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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE PSICANÁLISE: 
teoria e técnica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
2 
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CURSO DE PSICANÁLISE: teoria 
e técnica 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
A HISTÓRIA DA PSICANÁLISE 
A História da Psicanálise 
A unidade conta com os seguintes temas: 
I Por que Freud? 
II A invenção da psicanálise 
- O caso Anna O. 
- A sexualidade 
- A teoria da sexualidade infantil 
- O complexo de Édipo 
- A interpretação dos sonhos 
- A sexualidade infantil 
- O caso Dora 
- O homem dos lobos 
- A evolução da técnica de Freud 
III Glossário 
 
MÓDULO II 
Teoria Psicanalítica 
I O determinismo psíquico e os processos mentais inconscientes 
II Pulsão ou impulso 
 
MÓDULO III 
I – Estrutura do aparelho psíquico 
- Mecanismos de defesa 
 
 
 
 
 
4 
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- Teoria psicanalítica da ansiedade 
II – O aparelho psíquico- conclusão 
III- Glossário 
 
MÓDULO IV 
A técnica psicanalítica 
I- Os princípios fundamentais da técnica psicanalítica 
II- A posição (ou atitude) interna básica do analista diante do paciente e 
seu material 
III - A interpretação 
IV - A dinâmica da transferência 
V - A análise do conteúdo sonho 
 
MÓDULO V 
O funcionamento mental. 
I A relação entre o conflito psíquico e o funcionamento mental normal 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
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MÓDULO I 
 
 
A HISTÓRIA DA PSICANÁLISE 
 
I Por que Freud? 
 
De todos os pensadores que, nos últimos 
duzentos anos, modelaram nossa compreensão da 
natureza humana, é indiscutível que Sigmund Freud 
encontra-se entre os mais importantes. Em toda a 
história do pensamento ocidental, talvez apenas Platão e 
Marx aparecessem em escala aproximada. 
O que dá a Freud tal importância, a qual ele parece manter mesmo diante do 
mais feroz e contundente dos seus críticos? Uma forma de responder a tal questão é 
considerar a extensão e a natureza da transformação que trouxe para a psicologia. 
Antes de Darwin, a psicologia, assim como as ciências naturais em geral 
estavam profundamente enraizadas na religião. Da mesma forma pela qual, físicos 
como Isaac Newton (ele próprio cristão devoto) examinavam a natureza, na 
esperança de desvendar os segredos de seu criador divino, aqueles que estudavam 
a natureza humana eram conduzidos por exigências religiosas semelhantes. De fato 
a psicologia não era originalmente mais do que uma vertente da teologia 
cristã; a própria palavra foi criada, no século XV, por teólogos dedicados ao 
estudo da alma. 
Tal como várias formas de saberes modernos, a psicologia, como disciplina 
que emergiu gradualmente durante o século XIX, conservou várias suposições e 
hábitos mentais pertencentes à idade da fé. Tinha suas raízes, de um lado no 
pensamento de Platão, e, de outro, nos ensinamentos de Jesus. O que as tradições: 
platônica e cristã têm em comum é a crença de que seres humanos são feitos de 
duas entidades distintas - um corpo animal criado por Deus e um espírito, mente ou 
 
 
 
 
 
6 
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alma dado por Deus apenas ao homem. 
A psicologia estava interessada na alma dos seres humanos. O interesse da 
psicologia em fenômenos cognitivos como memória, inteligência e percepção é uma 
herança desta perspectiva centrada na alma. 
Ao criar a psicanálise no final do século XX, Freud modificou essa 
perspectiva que existia até então. Uma disciplina que, antes, se interessava apenas 
por um extrato seleto e relativamente puro da existência humana, se viu, de repente 
diante do todo da vida humana. Os mais profundos sentimentos de homens e 
mulheres, e acima de tudo seus impulsos sexuais, claramente excluídos da filosofia 
por Platão, como forma de corrupção intelectual, foram então postos como tema 
central desta nova ciência, a psicanálise. 
O enorme apelo de uma forma de psicologia que coloca-nos de frente com 
um dos assuntos mais fascinantes que há – nossa herança animal e, acima de tudo, 
a natureza do desejo sexual humano, assim como a variedade de comportamentos 
sexuais – não deve ser subestimado. 
Provavelmente, seja por causa deste apelo que muitos não hesitaram em 
alçar Freud à condição de verdadeiro revolucionário intelectual, tal como fora 
Darwin. 
A fim de podermos avaliar se as realizações de Freud merecem a posição 
de excelência que desfruta em nossa cultura, faz-se necessário expor como a 
psicanálise veio à luz e por que Freud colocou o sexo no centro da ciência por ele 
criada. 
 
 
II A invenção da psicanálise 
 
A história da psicanálise está intimamente ligada com a vida de Sigmund 
Freud. Ele nasceu em 1856 em Freiburg, uma pequena cidade da Moravia, que se 
tornou parte da Tchecoslováquia. 
Quando Freud tinha quatro anos, seu pai, um comerciante de lãs judeu, 
mudou-se com a família para Viena. Freud cresceu, foi educado e clinicou em Viena 
 
 
 
 
 
7 
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durante toda a sua vida. Em 1938, fugiu dos nazistas, mudando-se para a Inglaterra, 
onde morreu no ano seguinte. 
Freud foi, antes de tudo, um cientista empírico. Acreditava que a chave para 
desvendar o segredo dos processos mentais seria encontrada no estudo da 
fisiologia do cérebro. 
A abordagem dominante da fisiologia humana na Europa durante os anos de 
formação de Freud era a escola de fisiologia de Hermann Helmholtz. De acordo com 
os princípios desta escola, os processos fisiológicos e mentais eram produto de leis 
causais e sequências que poderiam ser reduzidas aos princípios da física, como o 
princípio da inércia e da conservação de energia. Charles Darwin, que era muito 
discutido nos círculos científicos da época, também influenciou Freud. 
Em função da sua criação na tradição judaica, Freud tinha uma profunda 
estima pela palavra. Manteve em sua vida, o fascínio pela literatura, particularmente 
pelos escritos de Johan Wolfgang Von Goethe e William Shakespeare. 
Por intermédio da sua familiaridade com a literatura e religião, Freud 
familiarizou-se com os papéis do simbolismo e do significado para entender as 
complexidades da mente humana. O pensamentode Freud sempre manifestou um 
elemento romântico, e não foi ao acaso que tenha sido agraciado com o Prêmio 
Goethe de literatura. 
 
Formação médica - A experiência de Freud na faculdade de medicina trouxe 
as bases para sua orientação científica posterior. O predomínio intelectual da época 
era o empirismo científico. Sua ênfase na medição e observação estava substituindo 
o misticismo e o romantismo que haviam impregnado o pensamento científico na 
Europa Central na primeira metade do século XIX. 
Durante os anos de estudo da medicina, Freud foi profundamente 
influenciado por dois mentores, Ernst Brücke e Theodore Meynert. Estas duas 
figuras dominavam a pesquisa fisiológica na Europa durante aquele período. Freud 
também trabalhou no laboratório de Brüke e considerava-o, em particular, um 
modelo cuja integridade e disciplina científica deveriam seguir. 
 
 
 
 
 
 
8 
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Brücke, Meynert e Exner apoiavam a idéia de que o sistema nervoso opera 
por meio da transmissão de excitações quantitativamente variáveis de terminações 
nervosas aferentes para as eferentes. Como a base química da condução neural era 
pouco entendida, supunha-se que a condução era de natureza elétrica. A noção 
central do pensamento de Brücke era de que a mente e o corpo são organizados por 
intermédio do paralelismo psicofísico. O arco reflexo era seu modelo de 
funcionamento neural. 
Em outras palavras, nenhuma atividade central 
espontânea existe no sistema nervoso; ele meramente 
funciona como um instrumento passivo que permanece 
inativo até ser estimulado por energias exógenas. O 
resultado final do estímulo é a redução da irritação que 
ingressa a um mínimo. Essa fisiologia de forças e 
energias, baseando-se fortemente na doutrina da conservação de energia, exerceria 
um efeito de longo alcance sobre o pensamento de Freud. 
Após a graduação na escola médica, Freud continuou a trabalhar no 
laboratório de Brücke durante um ano. Foi lá que ele desenvolveu sua ambição 
científica predominante. Sua idéia era aplicar os princípios de Brücke ao sistema 
nervoso. Ele estava convencido que tanto manifestações psicopatológicas como o 
funcionamento mental normal poderiam ser explicados em termos das forças e 
energias que regulam o sistema nervoso. 
A pesquisa de Freud foi interrompida quando ele se deu conta de que o 
trabalho de laboratório não era suficiente para gerar a renda necessária para 
sustentar a família. Ele havia se apaixonado por Martha Bernays e foi forçado a 
iniciar a atividade clínica para prover um padrão de vida adequado à sua noiva. 
Em 1882, começou a trabalhar como clínico geral no Hospital Geral de 
Viena. Após uma passagem pelo serviço cirúrgico, começou a trabalhar na clínica 
psiquiátrica de Theodore Meynert. 
O contato de Freud com a neuroanatomia e a neuropatologia, sob a 
carismática liderança de Meynert, levou-o a escolher a neurologia como 
especialidade. O estudo de amentia de Meynert (psicose alucinatória aguda) 
 
 
 
 
 
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exerceu um efeito duradouro sobre Freud e contribuiu para o conceito de satisfação 
de desejos, que posteriormente viria tornar-se uma parte central da sua teoria do 
inconsciente. 
O primeiro embate mal-sucedido, com a fama ocorreu em 1885, quando 
depois de realizar experimentos com cocaína. Ele buscou reconhecimento 
acadêmico, publicando um artigo que descrevia a droga como uma terapia 
miraculosa. No entanto, ao escrever tal artigo, deixou de observar as propriedades 
cruciais da droga como anestésico local, ao mesmo tempo em que omitia a 
necessidade de prevenção contra o vício. Mas, Freud não se deixou dissuadir por tal 
episódio desafortunado. 
Ainda em 1885, recebeu uma bolsa que lhe permitiu estudar de outubro de 
1885 a fevereiro de 1886, na Salpetrière, em Paris. Lá sua carreira foi 
poderosamente influenciada pelo grande neurologista francês Jean-Martin Charcot. 
Charcot especializara-se no tratamento de pacientes que sofriam de uma 
variedade de sintomas físicos não explicados, incluindo paralisia, contraturas 
(músculos enrijecidos que não podiam ser relaxados) e ataques. Alguns destes 
pacientes adotavam uma postura bizarra (chamada de arc-de-cercle) no qual se 
jogavam ao chão e arqueavam o corpo para trás até ficarem apoiados apenas pela 
cabeça e pelos calcanhares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Charcot em suas aulas em Salpetrière. 
 
Finalmente Charcot concluiu que muitos de seus pacientes sofriam de um 
tipo de histeria induzida por suas reações emocionais e acidentes traumáticos do 
passado – como cair de um andaime ou ser vítima de um acidente de trem. Em seu 
ponto de vista, eles não sofriam dos efeitos físicos do acidente, mas da idéia que 
tinham formado sobre ele. 
Sob a influência de Charcot, Freud ficou fascinado pelo problema da histeria. 
Enquanto a maioria dos neurologistas não levava os fenômenos histéricos a sério, 
Charcot via-os como dignos de um estudo cuidadoso. Embora os considerando 
relacionados a uma degeneração congênita do cérebro, enfatizava o papel da 
hipnose no tratamento dos transtornos histéricos. 
Quando Freud observou o surgimento de manifestações histéricas pelo uso 
da sugestão hipnótica, começou a considerar a possibilidade de que a histeria 
tivesse origem psicológica. Freud desenvolveu a idéia de que uma das principais 
formas de neurose ocorre quando uma experiência traumática leva a formação 
inconsciente de sintomas. 
Freud retornou a Viena em 1886, decidido a continuar com seu duplo 
interesse em hipnose e neurologia. Na busca de mais conhecimento sobre as 
aplicações clínicas da hipnose, viajou para Nancy, na França, para estudar com 
Ambroise-Auguste Liébault, que estava tentando remover sintomas neuróticos por 
meio de sugestões hipnóticas. As observações sobre os usos terapêuticos da 
hipnose convenceram Freud de que poderosas forças inconscientes estavam 
envolvidas na motivação e no comportamento humano. Ele também percebeu que 
os próprios médicos podem desempenhar papéis significativos como instrumentos 
de mudança terapêutica. 
Em 1891, apareceu o primeiro grande trabalho neurológico de Freud, 
intitulado Afasia. Ele trazia uma explicação funcional para variações de transtornos 
afásicos em termos de rupturas de vias associativas irradiantes. Naquele mesmo 
ano, com Oscar Rie, um pediatra, ele foi coautor de um importante trabalho sobre 
paralisia unilateral em crianças. Dois anos depois, ele escreveu uma volumosa 
 
 
 
 
 
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monografia sobre paralisia infantil que recebeu grande reconhecimento. 
Concentrado em ancorar a psicologia na neurofisiologia, Freud lutava para 
aplicar os princípios da escola de Helmholtz aos mecanismos da mente. O resultado 
foi seu trabalho intitulado Projeto para uma Psicologia Científica. 
Freud ficou insatisfeito com o que escrevera e desejava destruí-lo. Este 
trabalho foi publicado postumamente, em face do reconhecimento de que tivera uma 
influência de grande alcance sobre as idéias posteriores de Freud. 
A explicação de Freud era que a dor poderia estar associadaa um excesso 
de excitação nervosa e o prazer poderia ser visto como o resultado final da descarga 
desta excitação. Na raiz da teoria, estava um modelo de sistema nervoso que se 
apresentava como um recipiente passivo de estímulo de forças externas e um 
conceito de motivação em termos de tensão ou redução de impulso. 
Freud baseou-se no princípio da constância de Helmholtz. Esta teoria insistia 
que a soma das forças deve permanecer constante em qualquer sistema isolado. 
Em seu Projeto desenvolveu a idéia de que os processos mentais constantemente 
se empenham em obter equilíbrio ou homeostasia. 
Freud, quando escreveu o Projeto, acreditava que se uma pessoa 
experimentasse uma impressão psíquica, algo em seu sistema nervoso, que ele 
chamou na época, de a soma de excitação, aumentasse. Existiria em cada sujeito, 
uma tendência constante a diminuir esta soma de excitação, a fim de preservar sua 
saúde. Este princípio de constância serviu como a fundação econômica para a teoria 
dos instintos de Freud. 
Embora muitas das idéias de Freud em seu Projeto tenham sido confirmadas 
por estudos neuropsicológicos mais sofisticados, ele não obteve sucesso na 
tentativa de sintetizar o psicológico e o neurológico. 
Em alguns de seus trabalhos, Comunicação Preliminar (1893) e Estudos 
sobre a Histeria (1895), as noções da descarga de afeto e excitação cerebral 
derivam das idéias geradas no Projeto para uma Psicologia Científica. Além disso, o 
modelo da mente apresentado na obra principal de Freud, A interpretação dos 
Sonhos (1900), também tinha claras raízes no Projeto. Finalmente, sua 
compreensão do princípio do prazer-desprazer foi profundamente influenciada pelas 
 
 
 
 
 
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teorias básica do Projeto. Inclusive bem mais tarde, em 1920, em Além do Princípio 
do Prazer, os derivados do Projeto são claramente evidentes. 
O interesse de Freud pela neurologia clínica diminui gradualmente, entre 
1887 e 1897. Sua colaboração com Josef Breuer, um destacado colega mais velho 
com quem ele trabalhara no instituto de fisiologia de Brücke, levou-o às regiões mais 
profundas da mente inconsciente, um assunto que desviou seu interesse da 
neurologia em direção à evolução da psicanálise. 
Enquanto os dois clínicos lutavam juntos para entender os mistérios da 
histeria, eles deram a luz à psicanálise como uma técnica terapêutica, como uma 
disciplina científica e como um método de investigação. 
 
- O Caso Anna O. – Freud estava especialmente interessado na mais 
peculiar de todas as pacientes de seu colega, a célebre Anna O., que Breuer havia 
começado a tratar em 1880. 
Anna O. era uma mulher de 21 anos que adoeceu enquanto cuidava de seu 
pai, que depois morreu vítima de um abscesso tubercular. Sua doença começou 
com uma tosse intensa. Em seguida ela desenvolveu vários outros sintomas físicos, 
como sérios distúrbios da visão, da audição e da fala, impossibilidade de ingerir 
alimentos, paralisia de três extremidades com contrações e anestesias, bem como 
lapsos de consciência e alucinações. 
Breuer diagnosticou a doença de Anna O. como um caso de histeria, e 
elaborou, gradualmente, uma terapia que acreditava ser efetiva na dissolução 
daqueles sintomas. 
Ela manifestava dois estados distintos de consciência: em um deles, era 
uma mulher jovem relativamente normal; no outro, era uma criança problemática e 
teimosa. Breuer observou que a alternância entre as duas personalidades distintas 
parecia ser induzida por alguma forma de auto-hipnose, e ele foi capaz de causar a 
transição de uma para outra personalidade, colocando Anna O. em um estado 
hipnótico. 
Breuer sabia que Anna fora muito apegada ao pai e cuidara dele junto com a 
mãe enquanto ele estava em seu leito de morte. Durante seus estados de 
 
 
 
 
 
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consciência alterada, Anna podia recordar fantasias nítidas e sentimentos poderosos 
que ela experimentara enquanto seu pai estava morrendo. 
Breuer ficou admirado ao observar que à recordação de sua paciente de 
circunstâncias carregadas de afeto durante as quais seus sintomas haviam 
aparecido levaram estes mesmos sintomas a desaparecer. A própria paciente 
descreveu o tratamento como uma “limpeza de chaminé” e como sua “cura pela 
fala”. 
Ela ficou tão entusiasmada que continuou a discutir um sintoma após o 
outro. Por exemplo, ela lembrava estar sentada ao lado do pai enquanto a mãe 
estava ausente e ter uma fantasia ou devaneio sobre uma serpente. Em sua visão, a 
serpente estava prestes a picar seu pai. Ela tentou afugentar a serpente, mas seu 
braço ficara dormente em decorrência de ter ficado dobrado sobre o encosto de sua 
cadeira. A paralisia permaneceu até que ela fosse capaz de recordar a cena sob 
hipnose e recuperar o uso do braço. 
Em determinado período de sua doença, durante algumas semanas, Anna 
O. recusava-se a beber, e saciava sua sede com frutas. Certa noite, durante um 
estado de hipnose autoinduzida, ela descreveu uma cena em que ficara enojada ao 
ver um cachorro bebendo água de um copo. Logo depois, pediu água e, então, 
acordou de sua hipnose com um copo nos lábios. 
Em seu relato de caso, Breuer tratou o episódio narrado por Anna O. durante 
o transe, como o relato verdadeiro do incidente responsável por sua aversão a 
beber. E disse ter concluído que a maneira de curar um sintoma particular de 
“histeria” era recriando a memória do incidente que o havia provocado originalmente, 
desencadeando assim uma catarse emocional e induzindo o paciente a expressar 
todo sentimento associado ao fato. 
O desaparecimento repentino de um dos vários sintomas de Anna O. 
forneceu, assim, a base do que Breuer chamou posteriormente de “procedimento 
técnico terapêutico”. Segundo Freud e Breuer, esse método catártico*, aplicado 
sistematicamente a cada um dos sintomas de Anna resultou na cura completa da 
histeria. 
 
 
 
 
 
 
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Breuer ficou encantado com esta extraordinária paciente. Ele despendia 
tanto tempo com ela que sua esposa ficou enciumada e ressentida. Assustado pelas 
conotações sexuais das reclamações da sua esposa, ele abruptamente terminou o 
tratamento de Anna O.. 
Algumas horas após o término do tratamento, Breuer foi chamado à beira da 
cama de Anna O., que estava em meio a uma crise. Ele encontrou-a em um estado 
agitado, com fortes dores de um parto histérico. Embora não tivesse percebido 
quaisquer sentimentos da paciente em relação a ele, a gravidez fantasma refletia os 
anseios eróticos intensos de Anna O. por Breuer. 
Este acalmou a paciente induzindo um transe hipnótico e, em um estado de 
agitação extrema, organizou uma partida imediata para uma segunda lua de mel 
com sua esposa em Veneza. 
Embora Breuer tenha considerado a experiência com Anna O., muito 
desconcertante, Freud ficou intrigado pelo poder das lembranças inconscientes e 
dos afetos suprimidos de produzir sintomas histéricos. Breuer estava relutante em 
publicar seu relato, mas Freud insistiu que ele o escrevesse de memória 13 ou 14 
anos após sua ocorrência. A colaboração de Breuer e Freud resultou na publicação 
de “Comunicação Preliminar”, em 1893. Neste artigo, eles articulam a ligação causal 
entre traumas psíquicos e sintomas histéricos. 
 
* ver glossárioCom a publicação em 1895 de “Estudos sobre a Histeria”, Breuer e Freud 
apresentaram um tratado clínico muito mais sofisticado sobre a patogênese e o 
tratamento dos sintomas histéricos. 
Na introdução, em meio a diversas citações explícitas sobre a influência de 
Charcot, os autores sugerem que a memória recalcada de um trauma psíquico age 
como um corpo estranho, que muito depois de penetrar no organismo deve 
continuar a ser visto como um agente que ainda está ativo. 
O paciente histérico sofre de “reminiscências”, segundo Freud. Em outras 
palavras, uma idéia reprimida incompatível é a fonte das manifestações 
 
 
 
 
 
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sintomáticas. O paciente experimenta um trauma na infância que provocara 
sentimentos esmagadores de natureza intensamente desagradável. A experiência 
traumática representava uma idéia incompatível ao paciente e foi, portanto, 
intencionalmente dissociada ou reprimida da consciência. A excitação nervosa 
associada à idéia incompatível foi transformada ou convertida em canais somáticos 
que produziram sintomas histéricos. 
Com isso, tudo o que restou na percepção consciente foi um símbolo 
mnemônico apenas remotamente conectado ao evento traumático, frequentemente 
por meio de ligações mascaradas. Freud supôs que, se a lembrança da experiência 
traumática pudesse ser trazida de volta à percepção consciente do paciente, junto 
com o afeto suprimido associado a ela, os sintomas desapareceriam quando o afeto 
fosse descarregado. 
O caso Anna O. desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento 
do pensamento de Freud. Ela foi frequentemente descrita como a primeira paciente 
psicanalítica, afirmação que o próprio endossou em uma conferência na Clark 
University (Estados Unidos): 
 
 
... declarei então que não havia sido eu quem criara a psicanálise: o mérito 
cabia a Joseph Bruer, cuja obra tinha sido realizada numa época em que eu era apenas 
um aluno preocupado em passar nos exames (1880-2) (Freud, 1914, pg.16). 
 
 
Freud, no entanto subestimava seu papel, a psicanálise nunca teria 
aparecido se ele não transformasse a “cura pela fala” de Breuer, ligando-as às idéias 
de Charcot a respeito da histeria traumática e à sua própria técnica de reconstrução 
de memórias recalcadas pela interpretação e associação livre. 
Quase todos os pacientes que Freud tentou analisar no início de sua carreira 
assemelhavam-se a Anna O. em ao menos um ponto: eles procuravam Freud não 
por causa de algum problema emocional, mas por estarem sofrendo de sintomas 
físicos. 
 
 
 
 
 
 
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Por exemplo, a primeira paciente de Freud, Emmy Von N., sofria de 
dificuldades de fala que ele descrevia como “interrupções espásticas que resultam 
em gagueira”. Ela também reclamava de “movimentos convulsivos frequentes, com 
tiques na face e nos músculos do pescoço” e costumava repetir compulsivamente 
exclamações verbais e produzir sons de estalidos. 
Outra paciente, Lucy R., uma governanta inglesa, sofria de estranhas 
alucinações olfativas em que predominava o cheiro de pudim queimado. 
Outra ainda, Elisabeth Von R., veio a Freud porque há mais de dois anos 
sofria de dores nas pernas. 
Em todos esses casos, Freud determinou que a doença de seus pacientes 
era histeria e procurou trazer à tona o incidente traumático que supostamente teria 
produzido os sintomas. 
Nessa época, Freud acreditava que, no estágio final da terapia, seria 
proveitoso descobrir de quais maneiras as coisas estão conectadas e dizer ao 
paciente sua descoberta. 
Quando, no entanto, ele apresentou suas conclusões a Elizabeth Von R., 
afirmando que sua doença havia sido produzida pela sua paixão por seu cunhado, 
ela objetou dizendo que isso não era verdade. Freud, no entanto, persistiu em sua 
explicação e declarou que sua paciente estava curada. 
 
- A sexualidade – Se a psicanálise começou como um trabalho conjunto de 
Breuer e Freud, este último, entretanto, a explorou gradualmente em uma direção 
que o levou ao confronto com seu colega. A razão para tal divergência era o sexo. 
Mais particularmente, o aspecto central dado por Freud à sexualidade, na teoria 
médica que ele estava então começando a desenvolver sobre a histeria e suas 
origens. 
Uma das fontes do interesse de Freud pelo sexo como fator causal de 
doenças deve ter vindo do próprio Charcot, o professor que Freud reverenciava 
acima de todos. 
Ele provavelmente se lembrava de uma recepção em 1886, na qual ele 
ouvira Charcot afirmar que certa jovem devia seus problemas médicos ao 
 
 
 
 
 
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desempenho sexual inadequado de seu marido. 
Em 1888, Freud já postulava que aspectos vinculados à vida sexual 
desempenham um papel crucial na etiologia da histeria. 
Na verdade, tanto Breuer quanto Freud foram levados à idéia de que 
experiências sexuais são uma causa potencial da histeria. Freud diferia de Breuer 
em sua posição de tratar o fator sexual como à única fonte da histeria. 
Freud foi levado a pensar desta maneira pela sua admiração pela teoria viral 
das enfermidades, desenvolvida por Koch e Pasteur. Essa nova teoria afirmava que 
toda a doença genuína tinha uma única causa, bem como que um dos principais 
propósitos da pesquisa médica consistia em descobrir o micro-organismo ou outro 
agente responsável por ela. 
Se a histeria era uma doença genuína, como acreditava Freud, baseando-se 
em Charcot, então ela deveria ser causada por um único agente patogênico. Na 
visão de Freud, essa causa era sexual. 
Se havia razões médicas para que Freud colocasse o sexo no centro da 
psicanálise, devia haver também razões psicológicas. Certa vez ele observou que a 
“a humanidade sempre nutriu o desejo de abrir todos os segredos com uma única 
chave”. 
Ele mesmo parece ter sido particularmente motivado por tal necessidade, de 
modo que sua insistência em uma explicação sexual única para a histeria o levou, 
por fim, a romper com Breuer. Este, em 1907, afirma que Freud era levado a 
formulações absolutas e exclusivas, que o levava, em sua opinião, a generalizações 
excessivas. 
 
- A teoria da sexualidade infantil – O tratamento de histéricos durante o 
início da década de 90 convenceu Freud de que a sedução sexual na infância 
desempenha um papel importante na etiologia das neuroses. 
Muitos dos seus pacientes relatavam tais seduções por babás, pais e 
cuidadores, e Freud acreditava que as lembranças reprimidas de traumas sexuais 
reais criavam os sintomas neuróticos. 
 
 
 
 
 
 
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Na segunda metade dos anos 90, começou a reconsiderar este ponto de 
vista e finalmente fez uma mudança dramática em seu pensamento. Fantasias sobre 
sedução sexual por figuras parentais começaram a deslocar a sedução real como 
fator patogênico crucial nas neuroses. 
Embora as razões do desvio não estejam inteiramente claras, diversas 
razões foram sugeridas: (1) Trabalhando a partir da hipótese de que a sedução na 
infância é a causa da neurose, Freud fora incapaz de levar um único caso analítico a 
uma conclusão inteiramente satisfatória. (2) Ele sempre fora cético em relação aosrelatos de atos perversos por pais e a frequência da histeria tornou difícil para ele 
acreditar que tantos pais sexualmente abusadores pudessem existir na Viena dos 
seus dias. (3) Alguns dos relatos de seus pacientes soavam tão fantásticos que se 
tornou difícil para Freud distinguir a diferença entre realidade e ficção em tais relatos. 
Ema Eckstein, por exemplo, relatou uma “lembrança” de encontrar o demônio e ser 
torturada enquanto ele inseria agulhas em seus dedos. Muitos outros pacientes 
relataram histórias de tortura e possessão ligadas à bruxaria. (4) Tanto na sua 
autoanálise como em investigações clínicas posteriores, Freud convenceu-se da 
importância de processos psicológicos e do papel da fantasia em distorcer a 
realidade para adaptar-se a desejos. 
Embora os escritos subsequentes de Freud indicassem que ele jamais 
abandonara inteiramente sua crença na existência de seduções sexuais 
generalizada por pais, no final dos anos de 1890 ele claramente passara para uma 
posição de enfatizar as fantasias sexuais infantis como o núcleo das neuroses. 
Adotando uma teoria psicodinâmica da sexualidade infantil na qual a vida 
psicossexual da criança ocupa o palco central, a psicanálise tomara uma nova 
direção, tornando-se uma psicologia profunda. 
A criança não era mais retratada como uma vítima inocente de adultos 
maldosos, mas era vista como um ser sexual com poderosas fantasias e desejos. 
- O complexo de Édipo - Em 1897, Freud embarcou em um processo de 
autoanálise no qual procurava explorar seu próprio inconsciente, examinando seus 
sonhos e lembranças. Com isso, como escreveu seu biógrafo Ernest Jones “ele 
estava trilhando um caminho até então intocado por qualquer ser humano”. 
 
 
 
 
 
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Freud descobriu esta pedra angular do desenvolvimento psíquico durante 
sua própria autoanálise e em seu trabalho clínico com pacientes nos quais fantasias 
de incesto com o genitor do sexo oposto emergiam com regularidade em associação 
a sentimentos de inveja e fúria assassina em direção ao progenitor do mesmo sexo. 
Estabelecendo uma analogia entre tais fantasias e o mito grego de Édipo 
que, sem o saber matou seu pai e casou com sua mãe, Freud denominou a 
constelação intrapsíquica de complexo de Édipo. 
O complexo de Édipo apresenta um desafio ao desenvolvimento da criança 
e a resolução do dilema que ele propõe difere de acordo com o gênero. 
Freud colocou o complexo de Édipo como o núcleo das neuroses. Ainda que 
suas aspirações a respeito de sua nova teoria fossem de início, modestas, elas 
foram aumentando gradualmente, até que ele reconhece que a psicanálise pode se 
vangloriar de ter realizado a descoberta do complexo de Édipo, e que só isso já 
bastaria para incluí-la nas mais importantes aquisições da humanidade. 
 
 
Sala de espera do consultório de Freud em Viena 
 
 
 
 
 
 
 
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Consultório de Freud em Viena 
 
 
- A interpretação dos sonhos - A autoanálise de Freud também contribuiu 
para o seu reconhecimento do significado dos sonhos. Um de seus métodos 
principais ao conduzir sua própria análise era confiar em sonhos e na exploração 
associativa destes sonhos. 
A interpretação dos sonhos que surge em 1900, de fato, conta com muitos 
dos sonhos de Freud como exemplos ilustrativos. Um dos seus métodos principais 
ao conduzir sua própria análise era confiar em sonhos e na exploração associativa 
destes sonhos. 
Em sua obra, Freud apresentou a noção de que um sonho é a satisfação 
disfarçada de um desejo inconsciente de infância que de outro modo não se 
encontra consciente na vida em vigília. Considerado por muitos como a sua melhor 
obra, atualmente o livro ainda é à base do trabalho psicanalítico clínico com sonhos. 
 
 
 
 
 
 
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Freud em seu consultório em Viena 
 
 
 
- A sexualidade infantil – Em 1905, Freud publicou Três ensaios sobre a 
teoria da sexualidade. Ele considerava este trabalho como segundo em importância 
em relação à Interpretação dos Sonhos. Ao contrário da crença popular, as idéias de 
Freud não criaram tumulto entre a comunidade científica ou até mesmo entre o 
público. 
A Viena dos seus dias estava exposta a uma grande quantidade de literatura 
popular que discutia abertamente uma série de problemas sexuais. No entanto, a 
noção de Freud de que as crianças são influenciadas por impulsos sexuais tornou 
difícil para algumas pessoas aceitar a psicanálise ao longo de sua história de 100 
anos. 
O livro de Freud foi significativo porque apresentou três importantes 
princípios da teoria psicanalítica. Primeiramente, Freud ampliou a definição de 
sexualidade para incluir formas de prazer que transcendem a sexualidade genital. 
Em segundo lugar, Freud estabeleceu uma teoria do desenvolvimento da 
sexualidade infantil que delineou os destinos da atividade erótica do nascimento à 
puberdade. Por fim, estruturou uma vinculação conceitual entre neuroses e 
perversões. 
- O caso Dora – Uma das características mais interessantes desses 
primeiros casos 
- O fato de que, em geral, os pacientes que o procuravam reclamavam de 
sintomas físicos – também encontrados no célebre caso Dora. 
 
 
 
 
 
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Dora procurou Freud em 1900 e o relato do seu caso foi publicado em 1905. 
Dora era uma garota atraente de 18 anos que sofria de acessos de tosse. 
Em certo momento, ela foi afetada por uma febre, diagnosticada como apendicite. 
Na mesma ocasião, começou a arrastar o pé direito. Pouco depois Dora pareceu 
desenvolver uma tendência suicida e chegou a sofrer um acesso convulsivo que a 
fez perder a consciência. Também apresentava catarro e problemas estomacais. Foi 
nessa situação que Freud começou a tratá-la. 
Freud não hesitou em afirmar que se tratava de mais um caso de histeria. 
Ele concluiu, que a tosse espasmódica de Dora, que, referia-se a um estímulo 
excitante de cócegas na garganta, era de fato a representação somática de uma 
cena na qual ela imaginava o Sr. K, um amigo de seu pai que a assediara 
sexualmente, fazendo sexo oral com sua mulher. Quando relatou o caso, Freud 
escreveu que pouco depois de Dora ter aceitado silenciosamente tal explicação, as 
tosses cessaram. Ele acrescenta não querer insistir muito nesse ponto, até porque 
suas tosses com frequência desapareceriam espontaneamente. 
Em outro momento da análise, no entanto, Freud concluiu que, embora Dora 
tivesse rejeitado o assédio do Sr. K. com repulsa, na verdade ela estava apaixonada 
por ele. Freud então, como era de hábito, informou sua opinião à paciente. A 
explicação foi negada por Dora, da maneira mais enfática possível. 
Mas Freud entendeu, de que quando Dora disse “não” com insistência, 
indicava que ela, na verdade, procurava dizer “sim”. 
A análise freudiana de Dora acabou terminando quando ela “fugiu”, ou seja, 
não voltou para o tratamento. Freud ficou claramente magoado com o final abrupto 
da relação terapêutica. Mas concluiu dizendo, que alguém que evoca os piores 
demônios que habitam o seio humano, na tentativa de combatê-lo, não pode querer 
sair da batalha ileso. 
 
Ohomem dos lobos - Com o desenvolvimento da psicanálise, Freud 
começou a atender mais pacientes que vinham procurá-lo em função de distúrbios 
emocionais, do que por sintomas físicos. 
 
 
 
 
 
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Um desses pacientes foi o nobre russo Serge Pankejeff, conhecido como o 
homem dos lobos, um dos casos freudianos mais famosos Ele procurou Freud em 
1910 e sua análise durou mais de quatro anos. 
Ainda que sua doença inicial fosse gonorréia, ele acabou ficando deprimido, 
sendo diagnosticado como portador de distúrbio maníaco-depressivo. 
Em seu relato de caso, Freud enfatizou muito um sonho que o paciente 
recordava ter tido aos quatro anos de idade. Ele, no sonho, se lembrava de que 
estava dormindo em sua cama quando a janela se abriu de repente, vendo 
horrorizado, aproximadamente sete lobos brancos sentados em uma árvore do 
jardim. Os lobos eram muito brancos e tinham caudas grandes como as de raposas; 
estavam calmos e olhavam para Serge atentamente. Aterrorizado pelo medo de ser 
comido, acordou gritando. 
De acordo com a análise de Freud, realizada ao 
longo de alguns anos, o sonho era a versão mascarada de 
uma cena primitiva traumática. Os seis ou sete lobos 
representavam os pais do paciente (a diferença numérica 
teria sido produzida pelo inconsciente para mascarar o 
verdadeiro sentido do sonho). A tranquilidade dos lobos é 
uma referência invertida aos movimentos violentos do ato 
sexual. A brancura dos animais remete à brancura dos pais sem roupas. 
Os lobos olhando para a criança representam outra inversão, cujo 
verdadeiro sentido é a criança observando os pais. O tamanho de sua cauda 
significa, da mesma forma invertida, uma cauda que foi cortada – a idéia que, por 
sua vez, está associada ao medo de castração. 
Estas e outras estratégias interpretativas permitem a Freud afirmar que o 
sonho era, realmente, uma lembrança mascarada da ocasião em que, aos dezoito 
meses de idade, o jovem Serge acordou de seu sono em uma tarde de verão no 
mesmo quarto em que seus pais haviam se recolhido, seminus para uma sesta. O 
garoto então testemunhou, por três vezes consecutivas, seu pai tendo relações 
sexuais com sua mãe, que estava de quatro. 
 
 
 
 
 
 
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Ao expor tal interpretação do sonho, Freud esperava ter descoberto o 
incidente primitivo traumático que originara doença. No entanto, constatou que o 
paciente não estava fazendo progressos. Em uma tentativa de quebrar esta 
“resistência”, determinou uma data para o fim do tratamento. 
Foi depois disso, segundo o relato do caso, que, após quatro anos de 
análise, emergiu alguma lembrança de que, em idade muito precoce, o paciente 
deve ter tido uma babá à qual era muito ligado. 
Quando Serge tinha dois anos, ele a vira limpando o chão. Ele então urinou 
e ela o ameaçou com a castração. No entender de Freud, quando Serge observou a 
moça esfregando o chão, de joelhos, com as nádegas para cima, ele se viu mais 
uma vez diante da postura que sua mãe assumira na cena da copulação. 
Para ele, a babá transformara-se em sua mãe, e isso provocou uma 
excitação sexual. Assim como seu pai, como sua ação ele interpretou como uma 
micção se comportou do mesmo modo diante dela. Sua micção no chão foi uma 
tentativa de sedução, e a garota reagiu a isso com uma ameaça de castração. 
Freud relata que a data limite que ele havia estipulado para seu paciente 
funcionou e, em um intervalo bastante curto, a análise produziu todo o material 
necessário para remover as inibições do paciente e remover seus sintomas. 
Parece então, pelo relato do caso, que não muito tempo depois da 
reconstrução desta cena quase-edípica, seu paciente curou-se. 
 
 
 
 
A evolução da técnica de Freud – O uso da hipnose. Embora Freud 
tivesse usado a hipnose desde que abriu seu consultório em 1887, ele inicialmente 
usara a técnica simplesmente para remover sintomas por intermédio da sugestão. 
 
 
 
 
 
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Quando encontrou resultados desapontadores, ele mudou para o método catártico 
em decorrência do relato de Breuer sobre Anna O. 
Em 1889, no caso de Frau Emmy von N. pela primeira vez, Freud usou o 
método catártico de Breuer, para o tratamento de uma multiplicidade de queixas 
histéricas. 
Tentou remover os sintomas da paciente por meio de um processo de 
recuperação e verbalização dos sentimentos suprimidos, com os quais eles estavam 
associados. O método veio a ser conhecido como ab-reação. 
Freud logo ficou insatisfeito com a abordagem ab-reativa, ao observar que 
os benefícios terapêuticos duravam apenas enquanto o paciente mantinha contato 
com o médico. O relacionamento pessoal com o médico parecia ter maior 
importância terapêutica do que a técnica hipnótica em si mesma. Sua compreensão 
do relacionamento médico-paciente foi expandida por meio de um incidente no qual 
uma de suas pacientes acordou de um transe hipnótico e lançou seus braços ao 
redor do pescoço de Freud. 
Experiências como estas aliadas ao relato de Breuer sobre Anna O., levaram 
Freud a perceber que o apego do paciente ao médico apresentava um componente 
erótico. No entanto, ao invés de fugir em pânico de tais circunstâncias, como Breuer 
fizera, Freud investigou-as assim como o fez com quaisquer outros fenômenos que 
identificava no tratamento. 
Estes primeiros encontros levaram Freud a descobrir a transferência, um 
conceito que veio a tornar-se a pedra angular da teoria e da técnica psicanalíticas. A 
transferência significa o deslocamento para o analista de pensamentos, sentimentos 
e comportamentos originalmente associados às figuras importantes do passado. 
A descoberta de Freud da transferência contribuiu para o seu abandono da 
hipnose. Percebeu, neste momento, que a hipnose ocultava aspectos da 
transferência, de modo que eles não podiam ser investigados como parte do 
processo, entendeu também, que a hipnose encorajava o paciente a agradar o 
hipnotizador, ao invés de aprender sobre as origens dos sintomas. Freud ainda 
observou que muitos pacientes eram simplesmente refratários à hipnose. 
 
 
 
 
 
 
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O método da concentração e o desenvolvimento da livre associação - Uma 
das pacientes particularmente resistente à técnica ab-reativa hipnótica era Elizabeth 
von R. Freud desenvolveu seu método de concentração como um meio de lidar com 
a natureza refratária desta paciente. 
Recordou-se que Bernheim asseverara que todas as lembranças esquecidas 
poderiam ser recordadas conscientemente se o médico fizesse perguntas indutoras 
e instasse o paciente a lembrar. 
Freud pediu à paciente que deitasse em um divã e fechasse os olhos. 
Solicitou que ela se concentrasse em um sintoma particular e recordasse quaisquer 
lembranças que pudessem ajudar a entender a origem do mesmo. Freud então 
pressionava sua mão sobre a testa da paciente e tranquilizava de que ela de fato 
recordaria lembranças relevantes quando ele indagasse sobre elas. 
Um grande mérito de Freud é que ele se permitia aprender com seus 
pacientes. Elizabeth von R., por exemplo, respondeu ao método da concentração 
dizendo a Freud: “Eu poderiater contado isso a você na primeira vez, mas eu achei 
que era isso que você queria.” Freud então modificou sua técnica, sugerindo aos 
pacientes que simplesmente ignorassem qualquer censura. Quando Elizabeth von R. 
o repreendeu por interromper o fluxo de pensamentos com suas perguntas, Freud 
modificou sua técnica novamente, reduzindo a frequência de suas perguntas de 
modo a não interferir no fluxo natural das associações da paciente. 
No final da década de 90, Freud já percebera que a técnica da concentração 
era mais um impedimento do que um facilitador. Abandonara o procedimento de 
dirigir a atenção do paciente, aplicar pressão sobre a testa, instruí-lo a fechar os 
olhos e fazer perguntas exploratórias. Ao invés disso, fazia o paciente deitar sobre o 
divã e dizer o que quer que lhe venha à mente, o método da livre associação que 
permanece como uma parte central da técnica psicanalítica atual. 
Aquilo que chamamos de teoria psicanalítica é, portanto, um corpo de 
hipóteses a respeito do funcionamento e do desenvolvimento da mente no homem. 
São, sem dúvida, as mais importantes contribuições que se realizaram até hoje em 
relação à psicologia humana. 
 
 
 
 
 
 
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III GLOSSÁRIO 
 
MÉTODO CATÁRTICO – O termo catharsis é uma palavra grega que 
significa purificação, purgação. Breuer e Freud tomam este termo para designar um 
método de psicoterapia em que o efeito terapêutico procurado é uma “purgação” 
(catharsis), uma descarga adequada dos afetos patogênicos. O tratamento permite 
ao sujeito evocar e até reviver os acontecimentos traumáticos a que esses afetos 
estão ligados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
------------------- FIM DO MÓDULO I ----------------

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