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psicanálise_02

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Prévia do material em texto

Curso de 
INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE: 
teoria e técnica 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
I - O determinismo psíquico e os processos mentais 
inconscientes. 
 
 
A psicanálise é uma disciplina científica, que como qualquer outra doutrina 
científica, deu origem a certas teorias que derivam de seus dados de observação e 
que procuram ordenar e explicar esses dados. 
É importante compreender que a teoria psicanalítica se 
interessa tanto pelo funcionamento mental normal como pelo 
patológico. De forma alguma, constitui apenas uma teoria de 
psicopatologia. É verdade que a prática da psicanálise consiste no 
tratamento de pessoas que se acham mentalmente enfermas ou 
perturbadas, mas as teorias psicanalíticas se referem tanto ao 
normal quanto ao patológico, ainda que se tenham derivado essencialmente do 
estudo e do tratamento da anormalidade. 
Como em qualquer disciplina científica, as diversas hipóteses da teoria 
psicanalítica se relacionam mutuamente. Algumas são mais importantes que as 
outras, e algumas já tiveram grande comprovação e parecem ser tão fundamentais 
em sua significação, que nos inclinamos a considerá-las, como leis estabelecidas a 
respeito da mente. 
Duas destas hipóteses, que foram acentuadamente confirmadas, é o 
princípio do determinismo psíquico, ou da causalidade, e a proposição de que os 
processos mentais inconscientes são de grande frequência e significado no 
funcionamento mental normal, bem como anormal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Vamos começar falando do princípio do determinismo psíquico. O sentido 
deste princípio é de que na mente, nada acontece por acaso. Cada evento psíquico 
é determinado por aqueles que o precederam. Os eventos em nossa vida mental 
que podem parecer não relacionados com os que os precederam, o são apenas na 
aparência. Nesse sentido, não existe descontinuidade na vida mental. 
Se compreendermos e aplicarmos corretamente este princípio, jamais 
admitiremos qualquer fenômeno psíquico como sem significação ou como acidental. 
Deveremos sempre nos perguntar, em relação a qualquer fenômeno no qual 
estejamos interessados: “Que os provocou? Por que aconteceu assim?” 
Formulamos estas perguntas por estarmos certos de que existe uma resposta para 
elas. Se pudermos encontrar a resposta com facilidade e rapidez, isso naturalmente 
já é outra questão; mas sabemos que a resposta existe. 
Esquecer ou perder alguma coisa, por exemplo, é uma experiência comum 
na vida das pessoas. Geralmente, a idéia é a de que o fato é uma “casualidade”, que 
isso “apenas aconteceu”. No entanto, uma investigação de muitas dessas 
“casualidades” realizadas por psicanalistas nos últimos anos (a começar pelos 
estudos do próprio Freud) mostrou que de maneira nenhuma elas são acidentais. 
Pelo contrário, pode-se demonstrar que cada uma delas foi provocada por um 
desejo ou intenção da pessoa envolvida, de acordo com o princípio do 
funcionamento mental que estamos examinando. 
Se nos voltarmos aos fenômenos da psicopatologia, podemos dizer que 
cada sintoma neurótico, qualquer que seja sua natureza, é provocado por outros 
processos mentais, apesar do fato de que o próprio paciente habitualmente 
considera o sintoma como estranho e completamente desligado do resto da sua vida 
mental. Contudo, as conexões existem e são demonstráveis, apesar de o paciente 
não se dar conta de sua presença. 
Atente agora para o fato, de que estamos falando não só a respeito da 
primeira das nossas hipóteses fundamentais, o princípio do determinismo psíquico, 
mas também a respeito da segunda, isto é, a existência de processos mentais dos 
quais o sujeito não se dá conta ou é inconsciente. 
 
 
 
 
 
 
31 
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A relação entre estas duas hipóteses é tão próxima que dificilmente se pode 
examinar uma sem suscitar a outra. É exatamente o fato de tantas coisas em nossa 
mente serem inconscientes – isto é, desconhecidas para nós – que responde pelas 
“aparentes” descontinuidades em nossa vida mental. 
Quando um pensamento, um sentimento, um esquecimento acidental, um 
sonho ou um sintoma parecem não se relacionar com algo que aconteceu antes na 
mente, isso significa que sua conexão causal se apresenta em algum processo 
mental inconsciente, em vez de num processo consciente. 
 
Se se pode descobrir a causa ou as causas inconscientes, então todas as 
aparentes descontinuidades desaparecem e a cadeia causal, ou sequência, torna-se 
clara. 
Vamos pensar em um exemplo bem simples. Uma pessoa pode se 
surpreender, cantarolando uma melodia sem ter nenhuma idéia de como ela lhe veio 
à mente. No entanto, neste exemplo particular, um espectador afirma-nos que a 
referida melodia foi ouvida pela pessoa poucos momentos antes de haver penetrado 
em seus pensamentos conscientes, como se não tivesse vindo de parte alguma. Foi 
uma impressão sensorial, nesse caso auditiva, que compeliu a pessoa a cantarolar a 
melodia. Visto que ela não se deu conta de ter ouvido a melodia, sua experiência 
subjetiva foi a de uma descontinuidade em seus pensamentos, sendo necessário o 
testemunho do espectador para remover a aparência de descontinuidade e tornar 
clara a cadeia causal. 
É raro, no entanto, que um processo inconsciente seja descoberto de forma 
tão simples, como no exemplo citado. Naturalmente, deseja-se saber se existe um 
método geral para descobrir processos mentais dos quais o próprio indivíduo 
não se dá conta. Podem eles, por exemplo, ser observados diretamente? Caso 
contrário, como pôde Freud descobrir a frequência e a importância de tais processos 
em nossa vida mental? 
 
Ainda não dispomos de um método que nos permita observar 
diretamente os processos mentais inconscientes. Todos os nossos métodos 
 
 
 
 
 
32 
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para estudar tais fenômenos são indiretos. Eles nos permitem inferir a existência 
desses fenômenos e muitas vezes determinar sua natureza e seu significado na vida 
mental do sujeito que é objeto do nosso estudo. 
O método mais eficiente e de maior confiança de que dispomos para estudar 
os processos mentais inconscientes é a técnica que Freud desenvolveu durante 
vários anos. Ele denominou essa técnica de psicanálise pela simples razão de ter 
sido capaz, com sua ajuda, de discernir e descobrir os processos psíquicos que, de 
outra forma, teriam permanecidos ocultos. Com a ajuda da sua nova técnica, Freud 
se apercebeu da importância dos processos mentais inconscientes na vida psíquica 
de todo sujeito, mentalmente enfermo ou não. 
Assim, Freud, ouvindo as associações “livres” do paciente – que eram na 
verdade livres do controle consciente – era capaz de formar uma imagem, por 
inferência,do que inconscientemente estava ocorrendo no psiquismo do paciente. 
O que descobriu, no decorrer de anos de escuta de seus pacientes e de 
cuidadosa observação, foi que não somente os sintomas histéricos, mas também 
muitos outros aspectos normais e patológicos do comportamento e do pensamento 
eram o resultado do que inconscientemente estava acontecendo no psiquismo 
daquele sujeito. 
No curso do estudo dos fenômenos mentais inconscientes, Freud logo 
descobriu que estes poderiam ser divididos em dois grupos: 
- elementos psíquicos pré-conscientes- este grupo compreende 
pensamentos, lembranças, etc., que podem se tornar conscientes por um esforço de 
atenção. Tais elementos psíquicos têm acesso fácil à consciência. 
- elementos psíquicos inconscientes – compreendem aqueles elementos que 
só podem tornar-se conscientes a custo de considerável esforço. Em outras 
palavras, eles são barrados da consciência por uma força considerável. 
Freud pode demonstrar também, que o fato de serem inconscientes, não os 
impedia de exercer uma influência significativa no funcionamento mental. Além 
disso, foi capaz de demonstrar que os processos inconscientes podem ser bastante 
comparáveis aos conscientes em precisão e complexidade. 
 
 
 
 
 
 
33 
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Como dissemos anteriormente, não dispomos de um meio de observar 
diretamente as atividades mentais inconscientes, mas evidências desse fato podem 
ser derivadas de uma observação clínica, ou mesmo geral. 
Por intermédio da técnica de investigação dos sonhos (o que trataremos 
mais adiante), descoberta por Freud, pode-se constatar evidências das atividades 
mentais inconscientes. Tomemos como exemplo, os sonhos nos quais a pessoa que 
sonha, está bebendo, somente para acordar e perceber que está sedenta, ou sonha 
que está urinando ou defecando e acorda com a necessidade de se aliviar. Tais 
sonhos demonstram igualmente, que durante o sono, a atividade mental 
inconsciente pode produzir um resultado consciente – nesses casos em que uma 
sensação corporal inconsciente e os anseios a ela ligados dão origem a um sonho 
consciente da desejada satisfação ou alívio. Tal demonstração em si é importante e 
pode ser feita sem uma técnica especial de observação. 
No entanto, por meio da técnica psicanalítica, Freud pôde demonstrar que 
por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos, e assim 
estabelecer, como regra geral, que quando se produzem sonhos, estes são 
provocados por uma atividade mental que é inconsciente para o sonhador, e que 
assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica. 
Existem outros fenômenos, que também examinaremos mais adiante, que 
demonstram como as atividades inconscientes podem influenciar nosso 
comportamento consciente. Eles ocorrem nos períodos de vigília, e são chamados 
em geral, de atos falhos ou lapsos: lapsos da linguagem, da escrita, da memória e 
similares. 
Como no caso dos sonhos, a significação inconsciente de alguns lapsos 
torna-se bastante clara. Não é difícil deduzir, que um rapaz que tem alguma 
hesitação sobre o casamento se ele nos contar que, quando se dirigia para a igreja, 
parou num sinal de trânsito e só quando este mudou é que percebeu que se detivera 
para um sinal verde em vez de vermelho. 
Outro exemplo bem evidente, que poderia ser considerado mais como um 
ato sintomático que um lapso, foi fornecido por um paciente cuja hora de sessão de 
análise fora cancelada por solicitação do analista. O paciente se sentiu um tanto 
 
 
 
 
 
34 
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perdido durante o tempo em que se ocupava habitualmente em vir ao tratamento, e 
decidiu experimentar um par de pistolas de duelo antigas que comprara há pouco 
tempo. De modo que durante o tempo em que comumente ele estaria deitado no 
divã do analista, estava atirando com uma pistola sobre um alvo! 
Penso que, mesmo sem as associações do paciente, alguém poderia se 
sentir com bastante segurança para presumir que ele estava irritado com o analista 
por não atendê-lo aquele dia. 
Podemos acrescentar que Freud, pôde por intermédio da técnica 
psicanalítica, mostrar que a atividade mental inconsciente desempenha um papel na 
produção de todos os atos falhos e não apenas naqueles em que o significado de tal 
atividade é de fácil evidência. 
Pode-se notar também, que muitas vezes, os motivos para o comportamento 
de determinada pessoa podem frequentemente parecer óbvio para o observador, 
embora para ela seja desconhecido. Um exemplo é o do pacifista que está pronto a 
brigar violentamente com qualquer pessoa que contradiga seu ponto de vista sobre 
a indesejabilidade da violência. É obvio que seu pacifismo consciente se faz 
acompanhar de um desejo inconsciente de lutar, o que, no caso, é exatamente o 
que sua atitude consciente condena. 
Por certo, a importância da atividade mental inconsciente foi primeiramente 
demonstrada por Freud no caso dos sintomas de pacientes mentalmente enfermos. 
Como resultado das descobertas de Freud, a idéia de que tais sintomas têm um 
significado desconhecido para o paciente é agora geralmente aceita e bem 
compreendida. 
Se o paciente sofre de uma cegueira histérica, por exemplo, naturalmente 
presumimos que existe algo inconsciente que ele não deseja ver, ou que sua 
consciência o proíbe de olhar. É verdade que nem sempre é de todo fácil perceber o 
significado inconsciente de um sintoma. E muitas vezes também, os determinantes 
inconscientes para um único sintoma podem ser vários e muito complexos, de modo 
que, ainda que se possam fazer conjecturas, estas são apenas uma parte de toda a 
verdade. No entanto, nosso objetivo agora, é só demonstrar a existência dos 
processos mentais inconscientes. 
 
 
 
 
 
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Ainda que agora, em nossas ilustrações, possamos perceber o poder da 
atividade mental inconsciente, não podemos esquecer que foi o uso da técnica 
psicanalítica que tornou esta descoberta possível e isto foi essencial para o estudo 
mais completo dos fenômenos mentais inconscientes. 
Freud convenceu-se de que de fato, a maior parte do funcionamento mental 
se passa fora da consciência. Isso constitui, por certo, um contraste marcante com o 
conceito que prevalecia antes, o de que consciência e funcionamento mental eram 
sinônimos. Acreditamos que os dois, não são de modo algum, a mesma coisa. A 
consciência não precisa participar, e frequentemente não participa das atividades 
mentais que são decisivas na determinação do modo de agir do sujeito, ou daquelas 
que são as mais complexas e as mais precisas em sua natureza. Tais atividades, 
mesmo as complexas e decisivas, podem ser completamente inconscientes. 
 
 
II – A Pulsão ou Impulso 
 
Prossigamos em nosso propósito de apresentar a teoria psicanalítica, agora 
tratando das forças instintivas que habitam o psiquismo. 
Inicialmente, é preciso fazer um parêntese. Muitas vezes o que aqui se 
chama de pulsão ou impulso é também denominado instinto. A distinção a se fazer é 
a seguinte: 
 
Instinto 
 
 
 
 
 
 
 
 
É um esquema de comportamento característico de 
uma espécie animal, que varia muito pouco de um 
sujeito para o outro. É transmitido geneticamente e 
parece atender a uma finalidade.36 
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Pulsão ou Impulso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Podemos acrescentar, que no caso do homem também existem alguns 
desejos ou impulsos instintivos que são predeterminados por fatores genéticos. No 
adulto, por exemplo, existe obviamente uma conexão íntima entre o impulso sexual e 
aquele padrão inato de respostas ao qual chamamos de orgasmo. No entanto, o 
grau no qual este tipo de resposta aparece é muito menor no homem do que parece 
ser em outros animais. E ainda, os fatores ambientais ou da experiência do sujeito 
tem muito mais chance de modificar esta resposta reflexa. 
Aqui usaremos o termo pulsão. Uma pulsão é, portanto, um constituinte 
psíquico, que, quando em ação produz um estado de excitação psíquica ou, como 
dizemos tensão. Esta tensão impele o sujeito para a atividade, é também 
geneticamente determinada de uma forma geral, mas pode ser influenciada, 
alterada, pela experiência individual, subjetiva. 
Essa atividade deve levar a algo que chamamos de cessação da excitação 
ou da tensão, ou de gratificação. Quando falamos da cessação da excitação ou da 
tensão nos referimos a uma terminologia mais objetiva, enquanto falamos de 
gratificação, reportamo-nos a uma terminologia mais subjetiva. 
 
O que chamamos de impulso no homem, não 
pressupõe uma resposta estereotipada, mas apenas um 
estado de excitação central frente ao estímulo. A atividade 
motora que se segue a esse estado de excitação é mediada 
por uma parte da mente bastante diferenciada que se 
conhece como “ego” na terminologia psicanalítica, e que 
permite que a resposta ao estado de excitação seja 
modificada pela experiência e reflexão, em vez de ser 
predeterminada, como é o caso dos instintos dos animais 
inferiores. 
 
 
 
 
 
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Assim, vemos que há uma sequência que é característica da ação do 
impulso. Podemos chamar essa sequência de: 
- Tensão → atividade motora e cessação da tensão. 
- Necessidade → atividade motora e gratificação. 
Enquanto a primeira terminologia deixa de lado os elementos da experiência 
subjetiva, a segunda se refere explicitamente a ela. 
Freud percebeu que a característica das pulsões, de impelir o sujeito à 
atividade, era análoga ao conceito de energia física, que certamente se define como 
a capacidade de produzir trabalho. Por conseguinte, presumiu que há uma energia 
psíquica que constitui uma parte dos impulsos, ou de certa forma deriva deles. 
Esta energia psíquica, não é de modo algum igual à energia física. É 
somente análoga em alguns aspectos. O conceito de energia psíquica, assim como 
o conceito de energia física, é uma hipótese que tem por objetivo servir ao propósito 
de simplificar e facilitar nossa compreensão dos fatos da vida mental que podemos 
observar. 
Continuando com a analogia, podemos falar do quantum de energia psíquica 
com o qual um objeto ou determinada pessoa estão investidos. Freud usou a palavra 
alemã Besetzung, que foi traduzida para o português como Catexia. 
 
Catexia 
 
 
 
 
Isso quer dizer que o impulso e sua energia são considerados como 
fenômenos intrapsíquicos. Aquilo que é catexizado são as diversas lembranças, 
pensamentos e fantasias do objeto, que compreendem o que chamamos 
representações mentais ou psíquicas. 
 
É a quantidade de energia psíquica que se dirige ou se 
liga à representação mental de uma pessoa ou coisa. 
 
 
 
 
 
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Podemos ilustrar nossa definição de catexia, por meio do exemplo, da 
criança pequena cuja mãe, assim como é esperado, é a principal fonte de 
gratificação. Com isso, queremos dizer que a mãe é um objeto altamente catexizado. 
 
Classificação das pulsões - Voltemo-nos agora para a questão da 
classificação das pulsões. A teoria instintual de Freud desenvolveu-se a partir de 
observações clínicas. O impulso sexual parecia ser central à patogênese da histeria. 
Freud estava principalmente preocupado com o impulso sexual, durante a década 
de 1890 e no início do século XX. 
Embora originalmente tivesse postulado um instinto autopreservativo nos 
anos 1890, não o elaborou até uns 20 anos depois. À medida que a teoria 
psicanalítica evoluía, sua teorização sobre o papel dos instintos tornou-se cada vez 
mais abstrata e afastada de dados clínicos. 
As hipóteses de Freud sobre sua classificação se modificaram e se 
desenvolveram no transcurso de três décadas. Na sua última formulação, Freud 
presume a existência de dois impulsos, o sexual e o agressivo. O primeiro impulso 
dá origem ao componente erótico das atividades mentais, enquanto o outro gera o 
componente puramente destrutivo. 
Tal teoria presume que em todas as manifestações pulsionais que podemos 
observar, sejam normais ou patológicas, participam ambas as pulsões: sexual e 
agressiva. Para empregar a terminologia de Freud, os dois impulsos se encontram 
regularmente “fundidos”, embora não necessariamente em quantidades iguais. 
Assim, mesmo o mais insensível ato de crueldade intencional, que 
aparentemente parece satisfazer apenas algum aspecto do impulso agressivo, ainda 
assim possui algum significado sexual inconsciente para seu autor e lhe proporciona 
certo grau de gratificação sexual inconsciente. Do mesmo modo, não há ato de 
amor, por mais terno que seja que não proporcione ao mesmo tempo um meio 
inconsciente de descarga da pulsão agressiva. 
Queremos dizer com isso, que as pulsões não são observáveis como tal no 
comportamento humano de forma pura ou não mesclada. São abstrações dos dados 
da experiência. São hipóteses – conceitos operacionais, para usar expressão que 
 
 
 
 
 
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está em moda hoje em dia – que acreditamos que nos permitem compreender e 
explicar nossos dados na forma mais simples e sistemática possível. De modo que 
não devemos esperar ou procurar um exemplo clínico o qual a pulsão agressiva 
apareça isolada da sexual, ou vice-versa. 
Distinguimos então, dois impulsos ou pulsões. Um deles é chamado de 
pulsão sexual ou erótica e o outro de pulsão agressiva ou destrutiva. Assim, temos 
então duas espécies de energia psíquica. A energia que está ligada a pulsão sexual, 
tem o nome de libido e a que está ligada a pulsão agressiva leva o nome de energia 
agressiva. 
Pulsão sexual → libido 
Pulsão agressiva → energia agressiva 
 
É importante perceber, que a divisão dos impulsos em sexual e agressivo 
em nossa teoria atual se baseia na evidência psicológica. Em sua formulação 
original Freud procurou relacionar a teoria psicológica das pulsões com conceitos 
biológicos mais fundamentais, e propôs que as pulsões se denominassem pulsão de 
vida e pulsão de morte. Há alguns analistas que aceitam o conceito de um impulso 
de morte, enquanto outros (talvez a maioria atualmente) não o aceitam. 
Os impulsos estão intimamente relacionados com fatos observáveis. Há 
muitos meios pelos quais se pode fazer isso, mas talvez um meio tão bom quanto 
qualquer outro consista em examinar um aspecto dos impulsos que mostrou ser 
particularmente significativo tanto para a teoria como para a prática, qual seja seu 
desenvolvimentogenético. 
Comecemos com o impulso sexual, uma vez que estamos mais 
familiarizados com seu desenvolvimento e vicissitudes que com os de seu ocasional 
parceiro e, às vezes, rival, o impulso agressivo. 
A teoria psicanalítica postula, que estas forças já estão em atividade no 
bebê, influenciando o comportamento e clamando por gratificação, que mais tarde 
produz os desejos sexuais do adulto, com todo seu sofrimento e êxtase. É bom dizer 
que se considera esta proposição amplamente aprovada. 
 
 
 
 
 
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As provas válidas provêm de pelo menos três fontes. A primeira é a 
observação direta de crianças. São óbvias as evidências de desejos e 
comportamentos sexuais em crianças pequenas, quando se quer observá-las, e 
conversar com elas com disposição objetiva e sem preconceitos. 
Infelizmente, é aí que surge o obstáculo, porque precisamente em virtude da 
necessidade de cada pessoa esquecer e negar os desejos e conflitos sexuais da 
sua própria infância remota, quase ninguém, antes das descobertas de Freud, foi 
capaz de reconhecer a presença evidente de desejos sexuais nas crianças que 
observara. 
As outras fontes de evidência sobre esse ponto provêm da análise de 
crianças e de adultos. No caso da análise de crianças pode-se ver diretamente, e no 
caso da análise de adultos inferir reconstrutivamente a grande significação dos 
desejos sexuais infantis, bem como sua natureza. 
Vamos agora, tratar de modo sistemático aquilo que se conhece da 
sequência típica das manifestações do impulso sexual desde a infância. Freud, em 
1905, nos Três ensaios sobre a sexualidade descreveu seus pontos essenciais. 
O aluno deve compreender que as fases a serem descritas não são tão 
distintas uma da outra quanto nossa apresentação esquemática pode transparecer. 
Na realidade, cada fase se confunde com a seguinte e as duas se superpõem, de 
modo que a transição de uma para a outra é muito gradual. Pela mesma razão, os 
períodos assinalados como duração de cada fase devem ser entendidos como muito 
próximos. 
Fase oral – Nos primeiros meses de vida, o bebê experimenta fome e 
frustração na ausência do seio e a descarga que satisfaz a necessidade de tensão 
quando o seio está presente. Tensão e fome forçam o reconhecimento e a aceitação 
de pessoas no mundo externo. Segundo Freud, então, a primeira percepção 
psicológica de um objeto surge da intensa necessidade fisiológica de uma 
experiência familiar que proporciona gratificação e alivia a tensão. 
A resposta da mãe à criança é decisiva para lançar as fundações para a 
base mais rudimentar e essencial do desenvolvimento posterior de relações de 
objeto e a capacidade para ingressar no mundo dos seres humanos. Ela se torna o 
 
 
 
 
 
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primeiro objeto de amor para o bebê, no sentido em que é reconhecida como fonte 
da gratificação da fome e a provedora do prazer erótico que o bebê obtém a partir do 
sugar. 
Se um relacionamento confiável e afetuoso foi estabelecido entre mãe e filho 
durante os primeiros meses de vida, o palco está preparado para o desenvolvimento 
de relacionamentos confiáveis e afetuosos com outras pessoas ao longo da vida. 
Ao contrário, quando o vínculo inicial mãe-bebê e a experiência de 
alimentação são perturbados, está estabelecida a base para problemas 
subsequentes na área de relações de objeto. Se a mãe não está disponível durante 
a fase inicial de sucção do estágio oral, a frustração pode ser tão intensa que o bebê 
cresce com desejos intensos de ser alimentado e cuidado por outros. 
Se a fixação ocorre durante a fase de morder do estágio oral, por exemplo, a 
criança pode ser atormentada por tendências agressivas orais ao longo da vida. 
Estes impulsos podem ser manifestados em um apetite voraz ou uma tendência a 
fazer comentários mordazes sobre os outros, os quais são destrutivos para os 
relacionamentos. 
 
Fase anal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após os bebês passarem pelo estágio oral 
durante os primeiros 18 meses de vida, eles 
entram no estágio anal, que dura 
aproximadamente dos 18 aos 36 meses de idade. 
Uma diferença notável é que, no estágio anal, a 
criança é muito menos passiva do que no estágio 
oral. Além disso, as demandas do treinamento 
esfincteriano durante o período anal conduzem a 
uma luta de vontades entre mãe e filho. 
 
 
 
 
 
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A erotização do estágio anal envolve tanto a sensação de prazer da 
excreção como posteriormente, a estimulação erótica da mucosa anal por meio da 
retenção das fezes. 
Freud observou a conexão entre impulsos anais e sádicos. Inicialmente, o 
objeto da atividade anal-sádica é as fezes, e sua eliminação é considerada como um 
ato sádico. À medida que o estágio anal progride, o sadismo assume uma natureza 
mais impessoal. Nas lutas em desenvolvimento em relação ao treinamento 
esfincteriano, a criança aprende a exercer poder sobre os pais cedendo ou retendo 
as fezes. A sensação de poder sobre o ambiente que surge com o controle do 
esfíncter representa outro elemento sádico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes do treinamento esfincteriano, a eliminação e a retenção prazerosa são 
essencialmente autoeróticas porque elas não exigem a presença ou o auxílio de um 
objeto externo. 
O ato de defecação durante este período está imbuído de um sentimento de 
onipotência como resultado. As fezes tornam-se libidinizadas porque representam 
prazer. Posteriormente, a criança desenvolve uma visão ambivalente das fezes 
como conteúdos do corpo que são tanto externos como internos. Em outras 
palavras, a criança considera as fezes tanto como “eu” quanto como “não eu”. Por 
outro lado, as fezes são amadas e retidas ou reinternalizadas; por outro lado, são 
odiadas e expelidas. 
 
Relativo ao ESFÍNCTER - Músculo circular que envolve alguns orifícios 
naturais, assim como a embocadura do canal excretor de certos órgãos 
ocos. O esfíncter se compõe ou de músculos estriados, que obedecem às 
estimulações da consciência ou de fibras musculares lisas, que se 
contraem e se relaxam sob a influência de estimulações reflexas ou ainda 
de mistura das duas. 
 
 
 
 
 
 
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A ambivalência associada ao estágio anal pode ser transferida para objetos 
do ambiente externo. A estimulação associada à limpeza da área anal pode levar a 
fortes sentimentos eróticos em relação à mãe. Posteriormente, batalhas em relação 
ao treinamento esfincteriano produzem sentimentos agressivos e odiosos em 
relação a figuras parentais. 
Freud sugeriu que as pessoas obsessivo-compulsivas regridem para o 
estágio anal do desenvolvimento. A ambivalência associada às fezes, em conjunção 
com o controle parental, leva estas pessoas a tornarem-se compulsivamente 
asseadas, rígidas, dominadoras e pedantes. Freud também as descreveu como 
intensamente ambivalentes, atormentadas por sentimentos simultâneos tanto de 
controlar e de reter o objeto quanto de expeli-lo e destruí-lo. 
 
Fase Uretral 
 
 
 
 
 
 
O prazer em urinar é denominado como erotismo uretral, pode estar 
associado a impulsos sádicostrazidos do estágio anal. Competitividade e ambição 
são frequentemente vistas como uma compensação para a vergonha associada à 
perda de controle uretral. 
 
Fase Fálica 
 
 
 
 
 
Embora Freud não discutisse o estágio psicossexual uretral 
em profundidade, alguns clínicos pensam que ele apresenta relevância 
particular para questões de desempenho e controle. O estágio uretral é 
geralmente visto como transitório entre os estágios anal e fálico. 
Por volta dos três anos, a criança entra no estágio fálico, no 
qual o pênis ou o clitóris é a zona erógena principal. O estágio fálico do 
desenvolvimento psicossexual anuncia a chegada do nível edípico do 
desenvolvimento, no qual os relacionamentos tornam-se mais 
complicados do que no passado. A ênfase passa para relacionamentos 
triangulares ao invés de diádicos. 
 
 
 
 
 
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O estágio fálico é também caracterizado por maior tolerância de 
ambivalência e a habilidade de suportar frustração na ausência de objetos 
significativos devido à capacidade de manter uma representação interna do objeto 
ausente. 
Outro grande contraste entre os estágios psicossexuais pré-genitais do 
desenvolvimento e o estágio fálico é a natureza da atividade libidinal da criança. Nos 
estágios: oral e anal, tais atividades são, em sua maior parte, autoeróticos, no 
sentido de que os impulsos sexuais da criança são voltados na direção do seu 
próprio corpo. 
Na fase fálica o prazer é ainda obtido no próprio corpo, mas este período de 
desenvolvimento é também caracterizado pela tarefa fundamental de encontrar um 
objeto de amor que estabelecerá padrões posteriores de escolha de objeto na vida 
adulta. 
As fases - oral e anal são geralmente chamadas de pré-genitais ou pré-
fálicas. A fase fálica penetra na organização sexual adulta da puberdade. Essa fase 
adulta é conhecida como fase genital. 
 
Fase genital 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este estágio um tanto longo do desenvolvimento psicossexual, sem dúvida 
um dos mais desafiadores no ciclo vital, requer o desenvolvimento de domínio 
psicológico sobre as pressões dos impulsos. 
 
Esta fase do desenvolvimento psicossexual corresponde 
à fase adolescente, que inicia com o começo da puberdade e 
termina com a aquisição da fase adulta jovem. A influência mais 
notável deste período do desenvolvimento é o amadurecimento 
fisiológico de sistemas hormonais, que resulta na intensificação de 
impulsos, particularmente os impulsos sexuais. 
 
 
 
 
 
 
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Além disso, uma tarefa-chave do desenvolvimento associado ao estágio 
genital é o estabelecimento de relações de objeto maduras e da sexualidade genital 
com um parceiro apropriado. Um aspecto importante desta aquisição é a separação 
emocional dos próprios pais e o estabelecimento de um estilo de vida independente. 
Além destas modalidades essenciais da sexualidade na criança, que deram 
seus nomes às fases principais que examinamos, existem outras manifestações do 
impulso sexual que merecem atenção. 
Uma dessas é o desejo de olhar, que em geral é mais acentuado na fase 
fálica, e seu equivalente, o desejo de exibir. A criança deseja ver os genitais de 
outras, bem como mostrar os seus. Sua curiosidade e exibicionismo, naturalmente, 
incluem outras partes do corpo e também outras funções corporais. 
As sensações cutâneas também contribuem com sua parte, e assim o fazem 
a audição e o olfato. 
Descrevemos a sequência de fases que se produzem normalmente na 
infância como manifestações do impulso sexual. Essa sequência envolve, 
naturalmente, variações no grau de interesse e importância que se prende na vida 
psíquica da criança aos vários objetos e modalidades de gratificação do impulso 
sexual. 
O bico do seio, ou o seio, por exemplo, é de uma importância psíquica muito 
maior durante a fase oral do que na anal ou na fálica, e o mesmo é verdadeiro em 
relação à sucção, modalidade de gratificação que é característica, por certo, do 
início da fase oral. 
Vimos também que essas modificações se produzem antes paulatinamente 
que de modo abrupto, e que os antigos objetos e modalidades de gratificação são 
abandonados de forma gradativa, mesmo depois que os novos estejam 
estabelecidos por algum tempo no papel principal. 
Se descrevermos esses fatos em termos dos nossos conceitos 
recentemente definidos, diremos que a catexia libidinal de um objeto de uma fase 
anterior diminui à medida que se alcança a fase seguinte, e podemos acrescentar 
que, embora diminuída, a catexia persiste por algum tempo depois de se tornar 
 
 
 
 
 
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estabelecida a última fase e depois que os objetos a ela apropriados se constituíram 
nos principais objetos da catexia libidinal. 
A teoria da energia psíquica nos fornece uma explicação do que acontece 
nessas modificações. Presumimos que a libido que catexizou o objeto ou a 
modalidade de gratificação da fase anterior se desprende dele gradualmente a 
catexiza, em seu lugar, o objeto ou modalidade de gratificação da fase seguinte. 
Assim, a libido que primeiramente catexizou o seio, ou, para ser mais 
precisa, a representação psíquica do seio, catexiza depois as fezes, e ainda mais 
tarde o pênis. 
Podemos dizer então, que há um fluxo da libido de objeto para objeto e de 
uma fase de gratificação para outra, durante o curso do desenvolvimento 
psicossexual, fluxo que segue um curso que é provavelmente determinado 
geneticamente em forma ampla, mas que pode variar consideravelmente de pessoa 
para pessoa. 
Temos razões para acreditar, no entanto, que nenhuma catexia libidinal seja 
abandonada. A maior parte da libido pode fluir para outros objetos, mas certa 
quantidade, pelo menos, permanece normalmente ligada ao objeto original. A esse 
fenômeno, isto é, à persistência de catexia libidinal de um objeto de tenra infância ou 
meninice na vida posterior, denomina-se “fixação” da libido. 
Por exemplo, um menino pode permanecer fixado em sua mãe e desse 
modo ser incapaz, na vida adulta, de transferir suas afeições a outra mulher, como 
deveria normalmente ser capaz de fazer. Além disso, a palavra “fixação” pode se 
referir a um modo de gratificação. Assim, falamos de pessoas que estão fixadas às 
modalidades de gratificação oral ou anal. 
O uso do termo “fixação” indica ou implica, geralmente, psicopatologia. Isso 
se deve a que a persistência das catexias iniciais tenha sido inicialmente 
reconhecida e descrita, por Freud e aqueles que o seguiram, em pacientes 
neuróticos. É provável, como já dissemos que constitua uma característica geral do 
desenvolvimento psíquico. Talvez seja mais provável que, quando em proporção 
excessiva, resulta numa consequência patológica. 
 
 
 
 
 
 
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Uma fixação, tanto a um objeto como a uma fase do desenvolvimento, é em 
geral inconsciente, seja totalmente ou em parte. Por exemplo, apesar da forte 
intensidade de suas catexias, os interesses sexuais da nossa infância, são 
comumente esquecidos em grande parte à medida que abandonamos a tenra 
infância. De fato, é mais exato dizer que as lembranças de taisinteresses são 
energicamente barradas de se tornarem conscientes, e certamente o mesmo deve 
ser verdade para as fixações em geral. 
Assim como temos um fluxo progressivo da libido no curso do 
desenvolvimento psicossexual, também podemos produzir um refluxo. Esse refluxo é 
chamado de “regressão”. Este termo designa o retorno a uma fase ou a um objeto 
mais remoto de gratificação. 
A regressão se relaciona com a fixação, uma vez que de fato, quando 
sucede a regressão, geralmente ela se faz para um objeto ou fase do 
desenvolvimento ao qual o sujeito já se fixara. Se um novo prazer se mostra 
insatisfatório e é abandonado, o sujeito tende naturalmente a retornar aquele que já 
foi experimentado e aceito. 
Um exemplo característico de regressão seria a resposta de uma criança 
pequena ao nascimento de um irmãozinho, com que terá que partilhar o amor e a 
atenção da mãe. Embora tenha abandonado a sucção do seu polegar vários meses 
antes da chegada do irmão. 
Logo retornará depois do nascimento deste, nesse caso, o objeto mais 
primitivo de gratificação libidinal para o qual a criança regrediu foi o polegar, 
enquanto que a fase mais remota foi à sucção. 
Como nosso exemplo sugere geralmente se considera a regressão como 
aparecendo sob circunstâncias desfavoráveis e, ainda que não seja 
necessariamente patológica, amiúde se associa a manifestações patológicas. 
Devemos mencionar neste ponto uma característica da sexualidade infantil 
que é de especial importância. Diz respeito ao relacionamento da criança com os 
objetos. Para usarmos um exemplo bem simples, se o bebê não pode ter sempre o 
seio da mãe, logo aprende a se acalmar sugando os próprios dedos, da mão ou do 
pé. Essa capacidade de gratificar suas próprias necessidades sexuais por si mesmo 
 
 
 
 
 
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é chamada de autoerotismo. Dá à criança certa independência em relação ao 
ambiente, no que se refere a obter gratificação. 
Quanto ao impulso agressivo, devemos confessar que se tem escrito muito 
menos sobre suas vicissitudes do que sobre as do impulso sexual. Isso certamente 
se deve ao fato de que foi somente em 1920 que Freud considerou o impulso 
agressivo como um componente instintivo independente, na vida mental, comparável 
ao comportamento sexual, que desde muito cedo foi reconhecido e tornado objeto 
de estudo. 
As manifestações do impulso mostram a mesma capacidade de fixação e 
regressão, e a mesma transição de oral a anal e a fálica. Isso quer dizer que os 
impulsos agressivos no bebê muito novo são passíveis de serem descarregados por 
um tipo de atividade oral como morder. Um pouco mais tarde, evacuar ou reter as 
fezes tornam-se meios importantes de liberação do impulso agressivo, enquanto que 
na criança ligeiramente maior o pênis e sua atividade são empregados, ou pelo 
menos usados na fantasia, respectivamente como uma arma e um meio de 
destruição. 
No entanto, é claro que o relacionamento entre o impulso agressivo e as 
diversas partes do corpo que acabamos de mencionar não se encontra num 
relacionamento tão próximo como no caso do impulso sexual. A criança de cinco ou 
seis anos, por exemplo, não usa em grande extensão, na realidade, seu pênis como 
arma; geralmente emprega suas mãos, seus pés e palavras. No entanto, o que se 
pode demonstrar pela análise, é que as armas que usa em seus jogos e fantasias, 
tais como espadas, flechas, rifles, etc., representam seu pênis e seus pensamentos 
inconscientes. Parece, portanto, que em suas fantasias ela está inconscientemente 
destruindo seus inimigos com seu poderoso e perigoso pênis. 
É interessante que a questão da relação do impulso agressivo com o prazer 
ainda seja, do mesmo modo, duvidosa. Não temos dúvida sobre a conexão entre o 
impulso sexual e o prazer. A gratificação do impulso sexual não significa apenas 
uma descarga indiferente de tensão, mas também uma descarga que proporciona 
prazer. O fato de que o prazer possa ser impedido ou mesmo substituído por 
 
 
 
 
 
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sentimento de culpa, vergonha, ou aversão em certos casos, não altera nosso ponto 
de vista no que se refere à relação original entre sexualidade e prazer. 
E a satisfação do impulso agressivo, ou em outras palavras, a descarga da 
tensão agressiva, também traz prazer? Freud, em 1920, pensava que não. Outros 
autores mais recentes. Outros autores mais recentes presumem que sim. Não temos 
meios de encontrar, por enquanto, a afirmação correta. 
Uma ressalva pode ser útil no que diz respeito as palavras “libido” e 
“libidinal”. Elas devem ser compreendidas como se referindo não apenas à energia 
do impulso sexual, mas também a do impulso agressivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
----------------- FIM DO MÓDULO II --------------

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