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Curso de INTRODUÇÃO À PSICANÁLISE: teoria e técnica MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II I - O determinismo psíquico e os processos mentais inconscientes. A psicanálise é uma disciplina científica, que como qualquer outra doutrina científica, deu origem a certas teorias que derivam de seus dados de observação e que procuram ordenar e explicar esses dados. É importante compreender que a teoria psicanalítica se interessa tanto pelo funcionamento mental normal como pelo patológico. De forma alguma, constitui apenas uma teoria de psicopatologia. É verdade que a prática da psicanálise consiste no tratamento de pessoas que se acham mentalmente enfermas ou perturbadas, mas as teorias psicanalíticas se referem tanto ao normal quanto ao patológico, ainda que se tenham derivado essencialmente do estudo e do tratamento da anormalidade. Como em qualquer disciplina científica, as diversas hipóteses da teoria psicanalítica se relacionam mutuamente. Algumas são mais importantes que as outras, e algumas já tiveram grande comprovação e parecem ser tão fundamentais em sua significação, que nos inclinamos a considerá-las, como leis estabelecidas a respeito da mente. Duas destas hipóteses, que foram acentuadamente confirmadas, é o princípio do determinismo psíquico, ou da causalidade, e a proposição de que os processos mentais inconscientes são de grande frequência e significado no funcionamento mental normal, bem como anormal. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Vamos começar falando do princípio do determinismo psíquico. O sentido deste princípio é de que na mente, nada acontece por acaso. Cada evento psíquico é determinado por aqueles que o precederam. Os eventos em nossa vida mental que podem parecer não relacionados com os que os precederam, o são apenas na aparência. Nesse sentido, não existe descontinuidade na vida mental. Se compreendermos e aplicarmos corretamente este princípio, jamais admitiremos qualquer fenômeno psíquico como sem significação ou como acidental. Deveremos sempre nos perguntar, em relação a qualquer fenômeno no qual estejamos interessados: “Que os provocou? Por que aconteceu assim?” Formulamos estas perguntas por estarmos certos de que existe uma resposta para elas. Se pudermos encontrar a resposta com facilidade e rapidez, isso naturalmente já é outra questão; mas sabemos que a resposta existe. Esquecer ou perder alguma coisa, por exemplo, é uma experiência comum na vida das pessoas. Geralmente, a idéia é a de que o fato é uma “casualidade”, que isso “apenas aconteceu”. No entanto, uma investigação de muitas dessas “casualidades” realizadas por psicanalistas nos últimos anos (a começar pelos estudos do próprio Freud) mostrou que de maneira nenhuma elas são acidentais. Pelo contrário, pode-se demonstrar que cada uma delas foi provocada por um desejo ou intenção da pessoa envolvida, de acordo com o princípio do funcionamento mental que estamos examinando. Se nos voltarmos aos fenômenos da psicopatologia, podemos dizer que cada sintoma neurótico, qualquer que seja sua natureza, é provocado por outros processos mentais, apesar do fato de que o próprio paciente habitualmente considera o sintoma como estranho e completamente desligado do resto da sua vida mental. Contudo, as conexões existem e são demonstráveis, apesar de o paciente não se dar conta de sua presença. Atente agora para o fato, de que estamos falando não só a respeito da primeira das nossas hipóteses fundamentais, o princípio do determinismo psíquico, mas também a respeito da segunda, isto é, a existência de processos mentais dos quais o sujeito não se dá conta ou é inconsciente. 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A relação entre estas duas hipóteses é tão próxima que dificilmente se pode examinar uma sem suscitar a outra. É exatamente o fato de tantas coisas em nossa mente serem inconscientes – isto é, desconhecidas para nós – que responde pelas “aparentes” descontinuidades em nossa vida mental. Quando um pensamento, um sentimento, um esquecimento acidental, um sonho ou um sintoma parecem não se relacionar com algo que aconteceu antes na mente, isso significa que sua conexão causal se apresenta em algum processo mental inconsciente, em vez de num processo consciente. Se se pode descobrir a causa ou as causas inconscientes, então todas as aparentes descontinuidades desaparecem e a cadeia causal, ou sequência, torna-se clara. Vamos pensar em um exemplo bem simples. Uma pessoa pode se surpreender, cantarolando uma melodia sem ter nenhuma idéia de como ela lhe veio à mente. No entanto, neste exemplo particular, um espectador afirma-nos que a referida melodia foi ouvida pela pessoa poucos momentos antes de haver penetrado em seus pensamentos conscientes, como se não tivesse vindo de parte alguma. Foi uma impressão sensorial, nesse caso auditiva, que compeliu a pessoa a cantarolar a melodia. Visto que ela não se deu conta de ter ouvido a melodia, sua experiência subjetiva foi a de uma descontinuidade em seus pensamentos, sendo necessário o testemunho do espectador para remover a aparência de descontinuidade e tornar clara a cadeia causal. É raro, no entanto, que um processo inconsciente seja descoberto de forma tão simples, como no exemplo citado. Naturalmente, deseja-se saber se existe um método geral para descobrir processos mentais dos quais o próprio indivíduo não se dá conta. Podem eles, por exemplo, ser observados diretamente? Caso contrário, como pôde Freud descobrir a frequência e a importância de tais processos em nossa vida mental? Ainda não dispomos de um método que nos permita observar diretamente os processos mentais inconscientes. Todos os nossos métodos 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores para estudar tais fenômenos são indiretos. Eles nos permitem inferir a existência desses fenômenos e muitas vezes determinar sua natureza e seu significado na vida mental do sujeito que é objeto do nosso estudo. O método mais eficiente e de maior confiança de que dispomos para estudar os processos mentais inconscientes é a técnica que Freud desenvolveu durante vários anos. Ele denominou essa técnica de psicanálise pela simples razão de ter sido capaz, com sua ajuda, de discernir e descobrir os processos psíquicos que, de outra forma, teriam permanecidos ocultos. Com a ajuda da sua nova técnica, Freud se apercebeu da importância dos processos mentais inconscientes na vida psíquica de todo sujeito, mentalmente enfermo ou não. Assim, Freud, ouvindo as associações “livres” do paciente – que eram na verdade livres do controle consciente – era capaz de formar uma imagem, por inferência,do que inconscientemente estava ocorrendo no psiquismo do paciente. O que descobriu, no decorrer de anos de escuta de seus pacientes e de cuidadosa observação, foi que não somente os sintomas histéricos, mas também muitos outros aspectos normais e patológicos do comportamento e do pensamento eram o resultado do que inconscientemente estava acontecendo no psiquismo daquele sujeito. No curso do estudo dos fenômenos mentais inconscientes, Freud logo descobriu que estes poderiam ser divididos em dois grupos: - elementos psíquicos pré-conscientes- este grupo compreende pensamentos, lembranças, etc., que podem se tornar conscientes por um esforço de atenção. Tais elementos psíquicos têm acesso fácil à consciência. - elementos psíquicos inconscientes – compreendem aqueles elementos que só podem tornar-se conscientes a custo de considerável esforço. Em outras palavras, eles são barrados da consciência por uma força considerável. Freud pode demonstrar também, que o fato de serem inconscientes, não os impedia de exercer uma influência significativa no funcionamento mental. Além disso, foi capaz de demonstrar que os processos inconscientes podem ser bastante comparáveis aos conscientes em precisão e complexidade. 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Como dissemos anteriormente, não dispomos de um meio de observar diretamente as atividades mentais inconscientes, mas evidências desse fato podem ser derivadas de uma observação clínica, ou mesmo geral. Por intermédio da técnica de investigação dos sonhos (o que trataremos mais adiante), descoberta por Freud, pode-se constatar evidências das atividades mentais inconscientes. Tomemos como exemplo, os sonhos nos quais a pessoa que sonha, está bebendo, somente para acordar e perceber que está sedenta, ou sonha que está urinando ou defecando e acorda com a necessidade de se aliviar. Tais sonhos demonstram igualmente, que durante o sono, a atividade mental inconsciente pode produzir um resultado consciente – nesses casos em que uma sensação corporal inconsciente e os anseios a ela ligados dão origem a um sonho consciente da desejada satisfação ou alívio. Tal demonstração em si é importante e pode ser feita sem uma técnica especial de observação. No entanto, por meio da técnica psicanalítica, Freud pôde demonstrar que por trás de todo sonho existem pensamentos e desejos inconscientes ativos, e assim estabelecer, como regra geral, que quando se produzem sonhos, estes são provocados por uma atividade mental que é inconsciente para o sonhador, e que assim permaneceria a menos que se empregue a técnica psicanalítica. Existem outros fenômenos, que também examinaremos mais adiante, que demonstram como as atividades inconscientes podem influenciar nosso comportamento consciente. Eles ocorrem nos períodos de vigília, e são chamados em geral, de atos falhos ou lapsos: lapsos da linguagem, da escrita, da memória e similares. Como no caso dos sonhos, a significação inconsciente de alguns lapsos torna-se bastante clara. Não é difícil deduzir, que um rapaz que tem alguma hesitação sobre o casamento se ele nos contar que, quando se dirigia para a igreja, parou num sinal de trânsito e só quando este mudou é que percebeu que se detivera para um sinal verde em vez de vermelho. Outro exemplo bem evidente, que poderia ser considerado mais como um ato sintomático que um lapso, foi fornecido por um paciente cuja hora de sessão de análise fora cancelada por solicitação do analista. O paciente se sentiu um tanto 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores perdido durante o tempo em que se ocupava habitualmente em vir ao tratamento, e decidiu experimentar um par de pistolas de duelo antigas que comprara há pouco tempo. De modo que durante o tempo em que comumente ele estaria deitado no divã do analista, estava atirando com uma pistola sobre um alvo! Penso que, mesmo sem as associações do paciente, alguém poderia se sentir com bastante segurança para presumir que ele estava irritado com o analista por não atendê-lo aquele dia. Podemos acrescentar que Freud, pôde por intermédio da técnica psicanalítica, mostrar que a atividade mental inconsciente desempenha um papel na produção de todos os atos falhos e não apenas naqueles em que o significado de tal atividade é de fácil evidência. Pode-se notar também, que muitas vezes, os motivos para o comportamento de determinada pessoa podem frequentemente parecer óbvio para o observador, embora para ela seja desconhecido. Um exemplo é o do pacifista que está pronto a brigar violentamente com qualquer pessoa que contradiga seu ponto de vista sobre a indesejabilidade da violência. É obvio que seu pacifismo consciente se faz acompanhar de um desejo inconsciente de lutar, o que, no caso, é exatamente o que sua atitude consciente condena. Por certo, a importância da atividade mental inconsciente foi primeiramente demonstrada por Freud no caso dos sintomas de pacientes mentalmente enfermos. Como resultado das descobertas de Freud, a idéia de que tais sintomas têm um significado desconhecido para o paciente é agora geralmente aceita e bem compreendida. Se o paciente sofre de uma cegueira histérica, por exemplo, naturalmente presumimos que existe algo inconsciente que ele não deseja ver, ou que sua consciência o proíbe de olhar. É verdade que nem sempre é de todo fácil perceber o significado inconsciente de um sintoma. E muitas vezes também, os determinantes inconscientes para um único sintoma podem ser vários e muito complexos, de modo que, ainda que se possam fazer conjecturas, estas são apenas uma parte de toda a verdade. No entanto, nosso objetivo agora, é só demonstrar a existência dos processos mentais inconscientes. 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Ainda que agora, em nossas ilustrações, possamos perceber o poder da atividade mental inconsciente, não podemos esquecer que foi o uso da técnica psicanalítica que tornou esta descoberta possível e isto foi essencial para o estudo mais completo dos fenômenos mentais inconscientes. Freud convenceu-se de que de fato, a maior parte do funcionamento mental se passa fora da consciência. Isso constitui, por certo, um contraste marcante com o conceito que prevalecia antes, o de que consciência e funcionamento mental eram sinônimos. Acreditamos que os dois, não são de modo algum, a mesma coisa. A consciência não precisa participar, e frequentemente não participa das atividades mentais que são decisivas na determinação do modo de agir do sujeito, ou daquelas que são as mais complexas e as mais precisas em sua natureza. Tais atividades, mesmo as complexas e decisivas, podem ser completamente inconscientes. II – A Pulsão ou Impulso Prossigamos em nosso propósito de apresentar a teoria psicanalítica, agora tratando das forças instintivas que habitam o psiquismo. Inicialmente, é preciso fazer um parêntese. Muitas vezes o que aqui se chama de pulsão ou impulso é também denominado instinto. A distinção a se fazer é a seguinte: Instinto É um esquema de comportamento característico de uma espécie animal, que varia muito pouco de um sujeito para o outro. É transmitido geneticamente e parece atender a uma finalidade.36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Pulsão ou Impulso Podemos acrescentar, que no caso do homem também existem alguns desejos ou impulsos instintivos que são predeterminados por fatores genéticos. No adulto, por exemplo, existe obviamente uma conexão íntima entre o impulso sexual e aquele padrão inato de respostas ao qual chamamos de orgasmo. No entanto, o grau no qual este tipo de resposta aparece é muito menor no homem do que parece ser em outros animais. E ainda, os fatores ambientais ou da experiência do sujeito tem muito mais chance de modificar esta resposta reflexa. Aqui usaremos o termo pulsão. Uma pulsão é, portanto, um constituinte psíquico, que, quando em ação produz um estado de excitação psíquica ou, como dizemos tensão. Esta tensão impele o sujeito para a atividade, é também geneticamente determinada de uma forma geral, mas pode ser influenciada, alterada, pela experiência individual, subjetiva. Essa atividade deve levar a algo que chamamos de cessação da excitação ou da tensão, ou de gratificação. Quando falamos da cessação da excitação ou da tensão nos referimos a uma terminologia mais objetiva, enquanto falamos de gratificação, reportamo-nos a uma terminologia mais subjetiva. O que chamamos de impulso no homem, não pressupõe uma resposta estereotipada, mas apenas um estado de excitação central frente ao estímulo. A atividade motora que se segue a esse estado de excitação é mediada por uma parte da mente bastante diferenciada que se conhece como “ego” na terminologia psicanalítica, e que permite que a resposta ao estado de excitação seja modificada pela experiência e reflexão, em vez de ser predeterminada, como é o caso dos instintos dos animais inferiores. 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Assim, vemos que há uma sequência que é característica da ação do impulso. Podemos chamar essa sequência de: - Tensão → atividade motora e cessação da tensão. - Necessidade → atividade motora e gratificação. Enquanto a primeira terminologia deixa de lado os elementos da experiência subjetiva, a segunda se refere explicitamente a ela. Freud percebeu que a característica das pulsões, de impelir o sujeito à atividade, era análoga ao conceito de energia física, que certamente se define como a capacidade de produzir trabalho. Por conseguinte, presumiu que há uma energia psíquica que constitui uma parte dos impulsos, ou de certa forma deriva deles. Esta energia psíquica, não é de modo algum igual à energia física. É somente análoga em alguns aspectos. O conceito de energia psíquica, assim como o conceito de energia física, é uma hipótese que tem por objetivo servir ao propósito de simplificar e facilitar nossa compreensão dos fatos da vida mental que podemos observar. Continuando com a analogia, podemos falar do quantum de energia psíquica com o qual um objeto ou determinada pessoa estão investidos. Freud usou a palavra alemã Besetzung, que foi traduzida para o português como Catexia. Catexia Isso quer dizer que o impulso e sua energia são considerados como fenômenos intrapsíquicos. Aquilo que é catexizado são as diversas lembranças, pensamentos e fantasias do objeto, que compreendem o que chamamos representações mentais ou psíquicas. É a quantidade de energia psíquica que se dirige ou se liga à representação mental de uma pessoa ou coisa. 38 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Podemos ilustrar nossa definição de catexia, por meio do exemplo, da criança pequena cuja mãe, assim como é esperado, é a principal fonte de gratificação. Com isso, queremos dizer que a mãe é um objeto altamente catexizado. Classificação das pulsões - Voltemo-nos agora para a questão da classificação das pulsões. A teoria instintual de Freud desenvolveu-se a partir de observações clínicas. O impulso sexual parecia ser central à patogênese da histeria. Freud estava principalmente preocupado com o impulso sexual, durante a década de 1890 e no início do século XX. Embora originalmente tivesse postulado um instinto autopreservativo nos anos 1890, não o elaborou até uns 20 anos depois. À medida que a teoria psicanalítica evoluía, sua teorização sobre o papel dos instintos tornou-se cada vez mais abstrata e afastada de dados clínicos. As hipóteses de Freud sobre sua classificação se modificaram e se desenvolveram no transcurso de três décadas. Na sua última formulação, Freud presume a existência de dois impulsos, o sexual e o agressivo. O primeiro impulso dá origem ao componente erótico das atividades mentais, enquanto o outro gera o componente puramente destrutivo. Tal teoria presume que em todas as manifestações pulsionais que podemos observar, sejam normais ou patológicas, participam ambas as pulsões: sexual e agressiva. Para empregar a terminologia de Freud, os dois impulsos se encontram regularmente “fundidos”, embora não necessariamente em quantidades iguais. Assim, mesmo o mais insensível ato de crueldade intencional, que aparentemente parece satisfazer apenas algum aspecto do impulso agressivo, ainda assim possui algum significado sexual inconsciente para seu autor e lhe proporciona certo grau de gratificação sexual inconsciente. Do mesmo modo, não há ato de amor, por mais terno que seja que não proporcione ao mesmo tempo um meio inconsciente de descarga da pulsão agressiva. Queremos dizer com isso, que as pulsões não são observáveis como tal no comportamento humano de forma pura ou não mesclada. São abstrações dos dados da experiência. São hipóteses – conceitos operacionais, para usar expressão que 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores está em moda hoje em dia – que acreditamos que nos permitem compreender e explicar nossos dados na forma mais simples e sistemática possível. De modo que não devemos esperar ou procurar um exemplo clínico o qual a pulsão agressiva apareça isolada da sexual, ou vice-versa. Distinguimos então, dois impulsos ou pulsões. Um deles é chamado de pulsão sexual ou erótica e o outro de pulsão agressiva ou destrutiva. Assim, temos então duas espécies de energia psíquica. A energia que está ligada a pulsão sexual, tem o nome de libido e a que está ligada a pulsão agressiva leva o nome de energia agressiva. Pulsão sexual → libido Pulsão agressiva → energia agressiva É importante perceber, que a divisão dos impulsos em sexual e agressivo em nossa teoria atual se baseia na evidência psicológica. Em sua formulação original Freud procurou relacionar a teoria psicológica das pulsões com conceitos biológicos mais fundamentais, e propôs que as pulsões se denominassem pulsão de vida e pulsão de morte. Há alguns analistas que aceitam o conceito de um impulso de morte, enquanto outros (talvez a maioria atualmente) não o aceitam. Os impulsos estão intimamente relacionados com fatos observáveis. Há muitos meios pelos quais se pode fazer isso, mas talvez um meio tão bom quanto qualquer outro consista em examinar um aspecto dos impulsos que mostrou ser particularmente significativo tanto para a teoria como para a prática, qual seja seu desenvolvimentogenético. Comecemos com o impulso sexual, uma vez que estamos mais familiarizados com seu desenvolvimento e vicissitudes que com os de seu ocasional parceiro e, às vezes, rival, o impulso agressivo. A teoria psicanalítica postula, que estas forças já estão em atividade no bebê, influenciando o comportamento e clamando por gratificação, que mais tarde produz os desejos sexuais do adulto, com todo seu sofrimento e êxtase. É bom dizer que se considera esta proposição amplamente aprovada. 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores As provas válidas provêm de pelo menos três fontes. A primeira é a observação direta de crianças. São óbvias as evidências de desejos e comportamentos sexuais em crianças pequenas, quando se quer observá-las, e conversar com elas com disposição objetiva e sem preconceitos. Infelizmente, é aí que surge o obstáculo, porque precisamente em virtude da necessidade de cada pessoa esquecer e negar os desejos e conflitos sexuais da sua própria infância remota, quase ninguém, antes das descobertas de Freud, foi capaz de reconhecer a presença evidente de desejos sexuais nas crianças que observara. As outras fontes de evidência sobre esse ponto provêm da análise de crianças e de adultos. No caso da análise de crianças pode-se ver diretamente, e no caso da análise de adultos inferir reconstrutivamente a grande significação dos desejos sexuais infantis, bem como sua natureza. Vamos agora, tratar de modo sistemático aquilo que se conhece da sequência típica das manifestações do impulso sexual desde a infância. Freud, em 1905, nos Três ensaios sobre a sexualidade descreveu seus pontos essenciais. O aluno deve compreender que as fases a serem descritas não são tão distintas uma da outra quanto nossa apresentação esquemática pode transparecer. Na realidade, cada fase se confunde com a seguinte e as duas se superpõem, de modo que a transição de uma para a outra é muito gradual. Pela mesma razão, os períodos assinalados como duração de cada fase devem ser entendidos como muito próximos. Fase oral – Nos primeiros meses de vida, o bebê experimenta fome e frustração na ausência do seio e a descarga que satisfaz a necessidade de tensão quando o seio está presente. Tensão e fome forçam o reconhecimento e a aceitação de pessoas no mundo externo. Segundo Freud, então, a primeira percepção psicológica de um objeto surge da intensa necessidade fisiológica de uma experiência familiar que proporciona gratificação e alivia a tensão. A resposta da mãe à criança é decisiva para lançar as fundações para a base mais rudimentar e essencial do desenvolvimento posterior de relações de objeto e a capacidade para ingressar no mundo dos seres humanos. Ela se torna o 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores primeiro objeto de amor para o bebê, no sentido em que é reconhecida como fonte da gratificação da fome e a provedora do prazer erótico que o bebê obtém a partir do sugar. Se um relacionamento confiável e afetuoso foi estabelecido entre mãe e filho durante os primeiros meses de vida, o palco está preparado para o desenvolvimento de relacionamentos confiáveis e afetuosos com outras pessoas ao longo da vida. Ao contrário, quando o vínculo inicial mãe-bebê e a experiência de alimentação são perturbados, está estabelecida a base para problemas subsequentes na área de relações de objeto. Se a mãe não está disponível durante a fase inicial de sucção do estágio oral, a frustração pode ser tão intensa que o bebê cresce com desejos intensos de ser alimentado e cuidado por outros. Se a fixação ocorre durante a fase de morder do estágio oral, por exemplo, a criança pode ser atormentada por tendências agressivas orais ao longo da vida. Estes impulsos podem ser manifestados em um apetite voraz ou uma tendência a fazer comentários mordazes sobre os outros, os quais são destrutivos para os relacionamentos. Fase anal Após os bebês passarem pelo estágio oral durante os primeiros 18 meses de vida, eles entram no estágio anal, que dura aproximadamente dos 18 aos 36 meses de idade. Uma diferença notável é que, no estágio anal, a criança é muito menos passiva do que no estágio oral. Além disso, as demandas do treinamento esfincteriano durante o período anal conduzem a uma luta de vontades entre mãe e filho. 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A erotização do estágio anal envolve tanto a sensação de prazer da excreção como posteriormente, a estimulação erótica da mucosa anal por meio da retenção das fezes. Freud observou a conexão entre impulsos anais e sádicos. Inicialmente, o objeto da atividade anal-sádica é as fezes, e sua eliminação é considerada como um ato sádico. À medida que o estágio anal progride, o sadismo assume uma natureza mais impessoal. Nas lutas em desenvolvimento em relação ao treinamento esfincteriano, a criança aprende a exercer poder sobre os pais cedendo ou retendo as fezes. A sensação de poder sobre o ambiente que surge com o controle do esfíncter representa outro elemento sádico. Antes do treinamento esfincteriano, a eliminação e a retenção prazerosa são essencialmente autoeróticas porque elas não exigem a presença ou o auxílio de um objeto externo. O ato de defecação durante este período está imbuído de um sentimento de onipotência como resultado. As fezes tornam-se libidinizadas porque representam prazer. Posteriormente, a criança desenvolve uma visão ambivalente das fezes como conteúdos do corpo que são tanto externos como internos. Em outras palavras, a criança considera as fezes tanto como “eu” quanto como “não eu”. Por outro lado, as fezes são amadas e retidas ou reinternalizadas; por outro lado, são odiadas e expelidas. Relativo ao ESFÍNCTER - Músculo circular que envolve alguns orifícios naturais, assim como a embocadura do canal excretor de certos órgãos ocos. O esfíncter se compõe ou de músculos estriados, que obedecem às estimulações da consciência ou de fibras musculares lisas, que se contraem e se relaxam sob a influência de estimulações reflexas ou ainda de mistura das duas. 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A ambivalência associada ao estágio anal pode ser transferida para objetos do ambiente externo. A estimulação associada à limpeza da área anal pode levar a fortes sentimentos eróticos em relação à mãe. Posteriormente, batalhas em relação ao treinamento esfincteriano produzem sentimentos agressivos e odiosos em relação a figuras parentais. Freud sugeriu que as pessoas obsessivo-compulsivas regridem para o estágio anal do desenvolvimento. A ambivalência associada às fezes, em conjunção com o controle parental, leva estas pessoas a tornarem-se compulsivamente asseadas, rígidas, dominadoras e pedantes. Freud também as descreveu como intensamente ambivalentes, atormentadas por sentimentos simultâneos tanto de controlar e de reter o objeto quanto de expeli-lo e destruí-lo. Fase Uretral O prazer em urinar é denominado como erotismo uretral, pode estar associado a impulsos sádicostrazidos do estágio anal. Competitividade e ambição são frequentemente vistas como uma compensação para a vergonha associada à perda de controle uretral. Fase Fálica Embora Freud não discutisse o estágio psicossexual uretral em profundidade, alguns clínicos pensam que ele apresenta relevância particular para questões de desempenho e controle. O estágio uretral é geralmente visto como transitório entre os estágios anal e fálico. Por volta dos três anos, a criança entra no estágio fálico, no qual o pênis ou o clitóris é a zona erógena principal. O estágio fálico do desenvolvimento psicossexual anuncia a chegada do nível edípico do desenvolvimento, no qual os relacionamentos tornam-se mais complicados do que no passado. A ênfase passa para relacionamentos triangulares ao invés de diádicos. 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O estágio fálico é também caracterizado por maior tolerância de ambivalência e a habilidade de suportar frustração na ausência de objetos significativos devido à capacidade de manter uma representação interna do objeto ausente. Outro grande contraste entre os estágios psicossexuais pré-genitais do desenvolvimento e o estágio fálico é a natureza da atividade libidinal da criança. Nos estágios: oral e anal, tais atividades são, em sua maior parte, autoeróticos, no sentido de que os impulsos sexuais da criança são voltados na direção do seu próprio corpo. Na fase fálica o prazer é ainda obtido no próprio corpo, mas este período de desenvolvimento é também caracterizado pela tarefa fundamental de encontrar um objeto de amor que estabelecerá padrões posteriores de escolha de objeto na vida adulta. As fases - oral e anal são geralmente chamadas de pré-genitais ou pré- fálicas. A fase fálica penetra na organização sexual adulta da puberdade. Essa fase adulta é conhecida como fase genital. Fase genital Este estágio um tanto longo do desenvolvimento psicossexual, sem dúvida um dos mais desafiadores no ciclo vital, requer o desenvolvimento de domínio psicológico sobre as pressões dos impulsos. Esta fase do desenvolvimento psicossexual corresponde à fase adolescente, que inicia com o começo da puberdade e termina com a aquisição da fase adulta jovem. A influência mais notável deste período do desenvolvimento é o amadurecimento fisiológico de sistemas hormonais, que resulta na intensificação de impulsos, particularmente os impulsos sexuais. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Além disso, uma tarefa-chave do desenvolvimento associado ao estágio genital é o estabelecimento de relações de objeto maduras e da sexualidade genital com um parceiro apropriado. Um aspecto importante desta aquisição é a separação emocional dos próprios pais e o estabelecimento de um estilo de vida independente. Além destas modalidades essenciais da sexualidade na criança, que deram seus nomes às fases principais que examinamos, existem outras manifestações do impulso sexual que merecem atenção. Uma dessas é o desejo de olhar, que em geral é mais acentuado na fase fálica, e seu equivalente, o desejo de exibir. A criança deseja ver os genitais de outras, bem como mostrar os seus. Sua curiosidade e exibicionismo, naturalmente, incluem outras partes do corpo e também outras funções corporais. As sensações cutâneas também contribuem com sua parte, e assim o fazem a audição e o olfato. Descrevemos a sequência de fases que se produzem normalmente na infância como manifestações do impulso sexual. Essa sequência envolve, naturalmente, variações no grau de interesse e importância que se prende na vida psíquica da criança aos vários objetos e modalidades de gratificação do impulso sexual. O bico do seio, ou o seio, por exemplo, é de uma importância psíquica muito maior durante a fase oral do que na anal ou na fálica, e o mesmo é verdadeiro em relação à sucção, modalidade de gratificação que é característica, por certo, do início da fase oral. Vimos também que essas modificações se produzem antes paulatinamente que de modo abrupto, e que os antigos objetos e modalidades de gratificação são abandonados de forma gradativa, mesmo depois que os novos estejam estabelecidos por algum tempo no papel principal. Se descrevermos esses fatos em termos dos nossos conceitos recentemente definidos, diremos que a catexia libidinal de um objeto de uma fase anterior diminui à medida que se alcança a fase seguinte, e podemos acrescentar que, embora diminuída, a catexia persiste por algum tempo depois de se tornar 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores estabelecida a última fase e depois que os objetos a ela apropriados se constituíram nos principais objetos da catexia libidinal. A teoria da energia psíquica nos fornece uma explicação do que acontece nessas modificações. Presumimos que a libido que catexizou o objeto ou a modalidade de gratificação da fase anterior se desprende dele gradualmente a catexiza, em seu lugar, o objeto ou modalidade de gratificação da fase seguinte. Assim, a libido que primeiramente catexizou o seio, ou, para ser mais precisa, a representação psíquica do seio, catexiza depois as fezes, e ainda mais tarde o pênis. Podemos dizer então, que há um fluxo da libido de objeto para objeto e de uma fase de gratificação para outra, durante o curso do desenvolvimento psicossexual, fluxo que segue um curso que é provavelmente determinado geneticamente em forma ampla, mas que pode variar consideravelmente de pessoa para pessoa. Temos razões para acreditar, no entanto, que nenhuma catexia libidinal seja abandonada. A maior parte da libido pode fluir para outros objetos, mas certa quantidade, pelo menos, permanece normalmente ligada ao objeto original. A esse fenômeno, isto é, à persistência de catexia libidinal de um objeto de tenra infância ou meninice na vida posterior, denomina-se “fixação” da libido. Por exemplo, um menino pode permanecer fixado em sua mãe e desse modo ser incapaz, na vida adulta, de transferir suas afeições a outra mulher, como deveria normalmente ser capaz de fazer. Além disso, a palavra “fixação” pode se referir a um modo de gratificação. Assim, falamos de pessoas que estão fixadas às modalidades de gratificação oral ou anal. O uso do termo “fixação” indica ou implica, geralmente, psicopatologia. Isso se deve a que a persistência das catexias iniciais tenha sido inicialmente reconhecida e descrita, por Freud e aqueles que o seguiram, em pacientes neuróticos. É provável, como já dissemos que constitua uma característica geral do desenvolvimento psíquico. Talvez seja mais provável que, quando em proporção excessiva, resulta numa consequência patológica. 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Uma fixação, tanto a um objeto como a uma fase do desenvolvimento, é em geral inconsciente, seja totalmente ou em parte. Por exemplo, apesar da forte intensidade de suas catexias, os interesses sexuais da nossa infância, são comumente esquecidos em grande parte à medida que abandonamos a tenra infância. De fato, é mais exato dizer que as lembranças de taisinteresses são energicamente barradas de se tornarem conscientes, e certamente o mesmo deve ser verdade para as fixações em geral. Assim como temos um fluxo progressivo da libido no curso do desenvolvimento psicossexual, também podemos produzir um refluxo. Esse refluxo é chamado de “regressão”. Este termo designa o retorno a uma fase ou a um objeto mais remoto de gratificação. A regressão se relaciona com a fixação, uma vez que de fato, quando sucede a regressão, geralmente ela se faz para um objeto ou fase do desenvolvimento ao qual o sujeito já se fixara. Se um novo prazer se mostra insatisfatório e é abandonado, o sujeito tende naturalmente a retornar aquele que já foi experimentado e aceito. Um exemplo característico de regressão seria a resposta de uma criança pequena ao nascimento de um irmãozinho, com que terá que partilhar o amor e a atenção da mãe. Embora tenha abandonado a sucção do seu polegar vários meses antes da chegada do irmão. Logo retornará depois do nascimento deste, nesse caso, o objeto mais primitivo de gratificação libidinal para o qual a criança regrediu foi o polegar, enquanto que a fase mais remota foi à sucção. Como nosso exemplo sugere geralmente se considera a regressão como aparecendo sob circunstâncias desfavoráveis e, ainda que não seja necessariamente patológica, amiúde se associa a manifestações patológicas. Devemos mencionar neste ponto uma característica da sexualidade infantil que é de especial importância. Diz respeito ao relacionamento da criança com os objetos. Para usarmos um exemplo bem simples, se o bebê não pode ter sempre o seio da mãe, logo aprende a se acalmar sugando os próprios dedos, da mão ou do pé. Essa capacidade de gratificar suas próprias necessidades sexuais por si mesmo 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores é chamada de autoerotismo. Dá à criança certa independência em relação ao ambiente, no que se refere a obter gratificação. Quanto ao impulso agressivo, devemos confessar que se tem escrito muito menos sobre suas vicissitudes do que sobre as do impulso sexual. Isso certamente se deve ao fato de que foi somente em 1920 que Freud considerou o impulso agressivo como um componente instintivo independente, na vida mental, comparável ao comportamento sexual, que desde muito cedo foi reconhecido e tornado objeto de estudo. As manifestações do impulso mostram a mesma capacidade de fixação e regressão, e a mesma transição de oral a anal e a fálica. Isso quer dizer que os impulsos agressivos no bebê muito novo são passíveis de serem descarregados por um tipo de atividade oral como morder. Um pouco mais tarde, evacuar ou reter as fezes tornam-se meios importantes de liberação do impulso agressivo, enquanto que na criança ligeiramente maior o pênis e sua atividade são empregados, ou pelo menos usados na fantasia, respectivamente como uma arma e um meio de destruição. No entanto, é claro que o relacionamento entre o impulso agressivo e as diversas partes do corpo que acabamos de mencionar não se encontra num relacionamento tão próximo como no caso do impulso sexual. A criança de cinco ou seis anos, por exemplo, não usa em grande extensão, na realidade, seu pênis como arma; geralmente emprega suas mãos, seus pés e palavras. No entanto, o que se pode demonstrar pela análise, é que as armas que usa em seus jogos e fantasias, tais como espadas, flechas, rifles, etc., representam seu pênis e seus pensamentos inconscientes. Parece, portanto, que em suas fantasias ela está inconscientemente destruindo seus inimigos com seu poderoso e perigoso pênis. É interessante que a questão da relação do impulso agressivo com o prazer ainda seja, do mesmo modo, duvidosa. Não temos dúvida sobre a conexão entre o impulso sexual e o prazer. A gratificação do impulso sexual não significa apenas uma descarga indiferente de tensão, mas também uma descarga que proporciona prazer. O fato de que o prazer possa ser impedido ou mesmo substituído por 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores sentimento de culpa, vergonha, ou aversão em certos casos, não altera nosso ponto de vista no que se refere à relação original entre sexualidade e prazer. E a satisfação do impulso agressivo, ou em outras palavras, a descarga da tensão agressiva, também traz prazer? Freud, em 1920, pensava que não. Outros autores mais recentes. Outros autores mais recentes presumem que sim. Não temos meios de encontrar, por enquanto, a afirmação correta. Uma ressalva pode ser útil no que diz respeito as palavras “libido” e “libidinal”. Elas devem ser compreendidas como se referindo não apenas à energia do impulso sexual, mas também a do impulso agressivo. ----------------- FIM DO MÓDULO II --------------
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