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Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 11Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 2 – Empresa - O Empresário Objetivos da aula: Nesta aula, vamos definir “Empresa”, considerando a orientação da legislação. Também vamos conhecer e definir o “empresário” e os requisitos legais para sua caracterização. 1. A EMPRESA Sabemos que, atualmente, o Direito Comercial adota a “Teoria da Empresa”, que define empresa como qualquer atividade organizada para a produção e circulação de bens e serviços, salvo as atividades intelectuais. Logo, empresa é sinônimo de atividade empresarial, ou seja, atividade de produção ou circulação de bens e serviços. Na linguagem comum, utilizamos a expressão “empresa” muitas vezes para designar a sociedade empresarial, ou ainda, um estabelecimento comercial. Exemplo: “a empresa foi pintada”, “a empresa foi assaltada”, “hoje vou até a empresa”. Assim, não podemos confundir “empresa” com “sociedade empresarial” nem com o local em que se desenvolve a atividade empresarial. A empresa é uma atividade que poderá ser realizada por um empresário individual (pessoa física) ou por uma sociedade empresária (pessoa jurídica). Ressalte-se que os sócios da sociedade empresária não são empresários, empresária é a sociedade. Os seus sócios poderão ser chamados de Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 12Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb investidores ou empreendedores, mas não de empresários. 2. O EMPRESÁRIO O Código Civil Brasileiro não define empresa, mas somente empresário. Artigo 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Logo, se empresa é atividade, quem exerce essa atividade é o empresário. Repetimos que a empresa é uma atividade que poderá ser realizada por um empresário individual (pessoa física) ou por uma sociedade empresária (pessoa jurídica). Estamos nos referindo, nesse item, ao empresário no sentido amplo, ou seja, tanto o empresário individual como a sociedade empresária. Da definição legal de empresário, extraímos alguns requisitos necessários para a caracterização do exercício da atividade empresarial. São eles: profissionalidade, atividade econômica, atividade organizada, produção e circulação de bens e serviços. Vejamos cada um deles: 1) PROFISSIONALIDADE O empresário exerce profissionalmente a atividade empresarial. Esse profissionalismo engloba os conceitos de pessoalidade, habitualidade e monopólio das informações. Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 13Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Habitualidade diz respeito à repetição diuturna de atos, à reiteração da prática da atividade. Assim, não será empresário aquele que exerce, esporadicamente ou eventualmente, a venda de bens. Pessoalidade se traduz na necessidade de o empresário exercer pessoalmente a atividade empresarial. A pessoalidade não requer que o empresário exerça a atividade sozinho, este pode contratar empregados, mão-de-obra necessária à consecução da atividade. No entanto, esses empregados não são empresários, pois exercem a atividade em nome do empregador, sendo considerados seus prepostos. Monopólio das informações significa que o empresário detém todo o conhecimento e informações acerca do produto ou serviço que executa, ou seja, conhece as técnicas de produção dos bens e da execução dos serviços, qualidades necessárias, matéria-prima empregada, condições de uso, nocividade, defeitos e outros. Concluindo, será empresário aquele que exercer a atividade empresarial profissionalmente, ou seja, com habitualidade, pessoalidade e com o monopólio das informações. 2) ATIVIDADE ECONÔMICA A atividade empresarial é considerada econômica porque tem como finalidade a obtenção de lucro. Ressalte-se que o lucro pode ser a finalidade da atividade ou apenas um meio para se alcançar outros objetivos. 3) ATIVIDADE ORGANIZADA A atividade empresarial é organizada, pois nela estão presentes os quatro fatores de produção: capital, insumos, mão-de-obra e tecnologia. Assim, não será empresário quem exerce atividade econômica de produção e circulação de bens ou serviços sem um desses fatores. Por exemplo, quem compra de atacadistas peças de vestuário e as leva às casas de freguesas para vendê-las (sacoleiras) explora atividade de circulação de bens com Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 14Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb finalidade lucrativa, mas não poderá ser considerada empresária, pois não organiza mão-de-obra, não possui empregados. 4) PRODUÇÃO OU CIRCULAÇÃO DE BENS OU SERVIÇOS Produzir bens é fabricá-los, é a essência da indústria, e toda atividade industrial é empresarial. Produzir serviços é a mesma coisa que prestar serviços. A circulação de bens é a atividade de comércio, a mediação entre o produtor e o consumidor, e a circulação de serviços também requer essa mediação, ou ainda, intermediar a prestação de serviços. Concluindo, empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. 3. ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS As atividades empresariais não abrangem todas as atividades econômicas possíveis, existindo outras que não são regulamentadas pelas mesmas disposições legais que regulamentam os empresários, são as denominadas atividades econômicas civis. As atividades econômicas civis são regulamentadas pelo Direito Civil, pelas regras civis. Podemos falar que são quatro as categorias de atividades econômicas civis: aquelas exploradas por quem não é empresário; quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística; produtores rurais não inscritos no Registro de Empresas (Junta Comercial) e Cooperativas. Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 15Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb 1) Aquelas exploradas por quem não é empresário Atividades desenvolvidas por quem não esteja definido legalmente como empresário serão atividades civis. Para a definição de empresário, podemos nos socorrer da lição mencionada no item II e lembramos o exemplo da “sacoleira” que, embora exerça atividade de circulação de bens com o intuito de lucro, não é empresária e, portanto, a atividade exercida por ela será considerada uma atividade econômica civil. 2) Quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística Esta categoria está prevista no parágrafo único do art.966 do Código Civil Brasileiro: Artigo 966: [...] Parágrafo único: Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Podemos citar como exemplos aquelas atividades exercidas pelos profissionais liberais (médicos, dentistas, advogados), pelos músicos, escritores, artistas plásticos. Afirma o dispositivo legal citado que, mesmoque esses profissionais contratem auxiliares, não estarão exercendo atividade empresarial. Exemplo: o dentista que contrata uma auxiliar para seu consultório. No entanto, o mesmo texto da lei nos diz que se essas profissões constituírem elementos de empresa serão consideradas atividades empresariais e não mais civis. Essas profissões passam a constituir elementos de empresa quando Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 16Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb exercerem uma atividade organizada, com mão-de-obra, capital, tecnologia, sendo o exercício da profissão somente um de seus elementos. Exemplo: um dentista especializado em odontologia pediátrica possui seu consultório e uma auxiliar (atividade econômica civil), mas, para aproveitamento maior da clientela, organiza uma clínica, contratando outros dentistas de diversas especialidades, vários auxiliares, recepcionistas, contador, faxineiras etc. Esse dentista não mais estará exercendo uma atividade civil, pois sua profissão passou a ser somente um elemento de uma atividade empresarial organizada. 3) Produtores rurais não inscritos no Registro de Empresas (Junta Comercial). A atividade rural no Brasil, regra geral, é explorada, principalmente, de duas formas distintas: pelos titulares de grandes negócios rurais (agroindústria ou agronegócio) e pela família que explora uma agricultura de sobrevivência. Diante disso, nosso legislador deixou a critério do ruralista a sua condição, de conformidade com o art. 971 do Código Civil Brasileiro: Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. Assim, somente será considerado empresário o produtor rural devidamente inscrito no Registro de Empresas, que são, na sua maioria, os grandes empresários rurais. 4) Cooperativas Por força do art. 982 do Código Civil, as Cooperativas serão sempre Dir eit o E mp re sa ria l Au la 02 - Em pr es a - O Em pr es ár io 17Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb sociedades simples (sociedades civis), independentemente da atividade que explorem. O estudo das Cooperativas é realizado pelo Direito Civil e estas são regulamentadas pelos arts. 1.093 a 1.096 do Código Civil e pela Lei nº 5764/71. Síntese Com o estudo realizado nesta aula, fomos capazes de: definir empresa e distingui-la de outros institutos; conhecer a definição de empresário e atividade empresarial; saber que a empresa pode ser desenvolvida por uma pessoa física (empresário individual) e por uma pessoa jurídica (sociedade empresária); distinguir atividades empresariais de atividades civis. Referências BRASIL. Código Civil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. GONÇALVES, Maria Gabriela Venturoti Perrotta Rios; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Comercial – Direito de Empresa e Sociedades Empresárias. São Paulo: Saraiva, 2006.
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