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Tuberculose Causada por Mycobacterium tuberculosis. As micobactérias não se coram bem pela coloração de Gram, pois os corantes não conseguem penetrar na parede celular (há uma pseudomembrana lipídica com grandes cadeias de ácidos micólicos fixadas ao peptideoglicano). Essa estrutura diferente de parede celular confere às micobactérias resistência à dessecação, aos antibióticos comuns e aos corantes. A coloração eficiente se dá pelo método de Ziehl-Neelsen. Em geral, as micobactérias são bastonetes álcool-ácido resistentes (BAAR). O bacilo de Mycobacterium tuberculosis também é conhecido como bacilo de Koch, é aeróbio obrigatório e não forma endósporos. Seu tempo de geração é muito alto (cerca de 24 horas), o que dificulta o diagnóstico por meio de cultura, que demora de 3 a 6 semanas. Transmissão : ocorre por meio de aerossóis contaminados. Ao falar, espirrar ou tossir, o doente lança no ar gotículas contendo o bacilo. Os bacilos inalados alcançam os alvéolos, onde serão fagocitados pelos macrófagos alveolares. No entanto, os bacilos inibem a fusão do fagossomo com o lisossomo, o que possibilita que eles continuem se multiplicando dentro dos fagócitos. Conforme a bactéria se prolifera dentro dos macrófagos, alguns irão sofrer ruptura, liberando mais bacilos e gerando dano tecidual. Com isso, ocorre quimiotaxia de linfócitos T CD4+,formação de edema no local e inflamação. Formação do granuloma: macrófagos infectados apresentam antígenos para linfócitos T CD4+ via MHC-II. Linfócitos, então, irão diferenciar-se em Th1, que produzirá IFN-Gama. Essa citocina ativa os macrófagos infectados. Alguns irão fundir-se com os lisossomos, produzindo NO2 e espécies reativas de oxigênio, promovendo morte de alguns bacilos. Os macrófagos ativados também irão produzir TNF e quimiocinas, as quais irão atrair monócitos e linfócitos T CD8+, formando o granuloma. Maria Eduarda Maria Eduarda O granuloma gera lesões exsudativas no pulmão e necrose. Geralmente cicatriza por fibrose, com calcificação, ou pode se desenvolver em lesão produtiva (constituindo um granuloma crônico). Em imunocompetentes ou quando a carga de bacilos é baixa, o granuloma cicatriza por fibrose ou calcificação, mas permanece um nódulo primário, chamado de foco de Ghon. Em imunossuprimidos ou quando a carga de bacilos é muito alta, pode ocorrer granuloma crônico, chamado de tubérculo, no qual ocorre necrose caseosa intensa. Isso porque a resposta de ativação de macrófagos é lenta e fraca, o que permite a expansão do granuloma e da lesão tecidual. O centro da necrose caseosa pode ficar liquefeito. Com isso, o tubérculo pode romper, liberando bacilos no trato respiratório. O material necrótico é expelido para a luz brônquica e a cavidade é chamada de caverna. Assim, pode ocorrer formação de novos tubérculos e da caverna tuberculosa (várias granulomas que foram rompidos, formando uma cavidade). Macrófagos podem chegar ao linfonodo traqueobrônquico, onde irão formar o complexo de Ghon, um foco infeccioso associado ao linfonodo. Pode se calcificar evoluindo para a cura ou então pode ocorrer disseminação para outros tecidos, caracterizando a tuberculose extrapulmonar/miliar . Principais sítios da tuberculose extrapulmonar: ➔ SNC: meningite; ➔ Vasos linfáticos: escrófula (infecção nos linfonodos do pescoço; ➔ Pleura: pleurite; ➔ Coração: pericardite; ➔ Ossos e articulação da coluna: doença de Pott ou tuberculose vertebral; ➔ Trato urogenital: tuberculose urogenital. No paciente que apresenta o nódulo primário, pode ocorrer tuberculose secundária/pós-primária/de reativação, por reativação do foco ou por reinfecção exógena. Fatores que potencializam a reativação: tabagismo, álcool, imunossupressão, infecção pelo HIV e doenças crônicas, exposição a nova carga alta de bacilos. Baciloscopia é o padrão ouro para o diagnóstico de tuberculose: esfregaço do escarro, exsudatos ou de outros materiais é corado pelo método de Ziehl-Neelsen. Não se usa amostras de lavado gástrico e de urina, pois pode dar falso-positivo (micobactérias saprofíticas). A cultura não é ideal por conta da demora, mas pode ser usada para o antibiograma. Pode ser feito PCR também. PACK indica: TS, cultura e baciloscopia por BAAR como investigação de TB para pacientes com tosse >3semanas e/ou sudorese noturna importante, perda peso acentuada, dor no peito ao respirar no último mês ou escarro sanguinolento ou febre> 2 semanas. Diagnóstico complementar: ● Teste de Mantoux ou PPD (teste tuberculínico). É feita uma injeção intradérmica do Derivado Proteico Purificado obtido de Mycobacterium tuberculosis mortas. Detecta se houve contato com o bacilo, não se ele está presente no momento. Indivíduos que já tiveram contato apresentarão uma resposta imune na pele. Pode dar falso-negativo: em indivíduos em estado de anergia, que pode ser gerado por sarampo, linfoma de Hodgkin, AIDS, imunossupressão ou se o paciente tiver usado isoniazida recentemente. Pode dar falso-positivo: contato com micobactérias não tuberculosas e em vacinados com BCG. ● Teste de liberação de Interferon- (IGRA): detecção de IFN- produzido por γ γ linfócitos T CD4+ em resposta a antígenos específos de M. tuberculosis. Pode dar falso-positivo. ● Raio-X de tórax: detecta calcificação, infiltrados reticulonodulares, nódulos, cavitações, derrame pleural e linfonodos hilares. Vacinação: BCG, que utiliza cepas de M. bovis atenuadas. Vacinação ao nascer e deve ser evitada em crianças imunossuprimidas. Hanseníase Causada por Mycobacterium leprae, uma bactéria intracelular obrigatória e que não é cultivada em meios de cultura artificiais. Além disso, possui alto tempo de geração (14 dias), sendo que o período de incubação vai de 2 a 7 anos. Bacilos encontrados em raspados de pele ou de mucosas (particularmente do septo nasal). Transmissão Através de gotículas de secreção respiratória, sendo que necessita de contato contínuo para transmissão (por isso, deve-se investigar também as pessoas que moram no mesmo local que o doente). As lesões afetam os tecidos mais frios do corpo, como pele, nervos superficiais, mucosa do trato respiratório superior e testículos. As lesões de pele manifestam-se como máculas hipocrômicas e anestésicas, sendo que as infiltrações são difusas. Também podem ser nodulares. Ocorre infiltração e espessamento dos nervos, causando anestesia, neurite, parestesia, úlceras tróficas, reabsorção óssea e encurtamento dos dedos. Classificação: entre essas duas classificações, há a Hanseníase Borderline ou dimorfa, de características intermediárias entre elas. Tuberculoide Lepromatosa ou Virchowiana Evolução benigna e não progressiva. Evolução maligna e progressiva. Lesões maculares. Lesões nodulares. Fácies leonina. Pouco número de BAAR (nem sempre detectados). BAAR em grande número. Acometimento assimétrico e súbito dos nervos. Acometimento simétrico e lento dos nervos. Imunidade celular intacta e não háativação de linfócitos B. Imunidade celular deficiente, com ativação de linfócitos B, mas os anticorpos são ineficazes. Classificação conforme o número de lesões: ● Paucibacilar: mais atenuada, com até 5 lesões de pele. A imunidade está intacta. Lesões de despigmentação e com distúrbios de sensibilidade. A resposta imune é celular. Somente um tronco nervoso é atingido ● Multibacilar: mais de 5 lesões de pele, mais grave, com comprometimento da imunidade e com fácies leonina (rosto infiltrado). A distribuição das lesões é simétrica. Múltiplos nervos são comprometidos e a resposta é humoral. Sequelas: cegueira, deformação das mãos com encurtamento dos dedos, úlceras plantares; amputação de MMII, por conta da reabsorção óssea prolongada, com osteomielite e úlceras crônicas. Para a baciloscopia, são utilizados raspados de pele ou de mucosa nasal ou amostras de biópsia da pele do lobo da orelha. A histopatologia mostra infiltrações nodulares e histiolinocíticas, acometimento dos nervos e hiperplasia epitelial. Existe cura e o tratamento se dá com a associação de medicamentos de 6 meses a 1 ano, de acordo com o tipo de hanseníase. Hanseníase palcibacilar: 6-9 meses de tratamento; Hanseniase multibacilar: 12 a 18 meses (o dobro). Profilaxia: diagnóstico precoce é importante, com possibilidade de cura total. A investigação deve abranger as pessoas que moraram com o doente nos últimos 5 anos. Meningites Inflamação das meninges, membranas que revestem e protegem o SNC, a medula espinhal, o tronco encefálico e o encéfalo. Sintomas clínicos clássicos: febre alta, rigidez nucal, náuseas e vômitos, dor de cabeça forte, confusão mental, cansaço e falta de apetite. Há um alto grau de comprometimento encefálico, com delírio, coma, convulsões, paralisias, tremores, transtornos papilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo. Viral: mais comum. Por enterovírus. Bacteriana: mais graves. Por Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. Fungos e parasitas. Não infecciosas. ● Meningite bacteriana: ○ Neisseria meningitidis Diplococos gram-negativos, em grãos de café. Chamados de meningococos. Fatores de virulência: ➔ Cápsula polissacarídica, que cobre os antígenos e ajuda na entrada na barreira hemato-encefálica. Evasão do sistema imune. Determina pelo menos 13 sorogrupos. ➔ Pili tipo IV: faz adesão e evasão do sistema imune. ➔ Proteínas de opacidade (Opa e OpC): adesão e invasão em neutrófilos e células epiteliais, além de agregação bacteriana. ➔ LPS: imunogênico. Patogenia: a transmissão é por secreção respiratória ou saliva contaminada. A bactéria entra pela nasofaringe e infecta o trato respiratório. Em alguns casos, pode colonizar transitoriamente a microbiota, sendo os casos assintomáticos. Pela infecção do trato respiratório, pode ocorrer sinusite, otite média e pneumonia. Os sintomas ocorrem em até duas semanas após a entrada da bactéria. Pode ocorrer disseminação para a corrente sanguínea (bacteremia). Com isso, a bactéria se adere aos vasos sanguíneos, rompe junções celulares, causando rash cutâneo e se disseminando aos outros tecidos. Desse modo, pode ocorrer proliferação bacteriana com septicemia/meningococemia e/ou meningite (complicação comum após a meningococemia). Sintomas da meningococemia: febre alta, exantema hemorrágico, miocardite, artrite, lesões renais e coagulação intravascular disseminada. Tratamento: penicilina G (boa penetração no SNC) e cefalosporina de terceira geração para resistentes e alérgicos. Vacinas: de polissacarídeos conjugados com proteínas carreadoras, sendo monovalentes (Meningo C ou B) e tetravalentes (Meningo A CWY). A meningo C está disponível na rede pública. ○ Streptococcus pneumoniae Cocos gram-positivos, aos pares ou em cadeias curtas. São alfa-hemolíticos e chamados de pneumococos. São da microbiota anfibiôntica do TR (patobiontes: produzem doenças quando há uma alteração do ambiente/sistema imune). Fatores de virulência: ➔ Cápsula polissacarídica: impede a fagocitose. Permite a sorotipagem de inúmeros tipos de pneumococos. ➔ Pneumolisinas: um tipo de citolisina. ➔ LytA: lisa parede celular para que ocorra a liberação de pneumolisina. ➔ Eno: aderência a plasminogênio. ➔ PavA: aderência a fibrinogênio. Patogenia: é semelhante à patogenia da Neisseria meningitidis, também coloniza a nasofaringe e se propaga pelas mucosas para a corrente sanguínea. No TR, causa otite média, sinusite e pneumonia. Quando invade a corrente sanguínea, causando bacteremia, pode chegar aos ossos e articulações, cavidade peritonial, cérebro e coração. A meningite pneumocócica pode ocorrer após a bacteremia, otite média ou após traumas cranianos. Tratamento: por meio de fármacos beta-lactâmicos, macrolídeos, fluoroquinolonas ou vancomicina, caso resistente. Vacinas: ❏ Pneumocócica 23-valente (polissacarídica): contra 23 sorotipos de antígenos. Mais eficaz em crianças maiores de 2 anos e em adultos. ❏ Vacinas conjugadas: mais recomendadas para crianças menores de dois anos. ❏ 7-valente ou 13-valente: contra 7 ou 13 antígenos capsulares, conjugados ao toxóide diftérico. ❏ 10-valente (rede pública): contra 10 sorotipos de antígenos capsulares, conjugados ao toxóide diftérico. ○ Streptococcus agalactiae São beta-hemolíticos e fazem parte da microbiota anfibiôntica do TRS, trato vaginal e TGI. Frequentemente envolvidos em infecções em neonatos (atenção especial a gestantes). ➔ Infecções iniciais: de 1 a 7 dias de vida. Causam bacteremia e pneumonia, sendo adquiridas por meio da microbiota vaginal da mãe. ➔ Infecções tardias: de 7 a 90 dias de vida. Causam meningite e até sequelas permanentes, como surdez, paralisia cerebral e retardo mental. ○ Haemophilus influenzae Cocobacilos gram-negativos, em pares ou cadeias. A cápsula polissacarídica permite a sorotipagem em 6 sorogrupos, sendo o Haemophilus influenzae tipo b (Hib) o mais virulento. Existem cepas sem cápsula e, portanto, não tipáveis, que ocupam a microbiota do TRS. A transmissão é de pessoa a pessoa, por meio de aerossóis e secreções respiratórias contaminados. Atinge principalmente crianças com menos de 5 anos de idade. Fatores de virulência ➔ Não produzem exotoxinas. ➔ Antígeno capsular tipo b inibe a fagocitose. ➔ Fímbria: adesão ao tecido do hospedeiro. ➔ Lipídio A do LPS: funciona como endotoxina, promovendo a inflamação. ➔ IgA1 protease: promove a hidrólise de IgA. ➔ Cápsula polissacarídica: fuga da fagocitose. Patogenia: ocorre penetração e adesão à mucosa do TRS. Após isso, as bactéria se translocam entre as células epiteliais, invadindo células da epiglote, laringe ou ouvido médio. Também podem se translocar entre as células endoteliais para chegar à corrente sanguínea. Desse modo, ocorre invasão de vários tecidos, com inflamação e edema. Manifestações clínicas: otite média, celulite, epiglotite, laringite, sinusite, pneumonia, septicemia, artrite sépitca, osteomielite. A meningite é geralmente grave, causando sequelas neurológicas em 15 a 30% dos casos, como perda da audição, distúrbios de linguagemou visuais, anormalidade motora e retardo mental. Tratamento: ampicilina (sensível a beta-lactamases), cefalosporinas de terceira geração (mais resistentes a beta-lactamases e penetram no SNC). Pode ser necessária a drenagem do conteúdo inflamatório. Diagnóstico: coloração de gram do líquor. Cultura do líquor. Vacinas: de polissacarídeo conjugado de Hib (proteína que potencializa a ação antigênica). São 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses de vida. No Brasil, é combinada com a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche), tetravalente. ● Meningite viral: Causada por vírus do gênero Enterovirus, principalmente. A transmissão é por via fecal-oral ou por secreção respiratória (coxsackievírus). O tropismo primário é o trato gastrointestinal ou respiratório superior (coxsackievírus). A meningite é geralmente benigna, autolimitada e de recuperação rápida. Os principais causadores do gênero Enterovirus são Poliovirus, Coxsackievirus e Echovirus. EV71 é um dos mais prevalentes. Patogenia: o vírus é ingerido e pode atingir a mucosa da orofaringe (sendo eliminado pela saliva) ou atingir a mucosa intestinal (sendo eliminado nas fezes). Essa é a fase alimentar. Na fase linfática, o vírus da orofaringe alcança as amígdalas e depois os linfonodos cervicais profundos; o vírus da mucosa intestinal alcança as placas de Peyer, no intestino, e depois os linfonodos mesentéricos. Depois, vem a fase virêmica: em que há viremia primária ou secundária, facilitando com que o vírus alcance outros tecidos. HIV, Herpes simplex-1, citomegalovírus, vírus da dengue, Epstein-Barr e varicela zoster também podem invadir o sistema nervoso central após viremia. Mais comum em imunocomprometidos, autolimitada e sem tratamento bem definido. O diagnóstico é por análise do LCR ou por métodos moleculares, como qPCR. Pode ser feito cultivo em último caso. Aids Causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), pertencente à família Retroviridae. O vírus possui RNA fita simples em duas cópias e é envelopado com capsídeo em forma de cone. Três enzimas importantes para a biossíntese viral: transcriptase reversa (faz a transcrição de RNA em DNA), protease (cliva proteínas para formar novas para o vírus) e integrase (integra o material genético viral ao material genético do hospedeiro). As espículas gp120, presente no envelope viral, liga-se a moléculas CD4 nas células T helper, macrófagos e células dendríticas. A transmissão da doença é potencializada por outras DSTs. Patogênese: 1. Infecção primária (fase aguda): microlesões no ato sexual permitem a entrada do vírus. Células T da mucosa vaginal se infectam com o HIV pela ligação de CD4+CCR5 com gp120. 2. APCs infectadas produzem quimiocinas e citocinas inflamatórias. 3. Quimiocinas e citocinas induzem migração das células de defesa para os linfonodos. 4. Nos linfonodos, células dendríticas apresentam antígenos em MHC-II e ativam células T. 5. HIV completa ciclo em outras células e é liberado. 6. HIV infecta mais células com CD4. 7. Disseminação pela corrente sanguínea a outros tecidos. 8. Sistema imune inicia a resposta humoral 3 semanas após a infecção, com produção de anticorpos anti-HIV. 9. Abs neutralizam as partículas virais no plasma e diminuem a viremia. Subversão do sistema imune: variação antigênica por meio da recombinação do material genético viral durante a replicação e também o material genético viral se insere no DNA das células T CD4+, induzindo latência viral. Quando ocorre uma infecção, essas células infectadas são reativadas e o vírus retoma a replicação, reativando a infecção e aumentando a carga viral. Quanto mais células T CD4+ são infectadas, mais células T CD4+ são destruídas. Ocorre um colapso do sistema nervoso, facilitando infecções oportunistas. Na fase aguda, de infecção primária pelo HIV, os sintomas são comuns a várias outras doenças. Na fase de latência clínica, os pacientes são assintomáticos e a replicação viral é lenta e contínua, com queda gradual na quantidade de linfócitos T CD4+ e sem doenças oportunistas. Quanto maior a carga viral, maior o risco de queda de linfócitos T CD4+. O acompanhamento da infecção é feito pela contagem de LT CD4+ e pela carga viral. Indicação de desenvolvimento da AIDS: <200 LT CD4+/mm3 de sangue. Tratamento: terapia antirretroviral (TARV), com 3 ou mais drogas antirretrovirais. Não cura a infecção, mas controla a replicação viral, permite fortalecimento do SI e proporciona melhor qualidade de vida aos soropositivos. ● Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz. ● PREP (pré-exposição): tenofovir + entricitabina. ● PEP (pós-exposição): tenofovir + lamivudina + atazanavir/ritonavir. Vírus do papiloma humano (HPV) Pertence à família Papillomaviridae e infecta a mucosa anogenital e orofaríngea. É um vírus com potencial oncogênico. O período de incubação é de 6 meses a 2 anos. Patogenia: o vírus infecta células epiteliais, penetrando por abrasão na pele. A proteína L1 do capsídeo se liga à integrina de células epiteliais basais. Após isso, ocorre replicação viral e disseminação do HPV entre as outras células (não ocorre viremia nem lise celular). As células basais infectadas sofrem hiperplasia, espessam a epiderme e formam um papiloma proeminente. Manifestações clínicas: verrugas cutâneas, papilomatose respiratória recorrente (papiloma orofaríngeo), papiloma oral, papiloma conjuntival, verrugas anogenitais (condiloma acuminado), câncer cervical, peniano, anal e oral. Os vírus de número 16 e 18 são os principais causadores das lesões cancerosas cervicais e orais. Os principais causadores de verrugas são 11 e 6. Fatores de virulência: ❖ E6: proteína que inibe reguladores de apoptose, como p53 e BAK. Também induz a proliferação celular (via MAPK, telomerase e outras vias). ❖ E7: proteína que afeta genes reguladores de tumor e outros supressores de proliferação celular. A própria integração do material genético viral ao genoma do hospedeiro pode desencadear a oncogênese. Diagnóstico: ➔ Clínico: observação das verrugas. ➔ Citopatológico (Papanicolau), por meio do esfregaço cervicovaginal, em que se percebe a alteração celular. ➔ Colposcopia, para detecção de lesões subclínicas. ➔ Biópsia e detecção de carga viral por PCR. A maioria dos homens é assintomática, o que os caracteriza como os maiores transmissores, sendo que também podem desenvolver câncer. Vacinação: ➔ SUS: meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 15 anos. ➔ Bivalente: contra 16 e 18. ➔ Tetravalente. ➔ Nonavalente. Tratamento: remoção das verrugas, cirurgia para lesões pré-cancerosas, uso de quimioterápicos locais e de imunomoduladores (atividade anti-viral e anti-tumoral).
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