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1 Ganong LH. Integrative Review of Nursing Research. Res Nursing Health, 1987. Febr; 10(1):1-11. REVISÃO INTEGRATIVA NA PESQUISA DE ENFERMAGEM Lawrence H. Ganong1 Revisões integrativas de pesquisa é uma parte importante do processo de criação e de organização de um corpo de literatura. Argumentou-se que as revisões integrativas deverão ser realizadas segundo as mesmas normas de clareza, rigor, como a investigação e replicação. Neste documento métodos para realizar uma revisão integrativa são discutidos. Dezessete revisões de revistas de enfermagem foram analisadas e comparadas com um conjunto de critérios propostos para as revisões. Os resultados indicaram que a maioria das revisões integrativas em enfermagem ficou aquém das normas da investigação primária. Diretrizes para a condução mais rigorosa de revisões serão apresentadas aqui. Há muitas maneiras de acadêmicos e estudantes contribuírem para o desenvolvimento do conhecimento em áreas especializadas. Teorias de desenvolvimento, pesquisa primária, análises secundárias de dados e de investigações clínicas são reconhecidos como fundamentais para a construção de uma disciplina. Revisões integrativas de pesquisa também contribuem no processo de sintetizar e analisar os resultados de estudos independentes para criar um corpo de literatura compreensível (W&W, 1982). Uma revisão integrativa pode ser definida como aquela em que o autor da revisão está “inicialmente interessado em deduzir generalizações sobre questões substantivas a partir de um conjunto de estudos diretamente influenciando sobre as mesmas” (Jackson, 1980, p.438). Tais revisões incluem exame de apoio à pesquisa para discutir hipóteses, sugestões para novas questões teóricas e identificação de uma pesquisa necessária. Uma análise bem feita é uma preciosa ajuda para os pesquisadores, professores e alunos. Acadêmicos e estudantes são duramente pressionados para continuar a par da investigação em enfermagem e áreas relacionadas. Por essa razão, alguns notáveis contribuintes na pesquisa de enfermagem, como Werley e Elliott, (citados em Lindsay, 1982), aprovaram a necessidade de revisões sistematizadas de pesquisa em enfermagem. Dadas as contribuições potenciais das pesquisas integrativas, não há dúvidas que a última década tenha visto um crescente interesse nos métodos e procedimentos para condução de pesquisas (Glass, McGaw & Smith, 1981). Surpreendentemente, livros didáticos prestam pouca atenção em revisões de pesquisa (Jackson, 1980), uma situação que pode criar problemas não só para estudantes ou pesquisadores iniciantes, mas também para os pesquisadores experientes. O principal propósito desse texto é apresentar e discutir métodos e procedimentos para conduzir uma pesquisa integrativa. O propósito secundário é examinar pesquisas integrativas publicadas entre 1978 e 1983 nas primeiras publicações de enfermagem e compara-los com um conjunto de critérios propostos pelas revisões. As normas para uma boa revisão são rígidas. Uma revisão que causa uma significativa contribuição deve: usar métodos para garantir precisão, objetividade e análise profunda (W&W, 1982); considerar a teoria assim como também os resultados, métodos, assuntos e a quantidade de estudos (Adair, 1978); proporcionar ao leitor a informação sobre os estudos revisados e não apenas focar sobre os principais resultados (Carlier & Gottesdiener, 1978); e, informar ao invés de “desarmar” o leitor (Glass, McGaw & Smith, 1981). Essas são normas coerentes, mas difíceis de alcançar sem uma clara orientação. 1Dr Lawrence Ganong é Professor Assistente na Escola de Enfermagem da Universidade de Missouri- Columbia, Columbia, Missouri 65211. Solicitações para reimpressão podem ser endereçadas ao Dr Lawrence H. Ganong, University of Missouri, S235. Nursing School Building, Columbia, MO 65211. Este artigo foi submetido em 27 de agosto de 1984 e em 10 de junho de 1985 foi aceito para publicação. 2 Neste sentido, cumpre destacar que as análises deverão ser realizadas segundo as mesmas normas de clareza, metodologia e replicação como na pesquisa primária (Cooper, 1982; Wampler, 1982). Além disso, revisões de pesquisas devem incluir informações suficientes sobre os estudos revisados pelos leitores para examinar a evidência e tirar suas próprias conclusões. Usando os métodos e normas da pesquisa primária como estrutura, Jackson propõe que a metodologia das revisões integrativas envolva seis tarefas: a) Selecionar as hipóteses ou questões da revisão; b) Demonstrar a pesquisa a ser revista; c) Representar as características do estudo e suas constatações; d) Analisar as constatações; e) Interpretar os resultados; e f) Reportar a revisão. Em outras palavras, comentários devem ser conduzidos e comunicados como se fossem os esforços de investigação primária. Os temas são os estudos analisados, os métodos são a revisão de procedimentos, os dados são os elementos dos estudos e os resultados são as conclusões apresentadas. Quando uma revisão integrativa encontra as normas adequadas para a pesquisa primária, então pode ser considerada uma contribuição válida e confiável (Jackson, 1980). MÉTODO Exemplo: As revisões integrativas escolhidas para estudo foram selecionadas em quatro revistas de pesquisa de enfermagem: Nursing Research, 1978-1983; Research in Nursing & Heatlh, 1978-1983; Western Jornal of Nursing Research, 1979-1983; e Advances in Nursing Science, 1979-1983. Essas revistas foram escolhidas porque elas têm o foco na pesquisa de enfermagem e teoria, e contém a pesquisa de alcance clínico, situacional e em áreas desenvolvimentistas. Todas as questões de cada uma das quatro revistas para os períodos específicos foram examinadas. Este estudo inclui somente revisões integrativas de pesquisa de enfermagem. Artigos que combinam revisões de pesquisa com teoria e opinião de expertises estão excluídos, como artigos que foram examinados estruturas conceituais, modelos desenvolvidos ou conceitos criticados empregados em enfermagem. Conseqüentemente, a amostra consistiu em 17 artigos: 5 de cada vieram de Advances in Nursing Science e Research in Nursing & Health; 4 vieram de Nursing Research, e 3 vieram de Western Journal of Nursing Research. Medidas: Resumos foram analisados usando um instrumento de vistoria com base em trabalhos anteriores de Jackson (1980). Os itens sobre a vistoria se destinaram a analisar o modo como cada revisão correspondia às 06 normas ou tarefas de resumos integrativos identificados antes nesse texto. Resumos foram analisados em 12 dimensões: finalidade das declarações, exemplificação de método, critério para inclusão de estudos, identificação das características de pesquisa primária, citação de outros resumos, crítica de outros resumos, apresentações dos resultados da pesquisa primária, método de analisar os resultados, discussão de problemas metodológicos, procura por influências sistemáticas, interpretação dos resultados e o uso das tabelas. Também existem itens que foram feitos para recolher dados descritivos, tais como a revista em que o artigo foi publicado, a data de publicação e o número de estudos resumidos no artigo. Procedimento: Cada resumo foi lido e o instrumento de pesquisa completado pelo autor, embora em grandes amostras, um segundo pesquisador deve rever uma seleção aleatória de artigos para ajudar a estabelecer confiabilidade da chave dos procedimentos (Jackson, 1980). Esse exemplo foi pequeno suficiente (N = 17) para ser comandado por um pesquisador. Depois que todos os artigos foram analisados, as respostas coletivas foram resumidas por contagem de freqüência. RESULTADOS Tarefa 1: selecionando hipóteses ou questões para o resumo. O tópico de uma revisão integrativa deveria ser afirmado tãoclaro e específico quanto uma questão de pesquisa ou hipótese utilizada nas pesquisas primárias. A declaração do tópico deveria estar relacionada com um teórico ou conceitual raciocínio e deveria incluir as definições de construção a serem analisadas. Em geral, as 17 pesquisas verificadas contêm afirmações que são especificas suficiente para encontrar essas normas (veja tabela 1). Quase três revisões tinham amplas propostas de afirmação e isso foi possível nas três para deduzir uma proposta geral. A maioria das revisões não afirma hipóteses, contudo, mas oferecem afirmações gerais considerando identificação ou examinação da pesquisa em áreas especificas de estudo. 3 Estas revisões são análogas para a descrição da pesquisa primária. Somente duas revisões afirmaram hipóteses (Devine & Cook, 1983; Dunbar, Patterson, Burton & Stuckert, 1981). Alguns críticos (Cronenwett, 1982; Devine & Cook, 1983; Diers & Molde, 1979; Gagan, 1983) afirmaram que as relações examinadas seriam consideradas à luz das diferenças metodológicas entre os estudos e a proposta mais simples para pesquisar a revisão. Assim como a pesquisa primária é construída em cima de trabalhos já feitos, as revisões de pesquisa deveriam ser construídas em cima de revisões prioritárias. Desse modo, aperfeiçoamentos metodológicos podem ser feitos, evitando o excesso de esforços e melhorando a precisão das hipóteses revistas. E é notável que, apesar de seis artigos citarem revisões já existentes, havia uma pequena indicação de que elas foram usadas para desenvolver mais questões específicas do que a da revisão em questão. Isso nunca pode ser determinado se opiniões anteriores tenham sido feitas e, nesse caso, na medida em que estas opiniões tenham sido consultadas pelos revisores presentes. Se revisões anteriores não tenham sido feitas, nada disso deveria ser útil. Tarefa 2: Exemplificando A escolha da pesquisa para revisar é importante desde que a representação do exemplo seja um indicador crítico de como amplamente conclusões podem ser generalizadas e como tais confidências possam ser substituídas nas conclusões. Omissões de exemplos de procedimentos pode ser a maior ameaça para a validade da revisão (Copper, 1982). Se afirmações para métodos de reportar um exemplo na pesquisa primária foram aplicadas para essas revisões, a maioria não deveria encontrar afirmações mínimas. Cinco das dezessete revisões continham alguma informação sobre método de exemplificar (ver a tabela 1). Devine e Cook (1983) foram os únicos autores a especificar uma revisão aprofundada da pesquisa e a identificar claramente o processo de exemplificação e os autores também identificaram uma lista de critérios para inclusão dos estudos obtidos (Devine & Cook, 1983). Autores de mais quatro revisões que identificaram os métodos de exemplificação não conduziram revisões exaustivas, mas amostraram revistas selecionadas de anos específicos (Dunbar et al., 1981; Lindsey, 1982, 1983), ou usaram não identificados: “Guias profissionais para literatura periódica” (Stehle, 1981). Todas essas revisões identificaram critérios para serem incluídos nos estudos. Autores das 12 revisões não mencionadas, não indicaram exemplos apesar de três terem apresentado critérios para inclusão nos estudos. Isto parece razoável para supor que a maioria dos revisores usa procedimentos de pesquisa bem conhecidos como fichas de computador, listas de referências, revisões relacionadas e referências padrões de livrarias, assim como fichas de citação. A omissão de como esse processo foi conduzido deixa os leitores com grandes dúvidas: os estudos revisados representam o universo dos estudos nesse tópico? Foram as revisões publicadas, limitadas somente para pesquisa? O quão profunda foi a revisão? Os estudos foram aleatoriamente amostrados? Que critérios de inclusão da revisão foram aplicados? Baseando-se em quê, os estudos foram excluídos? Há dimensões na exemplificação dos estudos que poderiam afetar a conclusão? A aproximação mais desejável é incluir todos os estudos encontrados. Se o número é grande, uma seleção aleatória é apropriada. Se a seleção aleatória não é viável, a justificativa para outros métodos de exemplificação e para critérios de inclusão devem ser apresentados. Isso não significa que somente estudos adequados metodologicamente deveriam ser incluídos; esse requerimento pode ser um problema, tendo em vista que quase todos os estudos podem ser criticados por enfraquecimento metodológico. Uma melhor estratégia é incluir todos os estudos e pesquisar por padrões de influência metodológica possível nos resultados. Nota-se que a amostra por conveniência ou intencional dos estudos teria deficiências metodológicas idênticas, associadas à investigação primária. Todos os estudos revisados deveriam ser incluídos na lista de referência (Jackson, 1980). Isto ajuda no tempo e no esforço de revisores futuros e permite leitores a examinar mais profundamente as referências. Algumas das revisões de enfermagem seguiram essa prática, contudo, em 8 de 17 revisões, o número de estudos revisados não foi identificado (ver tabela 1). Tarefa 3: Representando as características da pesquisa primária A tarefa de definir características da pesquisa revisada é o centro de uma pesquisa integrativa, desde que a representação das características seja análoga quanto à reportação dos dados e de coleta de dados. Reportar métodos varia do obscuro para o explicito. 4 Utilizar uma medida comum é a defesa utilizada por muitos como o melhor caminho para representar dados (Glass, McGaw & Smith, 1981; O’Flynn, 1982), mas existem muitos problemas em usar uma medida comum. Em muitas revisões, isso pode ser inapropriado, se não impossível (Jackson, 1980; Smith & Naftel, 1984). Uma alternativa adequada é indicar se os resultados são significantes (+), não-significantes (+), zero, não significante (-) e significante (-). O (+) indica referência para os efeitos de direção da hipótese; o (-) indica efeitos que se opõem àqueles que vem da hipótese. A última alternativa aceitável é representar as conclusões significantes ou não, uma vez que existe pouca informação veiculada que possam ter influência sobre a interpretação destes achados (Jackson, 1980). Na revisão das 17 revisões de pesquisa em enfermagem, somente uma (Devine & Cook, 1983) incluiu a direção e grandeza dos achados (ver tabela 2). Os outros foram menos específicos na reportação dos resultados. Isso, combinado com o relato obscuro dos métodos de amostragem, expressa suspeitas sobre a força e a generalização das conclusões dos revisores. Os achados dos estudos não são os únicos dados importantes a serem reportados. Todas as características que podem afetar os achados devem ser sistematicamente examinadas em relação com os achados (Cooper, 1982; Jackson, 1980). Características comuns de estudo a serem consideradas incluem: tamanho amostral, características dos sujeitos, métodos de alocação dos sujeitos nos grupos, medição de variáveis independentes e dependentes, atritos de amostras, método de análise dos dados e teoria ou quadro conceitual utilizado. Mais da metade dos autores das revisões (nove) tentaram representar as características relevantes dos estudos. Essas variáveis contribuíram para as conclusões tiradas pelo revisor e somente quando se indica quais foram consideradas os leitores podem julgar como os revisores utilizaram tais informações para tirar uma conclusão. Um dos modos mais simples e claros de se representar características da pesquisa primária é construindo tabelas. O uso de tabelas permite ao revisor apresentar ao leitor uma grande quantidade de dados puros de modo que a narrativa possa proporcionar uma análise, sumarização, discussão sistemática dos resultados e conclusões mais importantes. No estudo apresentado, 08 das 17 revisões continham tabelasde características de estudo. Normalmente, estas são breves, contendo características selecionadas. Tabela 2. Análise e Interpretação das Revisões de Pesquisa de Enfermagem Revisor Métodos Analíticos Problemas metodológicos discutidos Procura sistemática por efeitos Interpretação dos resultados Diers & Molde (1979) Listagem Sim Sim A Muller (1979) Listagem Não Não A, B Dubar et al. (1981) Não-paramétrico Não Não A, C Kunst-Wilson & Cronenwers (1981) Listagem Não Não A, D McCloskey (1981) Listagem Sim Não Não Stehle (1981) Listagem Não Não A, B, E Beck (1982) Listagem Sim Não A, B Cronenwert (1982) Listagem Sim Não A Dracup (1982) Listagem Não Sim (pouco) A Hyman & Woog (1982) Listagem Sim Não A Lindsey (1982) Listagem Não Não A Morse (1982) Listagem Sim Sim A, D, E Ng & McCormick (1982) Listagem Não Não A, B Sparacino (1982) Listagem Não Não A, B Gagan (1983) Listagem Sim Sim A Devine & Cook (1983) Meta-Análise Sim Sim A, B Lindsey (1983) Listagem Sim Não A Código de Interpretação dos resultados: A = sugestões para novas pesquisas; B = Recomendações para práticas ou políticas; C = Sugestões para futuras revisões; D = Condições do impacto de práticas ou políticas; E = Teoria. 5 Duas revisões continham tabelas compreensíveis (Devine & Cook, 1983; Dunbar et al., 1982), outras quatro tinham tabelas de características e achados dos estudos sem especificarem a direção ou magnitude dos efeitos (Cronenwett, 1982; Lindsey 1982, 1983; McCloskey, 1982) e duas outras revisões continham tabelas de exemplos de pesquisa (Beck 1982; Miller, 1979). Tarefa 4: Analisando os achados Este passo no processo de revisão é comparável ao de examinação e análise de dados primários empregando análise estatística. Ao contrário da pesquisa primária, em que o raciocínio para decisões considera geralmente a análise de dados de forma clara e o processo de análises fica explícito ao leitor, revisões integrativas raramente explicam as regras de inferências utilizadas (Copper, 1980; Jackson, 1980). Em outras palavras, raramente revisores comunicam as regras em que estudos revisados foram analisados, então aqueles leitores não podem averiguar; (a) se aquelas regras de inferência foram apropriadas; (b) se elas foram aplicadas corretamente nos estudos e (c) se conclusões semelhantes teriam sido tiradas por outros revisores se diferentes análises forem sido usadas. Incapacidade para explicar o processo e raciocínio para análises dos estudos revisados é a maior ameaça para a validade de uma revisão integrativa (Copper, 1982). Recentemente, muita atenção tem sido focada nessa questão e argumentos fortes têm sido oferecidos em favor de análises quantitativas de estudos revisados (Glass, McGaw & Smth; 1981). Análises quantitativas ou meta-análises envolvem transformar os achados dos estudos em uma medida comum e então usar testes estatísticos para determinar se lá existem efeitos globais, efeitos de sub-exemplos e associações entre atributos dos estudos e achados particulares (O’Flynn, 1982). Meta-análises têm sido usadas freqüentemente em pesquisas educacionais e psicológicas e o uso desse método em revisões integrativas esta crescendo. Existe um número de preocupações levantadas sobre o uso de uma medida comum em pesquisas revisadas e existe uma questão considerável se esse método de análise é uniformemente apropriado para todas as revisões. Contudo, essas questões estavam além do escopo e proposta do papel apresentado. Leitores interessados podem direcionar melhor o tema lendo Glass, McGaw e Smith (1981) para um sumário de métodos e Green e Hall (1984) para críticas do método. Outra maneira de analisar estudos nas revisões é incluindo uma listagem, escolhendo alguns achados de estudo como válidos e descartando outros, colocando uma média no resultado dos estudos e votando (Light & Smith, 1971). Listar é simples quando se identifica todos os fatores que mostraram um efeito na variação dependente por entre diversos estudos. Este é o mais simples método, mas indesejável tendo em vista que o enfraquecimento metodológico dos estudos não é identificado e é difícil pros leitores distinguirem influências consistentes daquelas encontradas em estudos isolados (Light & Smith, 1971). A segunda técnica, escolhendo alguns estudos como válidos e excluindo todos os outros das análises, também suscitam preocupações sobre a validade da revisão. Primeiro porque, virtualmente, todos os estudos têm alguma fraqueza metodológica. Freqüentemente, não fica claro o porquê de alguns estudos serem julgados mais válidos do que outros. Segundo, esse método de análise levanta a dúvida de uma precaução de auto- realização ou um efeito de expectativa em tais estudos que suportem ou confirmem os vieses do revisor, que são mais susceptíveis por serem tão válidos quanto os estudos que não confirmam as crenças do revisor (Rosenthal & Rubin, 1977). Terceiro, esse método tem sido descrito como um modo “de censurar as deficiências do desenho ou da análise de alguns estudos... e então avançar a um ou dois estudos como aceitáveis para verdade do assunto” (Glass, 1976, p.4). Esses problemas podem ser reduzidos pelo planejamento claro das regras e inferência no cuidado com a validade dos estudos (Cooper, 1982). Métodos de mediação e votação têm sido amplamente usados (Light & Smith, 1971). Os dois métodos são úteis, mas para acrescentar a validade dessas análises, os revisores devem considerar teorias exemplares (i.e., que um certo numero de estudos irão variar nos achados), e ter cuidado com falhas metodológicas em estudos. Nesses dois métodos, estudos tendo níveis muito diferentes de validade interna são considerados iguais numa análise. Descuidados com os métodos analíticos usados, revisores deveriam procurar sistematicamente, através de estudos, por explicações de resultados variáveis e deveriam investigar todas as características do estudo possivelmente relacionadas com variações, tais como as medidas usadas e designs experimentais. 6 Tabela 1. Características das Revisões de Pesquisa em Enfermagem Revisão Proposta Tamanho do Exemplo Método de Exemplo Critério de Inclusão Variações Independentes Identificadas Tabela de Decisões Diern & Molde (1979) Identificar questões conceptuais e metodológicas na pesquisa da pratica em enfermagem Não Reportado (NR) Não Sim Sim Não Miller (1979) Revisar pesquisa em medos de crianças Não Reportado (NR) Não Não Sim Sim, em estudos selecionados Dunbar, Patterson, Burton e Stuckert (1981) Para investigar a precisão das observações de Stevenson’s e outros créditos que a pesquisa da saúde da mulher estão acrescentando 371 Sim – 4 revistas de 1970 a 1980 Pesquisa de enfermagem clínica na mulher Não Sim Kunst- Wilson & Cronenwell (1981) Contribuir para o esforço contínuo em enfermagem para melhor compreender os benefícios potenciais da promoção do papel dos pais 100 Não Não Não Não McCloskey (1981) Resumo dos estudos publicados sobre a eficácia de uma educação de enfermagem no que se refere a performance do trabalho 30 Não Sim Não Sim 7 Stehle (1981) Para analisar a investigação sobre unidadedo cuidado do estresse das enfermeiras 28 Sim - dados baseados em artigos encontrados em guias profissionais de literatura periódica Sim – foco no stress em ICU, CCU, PICU, NICU Sim Não Beck (1982) Revisão Sistemática do Poder acadêmico de pesquisa de outras disciplinas NR Não Não Não Sim “Exemplos” Cronenwell (1982) Para resumir pesquisa de participação paterna, definições da extração da participação paterna utilizada, discutir problemas metodológicos de medição da participação do pai e desenvolver orientações para ampliar a pesquisa 15 Não Sim Sim Sim Dracup (1982) Para descrever maiores estudos feitos na área de fatores psicológicos e sociais relacionados com doenças coronárias, identificar inconsistências e lacunas NR Não Não Não Não Hyman & Woog (1982) Para estimular mais pesquisas na área de stress-doença, propondo um modelo que sumariza variáveis relacionadas com o aparecimento da doença e sugerindo métodos de melhorar a revisão 32 Não Não Sim Não 8 Linsey (1982) Para identificar e descrever estudos em que fenômenos psicológicos e variáveis foram examinados por enfermeiros pesquisadores (1970- 1980) 48 Sim Revistas selecionadas (1970-1980) Sim Sim Sim Morse (1982) Para revisar a pesquisa sobre alimentação infantil no "terceiro mundo" (implícito, mas não declarado) NR Não Não Não Não Ng & McCormick (1982) Para Revisar a pesquisa na alteração de posições e conseqüências psicológicas (implícito mas não declarado) NR Não Não Não Não Sparcino (1982) Pare revisar a pesquisa sobre pressão sanguínea, stress e saúde mental (não declarado claramente) NR Não Não Não Não 9 Gagan (1983) Para examinar metodologias utilizadas na empatia da pesquisa NR Não Não Sim (pouco) Não Devine & Cook (1983) Para examinar a relação de intervenções psicoeducacionais breves, bem como o período de hospitalização pós- cirúrgica e para afastar definitivamente cinco ameaças para a validação 49 Sim Sim Sim Sim Lindsey (1983) Para identificar e descrever estudos em que fenômenos psicológicos e variáveis foram examinados por enfermeiros pesquisadores (1970- 1980) 48 Sim Sim Sim (pouco) Sim 10 Embora tais tarefas sejam formidáveis, elas são necessárias se a pesquisa integrativa está tendo sentido. Examinações sistemáticas podem ser feitas usando multivariada, univariada ou técnicas de narração discursiva. Nas 17 revisões de enfermagem exemplificadas, uma aproximação quantitativa foi usada em somente duas (Devine & Cook, 1983 ; Dunbar, et al., 1981); no restante, o método de listagem foi empregado (ver tabela 2). Devine e Cook (1983) empregaram meta-análises e Dunbar, et al. (1981) usaram uma análise não- paramétrica de variação para analisar hipóteses. A maioria das outras revisões usou uma aproximação discursiva qualitativa. Das 15 revisões qualitativas, nenhuma explicou as regras de inferência usadas na análise. Leitores são ignorados, tendo em vista que desconhecem as bases sobre as quais conclusões foram tiradas. Nove dos autores da revisão discutiram falhas metodológicas dos estudos revisados, seis deram indicações de terem pesquisado por influências sistemáticas em achados e um pareceu considerar a teoria de amostragem quando analisou os resultados. Tomadas em conjunto, o esforço dos revisores de enfermagem para minimizar ameaças para a validade dos seus resumos utilizando métodos claramente articulados de análises não cumpriam as normas para pesquisa primária. Tarefa 5: Interpretando os resultados A tarefa de interpretação é comparável com discussão dos resultados e implicações retiradas em pesquisas primárias. Todos, com exceção de um, fizeram sugestões para o progresso da pesquisa, seis fizeram recomendações para política de enfermagem ou prática, dois discutiram condições que têm impacto na política ou prática, e dois discutiram resultados em relação a teoria (ver tabela 2). Somente Dunbar, et al. (1981) ofereceu sugestões para revisões futuras. Notavelmente, a ausência de interpretação das revisões pode trazer precauções no desenvolvimento e sugestões de revisões maiores. Isso não é obvio, porque todos foram omitidos. Isso talvez possa acontecer porque revisões foram feitas em áreas especializadas onde a teoria é fraca, ou talvez possa acontecer com estudos revisados que não articularam teoria, ou seja, simplesmente uma fiscalização pelos revisores. Novamente deve salientar-se que a falha de articular as regras da inferência é uma grave ameaça à validade. Sem o conhecimento das regras do revisor, leitores são... (uma linha da fotocópia original está borrada). Este nível de confiança não é esperado no esforço da pesquisa primária e também não deve ser aceitável nas revisões. Tarefa 6: Reportando a revisão Relatórios das pesquisas primárias devem incluir informações suficientes de modo que o leitor possa analisar criticamente os as evidências. Da mesma forma, revisões integrativas devem apresentar detalhes pertinentes que o leitor possa taxar a apropriação do procedimento da revisão, assim como as ameaças para a validade dos resultados da revisão. A maioria dos autores das 17 revisões integrativas de enfermagem não reportou adequadamente suas revisões. Especificamente, métodos de exemplo foram reportados em somente cinco revisões, características dos estudos em somente oito revisões e métodos e análises em apenas duas revisões. Muitas vezes, era difícil de determinar as conclusões tiradas uma vez que nem todos os resultados e as características dos estudos foram relatados. Apenas revisões de Devine e Cook (1983) e Dunbar et al. (1981), correspondiam às normas estabelecidas para a condução da pesquisa primária. A maioria dos revisores esperou que os leitores confiassem que os métodos e os achados fossem adequados e as conclusões incontestáveis. Infelizmente, essa falta de inconclusão reduz o valor das opiniões para a construção do conhecimento e do desenvolvimento da teoria. A finalidade de revisões integrativas - o resumo de evidências acumuladas na pesquisa primária – não é alcançada com pesquisas baseadas na metodologia duvidosa ou pouco clara. DISCUSSÃO Embora métodos para realizar uma revisão integrativa variem tanto quanto métodos para fazer a pesquisa primária, é possível identificar a sistematização de alguns passos no processo de revisão. Resumidamente listados, essas etapas são as seguintes: (a) formular o objetivo da revisão e desenvolver perguntas relacionadas a ser respondidapelo revisor ou hipóteses a ser testadas, (b) estabelecer critérios experimentais para a inclusão de estudos na revisão de modo que estes critérios possam ser transformados durante a etapa metodológica ou substantiva do estudo, (c) conduzir uma pesquisa de literatura selecionando exemplos se o número de estudos é grande, (d) desenvolver um questionário para a coleta de dados dos estudos, (e) identificar regras na inferência a ser... (falta texto) revisar critérios para inclusão no questionário, caso necessário, (g) ler os estudos usando o questionário dos dados coletados, (h) 11 analisar dados de maneira sistemática, (i) discutir e interpretar dados e (j) relatar a revisão o mais claro e completo possível. Este exame limitado de revisões de pesquisa de enfermagem mostra que a maioria não satisfaz as normas estabelecidas para a pesquisa, propostas de revisão são pobremente articuladas, exemplos de procedimentos não são explicados, características relevantes dos estudos revisados não são identificadas, regras de inferência para a análise e interpretação não são claras e a reportação das características da revisão são vagas. Para reforçar a literatura científica de enfermagem, isso influencia no comportamento de editores, revisores e pesquisadores para esperar e exigir metodologias mais rigorosas para revisões integrativas em enfermagem. REFERÊNCIAS
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