clostridium haemolyticum Clostridium histolyticum Clostridium novyi Clostridium septicum Clostridium tetani Corynebacterium diphtheriae Corynebacterium equi Corynebacterium haemolyticum Corynebacterium pseudotuberculosis Corynebacterium pyogenes Corynebacterium renale Edwardsiella tarda Erysipelothrix insidiosa Escherichia coli (todas as enteropatogênicas, as enterotoxigênicas e as enteroinvasivas, e as linhagens que suportam antígenos K1) Haemophilus ducreyi Haemophilus influenzae Klebsiella (todas as espécies) Legionella pneumophila Leptospira interrogans Listeria (todas as espécies) Moraxella (todas as espécies) Mycobacterium (todas as espécies, com exceção das listadas no nível 3) Mycoplasma (todas as espécies, com exceção de M. mycoides e M. agalactiae) Neisseria gonorrhoeae Neisseria meningitidis Pasteurella (todas as espécies, com exceção das listadas no nível 3) Salmonella (todas as espécies e todos os serotipos) Shigella (todas as espécies e todos os serotipos) Staphylococcus aureus Streptobacillus moniliformis Streptococcus pneumoniae Streptococcus pyogenes Treponema carateum Treponema pallidum Treponema pertenue Vibrio cholerae Vibrio parahaemolyticus Yersinia enterocolitica • Exemplos de fungos: Blastomyces dermatitidis Cryptococcus neoformans Paracoccidiodes braziliensis 1.3.3. Segurança de nível 3: Microrganismos que apresentam risco infeccioso elevado e potencialmente letal. A manipulação exige a utilização da capela de fluxo laminar (Figura 1) e de todas as barreiras de proteção individual. • Exemplos de bactérias: Bartonella (todas as espécies) Brucella (todas as espécies) Francisella tularensis Mycobacterium avium Mycobacterium bovis Mycobacterium tuberculosis Pasteurella multocida tipo B (búfalo e outras linhagens virulentas estrangeiras) Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas mallei Pseudomonas pseudomallei Yersinia pestis • Exemplos de fungos: Coccidioides immitis Histoplasma capsulatum var. duboisii 1.3.4. Segurança de nível 4: Microrganismos que apresentam risco grave em humanos e podem se propagar facilmente de um indivíduo a outro. A manipulação exige a utilização da capela de fluxo laminar e de todas as barreiras de proteção individual. • Exemplos: Vírus ebola, vírus da febre hemorrágica, vírus da encefalomielite. 1.4. Equipamentos de proteção individual • Luvas cirúrgicas estéreis antideslizantes e individuais: São utilizadas para evitar acidentes durante operações manuais. Protegem contra riscos biológicos, queimaduras químicas, calor ou frio excessivo, cortes etc. (Figura 2); • Jaleco comprido (próximo do joelho, com manga comprida e abotoado): É usado para proteger as roupas contra borrifos químicos ou biológicos, queimaduras químicas, calor ou frio excessivo, cortes etc. (Figura 3); • Sapato fechado; • Óculos de proteção: A proteção dos olhos é imprescindível em operações que envolvam emanações de vapores ou névoas, espirros de produtos químicos, refluxos, riscos de quebra de vidraria e exposição a radiações (Figura 4); • Protetor facial (máscara): Protege a face contra riscos de impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), contra substâncias nocivas (poeiras, líquidos e vapores) e contra radiações (raios infravermelhos, ultravioleta etc.) (Figura 5); • Touca (gorro): Usada para proporcionar proteção à cabeça e partes adajcentes contra partículas desprendidas (Figura 6) Obs: 1. Todos os equipamentos individuais devem ser descartáveis exceto o jaleco e os óculos de proteção; 2. Na entrada do laboratório, é aconselhável a fixação de um painel de identificação de biossegurança (Figura 7) 1.5 Recomendações gerais sobre normas de segurança • Toda amostra biológica deve ser considerada potencialmente contaminada; • Não se deve colocar na bancada de trabalho do laboratório: bolsas, material escolar, livros etc.; • É preciso retirar todos os acessórios pessoais (brincos, anéis, relógios, pulseiras etc.); • Deve-se desinfetar a bancada de trabalho ao início e ao término de cada aula prática; • É necessário lavar as mãos após desinfetar a bancada; • Toda manipulação de amostra deve ser realizada com o uso de proteção individual; • Alimentos e bebidas não devem ser ingeridos dentro do laboratório, inclusive chicletes e balas; • Em qualquer tipo de acidente (derramamento de cultura, ferimentos etc.), deve-se comunicar imediatamente o fato ao professor ou ao técnico. O material deve ser coberto com desinfetante (deixar em contato por 15 minutos), e deve-se lavar bem as mãos com água e sabão; • Todo material contaminado (pipeta, bastão, lâmina, lamínula etc.) deve ser colocado em recipientes adequados (provetas ou cubas com desinfetante). Nunca deve ser deixado sobre a bancada ou sobre a pia; • Os tubos de cultura devem ser colocados nas estantes ou nos suportes adequados. Nunca devem ser postos no bolso do avental ou deitados sobre a bancada; • Os tubos de ensaio e as placas de Petri com os meios de cultura, inclusive aqueles com crescimento de microrganismos, só poderão ser abertos nas proximidades da chama para evitar contaminação; • Os tubos de ensaioe as placas de Petri devem ser manipulados adequadamente. Nunca se deve colocar o tampão de algodão sobre a bancada; • É preciso tomar muito cuidado ao acender o bico de Bunsen, observando se não existe produto inflamável (álcool, éter, acetona etc.) nas proximidades da chama; • As alças de repicagem devem ser aquecidas ao rubro antes e depois de serem usadas. Antes de tocar o material de cultura, deve-se esperar que a alça esfrie próximo à chama; • Ao final da aula, deve-se limpar a bancada; desligar e cobrir os microscópios; fechar o bico de Bunsen e a válvula de segurança; descartar as luvas e lavar as mãos antes de deixar o laboratório.
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